Outros ainda colocam toda a culpa na Marina, como se fosse uma
traidora pronta para destruir o PT. Acredito ser desonesta tal
afirmação. Ela, como candidata, assim como Plínio, Zé Maria e cia,
tinham e tem total direito de propor alternativas ao governo Lula. E
ela deixou claro durante toda a campanha ter mais pontos em comum que
discordâncias com o governo, mas propunha algumas diferenças.
O que eu critico na Marina não é seu direito a se candidatar, mas a hipocrisita de suas propostas de campanha.
A
hipocrisia de seu fanatismo religioso travestido de cores verdes,
aproveitando o tom conservador adotado pela população (apenas no que é
conveniente, obviamente) e a desonestidade de suas propostas. Marina
foi uma péssima ministra do meio ambiente, e por seus próprios
esforços, e não por um complô contra ela.
Desonestidade
é não admitir que tinha um projeto pessoal e egoísta e sair atirando
quando a única culpa do PT foi não dar espaço a estes arroubos.
Lamentável é o apoio que setores progressistas conseguem dar à Marina,
entrando exatamente no jogo da direita brasileira de ter uma candidata
laranja (ou verde) servindo aos seus propósitos.
De todas as campanhas difamatórias, nenhuma é tão
nociva ou certeira quanto a propaganda dos evangélicos, deste câncer
que se apropria do país e cresce cada dia mais, atentando contra o Estado Laico e contra as fundações do Estado.
Esta sim
é a campanha que precisa ser mais fortemente denunciada e respondida.
Mas com coragem e não com recuos vergonhosos, sob pena de atrair a
malta reacionária, mas perder os verdadeiros impulsionadores da mudança.
Uma
crítica, porém, que faço ao PT e à muitos de seus militantes, é ao tom
messiânico que vem adotando que em nada os diferencia da Marina. O
discurso do "ou está comigo ou está contra mim", no sentido de ou você
apoia meu projeto ou então é inimigo.
Eu não apoio
integralmente o projeto Lulo-Petista de governo. Vejo falhas grotescas
no plano de governo da Dilma e temo que este seja ainda mais mutilado
para agradar às alas conservadoras e francamente criminosas do
neopentecostalismo militante, mas se votar na Dilma, votarei CONTRA o
DemoTucanato e não por defender este entreguismo vergonhoso - mas até
certo ponto compreensível.
Votar em Dilma, neste momento, não significa referendá-la ou ao Lula, mas negar uma opção pior, nefasta.
Mas
muitos petistas parecem apenas enxergar preto no branco. Devemos gostar
e defender seu projeto e não fazermos críticas à ele, pois isto seria
jogo da direita. Denuncio estas práticas não só como hipócritas e
desonestas, mas também como burras, pois afastam parte do eleitorado
mais consciente, pronto a se posicionar contra o DemoTucanato, que se
vê estigmatizada e obrigada.
Muitos destes irão engrossar as fileiras do voto nulo.
Pessoalmente, acredito que o pior dos golpes ou minigolpes contra Dilma estão sendo dados por sua própria campanha, pelos recuos frente à propostas históricas dos movimentos sociais e pela inconstância de suas propostas, como no caso do Aborto e por querer dividir o mundo entre os que defendem e se opõem ao seu projeto, sem matizes, sem espaço para alternativas ou discussão.
*Ilustração do blog "O Comunista Ateu".
Blog de comentários sobre política, relações internacionais, direitos humanos, nacionalismo basco e divagações em geral... Nome descaradamente baseado no The Angry Arab
terça-feira, 12 de outubro de 2010
O(s) Minigolpe(s) anti-Dilma - Parte 2, o papel dos fundamentalistas evangélicos e a Esquerda
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O(s) Minigolpe(s) anti-Dilma - Parte 2, o papel dos fundamentalistas evangélicos e a Esquerda
2010-10-12T13:00:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
Brasil|Dilma|Eleições|Golpe de Estado|Política|PT|
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