terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Campanha Verdade e Justiça: Rompendo o Silêncio!

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A entrevista à seguir serve para derrubar, destruir a farsa montada em torno da Lei da Anistia - criada pelos militares para salvar a sua própria pele e não por um governo democrático interessado na verdade - que, à luz da história, serviu apenas para encobrir crimes, e sustentar a farsa da democracia brasileira por mais de 30 anos.

A Lei da Anistia não ajudou às famílias dos mortos e desaparecidos a enterrar seus entes queridos - maridos, esposas, filhos, filhas, mães e pais -, e tão somente permitiu aos torturadores encontrar alívio, uma brecha para que fossem esquecidos e deixados impunes de seus crimes hediondos, crimes contra a humanidade.

O PNDH-3, ainda que não vá de encontro com a Lei da Anistia e não indique sua derrubada, dá passos importantes na consolidação da democracia ao buscar instaurar uma Comissão da Verdade que, se não punirá diretamente os criminosos militares, permitirá que muito da verdade escondida surja - como nomes, locais de tortura e sepultamento, métodos, objetivos e etc.

A entrevista abaixo, feita antes do lançamento do PNDH-3, é atual e importantíssima para compreendermos o resultado da Lei da Anistia em sua forma mais cruel, a de pessoas que não conseguem encontrar seus entes queridos, que não podem enterrar seus mortos, que não verão jamais os criminosos que separaram e destruíram suas famílias presos para o resto de suas vidas, como bem merecem.

Precisamos, hoje, e pegando carona no PNDH-3 - e pressionando para que ele seja ampliado e aplicado e não modificado ou mutilado, como querem os militares torturadores, a mídia golpista, a igreja que apoiou o golpe e que não aceita o Estado Laico - romper o silêncio imposto pela Lei da Anistia, pôr um fim à impunidade e pôr atrás das jaulas os responsáveis pelo período mais negro da história nacional recente.




Verdade e Justiça


Desde a Lei da Anistia, os familiares dos mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar lutam na justiça ou em qualquer instância possível para terem o direito de saber o que aconteceu com seus entes e receberem seus restos mortais para enterrar e seguir em frente. Ao conversar com as representantes da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, Suzana Lisbôa e Criméia Almeida, a impressão é de uma luta infinita, difícil e dolorosa e de escassos resultados. Coube aos familiares dos desaparecidos – com seu luto inacabado – contar, além da história dessas pessoas que morreram sob condições brutais lutando contra a ditadura, essa parte ainda desconhecida de nossa história. Até hoje, apenas quatro corpos foram encontrados dos 176 desaparecidos e os governos que sucederam os militares vêm ignorando sistematicamente todos os pedidos e determinações – Comitê de Direitos Humanos da ONU e OEA - para abrir os arquivos secretos da ditadura, e dar uma resposta concreta a essa famílias. 
Pedro Luiz Maia

Qual a principal luta da Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos?

Suzana Lisbôa - Nossa luta é para que o Estado brasileiro esclareça as circunstâncias das mortes dos desaparecidos políticos, onde e como morreram, entregue os restos mortais aos familiares e pela punição dos responsáveis pelas mortes e torturas durante a ditadura.

Por que, na opinião de vocês, o governo não abre os arquivos secretos da ditadura, se tem poder para isso? 

Suzana Lisbôa – O governo manteve o sigilo eterno (*) quando poderia ter aberto os documentos. Foi uma opção política. Os crimes de direitos humanos não prescrevem e não podem ser mantidos sob sigilo, mas o Estado nega. O direito a informação é um direito constitucional. Nós temos o direito de saber o que aconteceu com nossos parentes e temos o direito de enterrá-los.
Criméia Almeida – O governo não abre os arquivos porque não quer. Não vejo disposição nenhum do governo conosco e com essa causa. Existe uma preocupação em mostrar que alguma coisa está sendo feita. Mas não existe disposição em fazer de fato alguma coisa. Para se ter uma ideia: Em 2009 a União foi obrigada judicialmente a realizar buscas no Araguaia por uma ação judicial (iniciada em 2003) transitada e julgada em julho de 2007, movida pelos familiares dos mortos e desaparecidos (**). Então, o Ministério da Defesa, só em 2009, porque foi obrigado, criou o “Grupo de Trabalho Tocantins” para procurar os restos mortais dos guerrilheiros do Araguaia. Até 2007, a palavra oficial do governo era que a Guerrilha do Araguaia não havia existido, para poder também negar a chacina (conhecida como “Operação Limpeza”). Então, ao criar um grupo de trabalho para procurar as ossadas das vítimas assassinadas pelo Estado lá, dá outro nome. Entende como funciona? Na coordenação deste grupo de trabalho está um general de brigada, que declarou sua defesa do golpe militar de 64, dizendo que "o exército brasileiro atendendo a um clamor popular foi às ruas contribuindo substancialmente e de maneira positiva, impedindo que o Brasil se tornasse um país comunista."

