Semana passada milhares (dizem que perto dos 40 mil) de Bascos se manifestaram contra a constante repressão aos nacionalistas e contra a prisão de destacados líderes Abertzales que se reuniam buscando a formação de uma nova plataforma política e da abertura de uma nova rodada de diálogo pelo fim da dominação Espanhola em Euskal Herria.
Fato notável foi a unidade de todos os nacionalistas, desde os Abertzales de Esquerda, passando pela EA, Aralar, Hamaikabat até o PNV e Alternatiba. OS maiores e mais representativos sindicatos Bascos também se somaram À manifestação, ELA, LAB, EHNE, Esk, Hiru e STEE-EILAS Todos unidos sob o mesmo lema, "Askatasunaren alde. Eskubide guztiak, guztiontzat" ("Pela Liberdade. Todos os direitos para todos").
Esta talvez tenha sido a mais representativa manifestação dos últimos 5 ou 10 anos no País Basco pois contou com apóio de todas as forças políticas nacionalistas e sindicatos contra a opressão e repressão desmedidas dasforças Espanholas comandadas pelos Fascistas do PP e SocioFascistas do PSOE.
É a demonstração da força do povo Basco que não aguenta mais ser submetido à prisões arbitrárias, incomunicações, tortura e censura. É o grito pela liberdade, pela autonomia, pela Independência.
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Milhares de pessoas percorreram as ruas de Donostia, em resposta à convocatória dos sindicatos ELA, LAB, ESK, STEE-EILAS, EHNE e Hiru para protestar contra a operação policial contra a esquerda abertzale. Em nome dos sindicatos, Muñoz considerou "uma boa notícia" o facto de terem sido capazes de se manifestarem "para pedir a liberdade dos detidos".
Representantes de diversos sindicatos de Euskal Herria encabeçaram a marcha, que começou no túnel de Antiguo, para denunciar a operação policial levada a cabo pela Polícia espanhola na terça-feira. Entre outros, a secretária-geral do LAB, Ainhoa Etxaide, e o do ELA, Txiki Muñoz, levaram a faixa onde se lia o lema "Askatasunaren alde. Eskubide guztiak, guztiontzat".
Embora a cabeça da marcha tenha chegado ao Boulevard donostiarra pelas 18h15, muitas outras dezenas de milhares de pessoas que participaram na mobilização precisaram de bastante mais tempo para lá chegar.
No final, em nome de todos os sindicatos convocantes, Muñoz afirmou que a operação contra dirigentes da esquerda abertzale representa uma tentativa de "torpedear" um processo "que tem que acabar irremediavelmente por se confrontar com o Estado de maneira civil", pelo que encorajou as pessoas a "abrirem um espaço civil para confrontar democraticamente o Estado".
O secretário-geral considerou "uma boa notícia" que se dê a possibilidade convocar o protesto "para pedir a liberdade dos detidos".
Grande apoio
Minutos antes do início da manifestação a partir do túnel de Antiguo, milhares de pessoas concentravam-se em Ondarreta e ao a longo de todo o passeio de La Concha. Inclusive, quando a manifestação chegava a San Martin, ainda havia gente a integrar-se na marcha de protesto.
A manifestação recebeu o apoio de quase todas as formações que compõem o mapa político basco e puderam-se ver muitas caras conhecidas. Participaram na marcha membros da esquerda abertzale como Rufi Etxeberria, detido na operação policial e posto em liberdade depois de ser presente ao juiz Baltasar Garzón. Também estiveram em Donostia Tasio Erkizia ou Jone Goirizelaia, além de representantes independentistas nas instituições municipais como, por exemplo, a autarca de Hernani Marian Beitialarrangoitia.
Também dirigentes de PNV, EA, Aralar, Hamaikabat, Alternatiba e membros de organizações sociais e sindicais fizeram o percurso estabelecido como forma de mostrarem a sua oposição à operação policial contra a esquerda abertzale. Entre eles encontram-se os dirigentes jeltzales Joseba Egibar, Andoni Ortuzar e Iñaki Gerenabarrena.
A secretária-geral do LAB, Ainhoa Etxaide, afirmou que a marcha convocada pelo seu sindicato e outras centrais nacionalistas contra a "agressão" que representou a detenção de vários dirigentes da esquerda independentista é "um passo num processo que tem de encarrilar as soluções democráticas de que este país necessita". Etxaide proferiu estas declarações momentos antes da manifestação.
Afirmou ainda que os manifestantes pretendem "dizer que a repressão não vai parar um povo que quer ser dono do seu futuro, um povo que exige soluções democráticas e necessita delas, um povo que não está disposto a ser passivo face a uma realidade que queremos superar".
Por seu lado, o membro da esquerda abertzale Tasio Erkizia afirmou que a presença "da maioria social e política" de Euskal Herria na manifestação contra as detenções, demonstra que existe uma oposição maioritária na sociedade basca "às 'razzias' policiais" e que a sua aposta "clara" é nas "soluções democráticas". Minutos antes de se dar início à marcha, Erkizia expressou a sua satisfação pelo facto de "a grande maioria social, política e sindical dizer basta ao Estado, a todas as suas atrocidades, detenções e ilegalizações".
