Não ajuda, no caso do Brasil, que de todos os candidatos à presidência - dentre os relevantes, Dilma, Serra, Marina e Plínio - apenas o último se oponha à manutenção da lei da Anistia.
Serra é escória DemoTucana, Marina se tornou um frankenstein criacionista/neopentecostal risível.
Mas surpreende a posição de Dilma.
Isto mesmo, Dilma Rousseff, torturada pela Ditadura, guerrilheira que dedicou a vida à lutar contra a opressão, mudou de lado, ou pelo menos aceitou que, na política, é preciso se mutilar, se anular, para fazer parte do jogo.
Do jogo sujo.
Vejam o que diz Dilma n'O Globo:
No que se refere à anistia, eu quero dizer que não sou a favor de revanchismo. Do ponto de vista da decisão do Supremo, o que o Supremo decidiu, decidido está. É a corte mais alta do país e como tal tem que ser respeitada. Agora, eu faço também a seguinte observação: é fundamental que o Brasil lembre para que nunca mais caiamos numa ditadura, e tenha sempre no Brasil democracia, com liberdade de imprensa, direito de expressão e direto de opinião - afirmou Dilma, ao visitar a Associação Comercial de Santos.A Folha traz a mesma informação.
E até o momento nem a candidata nem qualquer um de sua equipe desmentiu a frase. Tampouco a candidata respondeu à vários tuítes que mandei tentando esclarecer a questão.
Até que a candidata desminta a frase e explique o que realmente quis dizer, a versão da mídia se mantém.
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Update:
confirmado. Dilma realmente considera "REVANCHISMO".
“O que o Supremo Tribunal Federal decidiu, decidido está”, disse a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, hoje sobre a decisão da suprema corte que manteve a interpretação sobre a Lei da Anistia, impedindo a punição de torturadores que atuaram durante o regime militar. "Não sou a favor de revanchismo."
Contudo, ela disse que os brasileiros devem manter viva sua memória para que nunca mais se repita uma ditadura militar no país. “Eu faço uma observação. É fundamental que o Brasil lembre e nunca mais caiamos numa ditadura, que tenha sempre no Brasil democracia, liberdade de imprensa e liberdade de expressão”, disse.
Segundo ela, a posição do governo nessa questão sempre foi a apresentada pela Advocacia Geral da União (AGU) junto ao Supremo e que houve debate democrático entre os membros do governo sobre essa questão, mas que a partir da decisão do STF tem que se acatar a interpretação dada a lei.
É o que diz seu blog.
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Mesmo que alguns venham dizer que, quando na Casa Civil, seu parecer tenha sido diferente do do governo, o Parecer da AGU (Advocacia Geral da União), a própria candidata desmente:
- O parecer oficial do governo é o parecer da AGU (Advocacia Geral da União). Como tratava-se de um governo democrático, havia um debate interno (...). A partir de agora, o que vale para nós todos é que a decisão do Supremo tem que ser cumprida. Não cabe discussão a respeito.É simplesmente lamentável, ridículo, VERGONHOSO, que Dilma tenha a coragem de vir à público sustentar que a Lei da anistia evita revanchismo. Punir um criminoso, um torturador, não é revanchismo, é justiça. Uma noção simples e direta.
Eu não poderia dar uma resposta melhor do que a dada por Ivan Valente:
“revanchismo seria levar o torturador ao pau de arara e não investigar quem cometeu os crimes. O STF não poderia dar cobertura para isso. Essa página da história precisa ser virada, mas não será enquanto houver impunidade. O assunto não será encerrado com esta decisão”Se a necessidade de falar para todas as audiências fez com que Dilma mudasse, talvez até passando por cima de suas convicções pessoais, não importa. Se suprimiu sua vontade então é falsa, se acredita de fato no que disse, então é uma vergonha.
Usar a terminologia ("Revanchismo") e as desculpas da direita e tripudiar das vítimas e familiares que não terão o direito sequer a enterrar seus mortos é indesculpável.
Dilma, Lula, o governo.
Se rebaixaram ao nível de Demóstenes Torres e cia. Se rebaixaram aos criminosos que formam a quadrilha DEMOcrata que de apoiadores da Ditadura, hoje dizem ser defensores da Anistia "para todos". Escondem o passado, humilham as vítimas e saúdam os algozes com exatamente o que eles querem, a impunidade.
Lula poderia e ainda pode abrir os arquivos da Ditadura. Não o faz porque não quer. Tem a moral e o respeito em todo o país - e no mundo - para tomar uma decisão destas sem prejuízo algum à sua imagem, já que isto parece ser tão importante. Mas parece ser mais importante sair na capa da Time e entrar para a história com a imagem "limpa" do que se indispor com os setores mais reacionários e talvez sair com uma ou outra mancha no currículo de líder mundial. Mancha, claro, apenas para a direita.
Dilma, que parecia ser a esperança de alguma ação contra os torturadores - afinal, foi vítima e guerrilheira - acabou de destruir todas as chances, com suas declarações, de sair-se como a que ia enjaular os criminosos que mancharam de sangue nosso país e, com isso, começar a rever um período negro da nossa história que até hoje respinga nas polícias e política nacionais.
Decidiu-se pela covardia, pelo esquecimento, pior, decidiu-se pela humilhação das vítimas.
Começo seriamente a me questionar se, para evitar que Serra chegue ao poder vale realmente tudo. Até mesmo passar por cima da dor de milhares de brasileiros e brasileiras que não aceitam apagar da história seus entes queridos, suas próprias histórias e conviver como iguais com criminosos torturadores e seus comparsas.
O que a militância e os petistas tem a dizer?