domingo, 19 de abril de 2009

Diplomatas chegam a um acordo para o projeto da declaração final de Durban II

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Os diplomatas que preparam a Conferência de Durban II sobre o racismo, que tem início na próxima segunda-feira em Genebra, chegaram a um acordo para o projeto da declaração final, que será submetido aos seus respectivos países.

“Chegamos a um acordo para submeter este projeto de texto para aprovação”, indicou um diplomata da União Europeia, que considera que agora a redação está “perfeitamente aceitável” para a União Europeia.

“Estou confiante” sobre o desfecho, explicou também um diplomata da América Latina, comemorando “o consenso” alcançado num “ambiente muito positivo”.

O texto não faz referências específicas ao conflito no Médio Oriente em relação aos conflitos no mundo nem à difamação das religiões.

O parágrafo que insiste na importância da memória do Holocausto foi o que mais se manteve, contrariando o pedido da representação iraniana nesta semana.

“O objetivo agora é não mexer mais no texto até ser aprovado” no dia 24 de abril, no último dia da conferência, explicou o diplomata da União Europeia, que pediu para não ser identificado.

Até o momento, tanto União Europeia quanto os Estados Unidos condicionaram suas presenças na reunião aos resultados das discussões preliminares desta conferência.

A reunião, que acontecerá de 20 a 24 de abril, visa dar prosseguimento à de 2001, realizada na cidade sul-africana de Durban. O objetivo do encontro é avaliar a efetividade da Declaração de Durban e Programa de Ação nos últimos oito anos, considerada a primeira estratégia mundial contra o racismo.

Mais de 160 Estados e milhares de organizações não governamentais, num total de mais de 18.000 pessoas, estiveram em Durban em 2001, numa conferência marcada pelos difíceis debates sobre a escravatura e pelos ataques a Israel.

A tentativa de comparar o sionismo com o racismo levou Estados Unidos e Israel a abandonarem a conferência em Durban e, oito anos depois, as referências ao conflito entre Israel e Palestina e ao Holocausto, acrescidas da questão da difamação das religiões, dividiam os Estados e impediram até hoje um consenso sobre uma declaração final.

O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, confirmou presença, enquanto que Israel, Canadá e Itália declinaram o convite para estarem presentes em Genebra. Quanto à União Europeia e aos Estados Unidos, mantinha-se a incógnita quanto à participação destes países.

A organização espera a presença dos presidentes de Timor-Leste, Togo e Montenegro. Os governos do Egito, Nigéria, Noruega, África do Sul e Uganda enviarão os ministros dos Negócios Estrangeiros, o Lesoto, o primeiro-ministro e a Zâmbia, o vice-presidente.

“A posição de Israel é clara, o conflito israelo-palestiniano não tem a ver com racismo, é uma questão política”, afirmou Amir Sagie, encarregado dos negócios da embaixada israelita em Portugal, à agência Lusa.

O diplomata israelita considerou ainda que a presença do presidente iraniano “vai tornar difícil falar de assuntos como os direitos humanos ou os direitos dos homossexuais”. “É um sinal de que ninguém quer discutir os direitos humanos ou a liberdade de expressão”, reforçou Sagie.

O Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural português vai enviar um representante a Genebra, enquanto o Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio, enviará uma mensagem vídeo.

Via Refugees United

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Por um lado um avanço claro, a possível equiparação entre Sionismo e Racismo, o que é óbio e claro e conta com o boicote de Israel e EUA, o que torna ainda mais válida a declaração;

Por outro, um retrocesso ao colocar o Holocausto em um patamar acima dos demais genocídios, tão ou mais terríveis - mas menos televisionados e sem um Estado que se vale de incessante propaganda para torná-lo mais visível e assustador - que os genocídios cometidos por Pol Pot no Camboja, pelos turcos na Armênia, pelos Hutus contra Tutsis e moderados em Ruanda, do Sri Lanka contra o povo Tâmil e etc, em uma lista gigantesca e assustadora.

“A posição de Israel é clara, o conflito israelo-palestiniano não tem a ver com racismo, é uma questão política”

Simplesmente vergonhosa a declaração, mas nada surpreendente vindo da nação genocida de Israel que se vale da lembrança do holocausto e de seu suposto ineditismo - o que não se verifica - para massacrar os Palestinos esperando que a comunidade internacional não interfira e continue com pena e peso na consciência, desta forma, se mantendo distante do assunto.

“É um sinal de que ninguém quer discutir os direitos humanos ou a liberdade de expressão”

Um representante de Israel falar em Direitos Humanos soa como piada de mal gosto, é doloroso aos ouvidos e olhos do mundo. Depois do massacre em Gaza, da utilização de fósforo branco, do ataque deliberado a civis e de ter tornado a região um imenso campo de concentração, é ridícula, descabia e desreseitosa a declaração. E quanto à liberade de expressão cabe apenas lembrar da tentativa do Parlamento Israelense (Knesset) de excluir todo e qualquer partido árabe das eleições. Ato que diz tudo.

Cabe lembrar ainda que o Sionismo já foi reconhecido pela ONU como uma forma de racismo, a experiência não é nova.

Em 10 de novembro de 1975 a Assemblégia Geral da ONU aprovou por 75 votos a favor, 35 contra e 32 abstenções, a resolução 3379 que igualava o Sionismo ao Racismo, porém, em 16 de dezembro de 1991, por pressão estadunidense e israelense a resolução foi revogada contando, sendo 111 votos pela revogação, 25 contrários e 13 abstenções.



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