Suzana Lisbôa – Os familiares só puderam acompanhar as buscas no Araguaia com um decreto presidencial. O ministro Jobim dizia que a nossa participação era ilegal porque éramos parte do processo. Ou seja, estavam sendo obrigados por nós a procurar os corpos e não queria que nós acompanhássemos. Inclusive, as primeiras buscas foram feitas por uma caravana essencialmente militar, sem sequer um representante da SEDH.

Como vocês veem essa divisão do governo Lula sobre o assunto, com o ministro Tarso Genro defendendo a punição dos torturadores? (a entrevista foi feita no final de 2009, antes da polêmica entre os ministros Nelson Jobim, da Defesa e Paulo Vannuchi, de Direitos Humanos em torno no PNDH-3)

Criméia Almeida – Para nós não faz diferença. Não vejo diferença e nem no que isso possa ajudar. Eles são todos ministros de um mesmo governo, que até agora não fez nada para avançar no esclarecimento das mortes e dos desaparecimentos. Acho que este governo como todos os outros é conivente com a ditadura ao não fazer nada de concreto. E o judiciário também é conivente.
Suzana Lisbôa – Eu acho importante que o ministro da Justiça defenda a punição dos torturadores e diga que crime de tortura não prescreve. Mas no final das contas, quando o Estado brasileiro não se posiciona contra oficialmente, não apura, não pune, se torna conivente. Ao final, o Estado é conivente com a tortura e os desaparecimentos durante a ditadura.

Mas saem notícias da Secretaria Especial de Direitos Humanos sobre os mortos e desaparecidos...

Suzana Lisbôa – O que a SEDH fez foi ampliar o critério de abrangência da Lei das indenizações e publicou o livro com o registro da memória dos desaparecidos. Apenas isso. A parte mais importante foi feita por nós, familiares, que foi a elaboração dos processos que permitiram os pedidos de indenizações e a liberação das tais certidões de óbito. O que é outro absurdo. Porque o Estado diz aos familiares para irem ao cartório mais próximo de sua residência com a cópia da lei e pedir o “atestado de morte presumida”. Só que essa morte vai entrar para o registro e estatística daquele local onde está situado o cartório, onde mora a família do desaparecido, e não onde ele morreu. A lei diz que o ônus da prova da morte é dos familiares, assim como a procura pelos corpos. E sem os arquivos, sem esses registros, nós não temos como provar nada. Tudo que conseguimos até hoje foi sendo construído, reconstituído, através dos poucos arquivos a que tivemos acesso ao longo desses anos.
Criméia Almeida – O meu marido, André Grabois, “oficialmente” teria morrido cinco antes do nascimento de seu filho. Ele foi morto, “desapareceu”, em 73 no Araguaia e no atestado de morte presumida constaria como morto em 68. O registro do óbito deve ser feito no local da morte, como em qualquer outro caso. Mas, para “facilitar” a vida dos familiares, liberou-se o registro do óbito no cartório mais próximo. Com isso, apaga-se a história. Já não bastava o Estado ter desaparecido com a pessoa, ainda lhe nega a sua história.

Como é ver os processos que julgam crimes das ditaduras em outros países latinos, como Uruguai, Argentina e Chile, em andamento?

Suzana Lisbôa – O Brasil é o país mais atrasado da América Latina na apuração e julgamento dos crimes ocorridos durante as ditaduras militares. O sentimento é de frustração. Nós fizemos uma tarefa que era do governo. Coube a nós, familiares, contar essa parte da história do país. O descaso do presidente da república é algo que me toca profundamente. Ainda me choca muito.
Criméia Almeida – Foi o Estado que sumiu com essas pessoas. Se depois disso, o Estado não tem poder para abrir os arquivos desses processos de desaparecimento, que venha a público dizer que não conseguiu e peça desculpas. Mas não faça de conta que está buscando informações quando não está. Se o Estado foi capaz de torturar e assassinar, que seja capaz de assumir o que fez.

Falando nisso, o governo fez uma campanha publicitária pedindo à população informações sobre os desaparecidos, para contar a história dessas pessoas, chamada “Memórias Reveladas”. Inclusive alguns familiares participam da campanha. 

