Comentei neste artigo sobre o fato do UOL ter categoricamente afirmado que Lula havia cometido uma Gafe ao não visitar o túmulo do nazi-sionista Theodore Herzl em sua visita ao Oriente Médio. O detalhe é que foram entrevistados dois especialistas, um concordou com o Uol e o outro não. A decisão do Uol foi ignorar a matemática - e a decência - e dizer que, de fato, havia sido gafe.
Pois bem, aparentemente o PIG aprendeu a contar, aprendeu a lição. Mas continua faltando com a verdade.
A novidade agora é a seguinte notícia: "Brasil não possui influência suficiente para ser um mediador de peso no Oriente Médio, dizem analistas".
Os especialistas, desta vez, são o ex-embaixador do Brasil nos EUA (nomeado por FHC, claro), defensor da consumação do golpe em Honduras e figurinha carimbada da "Agência Tucana", Rubens Barbosa, o professor Reginaldo Nasser (o único efetivamente especialista no assunto e, obviamente, o único a discordar da visão do PIG) e, novamente, nosso amigo Gilberto Sarfati que dispensa apresentações. Aliás, cabe retomar o artigo anterior para apresentá-lo devidamente:
Gilberto Sarfati, especialista em Relações Internacionas EMPRESARIAIS (Negócios Internacionais e não em Política Internacional, tampouco em Oriente Médio) e Mestre pela Universidade Hebraica de Jerusalém. Sem dúvida, não só um especialista em Oriente Médio como absolutamente isento.
Engraçado que para um suposto especialista em Oriente Médio, o professor Safarti tenha, em seu lattes, a incrível soma de DOIS artigos sobre o assunto publicados... Aliás, o nosso querido Sarfati é ligado diretamente à Federação Israelita do Estado de São Paulo, logo, nem um pouco isento, tendo servido como porta voz para o trabalho sujo da mesma na defesa dos genocídios cometidos por Israel.
- RÁDIO BAND NEWS E RADIO CBN: O professor Gilberto Sarfati foi indicado pela Federação para estes dois veículos, onde concedeu entrevistas e deu um panorama sobre o conflito e os reais motivos do ataque israelense ao terrorismo.
Agora que todos sabemos da posição clara e ideológica do "especialista" Sarfati, vamos em frente.
Desta vez, como citado, o assunto é a liderança brasileira, se seria suficiente para mediar o conflito Árabe-Israelense (e, por "conflito" usamos de total licença poética visto que paus e pedras contra balas e potencial nuclear chama-se "massacre"). Para os "especialistas" isentos do Uol, o Brasil não vale de nada.
Sarfati comenta:
“De nenhuma forma vejo que o Brasil possa ser mediador no conflito. Não faz parte de sua zona de influência. O Brasil tem, sim, poder para influenciar países na América do Sul, não no Oriente Médio”Porém, não mostra nenhum argumento. Aliás, não compreendo a necessidade de um grande poder de influência e sim de mediação. Trânsito para dialogar com ambas as partes, possibilidade de conversar sendo um ator de fora e não comprometido e que possui histórico de amizade com a Palestina mas também (lembremo-nos de Oswaldo Aranha) é parte fundamental na história da Israel.
Um ator que não está comprometido em um primeiro momento com nenhum dos lados, com um presidente influente em todos os círculos atuais, com um histórico de mediação (vide Rio Branco) e respeitado no mundo inteiro. A "influência" citada por Sarfati não passa de imperialismo tosco tupiniquim, o que não tem qualquer relação com o caso.
Já Rubens "Tucano" Barbosa é mais duro:
“O Brasil não consegue mediar nem uma briguinha entre Uruguai e Argentina, no qual ele se omitiu. Não será nessa questão tão complexa que o Brasil conseguirá ter um papel importante”, justifica Barbosa referindo-se ao impasse envolvendo uma fábrica de celulose na fronteira entre os dois países sul-americanos.
Se formos levar em consideração a posição do ex-embaixador (felizmente "ex"), os EUA não podem mediar absolutamente nada, visto que normalmente são responsáveis pelos conflitos que mediam direta ou indiretamente e assumem posição francamente favorável a um dos lados. Na verdade poucos países - nenhum? - poderiam mediar um conflito se formos tomar o exemplo do ex-embaixador como exemplo.
Vale lembrar que o exemplo dado não tem qualquer relação com a questão. Aliás, o ex-embaixador critica o Braisl por não conseguir mediar uma briga em que ele sequer tentou mediar! É a crítica pelo não feito! O Brasil não pode mediar o conflito Árabe-Israelense porque não conseguiu mediar um conflito entre Uruguai e Argentina... Levando-se em conta que ele nem tentou mediar este conflito em tela! É um raciocínio que nem Serra ou o sociólogo FHC fariam melhor!
Já Reginaldo Nasser, o úncio especialista de verdade na questão - que, aliás, foi meu professor na PUC - tem a visão mais ponderada:
“Se o Brasil não vai resolver ele não deve participar? Não é assim. Outros países não resolvem e participam como mediadores. O Brasil pode, sim, ter sua participação na mediação do conflito, mas será pequena”O professor ressalta que o Brasil, na imagem de Lula, é bem-visto por palestinos e israelenses. Segundo ele, essa aceitação não parte apenas dos governos, mas também da sociedade civil e opinião pública de ambos.
Nasser lembra que o jornal israelense Haaretz classificou Lula de "profeta do diálogo". “O Brasil está sendo chamado [para ser mediador]. Essa visita foi extremamente solicitada por Israel”, defende.
Vejam bem a diferença desta análise para a análise (sic) do professor pró-Israel e do ex-embaixador tucano.
E, para a alegria do DemoTucanato em geral:
Barbosa também criticou Lula por ter afirmado que as atuais divergências entre Estados Unidos e Israel -por conta do anúncio feito pelos israelenses de que construirão 1.600 casas em assentamentos na Cisjordânia- pode ser “a coisa mágica que faltava para que se chegasse ao acordo”.Assim como no artigo anterior, notem o espaço dado ao real especialista e o espaço dado aos detratores. Bastante ilustrativo. Novamente a manipulação dos discursos... Da última vez, Lula virou Nazista.
“Dizer que essa divergência é um momento mágico é muito simplista. Estamos muito longe de alcançar a paz na região”, argumenta Barbosa.
“O Lula parece que está comemorando [a crise entre Estados Unidos e Israel]. Isso não é função de uma pessoa que se apresenta como mediador”, também defende o professor Sarfati.
Enfim, vê-se que o PIG aprendeu a contar. Mas só.