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sexta-feira, 13 de março de 2015

Nem dia 13, nem dia 15, chega de falsa polarização!

Ato em defesa da Petrobrás nada mais é que um ato em defesa do PT e, por consequência, de seu "direito" de dilapidar a empresa porque, claro, com o PSDB seria pior.

E acreditando nisso (ou sendo financiado para acreditar) movimentos como MST, MAB (?), CUT, UNE, dentre outros, se mobilizaram para ir às ruas defender a Petrobrás (sic). Trata-se da mais explícita defesa das ações do PT não apenas na empresa, mas das ações criminosas do partido contra o país, como corte de direitos trabalhistas, cortes na educação e desmandos sem fim.

O governo Dilma chegou ao limite mal tendo começado seu segundo mandato. Isolado no congresso, repudiado pelos mesmos aliados que escolheu e deu poder (e verba), e acuado busca nas ruas dar uma resposta aos críticos - pese o PT ter "oficialmente" se desmarcado dos protestos.

Das duas uma, ou o governo por debaixo dos panos move as engrenagens de movimentos cooptados para protestar por si e demonstrar suposta força (que não tem), ou movimentos cooptados resolveram à revelia da direção mostrar esta mesma força em solidariedade. Em ambos os casos, é um tiro no pé.

Chegamos ao ponto do surrealismo do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) apoiar manifestação pró-PT. O MST que tem sido tratado como lixo apoia o PT e usa sua base como figurantes para sustentar Katia Abreu e o latifúndio. A UNE se apresenta para apoiar o governo que cortou bilhões da educação e que deixa bolsistas perigarem passar fome e a CUT, a organização pelega por excelência, sai às ruas para defender o governo que cortou direitos trabalhistas e previdenciários e que adotou política econômica que aumentará o desemprego.

Se isto não é surreal, nada mais é.

Remoções forçadas para grandes obras, criminalização de todo tipo de manifestação aos gritos de VAI PM por parte da "militância que cada dia mais se transforma em seita, corrupção endêmica, estelionato eleitoral descarado e reconhecido, aliança com o que há de pior na política nacional, medievalização e retrocessos grotescos nos direitos humanos, crescimento do agronegócio (transgênicos, agrotóxicos, desmatamento e todo o pacote), continuidade do genocídio de negros nas favelas (mas em troca de algumas cotas movimentos se calam e seguem adiante no apoio), privatização de estradas, aeroportos e mesmo de parte da Petrobrás e do pré-sal... Este é um resumo rápido das realizações de Dilma e do PT nos últimos anos.
Os capos do Governo Federal e do PT querem nos impor esta nova chantagem / armadilha: nos defendam, mais uma vez, das ratazanas e dos porcos que nós alimentamos ao longo desses 12 anos, confundindo-se conosco (como se fôssemos a mesma coisa) para "salvar a Democracia e a Esquerda do país".
Ora, quem vem fortalecendo políticos fascistas e uma sociedade cada vez mais fascista ao longo dos últimos anos é o Governo Federal comandado pelo PT... Quantos Bilhões entraram nos cofres da Rede Globo de Televisão, ao longo dos últimos anos, esta Rede de Televisão que hoje articula e comanda o Golpismo do Impeachment da Extrema-Direita?! Agora nos digam quanto foi investido e fortalecido em meios de comunicação, jornais, revistas, TVs ou rádios verdadeiramente populares e comunitárias?!
Vamos agora sair às ruas para defendê-los, Mandatários do PT et caterva, nos confundindo mais uma vez com vocês, para vocês seguirem governando com os Joaquim Levys, Temers, Renans, Cunhas, Sarneys, Marinhos, Kassabs, Kátias, Andres Sanchez e companhia?! Até quando acham que podem fazer esta chantagem e este jogo perverso com o nosso povo, e os nossos anseios legítimos - sempre deixados em segundo plano por vocês?!


E, ainda assim, há movimentos que bancam tudo isso e gritam que a direita quer derrubar o governo de esquerda. A triste verdade é que a esquerda foi derrotada pelo próprio PT, na verdade, sequer chegou ao poder.

Este protesto hoje, dia 13, "em defesa da Petrobrás", ou na verdade em defesa descarada do PT é simplesmente vergonhoso. Envergonha a história da esquerda brasileira e deveria envergonhar seus participantes. Ou, mais ainda, poderia significar uma virada da esquerda, demonstrar de vez a necessidade dos movimentos não-cooptados de se unir buscando alternativas.

Nada disto, porém, justifica ou dá razão ao outro protesto convocado para o dia 15. Não vou dizer "convocado pela direita" porque no fim o protesto de hoje também é a defesa da direita, de políticas de direita que seriam aplicadas, por exemplo, por Aécio, caso tivesse sido eleito.

O que temos são dois protestos (ou duas convocações de protesto) de direita. Em defesa de políticas e políticos de direita. Tampouco diria que se trata, no dia 15, de uma manifestação "golpista". Impeachment não é golpe, não importa o quanto gritem os petistas. Collor não foi vítima de golpe e não importa que hoje ele seja melhor amigo do PT, a história não será reescrita para caber nos devaneios dessa turma.

Mas o protesto do dia 15, no entanto, é um balaio de gatos perigoso. De apoiadores de Eduardo Jorge a neofascistas e integralistas. De PSDB a Revoltados Online, um caldo que vai da direita "light" à mais extremada direita que pede (esta sim) golpe e volta dos militares.

Antes de mais nada, o conteúdo "light" exigido pela "direita" é ridículo. Impeachment. Para que? Para Temer assumir? O que mudará? Não passa de demonstração de força de grupelhos radicalizados com apoio de um PSDB ferido querendo se vingar do PT, mesmo que não chegue ao poder graças à esta manobra.

É igualmente um protesto vergonhoso. E, bom lembrar, protestos CONTRA o PT pedindo impeachment apenas FORTALECEM o PT. A inteligência daqueles que odeiam o PT é realmente artigo em falta.

E a polarização - pelos motivos colocados acima - é falsa. E, pior ainda, acaba jogando pra debaixo do tapete problemas reais do país, o fato de que tanto PT quanto PSDB se beneficiaram e se beneficiam da corrupção da Petrobrás, como o PSDB se beneficia da corrupção do Cartel Tucano no metrô, como o PT se beneficiou do Mensalão, como todos os partidos satélites igualmente tem se beneficiado... E, claro, cria artificialmente diferenças ideológicas e práticas entre PT e PSDB que efetivamente não existem.

PT e PSDB ativamente defendem a repressão de movimentos populares que saem às ruas, ambos partidos fecham os olhos (quando não incentivam) chacinas e assassinatos contra pobres e negros, ambos privilegiam o agronegócio, privilegiam os bancos, o capital financeiro, desprezam educação pública... Sair às ruas dia 13 ou dia 15 significa a mesma coisa: A defesa de políticas de austeridade, da direita, de políticas contra a população.

Nem 13, Nem 15, Nem 45! Nem PT, nem PMDB, nem PSDB!
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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Lula e a "Frente de Esquerda": A cooptação dos inocentes de novo e outra vez

Tem sido ventialado pela mídia que Lula estaria "insatisfeito" com o ministério formado por Dilma, sua sucessora e cria. Por isto, estaria formando uma "Fente de Esquerda" junto a organizações cooptadas há muito pelo petismo e pelo sub-petismo (o PCdoB), como UNE, CUT e MST, e buscando o apoio do PSOL, do MTST e do PSTU (Conlutas).

Imediatamente após questionamento o PSTU/Conlutas anunciou que aceitou apenas conversar, mas que mantém seu rechaço à proposta central desta Frente, o tiro no pé político conhecido como Constituinte Exclusiva. O MTST logo depois lançou nota rebatendo as várias críticas de que estaria sendo cooptado (sentimento que se tornou mais forte depois das cenas de profunda amizade entre Lula e o coordenador do movimento, Guilherme Boulos), mas não desmentiu sua participação em uma frente claramente eleitoreira e que bisca viabilizar o nome de Lula para a corrida presidencial de 2018.

