segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O(s) Minigolpe(s) anti-Dilma - Parte 1, o papel da militância

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Chegaram até mim diversas teses sobre as razões pelas quais Dilma não foi eleita no primeiro turno.

Umas mais ou menos factíveis que as outras.

Algumas das teorias buscam explicar a razão para que tivéssemos 20 milhões (ou 16%) de votos nulos, outras tentam explicar a subida vertiginosa da Marina, que abocanhou quase 20% do eleitorado com uma retórica que ia da moderninha da Zona Sul/Jardins até o franco fundamentalismo religioso.

Ouvi que Dilma havia sido prejudicada pela confusão com a história dos dois documentos e depois um documento com foto para votar. Factível, mas insuficiente para explicar todo o problema.

Recebi e-mails e li em blogs que foram feitas várias propagandas apócrifas anti-Dilma por parte de grupos e indivíduos evangélicos, colocando-a ora como uma guerrilheira assassina, ora como uma defensora da morte de criancinhas indefesas (caso do Aborto) e até mesmo como uma ditadora anti-Imprensa. Uma destas campanhas, inclusive, foi denunciada pelo PSOL de Pernambuco.

Encontro ainda campanhas acusando Dilma e o governo de falta de democracia, de defenderem a censura, usam o Hélio Bicudo, que deve estar gagá, para denegrir a imagem do PNDH-3, da posição contra a mídia e etc.

O PNDH-3 foi construído pelo movimento social, o mesmo que colocou o PT no poder há 8 anos, que o sustentou durante todas as crises e que não o abandonou, mesmo diante de sérios recuos. Mesmo assim o governo enterrou o PNDH-3, recuou frente às pressões da mídia e pouco fez na implementação do plano.

Recebi recentemente por e-mail a notícia, da Folha, de que o PT ensaia eliminar de seu programa toda e qualquer referência ao aborto. É vergonhoso. Ao invés de combater a propaganda anti-legalização, as mentiras que circulam, o PT recua, aceita as imposições da corja neopentecostal e golpista na certeza de que tanto a Esquerda, quanto as maiores interessadas - as mulheres - irão simplesmente aceitar sorrindo a perda de seus direitos e de direitos fundamentais por um suposto "bem maior".

Aceitaremos sempre calados as pressões golpistas, sem atacar de volta? O pragmatismo do cargo acaba por eliminar pontos importantes para a militância. A questão que resta é: Até onde se está disposto a recuar? E até que ponto são aceitáveis recuos? Quando começaremos a mais nos parecer com nossos inimigos do que diferentes?

Chegamos ao ponto de ver uma mudança explícita no discurso de Dilma, de que antes defendia o Aborto como questão de saúde pública para, agora, começar a se posicionar contra o aborto, apenas para agradar à setores medievalistas da sociedade. ficaremos sempre na mão desta corja que usa a religião para manipular o povo?

Onde está a militância para contra-atacar? Onde está a militância para dizer "BASTA!" e se recusar a aceitar estes recuos impostos por reacionários e mostrar a força da esquerda?

Me parece inaceitável que o PT acredite que "já ganhou" a militância de esquerda e faça de tudo pela de direita, abrindo as pernas de forma tão vergonhosa.

No twitter, logo após o resultado das eleições o que vi foi uma enxurrada de críticas ao PSOL. Petistas atacando o PSOL e (n)os responsabilizando pela não-vitória da Dilma. A idéia não é apenas burra, é lamentávle e demonstra um fanatismo sem limites.Não só a votação nacional do Plínio não fez a menor diferença pra Dilma, quanto porque, em São Paulo, por exemplo, era o candidato do PSOL e sua votação quem poderia ter levado a eleição para o segundo turno!

Não só viu-se a tentativa de alguns de querer calar a boca  de quem tem outras propostas, como se vê também um sectarismo crescente, quase um messianismo (aos moldes dos evangélicos) de que o projeto do PT é único e perfeito. Não é assim que irão conquistar os votos da esquerda não-petista.

Cabe à militância não só pressionar para que o PT vá para a esquerda, como também atrair as dissidências para seu projeto ou, ao menos, para disputar um projeto em oposição à direita.

*Ilustração do blog "O Comunista Ateu".
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