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Sabino de Arana y Goiri, nascido de uma
família de classe-média Carlista na Bilbao de 1865, enveredou pelos
estudos pseudo-históricos de um passado mítico basco, cunhou novos
termos na língua basca para definir a nação (Euskadi ou Euzkadi na
grafia de seu tempo, ou “terra dos bascos”, que por si só possui um
forte conteúdo racista) e fundou o Partido Nacionalista Basco, sob o
lema Jaungoikua eta lege zarrak (“Deus e Leis Antigas”, fazendo
referência aos Foros, antigo sistema de autogoverno Basco que durou por
séculos), agregando diversos grupos dos setores conservadores e
nacionalistas da sociedade basca (Watson, 2003).
Arana se opunha de forma
ferrenha ao liberalismo e ao laicismo e suas ideias se baseavam no forte
preconceito racial contra não-bascos (apelidados de Maketos), o que de
certa forma não destoava dos conceitos de superioridade racial adotado
pelos Castelhanos na época ou mesmo pelos alemães de algumas décadas
depois, e na noção de ruralismo, de uma sociedade rural, antiga,
conservadora, voltada para a vida no campo e para Deus, tendo na igreja o
ponto focal da sociedade (Granja Sainz, 2002).
Mas, sem sombra de dúvida, a ideia de
independência original foi a que mais se desenvolveu e perpetuou no
imaginário basco (Granja Sainz, 2002). Os Bascos jamais haviam sido
conquistados ao longo de toda sua história. Os Romanos não os haviam
submetido, mas conviviam lado a lado de forma respeitosa, todos os
grandes reinos posteriores haviam usado os bascos como guerreiros e
mercenários, sem, porém, terem efetivamente os controlado. Os bascos
chegaram ainda a constituir um reino, o de Navarra, que foi por séculos
um dos mais poderosos da península hispânica.
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