Explico.

Lula criou a Dilma-candidata e a Dilma-presidente. Foi por indicação dele, passando por cima de tudo e todos (inclusive da base do PT) que Dilma acabou se tornando a candidata do partido à presidente e, logo, presidente. Suas políticas seguem, em geral, a cartilha lulista, com algumas diferenças sutis devido à personalidade de Dilma. Excetuando a Cultura, o governo Dilma tem seguido fielmente o Lulismo dos 8 anos anteriores, sejam nas comunicações, na economia ou na política de tratorar e passar por cima de direitos e movimentos. Não que Lula fosse muito diferente, mas ele tinha a capacidade de dialogar ou de ao menos fingir diálogo, enquanto Dilma não respeita nada e impõe sua vontade doa a quem doer.

O problema neste momento é que Lula, sendo um político extremamente esperto, notou que há imensa resistência à Dilma e suas políticas (que também são do Lula) não apenas na sociedade, mas dentro do próprio partido - pese as críticas sempre serem sufocadas pelo fanatismo e pal tropa de choque. O que fazer então?

Muito simples: Formar uma "Frente" usando o peso dos movimentos há muito cooptados e incapazes de qualquer crítica mais contundente contra os desmandos de Dilma e do PT, fingindo independência ou mesmo insatisfação, buscando aglutinar e cooptar outros movimentos e organizações ainda independentes (alguns sedentos por cargos, outros apenas achando que irão tirar benefícios) para dar legitimidade à empreitada que possivelmente tecerá críticas pontuais buscando "pressionar" um governo que só cede à pressão da extrema-direita ruralista e evangélica, mas que, no geral, servirá como um "exército" pessoal de Lula para posar de mediador, apoiando, no entanto, o governo sempre que este precisar.

Trata-se de uma manobra torpe, gasta, já usada mundo afora por movimentos da cripto-esquerda para se legitimar dando um ar de independência a seus apoiadores, ou seja, tentanto criar uma "massa crítica" aos olhos de fora, mas firmemente controlado por dentro.

Trata-se não apenas de tentativa de cooptar movimentos, mas de formar um palanque para Lula fingir que é de esquerda, que o PT é de esquerda e de que ele representa ao menos os setores de esuqerda do partido, como se não tivesse pessoalmente imposto Dilma e não a estivesse apoiando a todo momento. Trata-se, enfim, de propaganda para o consumo dos crédulos dispostos a embarcar num eventual Lula 2018.

De quebra Lula, Dilma e o PT conseguem apoio para a péssima e suicida ideia da Constituinte Exclusiva.
O PT está sempre pronto e disposto a aceitar todas as exigências de seus aliados ruralistas, evangélicos fundamentalistas, banqueiros, empreiteiras... Iremos confiar neste partido para capitanear uma reforma política? Quem irá segurar a direita não será, sem dúvida, o PT, que hoje nada a amplas braçadas para (e com) a direita.
Os eleitos para uma "constituinte exclusiva", tendo em mente a configuração política atual, as pressões, o crescimento do eleitorado fundamentalista e as alianças da ex-esquerda com a pior direita, seriam francamente conservadores. Isto basta para acabar com qualquer ânimo de quem é efetivamente de esquerda. De que importa que políticos com mandato não possam concorrer? Alguém acha que o PSC tem apenas o Feliciano na manga? Ou que o Malafaia, o Edir Macedo, os Ruralistas e outros não tem candidatos guardados para quando precisarem?
Lula com isso ganha uma base para legitimar sua volta, se afasta de um governo que amplos setores da esquerda e parte do PT nutre críticas dos mais diferentes níveis, mas mantém um núcleo sempre pronto a apoiar as questões mais sensíveis e caras ao "petismo de coalizão".

A grende questão que, no fim, denuncia toda a sordidez de tal iniciativa é: Se Lula é do PT, e se Dilma é do PT e se ambos são representantes da maioria ampla do partido e se há críticas dentro dessa maioria, porque a necessidade de buscar saídas externas para mudar e pressionar diretrizes que vem de dentro do próprio PT?

Seria compreensível (e excelente) uma Frente de Esquerda composta por organizações e movimentos que não passaram os últimos 12 anos dizendo amém para absolutamente tudo que o PT fez, por movimentos que não aceitaram =se abraçar e serem preteridos ou mesmo abandonados por neoaliados que são apenas seus maiores inimigos. Movimentos que estção e estiveram nas ruas por 12 anos, mantendo suas bandeiras intactas e não agindo como tropa de choque e como legitimadores de toda e cada política entreguista, lesa pátria e violadora dos direitos humanos vindas do PT e de seu governo.

Aceitar a tese de que Lula e setores do PT querem fazer uma crítica ao governo é legitimar a desculpa esfarrapada de "O PT não é Governo" que o Campo Majoritário do PT tentou fazer colar por 12 anos como forma de legitimar cada decisão criminosa de Dilma e, antes, de Lula.

As Mães de Maio foram as primeiras a sentir o que realmente está por trás de tal "Frente  de Esquerda":
GOVERNISTAS x MOVIMENTOS AUTÔNOMOS
As Sucursais Governistas já definiram sua estratégia para 2015 em diante: enaltecer os movimentos sociais que dançarem estritamente sob a cartilha do Lulo-Dilmo-Petismo - sem sair um milímetro do script (ou seja: totalmente cooptados); e tentar isolar, desmoralizar e até criminalizar os movimentos sociais que manifestarem qualquer autonomia crítica em relação aos governos do PT.
O primeiro alvo já parece ser o Passe Livre São Paulo, que anuncia sua luta contra os aumentos de tarifa de ônibus na cidade de São Paulo a partir do dia 05/01/2015, vejam só que ousadia, contra o Prefeito Gato Gourmet Fernando Haddad. Por estarmos apoiando a mobilização do MPL e de todos movimentos que se organizam para resistir ao aumento, alguns trolls petistas começam a acusar nossa página de ser "coxinha"... Afinal, defender a Tarifa Zero para todxs trabalhadorxs é, realmente, uma pauta de direita e bastante elitista... Na esquerda, para estes trolls, devem estar as Empresas de Transporte e seus lucros bilionários - com o Prefeito Gato, este mártir anti-"coxinhas", defendendo seus interesses...
Algumas dessas Sucursais - historicamente alinhadas à Direção Nacional do PT - acusam o MPL-SP de estar se tornando "uma sucursal do PSTU", mesmo tendo profundo conhecimento do caráter autônomo e apartidário do movimento. E mesmo sabendo que Sucursais são @s própri@s...
Os próximos passos serão as tentativas de desmoralização e, quando vier a repressão da GCM, da PM ou do exército, fazerem vistas grossas ou até mesmo justificar a criminalização e a violência do Estado contra os legítimos manifestantes...
Tâmo Juntão até o fim com o Movimento Passe Livre e com tod@s aquel@s que lutam com autonomia pelxs Trabalhadorxs, para xs Trabalhadorxs!
É na hora do veneno que enxergamos quem é quem na luta de classes!
‪#‎Autonomia‬‪#‎NóisPorNóis‬‪#‎ContraAEXquerda‬‪#‎TrabalhadorxsUnidxs‬‪#‎PorUmaVidaSemCatracas‬
O alerta está dado e não poderia ser mais claro. A tal "Frente de Esquerda" não passa de um instrumento eleitoreiro, um "exército" pessoal do Lula para buscar legitimar sua candidatura pela esquerda e junto à esquerda, da mesma forma que o discurso fake de Dilma durante as eleições de "guinada à esquerda" que se mostrou um dos maiores engodos da história recente do país.

Lula é a figura de máxima importância dentro do PT, eminência parda do governo Dilma, legitimador dela e de suas políticas. É preciso ser muito trouxa ou querer ganhar cargos e verba para embarcar em uma frente criada sob medida para cooptar e dividir.

A época da inocência acabou há muito tempo.


