terça-feira, 4 de maio de 2010

Dilma Rousseff e o "Revanchismo" #Anistia

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 É revanchismo condenar quem fez isto?

Ainda sobre o assunto da Anistia, vale citar o posicionamento - lamentável - de Dilma Rousseff e  do governo Lula.

Não ajuda, no caso do Brasil, que de todos os candidatos à presidência - dentre os relevantes, Dilma, Serra, Marina e Plínio - apenas o último se oponha à manutenção da lei da Anistia.

Serra é escória DemoTucana, Marina se tornou um frankenstein criacionista/neopentecostal risível.

Mas surpreende a posição de Dilma.

Isto mesmo, Dilma Rousseff, torturada pela Ditadura, guerrilheira que dedicou a vida à lutar contra a opressão, mudou de lado, ou pelo menos aceitou que, na política, é preciso se mutilar, se anular, para fazer parte do jogo.

Do jogo sujo.

Vejam o que diz Dilma n'O Globo:
No que se refere à anistia, eu quero dizer que não sou a favor de revanchismo. Do ponto de vista da decisão do Supremo, o que o Supremo decidiu, decidido está. É a corte mais alta do país e como tal tem que ser respeitada. Agora, eu faço também a seguinte observação: é fundamental que o Brasil lembre para que nunca mais caiamos numa ditadura, e tenha sempre no Brasil democracia, com liberdade de imprensa, direito de expressão e direto de opinião - afirmou Dilma, ao visitar a Associação Comercial de Santos.
A Folha traz a mesma informação.

E até o momento nem a candidata nem qualquer um de sua equipe desmentiu a frase. Tampouco a candidata respondeu à vários tuítes que mandei tentando esclarecer a questão.

Até que a candidata desminta a frase e explique o que realmente quis dizer, a versão da mídia se mantém.
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Update:
confirmado. Dilma realmente considera "REVANCHISMO".
“O que o Supremo Tribunal Federal decidiu, decidido está”, disse a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, hoje sobre a decisão da suprema corte que manteve a interpretação sobre a Lei da Anistia, impedindo a punição de torturadores que atuaram durante o regime militar. "Não sou a favor de revanchismo."
Contudo, ela disse que os brasileiros devem manter viva sua memória para que nunca mais se repita uma ditadura militar no país. “Eu faço uma observação. É fundamental que o Brasil lembre e nunca mais caiamos numa ditadura, que tenha sempre no Brasil democracia, liberdade de imprensa e liberdade de expressão”, disse.
Segundo ela, a posição do governo nessa questão sempre foi a apresentada pela Advocacia Geral da União (AGU) junto ao Supremo e que houve debate democrático entre os membros do governo sobre essa questão, mas que a partir da decisão do STF tem que se acatar a interpretação dada a lei.

É o que diz seu blog.
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Mesmo que alguns venham dizer que, quando na Casa Civil, seu parecer tenha sido diferente do do governo, o Parecer da AGU (Advocacia Geral da União), a própria candidata desmente:
- O parecer oficial do governo é o parecer da AGU (Advocacia Geral da União). Como tratava-se de um governo democrático, havia um debate interno (...). A partir de agora, o que vale para nós todos é que a decisão do Supremo tem que ser cumprida. Não cabe discussão a respeito.
É simplesmente lamentável, ridículo, VERGONHOSO, que Dilma tenha a coragem de vir à público sustentar que a Lei da anistia evita revanchismo. Punir um criminoso, um torturador, não é revanchismo, é justiça. Uma noção simples e direta.

Eu não poderia dar uma resposta melhor do que a dada por Ivan Valente:
“revanchismo seria levar o torturador ao pau de arara e não investigar quem cometeu os crimes. O STF não poderia dar cobertura para isso. Essa página da história precisa ser virada, mas não será enquanto houver impunidade. O assunto não será encerrado com esta decisão”
Se a necessidade de falar para todas as audiências fez com que Dilma mudasse, talvez até passando por cima de suas convicções pessoais, não importa. Se suprimiu sua vontade então é falsa, se acredita de fato no que disse, então é uma vergonha.

Usar a terminologia ("Revanchismo") e as desculpas da direita e tripudiar das vítimas e familiares que não terão o direito sequer a enterrar seus mortos é indesculpável.

Dilma, Lula, o governo.

Se rebaixaram ao nível de Demóstenes Torres e cia. Se rebaixaram aos criminosos que formam a quadrilha DEMOcrata que de apoiadores da Ditadura, hoje dizem ser defensores da Anistia "para todos". Escondem o passado, humilham as vítimas e saúdam os algozes com exatamente o que eles querem, a impunidade.

Lula poderia e ainda pode abrir os arquivos da Ditadura. Não o faz porque não quer. Tem a moral e o respeito em todo o país - e no mundo - para tomar uma decisão destas sem prejuízo algum à sua imagem, já que isto parece ser tão importante. Mas parece ser mais importante sair na capa da Time e entrar para a história com a imagem "limpa" do que se indispor com os setores mais reacionários e talvez sair com uma ou outra mancha no currículo de líder mundial. Mancha, claro, apenas para a direita.

Dilma, que parecia ser a esperança de alguma ação contra os torturadores - afinal, foi vítima e guerrilheira - acabou de destruir todas as chances, com suas declarações, de sair-se como a que ia enjaular os criminosos que mancharam de sangue nosso país e, com isso, começar a rever um período negro da nossa história que até hoje respinga nas polícias e política nacionais.

Decidiu-se pela covardia, pelo esquecimento, pior, decidiu-se pela humilhação das vítimas.

