segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Internet: Reacionária ou Progressista?

Pin It
Interessante discussão proposta pelo Leonardo Sakamoto eu seu excelente e recomendado blog sobre a neutralidade da internet, na verdade, questionando se esta seria reacionária ou progressista.

Eis meu comentário no post:

A internet em um potencial revolucionário, em si, progressista. Mas nada impede que ela seja – e é por muitas vezes, vide o Mídia sem Máscara e a Veja online – retrógrada, fascista até, reacionária.

Depende do uso que cada um faz dela. E a internet vai refletir aquilo que pensa a população, sua maioria.

Claro, temos polos fortes de resistência, os blogs, os de esquerda tem grandes acessos. Chegamos até a discutir, quando ainda vivia o grande Biscoito Fino do Idelber Avelar, que somente este blog praticamente empatava em acessos com o número de edições da Folha vendidas diariamente.

Alcance tremendo!

Mas por outro lado, Veja, MSM e outros sites e blogs de direita também tem grande número de visitas. Cabe ao leitor escolher o que melhor lhe convém, mas no geral o espaço é o mesmo para todos e o dinheiro nem sempre vale muito na hora de se alcançar um bom número de acessos e de leitoras/leitores.
Enfim, não creio ser possível definir se a internet é progressista ou reacionária, ela é em si revolucionária, livre, mas depende do uso que cada um faz dela.
Em linhas gerais, a internet é neutra, ou deveria ser.

Por um lado ela é extremamente progressista - a mera existência e alcance de um blog como o do Sakamoto comprovam a tese - é uma forma única de interação e propagação de idéias. Por outro lado ela é reacionária enquanto permite que, ao mesmo tempo, convivam com o progresso resquícios de um período negro e saudosistas da ditadura, como os que escrevem a Veja, o Mídia Sem Máscara e outros exemplos do mais fino fascismo tupiniquim.

Tem para todos os gostos e cabem todos os gostos. Desde movimentos comunistas revolucionários até Skinheads neonazistas convivem na rede e tem ambos o mesmo espaço, basta saber aproveitá-lo.

Obviamente o poder econômico ainda interfere, um grande portal tem muito mais alcance para suas idéias - normalmente atreladas à elite retrógrada - que um blog de esquerda e progressista, mas também é verdade que é muito mais fácil o leitor de um blog progressista ter a capacidade de influenciar e propagar idéias que o mero leitor desavisado de um grande portal que caiu de para-quedas em alguma notícia, artigo ou piada de mal gosto ao estilo Reinaldo Azevedo.

De qualquer maneira, a luta pela neutralidade da rede não é à toa, não que isto vá garantir que o progresso vença, por assim dizer, sendo simplista ao extremo, mas ao menos garante espaço igual para todas as teses e idéias.

Enfim, pessoalmente não acredito que a rede em si, a internet, tenha um lado, que ela seja reacionária ou progressista, mas ela se move de acordo com o que o usuário decide ou quer ver ou, em alguns casos, é influenciado a ver.

Seu lado depende do posicionamento do indivíduo que escreve, que lê, que colabora, que interfere e, vale salientar, depende muito da posição que esta pessoa tem fora da rede, da pré-disposição do indivíduo ao adentrar ao ambiente livre da internet.

A internet é um meio, reacionários ou progressistas são os que dele se utilizam.
------
Comentários
4 Comentários

4 comentários:

André HP disse...

Aquela história de que toda tecnologia é neutra.
A internet, ao menos, democratiza a detenção de canais comunicativos.

Abraço!

Hugo Albuquerque disse...

Tsavkko,

Nos raros momentos em que as pessoas se prestam a realizar um debate mais aprofundado no Direito, nós sempre nos pegamos na questão da relação entre forma e matéria. Há quem considere que a estrutura formal seja desvinculada da matéria - podendo ser preenchida pelas mais diversas ideologias - como um Kelsen ou o contrário: Que de que não há neutralidade e a forma de alguma coisa, por si só, já direciona a natureza da matéria - por exemplo, é possível existir um Direito Penal desvinculado da ideia de punitivismo? Os abolicionistas penais dirão que não.

No caso da Internet, creio que valha o mesmo. Daí, eu fico com o segundo grupo; a Internet é um sistema computacional em rede cuja escala é global; seu próprio "em si" já aponta para algo que integra tão radicalmente as pessoas a ponto de fazê-las transcender as fronteiras do Estado-nação - ao mesmo tempo em que democratiza a informação radicalmente ao nos livrar dos pedágios midiáticos corporativos, verdadeiras cancelas feudais.

Isso nos impõe, de forma irremediável, o imperativo da liberdade. Mesmo que os debates venham a ser construídos em um cenário de embate entre os mais variados setores ideológicos, a própria natureza da Rede já torna pelo menos incoerentes os argumentos que apontam para pensamentos autoritários - que se existem tanto à esquerda quanto à direita do espectro.

abraços

Raphael Tsavkko Garcia disse...

A natureza da rede se coloca contra pensamentos autoritários, fato, mas não impede a tentativa e, em alguns casos - veja a Coréia do Sul - ações concretas contra esta liberdade.

Hugo Albuquerque disse...

Tsavkko,

Mas você há de convir comigo que isso é uma reação externa justamente contra o fato de que a Rede é ontologicamente libertária.

Postar um comentário