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quinta-feira, 23 de julho de 2009

UNE: A vergonha do Movimento Estudantil


Depois do meu artigo sobre a (o) ANEL, relutei em escrever algo sobre a UNE, imagino que minha posição já tenha ficado clara: Completo rechaço à esta organização controlada pelos vendidos da UJS/PCdoB.

Além disso o Hugo Albuquerque no Descurvo já havia escrito um artigo interessante sobre o assunto mas a nota que posto ao fim deste artigo me fez perceber que teria que escrever algo.

O Noblat causou polêmica ao chamar o novo presidente da UNE, o Augusto Chagas - claramente um "estudante profissional" e oportunista de primeira grandeza - de Néscio. Nada contra a crítica, na verdade, assino embaixo, o problema foi a origem da crítica, o Noblat, e o fato desta ter sido direcionada à "cara" do sujeito, ou seja, uma análise que, ainda correta, o é pelas razões erradas.

Obviamente o resto de seu post é descartável, me limito a analisar a parte relevante, a crítica ao novo presidente da UNE. Não há problema em receber verba do governo, da petrobrás ou outra estatal, O Globo, jornal do colunista também recebe e ai de quem falar qualquer coisa.

Tampouco se opor à CPI da petrobrás é problemático, é a posição correta! A coisa começa a complicar com Sarney, pela resposta evasiva e acaba de vez quando vem a questão da sucessão. Sou estudante e ninguém me perguntou se eu apóio a Dilma. A UNE diz que eu apóio.

Não se pode formar uma opinião sobre alguém meramente por olhar a cara, algo que o Noblat deveria ter em mente, especialmente depois de, no Twitter, ser chamado por um perfil fake da Nair Bello - mas deveras divertido - de Glória Menezes por sua foto.

Mas, voltando à UNE, a organização está falida. Este novo presidente é o décimo seguido que o PCdoB impõe e, o método de se perpetuar no poder todos do Movimento Estudantil conhecem bem: Fraudes, Intimidação, Ameaças e Roubo (de urnas, de votos, de listas, etc).

Uma organização que diz representar os estudantes, na verdade, não representa nem uma ínfima parcela ou melhor, não representaria, caso as votações fossem limpas e justas.

O Hugo deu a deixa:
"UNE deveria servir para a representação dos estudantes. Não está servindo. Ela representa os interesses de uma agremiação partidária."
E eu vou mais além, a UNE não só não representa os estudantes como ainda os prejudica.

Prejudica pois passa adiante a imagem de que todo estudante defende incondicionalmente o governo Lula, que todo estudante votará em Dilma, que todo estudante defende a reforma universitária e o ProUni (eu, por exemplo, sou contra a Reforma e defendo parcialmente o ProUni, que precisa ser modificado para não financiar UniEsquinas) e, finalmente, que todo estudante concorda com o aparelhamento completo da entidade com o governo.

A UNE se tornou acrítica, se tornou fio condutor das políticas governamentais. O problema não é a UNE concordar com algumas políticas e sim ter virado um braço do governo e declarar seu apóio incondicional, aliás, baseado em fraudes e numa liderança ilegítima.

Miguel do Rosário que me desculpe mas não são apenas os "anti-Lulistas" que criticam a UNE, como este afirma em seu artigo sobre a entidade.

Existe sim um problema, e um grande problema, que uma entidade estudantil defenda "sem hesitação" o governo Lula.

- Primeiro porque ela é ilegítima;
- Segundo porque adota um posicionamento acrítico e;
- Tterceiro porque não discute abertamente as propostas do governo, se limitando a repetir o mantra como se fosse braço, ministério ou secretaria governamental.

A desculpa da mídia, da perseguição, da propaganda contrária e tudo mais contra Lula não eximem a UNE de críticas, e duras críticas. Ambos, PIG e UNE são condenáveis em diversos aspectos.

Gostaria ainda de comentar outra parte da crítica do Miguel:
"Outra crítica recorrente é a de que o PcdoB “aparelharia” a UNE. Ora, essa é a que me irrita mais. Querem o quê? Que a UNE, uma entidade política, com fins políticos, contrate quadros “técnicos” para suas diretorias? Tenham dó! Se o PcdoB ganha as eleições, ele tem o direito, adquirido democraticamente, de nomear quem desejar para as funções"
Errado, meu amigo. O PCdoB não foi democraticamente eleito. E, mesmo que em um mundo paralelo as fraudes do partido fossem legais e corretas, aparelhar uma organização estudantil À um governo é criminoso. A UNE e qualquer outra organização deve ter liberdade de ação, deve pensar livremente e saber criticar tanto quanto elogiar. Aparelhar significa não ter crítica, não ter opinião e obrigatoriamente dizer "amém" à tudo que vem de cima. Isto não é a UNE. Ou melhor é a UNE do PCdoB.

Desde o começo dos anos 90 que a UNE é dominada por apenas um grupo, a UJS, juventude do PCdoB. Sempre usando as mesmas táticas lamentáveis, sempre impedindo que haja real democracia na organização.

Graças à este tipo de posicionamento que a UNE não só não representa mais os estudantes como também rachou. Por mais que a Conlute tenha sido sectária e a ANEL também o seja (além de piada pronta), é um indício preocupante de que algo está muito errado no Movimento Estudantil.

A ANEL é uma organização sectária mas conta com ao menos um grupo que sempre teve força dentro da UNE, o PSTU, e provavelmente ainda existam outros grupos menores por lá que, todos eles, não encontravam espaço na estrutura da UNE, não encontravam voz e eram constantemente intimidados e roubados.

A UNE vem paulatinamente cavando sua própria cova. Não é nem sombra do que foi um dia, da grande organização de combate à ditadura, de luta dos estudantes, de reivindicação e posições fortes. Hoje é fio condutor, responde à ordens vindas de cima, é controlada por patricinhas, estudantes profissionais, hipócritas, proto-políticos e fraudadores.

Rachou, faliu.

Abaixo, a nota que menciono no começo do post de quem conheceu o Chagas, estudante profissional. Antes de mais nada que fique claro que não faço parte ou apóio a LER-QI, organização do autor da nota.

A atual presidência da UNE expressa seu caráter anti-lutas

É de causar arrepios a quem estudou na UNESP entre 2003-2005 ver a eleição de Augusto Chagas para a presidência da UNE. Augusto foi coordenador- geral (o que equivale à presidência) do DCE “Helenira Rezende” da UNESP/FATEC em 2004, mas não completou sua gestão, pois foi expulso desta entidade pelos estudantes.

O movimento estudantil da Unesp tem um histórico de lutas em defesa da educação pública e em 2004 isso esteve presente na radicalizada greve estudantil que, em alguns campi, chegou a durar 81 dias junto a funcionários e docentes. Ao final de 2003 os estudantes faziam eleição para o seu DCE e foram surpreendidos na apuração em seu Conselho de Centros Acadêmicos (CEEUF) com a presença de novos centros acadêmicos que não costumavam participar. A apuração foi feita na marra mesmo com urnas constando mais votos nas urnas do que de votantes registrados e até de estudantes matriculados (!).

No entanto, em 2004 também tinha início as discussões sobre a reforma universitária do governo. Os estudantes votaram em seu congresso, conselhos e assembléias a posição contrária a Reforma Universitária do governo Lula, defendiam uma proposta que contra o PROUNI que beneficia os donos do ensino privado (do PROUNI) estas vagas deveriam ser criadas na rede pública de ensino.

Enquanto os estudantes votavam resoluções de oposição aos governos tanto o estadual tucano e o federal petista, éramos surpreendidos por falas de “nosso representante” da defesa incondicional do governo Lula. Isso enquanto os estudantes votavam a greve tendo na sua pauta claramente “contra a reforma universitária de Lula”.

