Para o advogado, vítima da ditadura de Stroessner (foi sequestrado em novembro de 1974), "a iniciativa do governo Lugo deveria servir de exemplo para todos os governos do continente".Tabaré Vasquez, que não é de todo confiável - se opõe ao direito ao aborto, por exemplo - defende na eleição de domingo no Uruguai, a revogação da Lei da Anistia (que foi declarada inconstitucional pela justiça local ao menos para um caso). É, em todos os sentidos, um avanço! Com Mujica, ex-Tupamaros, no poder - as pesquisas o dão como vencedor no país - é possível que mais e mais arquivos apareçam e que os militares torturadores tenham suas penas devidas.
No próximo domingo, junto às eleições presidenciais e legislativas, os uruguaios votarão a anulação da lei de anistia para os crimes cometidos durante a ditadura militar (1973-1985).Na Argentina, torturadores e criminosos militares estão sendo julgados sempre que possível. Suas imunidades estão caindo por terra e o passado vem sendo desenterrado. As Mães e Avós da Praça de Maio continuam pressionando e encontrando seus filhos e netos perdidos e os criminosos postos na cadeia.
A lição que vem destes países é clara: Crimes contra a humanidade, a tortura, não podem nem devem ser perdoados. Crimes de roubo de bebês e crianças, "desaparecimentos" e assassinatos cruéis de opositores de ditaduras sanguinárias não podem e nem devem ser tolerados. Os culpados devem ser caçados e punidos com todo o rigor da lei. Presos por toda a vida pelos crimes hediondos cometidos.
Mas e (n)o Brasil?
Por aqui os milicos continuam a viver como se nada tivesse acontecido ou como se nada tivessem feito contra o povo, a democracia e a dignidade humana. Andam nas ruas como se inocentes fossem, bons velhinhos. Os restos dos nossos guerrilheiros são deixados de lado - como acreditar em uma operação de "resgate" comandada por militares? Os mesmos que tem todo interesse em esconder a verdade - a verdade não parece ser uma opção, e sim algo a ser escondido com unhas e dentes.
Nenhum milico é condenado, nenhum milico é preso, identificado como assassino e torturador nas ruas e impedido de conviver com seres humanos normais, com dignidade.
Aqui no Brasil o exército continua carregado de torturadores que fazem o possível para encobrir os crimes ou, em alguns casos, ainda os exaltam com missas em memória dos torturadores já falecidos ou dsicursos carregados de ódio e saudosismo de um período negro em que a vida de um ser humano nada valia nos porões da ditadura.
Gente do naipe de Jarbas Passarinho ou Delfim Netto andam nas ruas como se fossem "cidadãos de bem" quando, na verdade, não passam de figuras sujas, monstros que assassinaram e torturaram - direta ou indiretamente - centenas de brasileiros. Esta corja não deveria ter o direito de sequer ver a luz do sol. Deveriam passar o resto de suas vidas em uma cela, pagando pelos crimes do passado e não dando entrevistas saudosas de um dos períodos mais negros de nossa história. Não basta serem criminosos, ainda são saudosistas.
O governo lançou uma campanha que é, sem dúvida, muito bonita e emocionante, a "memórias reveladas", com direito a hotsite, propagandas na TV, páginas em revistas e etc... Mas fica uma dúvida, porque perguntar ao povo se sabem de algo e não abrir os arquivos da ditadura que podem esclarecer tudo de uma vez por todas?
De que Lula e seu governo tem medo?
Onde estão os militantes dos Direitos Humanos, das causas sociais e etc que não se manifestam e exigem uma resposta definitiva do governo? Que vemos avanços neste governo é claro, mas também retrocessos e absurdos como o de pedir à vítimas e possíveis testemunhas falem algo que poderia e pode ser facilmente descoberto caso os arquivos fossem tornados públicos, ao alcance de todos.
Quem sofreu, perdeu parentes, dignidade, foi torturado, perseguido, exilado merece saber a verdade, merece conhecer todo o passado, sem restrições, censura ou a resistência inacreditável e intolerável de um governo que tem dentre seus militantes indivíduos que sofreram diretamente as agruras da Ditadura Militar.
Porque não fazem NADA? Do que [de quem?] tem medo?