quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Relato da reunião da Ação Local Roosevelt: "Abaixo a repressão ao meu sono"

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Dando continuidade ao post anterior sobre os acontecimentos na Praça Roosevelt, tivemos nossa reunião da Ação Local na terça, dia 13. O salão paroquial da Igreja da Consolação ficou relativamente cheio e, também, tenso.

É compreensível a raiva de muitos dos moradores em meio à situação difícil em que se encontra a praça, mas também é preciso compreender que estamos em um período de transição, mesmo em termos políticos, com a mudança de prefeito e o fim de um governo péssimo. A praça mal foi inaugurada, ainda há obras por fazer e sendo feitas, e muito a se adequar.

Temos a sorte de vivermos em uma área considerada importante e, diferentemente de outros lugares, temos trânsito unto aos órgãos públicos, ou seja, há espaço para se debater e achar soluções.

O tom da reunião, desde o começo, foi de revolta, com propsotas de se cercar, fechar a praça, como a Buenos Aires, em Higienópolis. Obviamente os que apoiavam inicialmente a propostas se esqueceram da realidade absolutamente diferente de Higienópolis e da nossa, num local de passagem, com grandes avenidas, estações de metrô e etc...

Felizmente, com muita boa vontade e discussão alguns de nós conseguimos alterar o tom da discussão e buscar outras soluções para a praça que renasce. Ela é de todos, e não apenas dos moradores - por mais que eles (nós) tenhamos, creio, um papel decisivo nos rumos da praça por vivermos nela -, não temos o direito de impor a forma como ela vai ser usada, ao passo que temos o direito de impor regras de convivência em comum acordo com o resto da comunidade.

Em outras palavras, algumas movimentações que já ocorriam serão aceleradas, como a conversa com skatistas para usarem um espaço determinado da praça e não passarem a madrugada nela, respeitando o direito dos moradores de dormir e descansar. Eventos terão de ser melhor discutidos com a comunidade, que não quer passar dias e noites com caixas de som voltadas para suas janelas, mas que sabe da necessidade e do direito de se ocupar a praça com eventos culturais.

É preciso diálogo, saber ouvir a comunidade que vive e que frequenta a praça.

O grande dificultador é que muitos dos frequentadores que causam tumulto são, também, moradores, então como conseguir conversar com todos e ensinar a respeitar a comunidade?

O que vimos na reunião foi muito ódio contra os skatistas, esquecendo que quando a praça caia aos pedaços eram eles que a ocupavam e que SEMPRE a ocuparam com seu esporte e que, como nós, merecem espaço. Assim como grupos teatrais e que buscam realizar eventos grandes na praça. Todos tem seu lugar, a questão é saber conviver e respeitar o entorno. Não é possível, como aconteceu, aceitar passar dias sem dormir para que alguns se divirtam na praça, é preciso que ela seja fonte de diversão e cultura para todxs.

Conseguimos, com muita conversa, derrotar a veia proibicionista que começou forte na reunião, com exceção da proibição de bicicletas, que será discutido seriamente, pois não há espaço para elas na praça, disseram muitos. Outro ponto rlevante foi a proposta de se modificar o piso da praça, inviabilizando a prática do skate fora da área determinada. É uma queda de braços séria. Ao passo que muitos skatistas usam "corretamente" o espaço, outros o usam para brigar e o depredam.

Discutiu-se com afinco a questão da segurança. Ao menos uma gangue atua na área, de biccleta, furtando moradores e frequentadores. A GCM nada faz, mesmo sabendo do que se passa. O efetivo para o tamanho da praça é muito pequeno, e há a crescente sensação de insegurança. É fácil ver alguns jovens trocando mercadoria roubada no entorno da praça em determinadas horas.

Sabemos todos que a abertura da praça traria seus benefícios e malefícios, é preciso tirar o melhor de tudo isso e sempre ter em mente que há a ncessidade cosntante de dialogar com os diferentes grupos que ocupam e frequentam a praça e seu entorno. Nem sempre nossos interesses serão iguais, mas não podemos, enquanto moradores, tutelar ou legislar e sim debater.

A proposta de fechar a praça, no entanto, nã alteraria nossos problemas, apenas traria novos. Imaginemos que a Roosevelt fosse fechar das 23h até as 8 da manhã, oras, depois de aberta os skatistas iriam usá-la do mesmo jeito, os cachorros iriam cagar fora do local correto da mesma forma e quem quisesse realizar eventos entraria numa boa na praça e os faria sem ser perturbado.

Teríamos, talvez, algum sossego de noite, mas seria proibida a entrada na praça a quem quisesse caminhar pela manhã e fazer algum exercício, u quem quisesse atravessar a praça de noite para ir num dos bares dos dois lados da praça, ou mesmo quem quisesse simplesmente sentar e conversar com amigos às 3 da manhã, qual o problema disso?

Teriamos uma área cercada em que os próprios moradores seriam impedidos de usufruir a qualquer hora e que não resolveria os maiores problemas.

É preciso lembrar, ainda, que fora o barulho dos eventos - Satyrianas, Existe Amor em SP, etc - o grande problema da praça responde pelo nome de Parlapatões. O Satyrianas, há dois anos, fez um barulho enorme e o evento não aconteceu na praça, não faz diferença. O Parlapatões fica aberto a madrugada inteira incomodando os moradores com ou sem praça para que seu público se espalhe.

A praça talvez potencialize problemas, mas estes já existiam e não se resolverão cercando a Roosevelt, mas pressionando os responsáveis ou focos de problemas.

Aliás, ficou decidida a formação de uma comissão específica para encher o saco de PArlapatões e quaisquer bares que resolvam desrespeitar a comunidade da praça, realizando BO's, ligando para o PSIU e mesmo indo reclamar diretamente com o estabelecimento.

Foi notável a ausência de representantes dos bares na reunião, mostrando que temos ainda muito que trabalhar enquanto comunidade. De um lado, moradores devem aprender a conviver com uma região boêmia, de grande movimento em uma cidade carente de espaços culturais e de lazer e, do outro, frequentadores devem aprender a respeitar os moradores e entender que ha limites para o uso da praça.

No link, algumas fotos da reunião.

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Atualização:

Me esqueci um pequeno detalhe relacionado à segurança. Foi discutido na reunião que a quantidade de pixações na praça está crescendo e a GCM nada faz e a prefeitura se limita a pintar por cima, mas que tudo isto se trataria, na verdade, de gangues rivais demarcando o espaço. Se há alguma verdade nisso, é difícil saber, mas é válida a informação. Seria interessant,e penso eu, convidar grafiteiros para cobrir de arte o espaço antes que pixadores venham demarcar seu território.

Outro ponto que foi dsicutido é sobre outro bar, mais recente, que vem causando algun transtorno. Fica no fim da praça, quase ao lado do antigo Kilt, e hospeda shows com bandas e, aparentemente, o local não possui o isolamento necessário e o prédio vizinho vem enfrentando transtornos com a música toda a madrugada escapando da casa, além do que, ela também não fecharia depois de certo horário, repetindo o modus operandi do Parlapatões.
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