Após uma série desses “deslizes” do DCE e particularmente de Augusto Chagas, os estudantes incorporaram em sua greve o “Fora Augusto” e o “Fora DCE”. Precisaram de um instrumento alternativo para organizar sua mobilização já que o DCE não os representava, formando um comando de greve com representantes eleitos nas assembléias que se enfrentava com o DCE. O rechaço ao DCE e a esta figura caricata chegou ao ponto de ter-se votado sua expulsão da ocupação da reitoria da Unicamp e uma moção de repúdio nominal no Encontro de Universidades Públicas durante a greve. O não reconhecimento do DCE era tão expressivo que o próprio CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) teve que reconhecer o comando de greve como único representante, vetando a presença do DCE nas negociações e reconhecendo o comando de greve.

O resultado foi que em seu congresso de estudantes com cerca de 500 delegados votou-se praticamente uma única resolução: a destituição do DCE aprovada por cerca de 90% do plenário.

Desde antes mesmo dessa greve esses estudantes já sabiam que não podiam contar com a UNE para suas mobilizações. Mas nesse ano a situação passava a ser diferente, não mais faziam lutas “por fora da UNE”, passando a fazê-las contra a própria UNE. Assim, não é de causar espanto que 5 anos depois vejamos o estudante que foi expulso da greve das estaduais paulistas hoje esteja a frente dessa entidade.

Del

Representante do Comando da Greve da Unesp em 2004 e ex-diretor do DCE “Helenira Resende” pela oposição 2004-2005.

Movimento A Plenos [LER-QI e independentes]

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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Herança Maldita ou Quando vendemos nossa alma


Duas notícias repercutiram duro no Brasil, em especial no PT e nos seus militantes e admiradores.

Duas notícias lamentáveis e que mancham a história do PT de maneira definitiva e irrevogável.

O partido que ao assumir reclamava da "herança maldita" para não conseguir realizar as reformas sonhadas por quem os apoiou por anos, agora resolveu vender a alma para aqueles que deixaram a tal herança e, enfim, apenas demonstram que na política todos são iguais, basta mudar a foto, o conteúdo jamais muda.

Não bastou o PT vender sua história e apoiar avidamente Sarney, o caudilho que destruiu o Maranhão, não bastou o presidente de honra do PT, o presidente do Brasil, Lula, sair em defesa de Sarney afirmando que este era um exemplo de homem político, íntegro, um trabalhador (?), não bastou a venda de toda a ideologia à Inocêncios de Oliveira, Sarneys, Calheiros, PSDB's, PP's e afins, agora a nova onda é fazer juras de amor à nada menos que Collor, o ladrão, corrupto, safado e salafrário que roubou o país, foi deposto com amplo apoio popular - unanimidade? - e que, sabe-se lá como, voltou ao poder, agora como Senador.

Aliás, cabe um adendo, sabe-se sim como este energúmeno retornou, pelo voto de cabresto, pelo voto da ignorância, dos conchavos, compra de votos, intimidação e a mais pura ignorância. A Bahia tinha ACM, o Maranhão tem Sarney e Alagoas tem os Collor. É batata, candidatou-se, elegeu-se.

Alguns podem achar que a frase do presidente não implica em elogio, apenas constatação de fato, outros podem dizer que o presidente deu um "puxão de orelha", para usar um termo que os Globais adoram, e depois apenas afagou de leve, que não foi nada mas, convenhamos, dada a história de lutas do PT, de luta até mesmo contra este Collor que hoje afagam, não permitiria qu Lula, símbolo máximo do partido, se colocasse num mesmo palanque que Collor e Renan Calheiros. É simplesmente inaceitável.
"- Quero aqui fazer justiça ao comportamento do senador Collor e do senador Renan (Calheiros) que têm dado uma sustentação muito grande ao trabalho do governo no Senado - afirmou Lula logo no início do discurso."
Concordemos que não foi um elogio, apenas um "simples" afago. Não importa, a venda da alma para usineiros, latifundiários, caudilhos, coronéis e toda a corja que manteve este país atrasado e corrupto, pobre e ignorante não se justifica. A troca de uma suposta sustentação do governo pela alma do PT e dos brasileiros não é justificável em hipótese alguma.

O governo do PT nos trouxe avanços? Sem dúvida, muitos. Mas também muito retrocesso e, o pior de tudo, a certeza de que não existe ética na política, que bandeiras não servem para nada, apenas para serem brandidas em campanha e guardadas no armário durante o governo.

Por um lado privatizações foram freadas, por outro a regulamentação do que já estava privatizado foi torpe.

O Bolsa Família foi um avanço, mas a falta de projetos e financiamento para que o povo passe a não mais precisar dela foi e está sendo um fiasco.

O ProUni foi um avanço, sem dúvida alguma, possibilitou que milhares de pessoas pobres pudessem estudar, mas acabou financiando e dando sobrevida à UniEsquinas como UniNove, Universo, Anhanguera, UniRadial e outras aberrações mais pelo país. Vale acrescentar que, caso o dinheiro fosse usado na concessão de bolsas apenas para universidades bem avaliadas - PUC's, Mackenzie, Unicap, etc - e o resto servisse para a revitalização e ampliação do ensino público em universidades federais, aí sim teríamos um projeto válido e realmente interessado em levar educação ao povo.

O MST foi menos atacado (excetuando ações individuais e criminosas no Rio Grande do Sul), mas o ritmo de assentamentos e a reforma agrária em si foi absurdamente menor que nos governos anteriores. Daí o Abril Vermelho e o rompimento do MST com o governo.

A UNE foi aparelhada e se tornou um apêndice supurado, a CUT pelegou em diversas questões relevantes até culminar com a criação da Intersindical, Conlutas...

O Banco do Brasil e a Caixa continuam com seus salários ridículos e com suas greves ignoradas pelo governo e pelos banqueiros - lembrem-se que Lula iria restaurar a dignidade e o orgulho de trabalhar nos bancos estatais!

Apenas para ficar em alguns exemplos.

Mas a economia.... Bem, esta está ótima! Apenas marolinhas....
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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Uma discussão saudável e fraterna sobre o Mov. Estudantil

Ontem eu e o Cícero trocamos um mail sobre o conteúdo da minha postagem sobre a ANEL, tratando de Movimento Estudantil, Partidos e etc e acho interessante trazer esta discussão para um Post.

Dei uma organizada e posto abaixo o que discutimos e mais alguns apontamentos ao fim.

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Cíceiro Guedes: Sobre PSTU, LER, militância, alternativas e posições.

Caro Tsavkko, texto bem vindo, boa oportunidade!, saber tão logo de suas “andanças” militânticas, posicionamentos, etc.

Pareceria até uma provocação, se não fosse realmente, uma luva, para que eu viesse “colaborar”.

Vamos então:

1) Estranhei, e achei algo que “rápido” seu modo (ou jeito) de militar em partidos.

Você militava no PT, foi e militava no PSTU, e só quando (demorou isso?) viajou p/ congresso de

Daí “o deslumbramento acabou”.Enfim, pelo menos acabou, mesmo que seja do deslumbramento.

Raphael Tsavkko Garcia: Como eu disse pelo Twitter, eu escrevi um texto corrido, sem marcação temporal, mas militei uns 2-3 anos no PSTU e no PT fiquei desde a infância até meus 17-18 anos.

Mas desde os meus primeiros dias no PSTU sempre me senti um pouco distante, acho que eu na era tão radical qt o partido gostaria e sempre achei MT coisa simplesmente estúpida. Mt burguesinho posando de comuna, de hippie, escondendo o que era e tal. Me dava MT raiva ver gente que tinha dinheiro fingir de pobre, pegar ônibus e tal só pra posar de Revolucionário.

Detesto fingimento e acho que nunca me encaixei MT por lá, mas tentei.

Meu deslumbramento acabou bem antes, mas fiquei criticamente, a Conlutas me pareceu a oportunidade da guinada, de realmente passar a ver alguma luz no fim do túnel partidário mas, no fim, foi um fiasco.

Na verdade nunca me deslumbrei, apenas acreditei que talvez fosse ter jeito, q o PSTU talvez fosse “sério”, mas no fim era só um grupo sectário de tamanho considerável.

