a) Você se revolta e discute internamente;
b) Você se revolta, discute internamente, mas abre o jogo para o público e discute com todas as forças de esquerda;
c) Você joga logo a merda no ventilador e se revolta
d) Não faz nada, finge que não viu
e) Muda de partido
f) Finge que o partido é divino e coloca a culpa nos outros?
Tentei alencar as opções éticas (a, b, c, e), a desonesta (d) e a inaceitável e hipócrita (f).
Jamais pensaria que alguém com um mínimo de consciência poderia defender a última opção, a de fingir-se de santo e culpar os outros pelos seus erros. Mas estas pessoas existem.
Vejam o trecho inicial de um texto grotesco postado pelo @esquerdopata em seu blog, com o título "O Udenismo de Esquerda":
O texto completo pode ser encontrado no blog do referido blogueiro, não me darei o trabalho de linkar.
Segundo o texto, o divino PT apenas incorreu na corrupção, porque os terríveis e malvados Psolistas (e o Hélio Bicudo, que parece ter endoidado ao defender manifesto do Reinaldo Azevedo pela "democracia) se acham moralmente superiores.
O PT roubou - e roubou, não há nenhuma mentira aqui - porque o PSOL é malvado. Porque a oposição de esquerda denuncia diversos atos do governo. Porque não compactua com tudo, não aceita ter Sarney, Collor, Barbalho, Calheiros e outras figuras nefastas numa mesma coligação, num mesmo governo.
Acredito que é tanto direito do PT tê-los - e serem por isto alvo de críticas, pois o partido combateu essa figura por anos -, como do PSOL e recusar compactuar e se colocar como oposição. Por mais que, e eu já coloquei diversas vezes, tenham errado a mão, e nisto podem e DEVEM ser criticados.
É até vergonhoso me prestar a comentar o resto do parágrafo, a idéia de que os fins justificam os meios. Qualquer meio é válido para alcançar um objetivo? Desculpem os que acreditam nisto, mas eu não consigo defender este ponto de vista. Como o próprio texto coloca, é este pensamento que nos levou ao Holocausto e que nos leva aos genocídios mais terríveis.
Se não tivermos princípios, o que teremos? O que nos resta? Se vendermos nossos princípios, não estaremos vendendo nossa ideologia?
Apesar de tudo, é um debate interessante e que merece ser levado adiante, ou merecia, se o fanatismo de algumas figuras não excedesse o compreensível.
Volto ao mesmo @Esquerdopata. Ao ler este post em seu blog resolvi comentar nas mesmas bases da minha crítica aqui. Não considero tolerável que digam que a culpa pela corrupção do PT é dos outros, é pelos "princípios" dos outros, o que equivale a dizer que roubar, corromper e ser corrompido é legítimo se for para os fins que o interlocutor achar válidos. Este raciocínio praticamente nos permite tudo, desde que nossos objetivos nos interessem!
No espírito mais democrático possível comentei o texto e, para minha surpresa, fui censurado. Esperei pela publicação e nada e, ao perguntar ao autor do post porque meu comentário ainda não tinha sido liberado fui atacado injustamente e com uma total falta de argumentos.
Só posso raciocinar que a figura se sentiu envergonhada por defender que corrupção é legal se for a dele ou a do partido dele. Concordo em parte com o Miguel do Rosário quando critica o moralismo que permeia algumas esferas do PSOL. Discordo de seu tom e de alguns comentários que considero deslocados, mas não nego o ponto central, a de que, de fato, existe um moralismo indevido em muitos setores Psolistas e que precisa ser revisto.
Mas um ponto do post do Miguel me deixou um pouco irritado e discordo frontalmente e peço atenção:
Já observei que Plínio tem dois grupos de eleitores. Um é formado pelo jovem idealista, ainda um pouco ingênuo em sua visão de mundo, e confundindo um pouco o fato do PSOL ser um partido muito pequeno e estar a milhas de distância do poder com uma espécie de pureza ideológica e moral.Considero o comentário desrespeitoso e indevido. O PSOL tem militantes com longa história, o próprio Plínio, que está acima de críticas em sua história de luta. Não faço parte de qualquer um dos grupos. Estou longe de ser um jovem idealista e muito menos apoio o Plínio por desorientação ou ocasião.
Outro grupo é formado pelo eleitor meio desorientado com os ataques pesados que a petista sofre na imprensa e nos estratos altos da sociedade. Os ambientes empresariais costumam ser extremamente agressivos no quesito política, com uma disseminação grande do antipetismo rancoroso. Votar em Plinio ou Marina é como levantar uma bandeirinha branca de paz. Ser eleitor da Dilma é comprar uma guerra constante e nem todo mundo está disposto a isso.
Estes parágrafos são perfeitos para a Marina - ao que poderia ainda acrescentar o voto dos evangélicos fanáticos como terceiro tipo de eleitor -, mas não cabe ao Plínio ou a boa parte de sua militância que decidiu pelo voto ideológico, pela defesa da Reforma Agrária e pela construção de um novo polo de esquerda que, ao menos penso, possa puxar para a esquerda o PT.
Mas esta é uma discussão que pode ser travada de forma democrática e tenho a mais absoluta certeza de que não seria censurado em meus comentários no blog do Miguel, que conheço pessoalmente e nutro grande admiração.
Infelizmente, porém, alguns fanáticos se acham acima do bem e do mal, donos da verdade e descem ao nível de Reinaldos Azevedos da vida e censuram aquilo que lhes desagrada. Matam o debate e a troca de ideias e se assume na posição de intocáveis. Discordar da divindade do PT e de que os fins justificam os meios, para uns, é crime capital e não pode ou deve ser tolerado.
Atitude esta que se assemelha mais à direita mais encarniçada do que a uma esquerda democrática.
Atitude vergonhosa e repudiável que dá apenas munição aos detratores da esquerda, que nos chamam de censuradores e de antidemocráticos. Infelizmente, de fato estes existem entre nós.
Deixo apenas três dos tuítes que me foram enviados pelo @Esquerdopata. Vejam o nível (sic) da argumentação: