quinta-feira, 23 de julho de 2009

UNE: A vergonha do Movimento Estudantil

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Depois do meu artigo sobre a (o) ANEL, relutei em escrever algo sobre a UNE, imagino que minha posição já tenha ficado clara: Completo rechaço à esta organização controlada pelos vendidos da UJS/PCdoB.

Além disso o Hugo Albuquerque no Descurvo já havia escrito um artigo interessante sobre o assunto mas a nota que posto ao fim deste artigo me fez perceber que teria que escrever algo.

O Noblat causou polêmica ao chamar o novo presidente da UNE, o Augusto Chagas - claramente um "estudante profissional" e oportunista de primeira grandeza - de Néscio. Nada contra a crítica, na verdade, assino embaixo, o problema foi a origem da crítica, o Noblat, e o fato desta ter sido direcionada à "cara" do sujeito, ou seja, uma análise que, ainda correta, o é pelas razões erradas.

Obviamente o resto de seu post é descartável, me limito a analisar a parte relevante, a crítica ao novo presidente da UNE. Não há problema em receber verba do governo, da petrobrás ou outra estatal, O Globo, jornal do colunista também recebe e ai de quem falar qualquer coisa.

Tampouco se opor à CPI da petrobrás é problemático, é a posição correta! A coisa começa a complicar com Sarney, pela resposta evasiva e acaba de vez quando vem a questão da sucessão. Sou estudante e ninguém me perguntou se eu apóio a Dilma. A UNE diz que eu apóio.

Não se pode formar uma opinião sobre alguém meramente por olhar a cara, algo que o Noblat deveria ter em mente, especialmente depois de, no Twitter, ser chamado por um perfil fake da Nair Bello - mas deveras divertido - de Glória Menezes por sua foto.

Mas, voltando à UNE, a organização está falida. Este novo presidente é o décimo seguido que o PCdoB impõe e, o método de se perpetuar no poder todos do Movimento Estudantil conhecem bem: Fraudes, Intimidação, Ameaças e Roubo (de urnas, de votos, de listas, etc).

Uma organização que diz representar os estudantes, na verdade, não representa nem uma ínfima parcela ou melhor, não representaria, caso as votações fossem limpas e justas.

O Hugo deu a deixa:
"UNE deveria servir para a representação dos estudantes. Não está servindo. Ela representa os interesses de uma agremiação partidária."
E eu vou mais além, a UNE não só não representa os estudantes como ainda os prejudica.

Prejudica pois passa adiante a imagem de que todo estudante defende incondicionalmente o governo Lula, que todo estudante votará em Dilma, que todo estudante defende a reforma universitária e o ProUni (eu, por exemplo, sou contra a Reforma e defendo parcialmente o ProUni, que precisa ser modificado para não financiar UniEsquinas) e, finalmente, que todo estudante concorda com o aparelhamento completo da entidade com o governo.

A UNE se tornou acrítica, se tornou fio condutor das políticas governamentais. O problema não é a UNE concordar com algumas políticas e sim ter virado um braço do governo e declarar seu apóio incondicional, aliás, baseado em fraudes e numa liderança ilegítima.

Miguel do Rosário que me desculpe mas não são apenas os "anti-Lulistas" que criticam a UNE, como este afirma em seu artigo sobre a entidade.

Existe sim um problema, e um grande problema, que uma entidade estudantil defenda "sem hesitação" o governo Lula.

- Primeiro porque ela é ilegítima;
- Segundo porque adota um posicionamento acrítico e;
- Tterceiro porque não discute abertamente as propostas do governo, se limitando a repetir o mantra como se fosse braço, ministério ou secretaria governamental.

A desculpa da mídia, da perseguição, da propaganda contrária e tudo mais contra Lula não eximem a UNE de críticas, e duras críticas. Ambos, PIG e UNE são condenáveis em diversos aspectos.

Gostaria ainda de comentar outra parte da crítica do Miguel:
"Outra crítica recorrente é a de que o PcdoB “aparelharia” a UNE. Ora, essa é a que me irrita mais. Querem o quê? Que a UNE, uma entidade política, com fins políticos, contrate quadros “técnicos” para suas diretorias? Tenham dó! Se o PcdoB ganha as eleições, ele tem o direito, adquirido democraticamente, de nomear quem desejar para as funções"
Errado, meu amigo. O PCdoB não foi democraticamente eleito. E, mesmo que em um mundo paralelo as fraudes do partido fossem legais e corretas, aparelhar uma organização estudantil À um governo é criminoso. A UNE e qualquer outra organização deve ter liberdade de ação, deve pensar livremente e saber criticar tanto quanto elogiar. Aparelhar significa não ter crítica, não ter opinião e obrigatoriamente dizer "amém" à tudo que vem de cima. Isto não é a UNE. Ou melhor é a UNE do PCdoB.

Desde o começo dos anos 90 que a UNE é dominada por apenas um grupo, a UJS, juventude do PCdoB. Sempre usando as mesmas táticas lamentáveis, sempre impedindo que haja real democracia na organização.

Graças à este tipo de posicionamento que a UNE não só não representa mais os estudantes como também rachou. Por mais que a Conlute tenha sido sectária e a ANEL também o seja (além de piada pronta), é um indício preocupante de que algo está muito errado no Movimento Estudantil.

A ANEL é uma organização sectária mas conta com ao menos um grupo que sempre teve força dentro da UNE, o PSTU, e provavelmente ainda existam outros grupos menores por lá que, todos eles, não encontravam espaço na estrutura da UNE, não encontravam voz e eram constantemente intimidados e roubados.

A UNE vem paulatinamente cavando sua própria cova. Não é nem sombra do que foi um dia, da grande organização de combate à ditadura, de luta dos estudantes, de reivindicação e posições fortes. Hoje é fio condutor, responde à ordens vindas de cima, é controlada por patricinhas, estudantes profissionais, hipócritas, proto-políticos e fraudadores.

Rachou, faliu.

Abaixo, a nota que menciono no começo do post de quem conheceu o Chagas, estudante profissional. Antes de mais nada que fique claro que não faço parte ou apóio a LER-QI, organização do autor da nota.

A atual presidência da UNE expressa seu caráter anti-lutas

É de causar arrepios a quem estudou na UNESP entre 2003-2005 ver a eleição de Augusto Chagas para a presidência da UNE. Augusto foi coordenador- geral (o que equivale à presidência) do DCE “Helenira Rezende” da UNESP/FATEC em 2004, mas não completou sua gestão, pois foi expulso desta entidade pelos estudantes.

O movimento estudantil da Unesp tem um histórico de lutas em defesa da educação pública e em 2004 isso esteve presente na radicalizada greve estudantil que, em alguns campi, chegou a durar 81 dias junto a funcionários e docentes. Ao final de 2003 os estudantes faziam eleição para o seu DCE e foram surpreendidos na apuração em seu Conselho de Centros Acadêmicos (CEEUF) com a presença de novos centros acadêmicos que não costumavam participar. A apuração foi feita na marra mesmo com urnas constando mais votos nas urnas do que de votantes registrados e até de estudantes matriculados (!).

No entanto, em 2004 também tinha início as discussões sobre a reforma universitária do governo. Os estudantes votaram em seu congresso, conselhos e assembléias a posição contrária a Reforma Universitária do governo Lula, defendiam uma proposta que contra o PROUNI que beneficia os donos do ensino privado (do PROUNI) estas vagas deveriam ser criadas na rede pública de ensino.

Enquanto os estudantes votavam resoluções de oposição aos governos tanto o estadual tucano e o federal petista, éramos surpreendidos por falas de “nosso representante” da defesa incondicional do governo Lula. Isso enquanto os estudantes votavam a greve tendo na sua pauta claramente “contra a reforma universitária de Lula”.

Após uma série desses “deslizes” do DCE e particularmente de Augusto Chagas, os estudantes incorporaram em sua greve o “Fora Augusto” e o “Fora DCE”. Precisaram de um instrumento alternativo para organizar sua mobilização já que o DCE não os representava, formando um comando de greve com representantes eleitos nas assembléias que se enfrentava com o DCE. O rechaço ao DCE e a esta figura caricata chegou ao ponto de ter-se votado sua expulsão da ocupação da reitoria da Unicamp e uma moção de repúdio nominal no Encontro de Universidades Públicas durante a greve. O não reconhecimento do DCE era tão expressivo que o próprio CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) teve que reconhecer o comando de greve como único representante, vetando a presença do DCE nas negociações e reconhecendo o comando de greve.

O resultado foi que em seu congresso de estudantes com cerca de 500 delegados votou-se praticamente uma única resolução: a destituição do DCE aprovada por cerca de 90% do plenário.

Desde antes mesmo dessa greve esses estudantes já sabiam que não podiam contar com a UNE para suas mobilizações. Mas nesse ano a situação passava a ser diferente, não mais faziam lutas “por fora da UNE”, passando a fazê-las contra a própria UNE. Assim, não é de causar espanto que 5 anos depois vejamos o estudante que foi expulso da greve das estaduais paulistas hoje esteja a frente dessa entidade.

Del

Representante do Comando da Greve da Unesp em 2004 e ex-diretor do DCE “Helenira Resende” pela oposição 2004-2005.

Movimento A Plenos [LER-QI e independentes]

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Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Hugo Albuquerque disse...

Raphael,

Sobre o post, concordo com grande parte da sua análise, talvez discorde em algumas matizes e em algumas gradações, mas na média é isso daí mesmo.

Creio que a falência total do Estado Varguista e depois a estupidez econômica dos aos FHC produziu uma verdadeira hecatombe na Academia brasileira. Temos a endogamia acadêmica decorrente dos anos da ditadura somada a catástrofe da Escola Pública e ao desemprego e temos essa tragédia daí.

As uniesquinas que proliferaram por aí não são universidades são meros laboratórios de formar mão de obra mais ou menos qualificada para o sistema. Fazem às vezes de um curso profissionalizante.

Mas o Capitalismo depende de mais do que isso, por isso existe as universidades de porte. Mas mesmo elas estão dominanadas por um corpo administrativo burocratóide e por estudantes que também dependem de trabalhar para se manter. A maioria está massacrada demais pelo sistema para militar ou se dedicar apenas ao estudo. Aqueles que têm condições materiais estão fechadas na sua cúpula egocêntrica.

Sobra uma meia dúzia de fato no Movimento Estudantil - e esses seis ou sete tão na parada por uma puta consciência social ou por um brutal desonestidade. Infelizmente, o lado de lá está ganhando.

abraços

Hugo Albuquerque disse...

Mas, voltando à UNE, a organização está falida. Este novo presidente é o décimo seguido que o PCdoB impõe e, o método de se perpetuar no poder todos do Movimento Estudantil conhecem bem: Fraudes, Intimidação, Ameaças e Roubo (de urnas, de votos, de listas, etc).,

Aliás, isso é um retrato das eleições para o CONUNE na PUC.

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