Nos últimos dias, em Cuba, tem se manifestado um grupo conhecido por Damas de Branco. São cerca de 30 mulheres, ligadas de alguma forma aos 53 dissidentes atualmente presos pelo governo Cubano sob diversas acusações.
A questão central aqui não é se as prisões são legítimas ou não - já deixei clara antes minha opinião de que não sou simpático aos dissidentes e discordo de suas razões - mas compreender o comportamento da mídia no entorno destes protestos.
Duas notícias do do Estadão deixam as coisas bem claras quando coloca organizações de ultradireita dos EUA ao lado dos dissidentes, notadamente a Fundação Nacional Cubano-Americana, uma das mais poderosas organizações mafiosas anticastristas.
Em conversa por telefone com a FNCA, Berta Soler, uma das líderes da associação de mulheres dissidentes e esposa do prisioneiro de consciência Ángel Moya Acosta, denunciou que cerca de "quinhentos partidários da ditadura" as agrediram de forma verbal e física, "as arrastando pelo chão e desferindo golpes indiscriminadamente".Disto podemos ter certeza da ligação das pobres Damas de Branco com uma organização terrorista sediada e financiada pelos EUA para destruir Cuba e fazê-la retornar ao status quo original, a de colônia (melhor dizendo, de Bordel) dos EUA. Se havia alguma dúvida sobre a ligação dos dissidentes com tais organizações, imagino que tudo tenha ficado claro.
O grupo é formado por mulheres e parentes de alguns dos 75 dissidentes detidos numa abrangente operação do governo no dia 18 de março de 2003. Cerca de 53 desses dissidentes continuam encarcerados, muitos sentenciados a décadas de prisão. Quando cerca de 30 das Damas de Branco deixaram uma igreja no bairro de Parraga, centenas de partidários do governo se juntaram ao redor delas gritando "Vida Longa a Fidel" e "Saiam, vermes!"Vejam bem o número, o poderoso grupo de descontentes é formado por 30 (TRINTA) mulheres, representando 75 dissidentes. Este é o número de "lutadores da liberdade" em Cuba... A população de Cuba? Cerca de 12 milhões.
"Havia mais de 300 pessoas organizadas pelo Governo, mas havia também mais de 200 policiais e agentes uniformizados do Ministério do Interior", relatou Soler.Vejam que, contra as numerosas Damas de Branco, haviam cerca de 300 manifestantes pró-Cuba, ops, pró-Governo reunidos aos gritos de "Vida longa a Fidel" e etc...
Em O Globo encontramos uma fonte ainda melhor:
Com flores nas mãos, elas andaram por cerca de dois quilômetros e foram surpreendidas por cerca de 200 manifestantes pró-governo ao longo da caminhada. E pelo segundo dia seguido, elas foram alvo de insultos por parte dos manifestantes pró-governo.Reparem agora que TODAS as manchetes dos grandes jornais e portais, de forma coordenada, quase como um partido (cof, cof), repetem basicamente as mesmas idéias e claramente defendem o lado dos numerosos manifestantes ultradireitistas... Em todas as chamadas repete-se o tom crítico à cuba e o quase louvor às 30 manifestantes.
- Vermes, saiam daqui. Viva Fidel! Viva Raúl! - gritavam os manifestantes pró-governo, referindo-se ao líder cubano e ex-presidente da ilha, Fidel Castro, e seu irmão, o atual presidente, Raúl Castro, os únicos líderes de Cuba desde a revolução de 1959.
Em contrapartida, as Damas de Branco gritavam "liberdade" e "Zapata vive", referindo-se ao dissidente morto após 85 dias de greve de fome , no dia 23 de fevereiro.
À medida que a multidão de manifestantes pró-governo cresceu, agentes de segurança cubanos ofereceram repetidas vezes levar as Damas de Branco embora em um ônibus, mas Laura Pollán recusou. Até que finalmente um ônibus encostou e policiais forçaram a entrada delas.
- Elas estão invadindo o território cubano. Essas ruas pertencem a Fidel - disse a dona de casa Odalys Puente.
Uma das Damas de Branco rebateu:
- Quando um animal selvagem é encurralado, ele faz isso e muito mais. Estamos prontas para tudo. Não temos medo - disse Berta Soler.
O fato de mais de 300 cubanos - pelo menos 10 vezes o número de anti-castristas - terem se organizado e protestado contra as dissidentes não diz nada. É mera nota a ser citada meio que de qualquer jeito no meio da notícia. Nota-se que só O Globo se dignou sequer a dar maior atenção aos que repudiavam a marcha dos dissidentes. O que interessa à política dos donos dos jornais, à famiglia Civita, Frias e cia é sua luta contra Cuba, não importa que os números e a realidade deponham contra sua tese.
Longe de mim concordar com a atitude violenta da polícia Cubana. É lamentável. Descabida. Mas pior ainda é a atitude da imprensa - não só brasileira - de ficar claramente do lado dos dissidentes como se estes fossem não só donos da verdade mas ampla maioria! Em uma mesma notícia é possível ver que o número de Cubanos espontâneamente reunidos é maior até do que o número de dissidentes presos!
Mas, claro, tanto as "Damas de Branco" quanto a mídia tem a resposta pronta: Foram mandados pelo governo, são agentes do governo e outras baboseiras e mais discursos ensaiados.
A mídia apenas vê o que quer. Cuba não é nem nunca foi um paraíso - sem dúvida está melhor hoje do que quando era um bordel -, mas dá lições inúmeras em Saúde, Educação, Moradia, Esportes e tantas outras áreas em que países como o Brasil sequer podem seguir ao longe. De fato, os problemas quanto à liberdade de expressão são imensos, e são algo que o povo Cubano - e só ele - pode resolver.
É engraçado como países como os EUA ou a França tenham a cara de pau de levantar a voz. A França tem o genocídio de Ruanda e outros casos terríveis para resolver, e os EUA deveria selecionar melhor as palavras quando tem entre seus grandes aliados democracias como a Arábia Saudita.
A crítica maior, na verdade, é sobre a influência que a mídia e países dito democráticos tentam exercer sobre algo que não lhes interessa, sobre assuntos internos de um país que, em muitos casos, está anos luz à frente em termos de justiça social. Podemos falar, em resposta aos EUA de seus guetos onde negros e latinos são jogados como lixo em total desrespeito à qualquer tratado de direitos humanos, ou podemos falar da França e seus guetos lotados de imigrantes das colônias que explorou e arrasou por séculos. Ou podemos falar da Espanha e as centenas de presos políticos Bascos, torturados, mortos e humilhados.
Cuba tem muito mais a ensinar do que a aprender. E nossa mídia deveria compreender que é brasileira. Não é Israelense, não é Estadunidense.
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A mídia, aliás, deve estar quase tendo um orgasmo: Encontraram seu garoto propaganda!
"Lula não respeitou a memória de Orlando Zapata (ao visitar Cuba em fevereiro). Faço um apelo a Fernando Lugo, que se pronuncie a favor das vítimas ou dos algozes", disse Fariñas em declarações feitas por telefone à rádio nesta quarta-feira.Só falta o velho Civita, que o capeta o tenha, se levantar e voltar para dar "Vivas" pela oportunidade e por ter encontrado o lambe-botas ideal!
Acusou Lula de ser cúmplice do regime cubano. "A história se encarregará de colocá-lo em seu lugar. Não é um democrata. Peço a Fernando Lugo que não guarde um silêncio cúmplice com a morte de Zapata e a minha iminente morte", enfatizou Fariñas.
Assim que Lugo se recusar a apoiar as sandices dos dissidentes, virará outro satã. Quem será o próximo?