CG: Pelo que você falou, saiu do PSTU entre a descida do busão e a entrada no tal congresso.

RTG: Não, foi só o estopim!=)

CG: “Dezenas, quiçá centenas de militantes, todos do PSTU [aqui já não era mais militante?]. Minto, meia dúzia da LER, LBI e outros grupos de grande alcance nacional (cof, cof).”

Termina sua conclusão/ explicação do momento da saída do PSTU, ainda deixando uma rebarba sobre “meia dúzia”, que não era do PSTU, mas que tanto faz, pois “LER, LBI e outros grupos de grande alcance nacional (cof, cof).”

RTG: Convenhamos, LER, LBI são grupelhos q conseguem ser ainda mais sectários que o PSTU.

Discordam da vírgula do capítulo 15, página 800 do Capital, versão em alemão de 1880. É ridículo.

Achar que alguém vai fazer revolução, que vai subverter alguma coisa ou sequer ter o apóio de mais de meia dúzia de adolescentes é tosco. Foram horas de discussão sobre vírgulas e pontos, discordâncias que, por favor, dava vontade de mandar à merda pela inutilidade. Brigam pelo prazer de brigar.

CG: Quem liga, ninguém conhece eles não é mesmo? O tamanho diz muito e é fundamental (?) A relevância de qualquer grupo, partido, movimento social ou popular, vertente política, ou até uma pessoa com determinada idéia ou postura, o tamanho ou número de seus seguidores, ou integrantes, militantes, etc, não creio ser um bom classificador, de mérito ou descrédito, por si só.

RTG: Não era esse meu ponto. O tamanho é um indicador de relevância, mas o sectarismo e a falta de propósito “ajudam”. E minha intenção msm era ser irônico com esses grupos!=) Não era fazer uma análise profunda.

CG: Ainda mais de esquerda (ou “ultra-esquerda”?) trotskista, que nunca teve muito “grande” tamanho (“sucesso”) no Brasil, e na América Latina (em certas épocas e momentos alguns grupos e partidos trotskistas tiveram “maior” expressão na luta de classes, etc), mas tudo depende também, é claro, do que consideramos “expressão” ou influência. Tamanho e “expressão” são pontos e objetivos a serem alcançados, sempre, mas...

RTG: Se o objetivo é falar ao povo e ser movimento de massas, a ultra-esquerda falhou. E feio. Ponto pacífico. A fragmentação trotskysta é lastimável, brigam por tudo, cada um se reivindica mais puro, mais revolucionário e não conversam.

CG: O PT com certeza foi o maior em expressão e importância (sinto até nojo de dizer, mas é da história dele que falo) numa perspectiva que não fosse a “comunista” com selo oficial do estalinismo e todos os seus estragos, traições, não só na URSS, mas no mundo, e aqui (PCs), claro, sempre “jogando” a classe trabalhadora a seguir o governo de plantão ou candidato, que fosse mais “progressista”, mais do povo, mais de “esquerda” (sim, PC e outros partidos de “esquerda” fizeram muito isso, e não só isso), pois o capitalismo teria que amadurecer (segundo a linha e teoria etapista de revolução “estalina/Pradiana”), e por isso ainda não era hora de preparar, ou conscientizar a classe trabalhadora para sua emancipação, ou “revolução” socialista, mas ainda de apoiar a burguesia nacional, contra o Imperialismo e a elite.

Nesses casos a teoria mostra-se mais que um escudo dos burocratas, é o pão e a máscara das traições.

RTG: Concordo plenamente.

CG: Seria melhor definir e fazer melhores críticas, caracterizações, dos grupos onde militou, e suas expectativas, idéias, teorias, linha política e de atuação neles, e sua postura também, parece até que você “era apenas uma rapaz latino-americano” sem muitoembora tenha revelado brechas “comportamentais” nos poucos relatos que fez no texto já, haha).

RTG: Digamos q eu era MT radical para o PT e mt light para o PSTU. Nunca me encaixei e sempre tive fortes discordâncias com todos os setores!=)

CG: Pergunta indiscreta: Quando militava no PT ou antes, já tinha um “posicionamento” socialista (se sim, qual delas, mestres, etc), linha teórica marxista que seja, é trabalhador, ou só apoiava a luta da classe trabalhadora, ou entrou no PT sem nada disso, foi lá pra lutar, no movimento estudantil, fazer, conhecer, o “melhor” caminho, da luta real, claro?

RTG: Cara, eu “entrei” no PT com 6-7 anos de idade, nas greves do BB de João Pessoa e depois de Recife. Vim de família Brizolista (lado materno) e Getulista (lado paterno) e cresci lendo Marx, Althusser e etc e sempre gostei dos “hereges” como Kautsky (mais a questão do trato com minorias, nacionalismo e etc) e os Conselhistas mas nunca segui ninguém, sempre tive uma leitura própria extraindo algo de um ou de outro e sempre detestei rótulos. Nunca disse “sou marxista-trotskysta-mandelista-autêntico-da linha Y-determinante Z- lado B”, eu era Socialista e ponto, com uma visão ampla, lendo de tudo e sem dizer que “A era herege porque discordou da linha 8 d’O Capital.

Na verdade me identifiquei muito sempre com a New Left inglesa.

Mas, militar MESMO no partido só com meus 15 anos, mas admito ser algo incipiente.

CG: 2) Quanto a sua posição em relação à UNE. Não se faz necessário à mim (sic), mas pode esclarecer alguém que pense ou o acuse de ser ainda petista (ou pró-UNE). Melhor prevenir!

Correto seus relatos sobre UNE e PC do B.

RTG: Não sou pró-Une nem pró-PT, jamais! Mas não é fundando org qualquer q se derruba a UNE. Eu só lamento pela história dela, ter sido entregue assim hj.

CG: 3) Mas seria legal se desse sua opinião, mesmo que resumidas, vi que pode, sobre quais a(s) saída(s) para o problema da UNE, ou melhor, do movimento estudantil. Para além, inclusive, da questão UNE, sai ou fica, etc.

“Existem maneiras e maneiras de se montar uma oposição ativa e com penetração”.

RTG: Não q eu tenha as respostas, não as tenho, mas não é fundando organismo do PSTU que se supera os problemas da UNE, só cria outra org sem sentido e dominada por um grupo só. É preciso trabalho de base, ir nas faculdades e conscientizar. Conversar com múltiplas tendências e jogar francamente, abrir diálogo e chamar para compor algo novo. Dificil, trabalhoso mas acho que o único caminho.

Ponto principal é superar os problemas das vírgulas e tentar trabalhar nas semelhanças e onde tem possibilidades de acordo.

CG: Também tenho interesse nisso, embora eu não esteja no ME diretamente (já to quase saindo da facu), mais no sindical/ trabalho, mas corro dar uma força para os camaradas do ME e vice-versa.

4) Concordo com alguns se seus apontamentos, embora rápidos, sobre o PSTU.

Que eles não gostam de ser minoria onde atuam (até aí, ninguém gosta, ser maioria é mais “gostoso”). Exatamente como acontecia no PT, com suas diversas correntes internas, as mais de esquerda, entre elas a CS (Conv. Soc.), os militanes enfrentavam todo tipo de trator e golpes do grupão majoritário (Articulação, etc), falta mais balanço (de todos nós) sobre este período, desde construção, formação até deterioração do PT, pois é muito importante como aprendizado e lições (e no mínimo, que já seria o “máximo”) para não repetirmos as cagadas, os vacilos, as práticas e desvios burocráticos, erros, etc. Vê que não é pouca coisa a história.

Sim, combato e luto também contra as hegemonias, como na Conlutas, onde o PSTU (ex-CS), “depois de anos como minoria na CUT”, agora é maioria (nem tanto assim mas é) e faz coisas extremamente parecidas, lembrando os “tratores” anteriores. Nós que somos “a minoria” é que temos que criticar e lutar contra isso mesmo, e contra os desvios, vacilos, conciliações, esquemas e “frentes” eleitoreiras, etc, etc.

5) Sobrou até para LBI.

