quarta-feira, 10 de junho de 2009

USP Invadida: Brutalidade Policial

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Segue um relato do professor Dr. Pablo Ortellado que recebi da lista do movimento Centro Vivo com uma descrição dos acontecimentos lamentáveis de ontem, de franca brutalidade policial:

Prezados colegas,

Eu nunca utilizei essa lista para outro propósito que não informes sobre o que acontece no Co (transmitindo as pautas antes da reunião e depois enviando relatos). Essa lista esteve desativada desde a última reunião do Co porque o servidor na qual ela estava instalada teve problemas e, com a greve, não podia ser reparado. Dada a urgência dos atuais acontecimentos, consegui resgatar os emails e criar uma lista emergencial em outro servidor.. O que os senhores lerão abaixo é um relato em primeira pessoa de um docente que vivenciou os atos de violência que aconteram poucas horas atrás na cidade universitária (e que seguem, no momento em que lhes escrevo – acabo de escutar a explosão de uma bomba). Peço perdão pelo uso desta lista para esse propósito, mas tenho certeza que os senhores perceberão a gravidade do caso.
Hoje, as associações de funcionários, estudantes e professores haviam deliberado por uma manifestação em frente à reitoria. A manifestação, que eu presenciei, foi completamente pacífica. Depois, as organizações de funcionários e estudantes saíram em passeata para o portão 1 para repudiar a presença da polícia do campus. Embora a Adusp não tivesse aderido a essa manifestação, eu, individualmente, a acompanhei para presenciar os fatos que, a essa altura, já se anunciavam. Os estudantes e funcionários chegaram ao portão 1 e ficaram cara a cara com os policiais militares, na altura da avenida Alvarenga. Houve as palavras de ordem usuais dos sindicatos contra a presença da polícia e xingamentos mais ou menos espontâneos por parte dos manifestantes.
Estimo cerca de 1200 pessoas nesta manifestação.
Nesta altura, saí da manifestação, porque se iniciava assembléia dos docentes da USP que seria realizada no prédio da História/ Geografia. No decorrer da assembléia, chegaram relatos que a tropa de choque havia agredido os estudantes e funcionários e que se iniciava um tumulto de grandes proporções.. A assembléia foi suspensa e saímos para o estacionamento e descemos as escadas que dão para a avenida Luciano Gualberto para ver o que estava acontecendo. Quando chegamos na altura
do gramado, havia uma multidão de centenas de pessoas, a maioria estudantes correndo e a tropa de choque avançando e lançando bombas de concusão (falsamente chamadas de “efeito moral” porque soltam estilhaços e machucam bastante) e de gás lacrimogêneo. A multidão subiu correndo até o prédio da História/ Geografia, onde a assembléia havia sido interrompida e começou a chover bombas no estacionamento e entrada do
prédio (mais ou menos em frente à lanchonete e entrada das rampas). Sentimos um cheiro forte de gás lacrimogêneo e dezenas de nossos colegas começaram a passar mal devido aos efeitos do gás – lembro da professora Graziela, do professor Thomás, do professor Alessandro Soares, do professor Cogiolla, do professor Jorge Machado e da professora Lizete todos com os olhos inchados e vermelhos e tontos pelo efeito do gás. A
multidão de cerca de 400 ou 500 pessoas ficou acuada neste edifício cercada pela polícia e 4 helicópteros. O clima era de pânico. Durante cerca de uma hora, pelo menos, se ouviu a explosão de bombas e o cheiro de gás invadia o prédio. Depois de uma tensão que parecia infinita, recebemos notícia que um pequeno grupo havia conseguido conversar com o chefe da tropa e persuadido de recuar. Neste momento, também, os estudantes no meio de um grande tumulto haviam conseguido fazer uma pequena assembléia de umas 200 pessoas (todas as outras dispersas e em pânico) e deliberado descer até o gramado (para fazer uma assembléia > mais organizada). Neste momento, recebi notícia que meu colega Thomás Haddad havia descido até a reitoria para pedir bom senso ao chefe da tropa e foi recebido com gás de pimenta e passava muito mal. Ele estava na sede da Adusp se recuperando.
Durante a espera infinita no pátio da História, os relatos de agressões se multiplicavam. Escutei que a diretoria do Sintusp foi presa de maneira completamente arbitrária e vi vários estudantes que haviam sido espancados ou se machucado com as bombas de concusão (inclusive meu colega, professor Jorge Machado). Escutei relato de pelo menos três professores que tentaram mediar o conflito e foram agredidos. Na sede da Adusp, soube, por meio do relato de uma professora da TO que chegou cedo ao hospital que pelo menos dois estudantes e um funcionário haviam sido feridos. Dois colegas subiram lá agora há pouco (por volta das 7 e meia) e tiveram a entrada barrada – os seguranças não deixavam ninguém entrar e nenhum funcionário podia dar qualquer informação. Uma outra delegação
de professores foi ao 93o DP para ver quantas pessoas haviam sido presas. A informação incompleta que recebo até agora é que dois funcionários do Sintusp foram presos – mas escutei relatos de primeira pessoa de que haveria mais presos.
A situação, agora, é de aparente tranquilidade. Há uma assembléia de professores que se reuniu novamente na História e estou indo para lá.. A situação é gravíssima. Hoje me envergonho da nossa universidade ser dirigida por uma reitora que, alertada dos riscos (eu mesmo a alertei em reunião na última sexta-feira) , autorizou que essa barbárie acontecesse num campus universitário. Estou cercado de colegas que estão chocados com a omissão da reitora. Na minha opinião, se a comunidade acadêmica não se mobilizar diante desses fatos gravíssimos, que atentam contra o diálogo, o bom senso e a liberdade de pensamento e ação, não sei mais.
Por favor, se acharem necessário, reenviem esse relato a quem julgarem que é conveniente.

