terça-feira, 5 de outubro de 2010

Golpes na América Latina: 2002, 2009 e 2010.

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Venezuela em 2002, Honduras em 2009 e Equador em 2010.

Três Golpes de Estado patrocinados pelos EUA (o primeiro também pela Espanha de Aznar, Franquista).

Dois fracassos e um sucesso. Quem será o próximo?

Quem acreditava que a onda de golpes pela América Latina, patrocinados por potências estrangeiras, estava acabada, se enganou. Após o longo interlúdio entre 2002 e 2009, um novo golpe, ou tentativa de golpe, se materializou.

É possível que, depois da derrota acachapante e da volta de Chávez nos braços do povo em 2002 tenha diminuído a sanha golpista das direitas latinoamericanas e internacionais, mas não fez com que este sonho fosse totalmente eliminado: O de expulsar do poder os expoentes do Socialismo do Século XXI, os líderes da ALBA e, em seu lugar, implantar governos mais acessíveis aos interesses imperialistas.

Diz Eva Golinger, reproduzido pelo Opera Mundi:
Organizações financiadas pela USAID e NED pedem a renúncia do presidente Correa, apoiando o golpe de Estado promovido por setores da polícia equatoriana, profundamente penetrada pelos Estados Unidos.

Uma nova tentativa de golpe contra um país da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) atenta contra a integração latinoamericana e o avanço dos processos de revolução democrática. A direita está no ataque. Seu êxito em 2009 em Honduras contra o governo de Manuel Zelaya encheu-a de energia, força e confiança para poder arremeter contra os povos e governos de revolução na América Latina.
A derrota de 2002 talvez tenha intimidado a direita, mas a vitória de 2009, em Honduras, mesmo com o repúdio internacional, deu novo ânimo. O fato é que, depois de perderem no país que basicamente cunhou o termo e a ideologia do novo Socialismo, notaram que haviam tentado abocanhar um pedaço de carne grande demais.

Acertadamente (do ponto de vista puramente geopolítico, claro) tentaram pela segunda vez na periferia, atentaram contra um país pequeno, frágil e vítima de terríveis contradições e lutas internas (é sempre bom lembrar que Zelaya pertencia a um partido de direita, mas que foi aos poucos se aproximando de Chávez e dos movimentos sociais, realizando significativas reformas em prol do povo, o que deixou a oligarquiadominante em pé de guerra).

Com esta vitória, se sentiram prontos a tentar de novo. A escolha do Equador não foi a toa. Correa vem realizando significativas reformas que, porém, vem encontrando resistência mesmo entre os setores indígenas - algumas contra certas medidas de seu governo e outras, em especial a poderosa CONAIE, pedindo por uma maior radicalização nas reformas propostas.

Não posso afirmar que são positivas ou negativas as reformas propostas, mas o fato é que serviram de pretexto para a direita local e internacional armar uma tentativa de golpe. Primeiramente incitarma a polícia a sair às ruas e tumultuar, e devem ter esperado que o Exército participasse. O Exército, aliás, demorou horas para mobilizar tropas e intervir, o que talvez denuncie uma exitação, uma possibilidade de que alguns elementos estivessem comprometidos com o golpe.

Mas, ao contrário do que esperava a direita, o Exército por fim tomou o lado da Democracia e do povo equatoriano. Correa foi salvo e voltou nos braços do povo.

Pior para a direita, que não só viu seu golpe fracassar, como ainda conseguiu garantir para Correa ainda mais simpatia popular e mais força para suas reformas.

Declarações de Chávez, via Boltxe Kolektiboa:
“Debemos exigirle al gobierno de los Estados Unidos que no siga metiendo sus viejas manos imperiales en este continente”,[...] “Sobre todo a los países cuyos gobiernos, absolutamente legítimos y democráticos, hemos levantado la bandera de la revolución socialista en democracia”. [...]  “Honduras ha sido un mensaje para América Latina”. “Lamento mucho que quienes dicen que son grandes defensores de la democracia son los que vacíen, impulsen dictaduras militares”, [...]
“Los presidentes de Sudamérica somos los grandes defensores de la democracia. Quedan todavía algunos grupos retrógrados en América Latina que piensan que con un golpe de Estado se pueden resolver los problemas o las diferencias políticas y programáticas”.
Lucio Gutiérrez, líder da oposição e provável principal líder golpista, está no Brasil, e terá muito trabalho para voltar ao Equador.

A direita, enfim, continua viva e pronta para tentar implantar regimes antidemocráticos e antipopulares. Ficou por um tempo dormente após uma derrota, mas voltou a atuar e demonstra que não tem intenção de desistir.

Devemos todos ficar de olho. Por enquanto, aparentemente, as forças de direita miram os países que vem realizando as reformas mais radicais, ligados ao Socialismo do Século XXI. Qualquer momento de fragilidade é aproveitado. No caso do Equador, uma greve de policiais, uma tentativa mais radical de reformas no serviço público e talvez até o fato do presidente ter sido operado recentemente, ainda que de algo simples.

Vários países da América Latina governados por líderes de esquerda vem sofrendo pressões. No Brasil nem é preciso dar exemplos do papel que a mídia vem tendo em defender um golpe nas eleições vindouras. Na Argentina, a Kirchner enfrenta resistências por parte das oligarquias, especialmente depois de sua vitória contra o grupo Clarín.

Chávez perdeu sua maioria absoluta na Venezuela e é sempre alvo preferencial. No Paraguai, Lugo vem sendo criticado mesmo pelo povo e seu próprio vice é um oposicionista. A ficar de olho se não tentarão se aproveitar de seu câncer.

Felizmente, hoje, possuímos instituições como a UNASUL/UNASUR, uma vitória da América Latina contra o poderio dos EUA e estamos cada vez mais ligados. A unidade da América Latina é uma realidade e devemos continuar atentos a toda e qualquer investida.

Enfim, Viva Correa! Viva o Equador! Viva a América Latina!


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