segunda-feira, 9 de março de 2015

Panelaço contra pronunciamento da Dilma, um fato novo?

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Brasília, São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Curitiba... Em várias cidades do país gritos, panelaço, buzinas e muito xingamento durante o discurso (mentiroso, obviamente) de Dilma no dia 8 de março.

Coordenado ou não (alguns falam em coordenação via Whatsapp, o que é uma forte possibilidade, ou de incentivo via twitter durante o pronunciamento via tag #vaiaDilma), o "protesto" nas salas e sacadas de várias cidades brasileiras denuncia uma radicalização visível de setores sociais diversos. Obviamente não se pode medir o alcance de tal protesto, mas as redes sociais foram inundadas com comentários (descartando os gritos de GOLPE e de FORA DILMA) sobre o fato e vídeos com os gritos e afins.

E digo que pouco importa se coordenado ou não porque o fato político é o protesto em si. Claro que seu peso (e periculosidade) seria maior caso fosse espontâneo, o que é pouco provável, mas de qualquer forma, o "protesto" é ou foi uma realidade.

Trata-se de um protesto contra uma pronunciamento na TV. Sem dúvida todos conhecemos casos de quem acaba revoltado e xinga a TV em algum momento, mesmo um discurso de políticos, mas a coordenação desse protesto quase virtual prenuncia algo diferente. E por "coordenação" neste caso não falo em um ou vários líderes, mas sim na sincronicidade do ato.

É preocupante para o PT, pese também sê-lo para o país. É um clima de polarização tremendo em meio à tentativas (supostas, mas que preocupam mesmo petistas destacados) do PT se aproximar com o PSDB, de partidos envolvidos até o pescoço na lama (e no STF)...

Obviamente não é o fim do mundo, nem prenúncio de um GOLPE ou coisa do tipo, não podemos ou devemos supervalorizar o fato, mas também é impossível descartar como se fosse apenas o "grito da elite", algo repetido muitas vezes pelo eleitorado petista sempre que busca deslegitimar qualquer oposição.

Primeiro, MESMO que se tratasse da elite, na política e na democracia a elite também vota, também tem espaço e direito a se manifestar (mesmo que discordemos de tudo nesse pacote democrático), e segundo, não há como afirmar que efetivamente se tratou exclusivamente da elite. Quem afirma tal coisa está apenas mentindo ou num wishful thinking bestial.

Essa radicalização é péssima, pois o ódio não constrói, apenas cria trincheiras. E quem fica no meio termo - que por exemplo seja contrário ao PT/Dilma no poder, mas não defende golpe - acaba sendo pego no fogo cruzado, inviabilizando qualquer tipo de discussão política séria e proveitosa.

É a política do futebol, você grita "chupa" de sua varanda quando o time que você detesta toma gol, se esgoela de ódio quando seu time é derrotado... Política como arquibancada, sem conteúdo, apenas com "paixão".

Mas, enfim, é um fato político, uma novidade no cenário político polarizado brasileiro em que todas as possíveis saídas parecem ruins. Seus desdobramentos ainda serão sentidos, fiquemos de olho. A certeza imediata, porém, é de que o clima político no país está insuportável e a corda está no limite. Como ela vai romper não sabemos, mas ela irá romper.

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Atualização:

O machismo usado nos ataques à Dilma é lamentável, mas é igualmente lamentável que este fato novo seja tratado apenas como isso, como "machismo", como expressão de elite e ponto. É uma tentativa torpe de diminuir sua relativa importância e novidade. Como sempre, tenta-se desqualificar a crítica de imediato, sem pesar as consequências.

Reparem na posição generalizada dos blogs e sites ligados ao PT: Machismo, Golpe, Elite... Não há o menor esforço em se analisar o porque do protesto, do fato novo. Nada. Apenas a eterna busca dos petistas pela desqualificação, por negar a realidade, por negar o mundo que os cerca.
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