A justiça brasileira passou a direta mensagem de que neste país a tortura é permitida, legal e até incentivada. O Estado tem carta branca para fazê-lo sempre que lhe convir, no passado torturava e tudo foi considerado legal, e, não à toa, a PM de hoje segue à risca esta permissão e continua a realizar seu trabalho sujo.
"A entrevista com o general Maynard Santa Rosa não é apenas ridícula, é criminosa. É desrespeitosa para com as vítimas --centenas-- de tortura nas mãos das Forças Armadas, que, ainda hoje, se recusam a admitir os crimes cometidos contra a humanidade.O número de presentes ao protesto demonstra duas coisas, uma que ainda existem militantes que não desistem jamais de buscar justiça - ainda que a direita e boa parte do que se convenciona chamar de Esquerda, personificada por Dilma, Marta e cia, confunda justiça com revanchismo - e outra a de que o brasileiro está mais interessado em novela que em tornar o Brasil um país mais justo. O brasileiro não sai de casa, não protesta, não se indigna, ao menos não o suficiente para ir às ruas e fazer sua voz ser ouvida. Ou concorda com a tortura ou simplesmente não se importa. No fim dá no mesmo.
A anistia foi e continua sendo a carta branca para a impunidade dos que torturaram antes e dos que torturam hoje. As denúncias contra a PM dos últimos dias são a prova viva de que o Brasil é a terra da impunidade." RAPHAEL TSAVKKO GARCIA (São Paulo, SP)
Os Guerrilheiros e militantes em geral foram processados por tribunais militares, foram torturados, perseguidos, intimidados, muitos foram mortos. Que julgamento ainda se espera? Isto não seria exatamente o revanchismo de que tanto falam? Julgar novamente quem já foi julgado e condenado, ou até mesmo condenado sem qualquer tipo de julgamento?
Pior de tudo é não só ver a direita, o PIG e os militares reunidos em grupo - não mais temerosos, mas regozijando-se da grande vitória -, mas a esquerda, ou o que deveria ser a esquerda, fazendo coro às mesmas sandices.
Presentes ao ato, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e Soninha Francine (PPS), ao menos, discursaram pela punição dos torturadores e pelo fim desta prática tão comum ainda hoje. Plínio, aliás, é o único candidato à presidência que deixou clara sua posição contra a manutenção da Lei da Anistia e a favor da punição exemplar dos que torturaram e mataram.
A militância deve agir por sí própria, tomar a causa para si e ir às ruas, às escolas, conscientizar os jovens, debater, realizar julgamentos públicos, denunciar as torturas e os torturadores, colocar a cara dos culpados na rua e fazer muito barulho. Não podemos permitir que a memória de nossos heróis, dos homens e mulheres que lutaram por este país seja pisoteada e que a canalha prevaleça.
Entrevista de Marcelo Zelic à jornalista Lúcia rodrigues (Caros Amigos):