Mas você não disse o “erro”, ou erros, da LBI (também), apenas disse que “o grupo que conta com não mais do que 30 integrantes – rachou”, “mas não importa muito”. E quem milita em grupo menor ainda, ou sozinho? Esse você não olha nem na cara, ou conversaria pelo menos?

RTG: Cara, a LBI acha piamente que a revolução está perto. Eu quase apanhei de uma militande da LBI no congresso da Conlute por ter feito uma piada infame sobre a LBI. Nada de discutir, conversar,a garota queria partir pra briga! Nas mesas de discussão nada de conversa, só recitavam que Marx disse isso, Marx disse aquilo, porra, você não pensa, não tem cabeça? Só sabe recitar Marx? Enchia o saco.

Fora q a penetração da LBI no ME era nula e ainda rachou? Os caras se diziam a vanguarda, os fodas, mas tinham 30 membros e olhe lá. Vanguarda de que? Do isolamento? Olha que nem citei o MEPR! Guerrilha rural? Ah, fala sério! Mao deu no que deu, repressão chinesa contra todas as minorias e um país com comunismo de merda.

CG: Veja que caracterizações devem ir além do tamanho (os bolcheviques, os “originais”, com Lênin e tudo, em certos momentos não passavam de “meia dúzia” também, e veja o que aconteceu logo depois).

Também me espanta (hoje menos) as eternas brigas e rachas dos grupos de esquerda, partidos, movimentos, etc. Mas temos que estudá-los, nem sempre é sinal de erro, pelo contrário até, muitas vezes dos rachas é que se avança e constroem alternativas bem melhores e firmes.

RTG: Como eu disse, a questão não é o tamanho (só), mas é um indicativo da relevância. Não somos a Rússia, não estamos na crise russa e nem temos um Czar, os tempos são outros.

CG: 6) Sobre a Conlute, ANEL, enfim, sobre o “seu” assunto principal no texto.

No ME sei que PSTU também atua da mesma forma, quase “igual” ao sindical, e gosta e quer comandar onde estiver (CA, DCE, Conlute e ANEL) e isso arrebenta com o negócio antes mesmo de dar “frutos”.

RTG: Exatamente. E por vezes adota táticas da UJS que desaprovava sempre. Em menor tamanho e vezes mas ainda assim era um indício de que algo estava podre.

CG: Tenho diversos colegas do PSTU, da escola, ME, do mov. sindical, e bato e provoco direto sobre estas “mancadas” feias do partido, etc. As discussões e batalhas são muito boas, mas dentro e no lugar mais apropriado, junto dos trabalhadores, na disputa, nas lutas, na hora das propostas, encaminhamentos, etc, bem melhor.

RTG: Sem duvida.

CG: Por hora já chega, já enchi (sic) e ocupei mais espaço que seu texto e blog todo.

Contando com sua compreensão e respostas (suas posições, “crenças”, se, onde, como atua, etc).

RTG: Haha, sinta-se à vontade para postar, comentar e, se quiser, até empresto espaço se você quiser se expressar aqui no blog! É pequeno, humilde, mas não é sectário!=)

CG: Um abraço e até.

RTG: Grande abraço!

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Enfim, esta foi a discussão. Muitos acharão inútil, sem sentido mas, pra quem conhece o Movimento Estudantil ou mesmo como se organizam correntes e partidos saberá como é difícil manter um diálogo aberto e fraterno entre a esquerda tão fragmentada e por vezes sectária.

O post ainda teria uma parte mais pessoal, a ficha do Cícero mas não sei se ele liberaria então deixo no ar.

Vale notar, antes de mais nada, que o Cícero foi extremamente direto, polido, cordial em resposta a um texto meu que era polêmico e, como ele mesmo disse, até ofensivo aos militantes que chamei de sectários (e que mantenho, mas sem ofensas). Meu texto era irônico e tinha o objetivo de instigar e criticar e, felizmente, o Cícero levou numa boa e entendeu o ponto central.

Bem, sobre a UNE e a ANEL em si, eu poderia acrescentar que a Conlutas é um bom guia, um bom modelo que conseguiu agregar setores descontentes com a CUT e formar uma organização que, se ainda pequena, tem muito espaço para crescer e agregou diversos segmentos operários significantes, sem ficar no aparelhamento com um partido (no caso, o PSTU) e que conseguiu superar algumas barreiras e diferenças que impõe a ultra-esquerda sectária.

Romper com a UNE não é fácil, tanto pelo peso atual da organização - e a relevância dada a ela pelo governo Lula que a aparelhou por completo - quanto pela história, memorável, de luta, combativa.

Não é fácil mas é preciso. Já acompanhei processos eleitorais suficientes para saber que a UJS/PCdoB farão de tudo para fraudar e cooptar, senti nas minhas próprias urnas as garras desta corja pseudo-comunista e não gostei nem um pouco mas, para mim, é luta perdida. A UNE sofreu o golpe de misericórdia com a patricinha retardada que está hoje no poder, o cúmulo da galhofa do PCdoB com os demais partidos, organizações, enfim, com os estudantes.

Agora, o que fazer, parafraseando o grande líder?

Eu, pessoalmente, não tenho as respostas, posso apenas opinar e dar sugestões e, admito, estou muito afastado do ME desde que vim para São Paulo. A desilusão com a militância foi grande, ainda não superada, quem sabe algum dia?

O primeiro passo, porém, é romper com o sectarismo torpe e buscar pontos de contato, semelhanças programáticas e deixar para depois os pontos mais conflituosos (normalmente discussões bestas sobre quem é mais bonito, Mandel ou Moreno).

Curioso que tenha saído quase agora um excelente post no Kaos en la Red sobre um acordo firmado entre o NPA e o PCF, pondo suas diferenças de lado em prol de um polo de Esquerda na França. É este o caminho!

De que adianta a divisão de forças se temos todos um inimigo em comum? Se colocamos que a UNE e a UJS sãoo o problema, de que adianta o sectarismo e não a união de forças?

Quem se importa com uma declaração da A Plenos Pulmões? Quem se importa com o que acha a LER ou o Mov. Negaçao da Negação? E isto não é ironia, são grupelhos fragmentados, sectários e que pouco tem a dizer à massa, ao povo. Mas MUITO tem a dizer uma organização sólida, construída pelas forças de esquerda integradas e com um programa unificado e consensuado.

Pensem nisso!=)
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sábado, 11 de julho de 2009

Cuidado com o ANEL

O título ridículo vem para falar de algo igualmente ridículo, a ANEL ou Assembléia Nacional dos Estudantes - Livre.

Trata-se, enfim, de uma organização - mais uma - (a)fundada pelo PSTU. Não bastou a Conlute, que não serviu para nada, se limitou a brigar com a UNE e perder feio a briga.

Longe de mim defender a UNE, afinal, fui de Recife ao Rio fundar a Conlute, 2 dias de viagem, me a muito conhaque Presidente (e piadinhas contra Lula) e cachaça Recordações (permitam-me a piada infame mas depoisde uns goles você não consegue se lembrar de nada, juro), e c^^anticos pseudo-revolucionários.

Estava eu, então, militando no PSTU depois de romper com o PT (como se alguém do dito partido tivesse dado qualquer importância) e fui animado ao Rio ajudar na fndação de uma organização que eu acreditava ser uma boa alternativa à UNE.

Não durou muito o deslumbraento.

Dezenas, quiçá centenas de militantes, todos do PSTU. Minto, meia dúzia da LER, LBI e outros grupos de grande alcance nacional (cof, cof). E o "meia dúzia" não é preciosismo ou ironia, nenhum desses grupos tem realmente mais do que isso, relevância zero. Aliás, ouvi falar que a LBI, a glorosa Liga Bolchevique Internacionalista - difícil não engasgar com o pomposo nome do grupo que conta com não mais que 30 militantes - rachou, foi fundado a mais ainda relevante LBI-R. Não sei se só piada de militantes invejosos ou real, bem, não importa muito.

