segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Sobre ENADE, conceitos e UniEsquinas

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Sou filho da PUC. Ex-aluno da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde me graduei em Relações Internacionais em 2009. E mesmo como ex-aluno continuo a acompanhar com apreensão a situação atual de vazio de poder, com a golpista Anna Cintra, com apoio da Igreja, buscando legitimar a farsa de sua nomeação. A situação é simples até o momento em que a justiça começa a decidir por um lado num dia e por outro no outro.

Honestamente, não sei mais em que pé estamos, se a justiça considera a golpista reitora ou não. Da última vez que vi algo sobre o assunto, havia uma multa a ser aplicada a golpista sempre que esta se aventurasse a se declarar reitora. Mas, com alguma surpresa, vi no dia 8 de janeiro, a golpista sendo entrevistada por diversos jornais da Globo e GloboNews na condição de reitora.

Não que eu espere quea globo faça jornalismo ou se preocupe minimamente com a situação da PUCSP, mas de qualquer forma considerei um absurdo a desfaçatez da golpista em passar por cima da ampla maioria de alunos, professores e funcionários em greve há meses que não a reconehcem ou reconhecerão como reitora.

Que ela governe para as baratas do prédio velho.

Mas, enfim, o objetivo deste artigo, passado o pequeno desabafo e a estranheza com a situação, é comentar sobre as notas dadas a cursos reconhecidos por sua qualidade, como História e Geografia da PUCSP, Ciências Sociais da UFF, Arquitetura do Mackenzie, dentre outros cursos da PUC Minas, CEFETS e afins.

A forma pela qual estes cursos são avaliados - via ENADE - é ridícula.

Fui forçado a fazer a prova - obviamente a boicotei -, e quem se recusa a comparecer ao local da prova não pode se formar. Nada poderia ser mais antidemocrático. No meu caso - e de todos os alunos de Relações Internacionais da PUC - tive de prestar a prova no extremo norte de São Paulo, numa área longinqua e de difícil acesso, onde só dava pra chegar de carona ou depois de horas de transporte público.

Não bastasse, a prova é pífia. Não avaia nada. Não respeita as especificidades regionais e de cada universidade, o foco de cada curso. Ademais, acreditar que uma única prova, mal feita, rasa, no fim de 4 anos de graduação consegue avaliar um curso como um todo é motivo para riso.

Fora que a avaliação é boicotada em grande parte pelos alunos revoltados com esta imposição absurda e inútil. Enquanto isso as UniEsquinas realizam até cursinhos para preparar seus alunos para a prova, distribuem brindes pros melhores, para incentivá-los e, enfim, continuar de portas aberta,s mesmo sendo medíocres.

Querer condenar cursos sérios de PUCs, federais e institutos federais enquanto ainda existem Unibans e Anhangueras demonstra não apenas a falta de caráter desse governo, mas de como a mercantilização da educação parece irreversível e da conivência do poder público com a situação.

São milhões de reais "investidos" em bolsas para o governo fingir que investe em educação para as classes mais pobres, quando na verdade o Estado se limita a lavar as mãos, entregar a educação apra instituições medíocres que visam unicamente seus lucros para depois o Estado usar estes "formados" como propaganda positiva quando, na verdade, muitos vão sair da universidade sabendo tanto quanto quando entraram.

Para piorar temos a cara de pau do Mercadante na TV falando em falta de consistência no ensino e diploma e querendo se mostrar incisivo (talvez tanto quanto no apoio à repressão à greve dos professores, afinal se UniEsquinas pagam mal, porque o governo que terceiriza o ensino teria de pagar bem?). Não passa de um palhaço.

É política de governo ignorar o boicote ao ENADE e a precariedade de sua fiscalização e conceitos usados.

E numa das entrevistas, Mercadante ainda completou que é preciso ter qualidade no diploma... que você está comprando! COMPRANDO! Não é ato falho, é declaração e falência do ensino e de conivência do Estado e do PT.

Se Mercadante quiser aproveitar a farsa enquanto paga de brabinho, que faça algo de verdade pela educaçãos. E enquanto isso UniEsquinas proliferam.
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