A mídia dita alternativa - Fórum, Caros Amigos, Revista do Brasil, Brasil de Fato, Carta Maior, etc - deixa claro seu posicionamento ideológico e não esconde sua proximidade com os candidatos de esquerda. Podem até não declarar voto em um ou outro, apoio formal, mas jamais esconderam a que espectro político pertencem.
A Carta Capital, que destoa um pouco da mídia alternativa, mas se coloca à esquerda da tradicional, deu uma lição ao declarar oficialmente apoio à Dilma. Não engana seus leitores posando de imparcial mas, nas entrelinhas, agindo de forma absolutamente manipuladora e imparcial.
Em editorial, a Carta Capital diz "Por que apoiamos Dilma". A revista deixa claro, desta forma, seu posicionamento durante o período eleitoral.
Em se tratando de jornalismo sério, apoiar um ou outro candidato não significa fingir não ver seus erros, jogar a sujeira pra debaixo do tapete, mas é assumir uma responsabilidade ainda maior, a de fazer um jornalismo o mais isento possível, mas sem enganar que existe uma tendência, uma influência maior de uma determinada linha de pensamento, de raciocínio.
O apoio não significa anular o jornalismo, mas entender a linha editorial e a posição dos colunistas, do editorial.
A partir de seu editorial, a Carta Capital anunciou que sua linha é de esquerda, é coerente com (em tese) a crítica ao capital, às privatizações, ao liberalismo pregado pelo outro lado. Um jornalismo crítico.
Assumir sua posição, na verdade, é apenas ser responsável, é praticar um jornalismo com responsabilidade, não enganar o leitor afirmando-se totalmente isento enquanto, subterfugiosamente, faz-se campanha para um dos lados. E é isto que faz a grande mídia. Tenta passara imagem de isenta, de "independente" quando, na verdade, respeita os interesses do capital, os interesses de empresa.
Não é novidade que Estado, Folha, Veja, Uol, Globo e cia são partidários de Serra. Apenas não admitem.
Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País.Ao menos agora as mentiras do Estadão terão um nome por trás. As calúnias e acusações infundadas (muitas vezes) contra o governo farão sentido. toda a invencionice da mídia terá uma razão de ser, um nome e um sobrenome.
Enfim, um jornalão saiu do armário. A canalhice agora tem patrão com nome e sobrenome. Quem tiver agora o desprazer de ler o Estadão saberá quem paga por suas matérias.
A partir deste momento os leitores do jornal saberão que a linha editorial adotada é pró-Serra, como sempre foi. É pró-capital, pró-privatizações e defende apenas os interesses de grupos e elites nacionais.
Quando Folha, Veja e tantos outros farão o mesmo?
Lula, enfim, conseguiu seu intento. Desmascarou ao menos um grande jornal.
A Folha de São Paulo fez um editorial igualmente contundente, mas, como de costume, refugou. Se refugiou na mesma mentira da isenção, da responsabilidade e de uma neutralidade inexistente.
Permanece o caráter da manipulação. Veja e Globo são farinha do mesmo saco.
Mas uma coisa é fato, algumas críticas à tomada de posição do Estadão são deslocadas. Por mais que concordemos com a premissa de que local de fazer política é no editorial (e nas colunas), e não nas matérias, é um passo a frente que, ao menos, se admita o apoio a um candidato.É óbvio que uma coisa é editorial e outra coisa são as matérias. Ideologia transparece no foco, não deveria influir no conteúdo ou, ao menos, na veracidade, mas ao menos agora estamos todos vacinados: As matérias do Estado tem objetivo e alvo.
Se for pra assumir posição que, ao menos, sejam claros e não enganem com afirmações de falsa imparcialidade.
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Aliás, o Serra agradeceu ao Estado pelo apoio. Uma obviedade, deveria agradecer também à Folha, Veja, Globo e cia que o apoiam igualmente, mas não admitem.
Mas as declarações do Serra tem algo de cômicas:
"Só tenho a agradecer o reconhecimento de meu trabalho na vida pública. Isso é o editorial, a opinião do jornal, embora o noticiário seja sempre equilibrado, como deve ser. Fico muito satisfeito e muito orgulhoso em ser reconhecido por um órgão tão responsável", afirmou Serra, defendendo a liberdade de imprensa e citando-a como "dever de todo democrata".Mídia tem que ser livre, né Serra? Livre para te apoiar, fazer campanha para você. Se um jornal declarasse apoio ao Lula queria ver se essa figura nefasta acharia a mídia assim tão livre. Liberdade de Imprensa, Serra, não é Liberdade de Empresa.
"Não há país democrático no mundo sem imprensa livre. A imprensa no Brasil tem sido assediada. E não só os jornais, mas todos aqueles que são democratas devem defender a liberdade de imprensa", afirmou o tucano.
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Vale ler a análise do João Villaverde para o Amálgama.