Voltando ao ANEL do PSTU (infame, eu sei), está fadada ao fracasso.

Eu sou o primeiro a denunciar a UNE. Organismo controlado com mão de ferro pelo PCdoB e sua assustadora juventude, a UJS, que de Socialista só tem o nome, e que sempre consegue eleger o numero suficiente de delegados devidamente fraudados para colocar gente tao capacitada e militante quanto a atual presidente da UNE, que me recuso a pronunciar o nome, devido ao grau de patricinhisse da mesma. É uma vergonha à historia da UNE.

Perdendo mais alguns minutoscom a UNE, fica claro que o PCdoB chegou ao fundo do poço. A relevância atual da UNE se mede pela sua presidência e, convenhamos, a atual patricinha no poder é um chute na cara dos que bravamente lutaram contra a ditadura e fizeram da UNE o que ela foi um dia.

O PCdoB frauda todas as eleições. Fato. Ponto pacífico, não há discussão e eu mesmo evitei fraudes na minha antiga faculdade, a FIR de Recife quando os meganhas da UJS vieram do interior de PE para roubar nossas urnas.

Mas estou divagando. Voltemos ao PSTU.

Quem conhece o partido por dentro sabe que é formado por pessoas que, ou concordam piamente com o que a direção eterna manda, ou racham e formam LER's da vida. E a maioria cncorda cegamente, sem cr+itica e realmente acreditam que vão fazer a grande revoluão no pais. Uma análise desta mentalidade nos leva a compreender um pouco mais o porque da ANEL, Conlute e etc.

O PSTU não aceita opiniões contrárias, não aceita uma organização que não comande e, por isso, se isola, fica só e acaba por afundar toda organização que impõe. Tudo bem, a UNE esta saturada, já deu, mas existem maneiras e maneiras de se montar uma oposição ativa e com penetração.

Enfim, a ANEL nasceu morta. Conlute foi uma boa aventura, mas não fez absolutamente nada. O racha na UNE só servu para fortalecer ainda mais a posição do PCdoB, sempre em aiança com a Direita do PT e comas corjas do PPS, PMDB e fascistoides de sempre.

Uma lástima.

Perdoem os erros de digitação, estou usando um PC q não e meu, um maldito notebok com teclado diferente e estranho! Amanhã corrijo o que der e aumento este texto!
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quarta-feira, 17 de junho de 2009

PSTU funda nova organização... Mais uma! [2]

Congresso histórico decide fundar uma nova entidade: a Assembléia Nacional de Estudantes – Livre!

Camila Lisboa, da Secretaria Executiva Nacional da Conlutas

Gabriel Casoni, diretor do DCE da USP

“É preciso lutar e é possível vencer”

Em meio aos enfrentamentos com a tropa de choque reprimindo a greve de estudantes, professores e funcionários da USP, o Congresso Nacional de Estudantes escreveu mais uma página na história do movimento estudantil brasileiro.

O forte processo de lutas aberto em 2007, com as dezenas de Ocupações de Reitorias e os milhares de estudantes em luta se enfrentando com os projetos de privatização e sucateamento da Educação Pública brasileira dos governos federal e estaduais, foi o início da construção deste Congresso.

As lutas contra os decretos de Serra, contra o REUNI de Lula, contra a corrupção nas Universidades, contra as Fundações privadas, por democracia nas escolas e universidades, pelo passe livre, contra a restrição da meia- entrada tiveram uma marca importante: pior do que a ausência da União Nacional dos Estudantes, foi a localização desta entidade ao lado daqueles que aplicam e aprofundam esses ataques.

A necessidade de realização de um fórum, em que os debates e a formação política prevalecessem sobre o atrelamento ao governo e a falta de democracia dos Congressos da UNE já estava colocada pelo desenvolvimento das lutas e mobilizações de 2007 pra cá. Com a chegada de uma forte crise econômica, que atinge em cheio as condições de vida da classe trabalhadora e da juventude brasileira, a necessidade e responsabilidade desse Congresso foram colocadas em um patamar muito superior.

Assim, desde Julho do ano passado, quando o Encontro Nacional de Estudantes indicou às entidades estudantis o debate sobre a realização de um Congresso Nacional de Estudantes, as iniciativas de sua construção estiveram diretamente relacionadas à construção das lutas e mobilizações nas escolas e universidades e nas mobilizações junto à classe trabalhadora de enfrentamento com as conseqüências da crise.

Um Congresso construído nas lutas

O processo de construção efetiva do Congresso se deu através de reuniões nacionais e estaduais que pautaram a organização das lutas, como o boicote ao ENADE/SINAES, a realização dos atos no dia 30 de março, a luta contra a restrição da meia entrada, a organização de uma Calourada nacional unificada sobre a crise e a Universidade, a luta contra o ensino à distância, a organização das lutas conseqüentes da implementação do REUNI e a luta contra a repressão nas escolas universidades.

A 1ª reunião nacional de construção do Congresso aconteceu na UERJ, que naquele momento vivia uma forte ocupação de Reitoria que reivindicava mais verbas públicas para a Educação e a luta pelo bandejão na Universidade. A 2º reunião aconteceu na USP, sede da histórica ocupação de reitoria, que desencadeou o estouro das ocupações em todo o país em 2007 . A 3ª reunião aconteceu durante o Fórum Social Mundial de Belém/PA, aonde também foi refletida a necessidade de o Congresso ser mais um instrumento para a juventude se enfrentar com as conseqüências da crise econômica. A 4ª reunião aconteceu em Salvador, aonde foi definido o regimento e funcionamento do Congresso e por fim, a 5ª reunião aconteceu em BH/MG, fechando os últimos preparativos para o tão esperado Congresso.

Além dessas, houve outras reuniões importantes, como a reunião em Brasília, após o ato em defesa do ANDES, em frente ao Ministério da Educação, contando com a importante presença da greve dos estudantes de um campus da Universidade Federal de São João Del Rei, que se enfrentavam com as conseqüências da expansão irresponsável de vagas promovida pelo governo federal.

“Gente jovem reunida”

Dessa forma, a composição do Congresso era tanto de ativistas que viveram esses processos, quanto de ativistas que viviam pela primeira vez alguma experiência no movimento estudantil. O encontro entre experiência e disposição promoveu a presença de 1350 delegados e mais de 400 participantes. Com um total de quase 1800 pessoas presentes, o Congresso se firmou como a maior iniciativa por fora da UNE da história do movimento estudantil brasileiro.

Independência financeira

Um debate muito construído no processo de construção do Congresso foi a necessidade de reafirmar a independência política deste Congresso também através da independência financeira. Também neste aspecto, o Congresso materializou uma imensa vitória política, afinal, ele foi financiado pelo dinheiro das taxas dos delegados/as e participantes do Congresso. O dinheiro das taxas foi levantado de forma militante, mostrando que o novo movimento estudantil pode e deve se construir de forma independente. Enquanto a UNE recebe milhões do governo, o movimento estudantil combativo constrói suas iniciativas através da atividade financeira militante.

As polêmicas do Congresso

O Congresso também foi marcado por uma pluralidade muito grande, sendo apresentada 16 teses, que foram distribuídas a todos os delegados/as e participantes em um Caderno de Teses.

Essa pluralidade contou com a presença de grupos e campos da esquerda da UNE, como o coletivo Barricadas, os companheiros do LSR e do Reage Socialista e ainda os companheiros do Coletivo Vamos à Luta, que apesar de terem sido contra a construção do Congresso, saudaram o Congresso, participaram dos GD’s e encaminharam propostas à plenária final. Da mesma forma, estiveram presentes companheiros que vieram construindo outras alternativas por fora da UNE, como a Conlute.

A pluralidade política do Congresso permitiu debates muito intensos sobretudo no que diz respeito à alternativa de organização que o movimento estudantil brasileiro precisava. A grande polêmica girou em torno na fundação de uma nova entidade pra organizar as lutas, ou da formação de um fórum pra organizar as lutas e também em relação ao momento de fundação da nova entidade.