Embora as pessoas presentes na manifestação de Donostia fossem muitas dezenas de milhares, muitos viram-se afectados pelos controles policiais instalados nas estradas próximas da capital guipuscoana. Por exemplo, testemunhas disseram ao Gara que na portagem de Zarautz a Guarda Civil montou uma barreira antes das quatro da tarde e que ali permaneceu mais de uma hora. Como consequência disso houve longas filas na A-8 no sentido de Donostia.
Fonte: Gara
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Ver também: êxito da manifestação de Donostia em kaosenlared.net
Com diversas entrevistas ao longo da manifestação, fotos, peças em áudio e vídeo.
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Via ASEH
Cobertura da Manifestação: Boltxe
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A maré humana que ontem saiu do túnel do Antiguo para inundar todo o centro de Donostia mostra as possibilidades históricas da unidade abertzale e explica os medos de Madrid. Há muita água na piscina para se poder avançar, ainda que isso se considere arriscado. O caminho está traçado.
O trabalho de Arnaldo Otegi, Rafa Díez, Arkaitz Rodríguez, Miren Zabaleta, Sonia Jacinto e muitos outros vai dando os seus frutos. Basta ver a resposta que operações policiais anteriores contra outras supostas reconstruções de mesas nacionais tiveram e compará-las com a imensa manifestação que no sábado percorreu Donostia. Não é que estes detidos caiam melhor que outros, visto que anteriores encarceramentos do próprio Arnaldo Otegi não suscitaram uma contestação tão grande com uma convocatória tão plural. O que acontece é que há vários meses que se têm vindo estabelecer as bases para pôr em marcha uma estratégia independentista eficaz, e os dirigentes das principais organizações abertzales - como o ELA e também o EA - têm noção da seriedade do trabalho que os detidos vinham a desenvolver. Por isso agora foi possível darem o passo de pedir às pessoas que viessem para as ruas.
Alfredo Pérez Rubalcaba enganou-se redondamente, ao ponto de alguns dos partidos que tinha escolhido como interlocutores para o acompanharem na sua tentativa de sabotar a iniciativa política que a esquerda abertzale preparava não terem tido outro remédio senão juntar-se ao protesto. Ali esteve uma boa parte do EBB [órgão central] do PNV, representado pelos presidentes das suas diversas executivas regionais. O ministro do Interior afirmou de manhã que «já disse» ao PNV no que é que os agora detidos andavam metidos. Pelos vistos, os jeltzales não acreditaram nele ou têm as suas próprias fontes de informação e, sem dúvida, conhecem suficientemente a realidade de Euskal Herria para saber que nem os encarcerados nem todos aqueles que no sábado se manifestaram em Donostia estão às ordens de «uma estratégia político-militar traçada pela ETA», como diz Rubalcaba.
O que se pôde ver em Donostia no sábado foi a representação de uma importante parte da cidadania basca que não quer aceitar atropelos antidemocráticos e até se sente bem a reivindicar conjuntamente a independência. A partir da convocatória da maioria sindical, foram muitas e diversas as siglas que aderiram ao apelo. Mas a ninguém que observasse a sociologia da marcha poderia escapar o facto de que uma grande maioria era constituída pela base da esquerda abertzale.
É uma base a quem o golpe inflingido por Rubalcaba e Baltasar Garzón conseguiu zangar, quase na mesma medida em que se vai enchendo de esperança e expectativa ao ir conhecendo os frutos do trabalho que os agora detidos desenvolveram. A manifestação de sábado, pelo menos para uma boa parte dos participantes, pode-se considerar também uma homenagem ao trabalho de Otegi, Díez, Zabaleta, Jacinto e Rodríguez.
Mas as manifestações passam e a base do independentismo tem agora pela frente o trabalho de dar conteúdo à iniciativa traçada e de a pôr em prática. E por muito que custe ao criador deste torpe intento de boicotar o salto previsto pela esquerda abertzale, a única coisa que conseguiu foi acicatar a sua militância e, muito provavelmente, aumentar a assistência aos debates e a assunção geral dos princípios do processo democrático.
A maré humana de sábado deve servir à esquerda abertzale para ver que há água mais que suficiente para avançar, por mais arriscado que seja. E uma mensagem similar devem entender também as restantes organizações independentistas que vêem a necessidade de uma confluência entre as opções soberanistas. Há caminho para percorrer conjuntamente e vontade de o fazer.
Não será fácil, isso é evidente. E também é óbvio que surgirão contradições, como no sábado se pôde verificar nalguns momentos e espaços da manifestação. Mas ficou claro que com vontade e trabalho certeiro, sabendo cada qual de onde vem o outro e sobretudo para onde se quer ir, é possível alcançar uma estratégia comum. É disso que Madrid tem medo e porventura também alguns dos que se juntaram à marcha à última hora. Por isso esta é a estratégia eficaz, contra a qual foram emitidas as ordens de prisão.
Iñaki IRIONDO
jornalista
Fonte: Gara, via ASEH