Cordialmente,

Prof. Dr. Pablo Ortellado
Escola de Artes, Ciências e Humanidades
Universidade de São Paulo


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O Rovai nos informa de que o Vice-Reitor vai mandar sair do Campus a Tropa de Choque... Fica a pergunta: Onde está a Reitora? Encolhida com medo dos estudantes ou fazendo uma festa pela repressão!

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Após conflito, vice-reitor da USP promete tirar Tropa de Choque do campus

Por Camila Souza Ramos [Quarta-Feira, 10 de Junho de 2009 às 12:34hs]

Após os policiais da tropa de choque avançarem contra manifestantes da USP dentro da cidade universitária, no Butantã, uma comissão formada pelos deputados Carlos Gianazzi (PSol), Raul Marcelo (PSol) e pelos professores Chico Miraglia, Lisete Arelaro e Sandra Nitrini reuniu-se com o vice-reitor Franco Maria Lajolo e o chefe de gabinete da Reitoria, Alberto Carlos Amadio, com o objetivo de negociar a retirada da tropa do campus.

O vice-reitor garantiu que retiraria a tropa, mas que manteria até duas viaturas dentro do campus para “o restabelecimento da ordem”, conforme informou o deputado Gianazzi. Lajolo também afirmou que a força tática da PM só seria acionada em caso de “piquete violento”. A comissão afirmou que Lajolo não deixou claro o significado para ele de “violento”.

No entanto, até agora vários carros da PM e da Força Tática estão presentes no campus. De acordo com a assessoria de imprensa da PM, os policiais da força tática estão lá para garantir que não ocorra nenhuma manifestação violenta. “Eles têm que estar lá, porque até acontecer algo violento, demora para chegar”.

Segundo o capitão Marcelo Gonzalez Marques, há policiais dentro do prédio da Reitoria também “para evitar a possibilidade de uma nova invasão do prédio”. Ele afirmou que a polícia também está atenta aos prédios da Antiga Reitoria, da Prefeitura do Campus e do Centro de Práticas Esportivas (CEPE). O capitão afirmou que a PM continuará no campus até que seja retirada a ordem de reintegração de posse."
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E o Idelber arremata.
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