O grande problema da proposta do fórum é que em primeiro lugar, seria uma reedição da Frente de Luta contra a Reforma Universitária, iniciativa que foi importante, mas apresentou seus limites e essa avaliação foi comum entre quase todos que participaram do Congresso. Outro problema dessa proposta é que ela não permite a organicidade necessária para articulação das lutas em todo o país e além disso, muitos companheiros que a propuseram são parte da esquerda da UNE, o que imprimia na proposta que a única entidade que seguisse representando o movimento estudantil brasileiro fosse a UNE.

Da mesma forma que a proposta do fórum, a polêmica em relação ao momento de fundação da nova entidade foi apresentada por ativistas sérios e honestos, com os quais é possível desenvolver uma série de lutas. O tamanho do Congresso foi motivo para a maioria das pessoas que lá estavam presentes optarem por fundarem naquele momento a construção de uma nova entidade. Outro elemento que fez a maioria do Congresso votar pela fundação foi o reconhecimento do acúmulo que existe no movimento estudantil em relação à reorganização. É verdade que a cada ano, o movimento estudantil se renova cada vez mais, e novos lutadores se inserem nessa discussão, mas também é verdade que esse debate vem sendo acumulado cada vez mais por uma série de entidades, como as Executivas de Curso, os DCE’s, CA’s, DA ‘s, Grêmios e este acúmulo é um patrimônio do movimento estudantil o qual não podemos ignorar.

O processo de construção do Congresso também foi elemento para fazer os mais de 1000 delegados optarem pela fundação da nova entidade no Congresso, assim como a necessidade de luta em defesa da Educação e de enfrentamento com as conseqüências da crise econômica.

Unir as lutas...

Diferente dos Congressos da UNE, o Congresso nacional de Estudantes aprovou uma pauta de lutas que unifica os conjuntos dos lutadores, inclusive aqueles que não foram ao Congresso. A partir da compreensão de que o movimento estudantil tem que entrar cada vez mais em cena, a grande preocupação do Congresso foi além de cercar de solidariedade a luta da USP, foi generalizar esse processo em todo o país, afinal a luta contra ao ensino a distância e a repressão não é uma preocupação apenas da USP, pois esses são ataques que pode acontecer em qualquer Universidade ou escola de todo o país.

A primeira grande tarefa de quem foi ao Congresso, e mesmo de quem não foi, é fazer um grande ato no dia 18, em São Paulo para gritar em alto e bom som que a tropa de choque não vai nos calar e que faremos o que for necessário para impedir o avanço dos ataques sobre a Educação Pública brasileira.

Também foi aprovado um calendário de Lutas que se preocupa em desenvolver as lutas em todo o país em unidade orgânica com a classe trabalhadora, setor social capaz de garantir as verdadeiras transformações que o país precisa.

... e construir um novo movimento estudantil!

A expectativa agora de articulação das lutas é muito grande, afinal com uma entidade combativa, podemos fazer o que não foi possível durante as ocupações de reitoria em 2007, que é uma articulação mais profunda entre os processos de luta em curso e em desenvolvimento.

A capacidade que essa nova entidade terá de se ampliar está garantida não só pelo seu formato, mas pela sua política. Foi bastante discutido nos grupos de discussão a importância de articular esse novo instrumento com diversos setores aliados na luta, não só do movimento estudantil, mas também da classe trabalhadora, isso foi refletido na mesa de abertura do Congresso, com a presença da Conlutas, Intersindical, MTST, ANDES e Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.

Houve um debate sobre o formato de funcionamento dessa nova entidade e a síntese que o Congresso atingiu corresponde a este funcionamento, apresentado aqui em 10 tópicos:

1 - A Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre se reunirá de dois em dois meses, podendo realizar reuniões extraordinárias.

2 – A data e local da próxima reunião serão definidas ao término da reunião onde deverá ser aprovada também uma proposta de pauta que ficará em aberto para adendos durante o período de um mês. As pautas da Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre serão divulgadas 1 mês antes de suas reuniões.

3 - Todos os estudantes podem participar com direito a voz na Assembléia Nacional.

4 - Terão direito a voto na Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre os delegados eleitos para representação das entidades, escolas e cursos na seguinte proporção:

a) Delegados de entidades gerais (DCEs, Federações e Executivas de Curso e Associações Municipais e Estaduais de Estudantes Secundaristas) : 3 delegados para entidades que representam mais que 5 mil estudantes e 2 delegados para entidades que representam menos que 5 mil estudantes;

b) Delegados de entidades de base (CAs, DAs e grêmios): 2 delegados.

c) Delegados de coletivos e oposições: 1 delegado com a condição que a oposição ou coletivo tenha participado de uma eleição e tenha obtido no mínimo 10% dos votos;

5 – Todas as entidades deverão realizar reuniões onde se discuta a pauta da Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre e se elejam os delegados a participar da reunião. A eleição dos delegados poderá ocorrer através de assembléias, conselho de alunos representantes de turma (no caso de escolas de ensino médio), reunião de diretoria, reunião de diretoria aberta ou conselho de entidades de base, cabendo a entidade definir a forma de eleição.
6 – Para operacionalizar os trabalhos da Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre será criada uma Comissão Executiva aberta à participação de todas as entidades que se propuserem na reunião da ANEL. A Comissão Executiva Aberta se reunirá quinzenalmente, sendo suas reuniões divulgadas na Internet. Não havendo possibilidade de uma reunião presencial, realizará suas reuniões através da Internet.

7 – A Comissão de Trabalho Aberta compete:

a) Executar as resoluções da Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre;

b) Auxiliar as entidades da sede da próxima reunião da Assembléia Nacional a convocar e sediar a reunião;

c) Responder a acontecimentos emergenciais de acordo com as posições definidas pela Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre;

8 – Criação de um site e jornal semestral da Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre para divulgar suas campanhas e lutas do movimento estudantil. As entidades que participam ou constroem a Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre deverão se comprometer com cotas mensais ou semestrais para financiar as atividades da Assembléia, com o objetivo de fazer valer o princípio da independência financeira do movimento estudantil.

9 - As entidades que constroem ou participam da ANEL deverão convocar Assembléias Estaduais ou Municipais da ANEL que funcionarão de acordo com os mesmos critérios das Assembléias Nacionais e poderão ocorrer antes ou depois das reuniões nacionais, ou de acordo com a dinâmica das lutas em cada estado.

10 – A ANEL realizará de dois em dois anos, o Congresso Nacional dos Estudantes, fórum máximo da ANEL. Por decisão da ANEL poderá se convocar um Congresso Nacional dos Estudantes extraordinário entre o intervalo de um Congresso e outro.

Há um aspecto político importante do funcionamento dessa entidade de que a ANEL não possui crivo para estar dentro ou fora da UNE, ou seja, os grupos e campos que são parte da esquerda da UNE podem fazer parte da construção orgânica dessa entidade, de modo que possamos refletir nossa unidade nas lutas, também em nossa unidade organizativa. Isso para nada exclui a existência da ANEL como uma entidade alternativa ao atrelamento e burocratização da UNE.

Vemos vir vendo no vento o cheiro de uma nova estação...

Fazemos parte de uma geração que foi educada a não sonhar e o que é pior, a não lutar pelos nossos sonhos. Rompemos com essa regra e ocupamos reitorias, fizemos mobilizações, abrimos novas perspectivas pra uma geração futura e sentimos que “viver é melhor que sonhar”.

Tentaram nos dizer que a luta de nada mais serve, tentaram nos dizer que o processo de burocratização e atrelamento da UNE era parte de um percurso natural das entidades. Não aceitamos. Saímos em luta, fizemos jus a rebeldia característica da juventude. Propusemos o novo. Construímos um grande Congresso e agora continuaremos nas ruas, nas praças e mostrando que não só o movimento estudantil não sumiu, como ele está cada vez mais renovado, pra escrever e viver a história.

Viva a Assembléia Nacional de Estudantes – Livre!

Viva a luta da juventude com a classe trabalhadora!

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