terça-feira, 12 de outubro de 2010

O(s) Minigolpe(s) anti-Dilma - Parte 2, o papel dos fundamentalistas evangélicos e a Esquerda

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Outros ainda colocam toda a culpa na Marina, como se fosse uma traidora pronta para destruir o PT. Acredito ser desonesta tal afirmação. Ela, como candidata, assim como Plínio, Zé Maria e cia, tinham e tem total direito de propor alternativas ao governo Lula. E ela deixou claro durante toda a campanha ter mais pontos em comum que discordâncias com o governo, mas propunha algumas diferenças.

O que eu critico na Marina não é seu direito a se candidatar, mas a hipocrisita de suas propostas de campanha.

A hipocrisia de seu fanatismo religioso travestido de cores verdes, aproveitando o tom conservador adotado pela população (apenas no que é conveniente, obviamente) e a desonestidade de suas propostas. Marina foi uma péssima ministra do meio ambiente, e por seus próprios esforços, e não por um complô contra ela.

Desonestidade é não admitir que tinha um projeto pessoal e egoísta e sair atirando quando a única culpa do PT foi não dar espaço a estes arroubos. Lamentável é o apoio que setores progressistas conseguem dar à Marina, entrando exatamente no jogo da direita brasileira de ter uma candidata laranja (ou verde) servindo aos seus propósitos.

De todas as campanhas difamatórias, nenhuma é tão nociva ou certeira quanto a propaganda dos evangélicos, deste câncer que se apropria do país e cresce cada dia mais, atentando contra o Estado Laico e contra as fundações do Estado.

Esta sim é a campanha que precisa ser mais fortemente denunciada e respondida. Mas com coragem e não com recuos vergonhosos, sob pena de atrair a malta reacionária, mas perder os verdadeiros impulsionadores da mudança.

Uma crítica, porém, que faço ao PT e à muitos de seus militantes, é ao tom messiânico que vem adotando que em nada os diferencia da Marina. O discurso do "ou está comigo ou está contra mim", no sentido de ou você apoia meu projeto ou então é inimigo.

Eu não apoio integralmente o projeto Lulo-Petista de governo. Vejo falhas grotescas no plano de governo da Dilma e temo que este seja ainda mais mutilado para agradar às alas conservadoras e francamente criminosas do neopentecostalismo militante, mas se votar na Dilma, votarei CONTRA o DemoTucanato e não por defender este entreguismo vergonhoso - mas até certo ponto compreensível.

Votar em Dilma, neste momento, não significa referendá-la ou ao Lula, mas negar uma opção pior, nefasta.

Mas muitos petistas parecem apenas enxergar preto no branco. Devemos gostar e defender seu projeto e não fazermos críticas à ele, pois isto seria jogo da direita. Denuncio estas práticas não só como hipócritas e desonestas, mas também como burras, pois afastam parte do eleitorado mais consciente, pronto a se posicionar contra o DemoTucanato, que se vê estigmatizada e obrigada.

Muitos destes irão engrossar as fileiras do voto nulo.

Pessoalmente, acredito que o pior dos golpes ou minigolpes contra Dilma estão sendo dados por sua própria campanha, pelos recuos frente à propostas históricas dos movimentos sociais e pela inconstância de suas propostas, como no caso do Aborto e por querer dividir o mundo entre os que defendem e se opõem ao seu projeto, sem matizes, sem espaço para alternativas ou discussão.

*Ilustração do blog "O Comunista Ateu".
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