Começo seriamente a me questionar se, para evitar que Serra chegue ao poder vale realmente tudo. Até mesmo passar por cima da dor de milhares de brasileiros e brasileiras que não aceitam apagar da história seus entes queridos, suas próprias histórias e conviver como iguais com criminosos torturadores e seus comparsas.

O que a militância e os petistas tem a dizer?
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Comentários
8 Comentários

8 comentários:

b disse...

Definitivamente lamentável....

Durante a ditadura, o apoio do governo a tortura como prática comum, era justamente a ininputabilidade dos torturadores... Esse tipo de atitude, mesmo fora de uma ditadura, sanciona a prática, levada a cabo por policiais militares contra pobres e negros....

Por isso, definivamente, nosso sistema políotico não atende aos anseios da maioria...
é tudo jogo...

Daniel Duende disse...

É inaceitável que uma pessoa traia sua própria história, marcada na carne, em nome de uma "razoabilidade política" desejada para conseguir amealhar votos de setores torpes da sociedade brasileira. Dilma tinha meu voto, apesar do PMDB, apesar da Belo Monte, apesar de estar longe de saber conversar como o Lula. Mas não tem mais. Eu não posso dar meu voto a quem trai a si mesmo. Daí a trair tudo que me prometeu, seria apenas um passo.

Abraços do Verde.

Roberto São Paulo SP disse...

Eu digo que esse seu radicalismo não leva a nada.

A eleição desse ano é crucial para o futuro do país. Qualquer coisa por mínima que seja que dê um voto à direita deve ser evitado, mesmo que tenhamos que tapar o nariz.

Sabe por quê?

Porque na política REAL se joga com a realidade e não com sonhos, ideologias e belas frases.

Plínio de Arruda Sampaio que não tem chance de se eleger síndico do prédio em que mora pode dizer o que diz e posar de herói.

A Dilma que já está cercada e acossada pelos cães esta certa e deve mesmo dizer o que ela disse.

Que é afinal óbvio, porque por mais que eu e você achemos nojenta a postura covarde daqueles ministros - eles sim deveriam ter dito e decidido o justo, possuem todas as mordomias daquele cargo - inclusive a vitaliciedade - para poder decidir sem medo, mas preferiam se omitir, preferiram a decisão mais fácil.

Mas uma vez decidida e até que a corte mude seu entendimento não há o que fazer a não ser expressarmos nossa indignação, mas não adianta querer mudar a decisão fazendo campanha na rua, agitando uma bandeira que é TUDO o que a direita quer para indispor o máximo de setores contra a candidatura que é a única que pode impedir que esses pilantras entreguem - p. ex. o Pré-Sal às multinacionais.

Não caia nesse joguinho. Se ao povo mais humilde tivesse dado ouvidos à esquerda radical em 2005/2006 (como eu dei) teríamos tido um "golpe eleitoral" dos mais sujos na história desse país.

E os que VERDADEIRAMENTE apoiam e defendem os torturadores já estariam de volta ao poder faz tempo.

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Eu discordo que seja "radicalismo". Mesmo em política há limites.

Eu estava aceitando, mesmo que empurrado uma aliança com a quadrilha do PMDB, estava aceitando até Belo Monte - que já fez MUITA gente desistir da Dilma -, mas chamar de Revanchismo a revisão da anistia chegou no meu limite.

Só voto na Dilma no segundo turno se for totalmente necessário. MAs ela perdeu todo o meu respeito. Não deixarei um DemoTucano voltar, mas Dilma não terá meu voto do nada.

Roberto São Paulo SP disse...

Tsavkko, respeito totalmente sua posição. Já percebi que você é um rapaz de posições muito firmes e - como já disse em comentário anterior - gosto disso.

Respeito, acho bonito, acho que você possui um idealismo com o qual eu me identifico bastante e do qual sinto muita falta na juventude brasileira.

Fico ainda mais tranquilo e feliz em saber que você ao menos numa situação limite daria seu voto a ela, mas a esta altura da campanha em que qualquer escorregão pode fazer a balança pender inexoravelmente ao candidato apoiado sem o menor pudor por TODOS os grandes órgãos da mídia nacional, a Dilma é obrigada a tomar todos os cuidados. E repito, ela está certa em não alimentar os abutres pagos para atacá-la mesmo sem motivo.

E, sinceramente, acho muito esperta a frase dela que é inclusive ambígua.

Afinal, eu também não quero revanchismo. Quero justiça, porque revanchismo seria levar os caras para dar uma sentadinha na cadeira do dragão, ou tocar a pianola boilesen, etc.

Mas há coisas mais sérias em jogo do que ideais que - por belos que sejam - muitas vezes favorecem só ao inimigo.

A direita por definição não tem escrúpulos, mas o nosso lado às vezes quer tê-los demais e faz o jogo do inimigo.

Abraço.

Aritanã Malatesta disse...

Aos 4 anos "passeei" de camburão com minha mãe. Dalí aos 13 anos visitei parentes nos presídios políticos de São Paulo. Por 3 anos fui forçado a viver com minha avó reacionária porque a justiça brasileira considerou razoável tirar o pátrio poder de uma mãe comunista. Radical foi minha infância! A Dilma foi colega da minha mãe no presídio Tiradentes, confiava nela. Ela ainda tem meu voto, mas perdeu meu apoio e grande parte do meu respeito. (esta é minha opinião pessoal, não reflete a da minha mãe ou de qualquer outra pessoa!)

Carlos Rogério disse...

Ah cara, leia sobre o Mario Kozel Filho.
Você acha justo pessoas receberem $$$ por terem matado-o?
Cresça! Deixe de ser tendencioso.

Raphael Tsavkko Garcia disse...

$$$ por terem sofrido perseguição, por terem sido forçados a abandonar suas vidas e lutar.

E, não sou tendencioso, eu assumo um lado, diferente.

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