Suzana Lisbôa – Nós ficamos surpresas com a campanha. Parece mesmo jogo de cena, para dizer que o governo está fazendo alguma coisa. Mas joga para a população uma responsabilidade que é sua. Quando a campanha terminar vão dizer: “olha, a população não colaborou com nenhuma informação significativa”. Ficamos surpresas mesmo foi com os familiares que aceitaram participar. A D. Elzita, mãe do Fernando Santa Cruz, contou que deu um depoimento imenso, onde fazia cobranças ao governo e reclamava da demora na liberação das informações e em procurar os corpos, e que eles editaram e deixaram só aquele trecho dela lendo uma poesia e falando que não esquecia o filho. Fiquei muito admirada do Marcelo Rubens Paiva ter aceitado aparecer numa campanha do governo sobre o assunto.
Criméia Almeida – É só para constar, para dizer que estão fazendo alguma coisa. Isso tudo deve ser por causa do prazo dado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para que o governo abra os arquivos. O prazo já se esgotou e como o governo não fez nada, a corte criminal da OEA aceitou a denúncia entregue no dia 26 de março de 2009, e o Brasil deverá ser julgado ainda em 2010.
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Suzana Lisbôa iniciou sua luta contra a ditadura no Julinho (Colégio Júlio de Castilhos – Porto Alegre/RS) e integrou a Ação Libertadora Nacional. Seu marido, Luiz Eurico Tejera Lisbôa, militante da ALN, PCB e VAL-Palmares, foi torturado e assassinado em 1972. A ossada de Luiz Eurico foi encontrada na vala clandestina do Cemitério Dom Bosco, distrito de Perus (***), São Paulo. Suzana presidiu a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos.

Criméia Almeida cresceu numa família de militantes comunistas em Minas Gerais. Ex-guerrilheira no Araguaia e ex-militante do PCdoB, foi casada com André Grabois, também militante do PCdoB, desaparecido no Araguaia em 1973. Criméia foi presa e torturada grávida. Seu filho João Carlos, nasceu na prisão e conhece o pai apenas pela foto 3x4 dos arquivos do DOPS. André Grabois permanece como desaparecido.

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(*) Um documento, arquivo sigiloso é "classificado" na origem. Os que receberam o carimbo de "ultra secreto" podem permanecer sem acesso público para sempre, conforme a norma legal. O "sigilo eterno" foi introduzido por decreto em 2002, pelo então presidente FHC – considerado inconstitucional. Lula, apesar dos apelos, o manteve em 2003.
(**) A sentença da Justiça Federal determinou a quebra do sigilo das informações militares sobre todas as operações de combate aos guerrilheiros no Araguaia e que a União informasse onde estão sepultados os mortos no episódio. Para realizar as buscas, a União teve um prazo de 120 dias, já esgotados.
(***) A vala clandestina de Perus foi localizada no dia 4 de Setembro de 1990, com 1049 ossadas encontradas em sacos plásticos, todos sem qualquer identificação. A investigação e identificação se deram por determinação da prefeita de São Paulo na época, Luísa Erundina.

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Neste momento, o Brasil está mergulhado na discussão sobre o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3– decreto assinado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva em dezembro passado, que prevê a criação (através de um projeto de lei ainda a ser encaminhado ao Congresso Nacional) da Comissão da Verdade, destinada a investigar os crimes cometidos pelo Estado durante a repressão aos opositores da ditadura militar.



O PNDH-3 é o resultado de um longo e democrático processo de discussão – que incluiu a realização de diversas conferências ouvindo toda a sociedade e entidades representativas do setor – e negociação com todos os setores do governo. Os militares, liderados pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, descontentes com o acordo firmado por eles mesmos, criaram e vazaram uma crise governamental para tentar impedir a abertura dos arquivos secretos da ditadura, e uma possível punição aos torturadores – possibilidade que ainda dependerá de uma decisão do STF sobre o tema, caso os crimes de tortura venham a ser inventariados.
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Luiz Eurico Tejera Lisbôa, marido de Suzana Lisbôa, morto pelas Forças Armadas Brasileiras, depois de tortura, em 1972


André Grabois, marido de Criméia Almeida, "desaparecido" desde 1973 , sem dúvida, morto pelas Forças Armadas Brasileiras.

São apenas dos exemplos das dezenas de vítimas "desaparecidas", torturadas e mortas pelo Regime Militar, cujos executores e mandantes, ainda hoje, se recusam a admitir culpa e se escondem atrás de uma lei criada especificamente com o propósito de nos fazer esquecer e aceitar como inevitável e legal a tortura e o assassinato em um regime ditatorial.
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Comentários
11 Comentários

11 comentários:

Unknown disse...

Se todos, na atual democracia, são iguais à lei, p q a chamada comissão da verdade vai olhar só pras cagadas de um lado do conflito?

teve muita gente q participou do movimento armado contra o governo militar que é responsável por mortes de civis não envolvidos no conflito e militares já rendidos q tb não se beneficiaram da lei de anistia?

Por q um governo de uma república não quer olhar tudo e só ver o q o outro lado fez de errado durante os anos 60/70?

Alguma razão republicana para tá seletividade?

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Por um simples motivo, meu amigo, porque os "do lado da esquerda" foram mortos, torturados, perseguidos e calados por mais de 20 anos.

Porque os que lutaram contra uma DITADURA exerciam um direito reconhecido universalmente - e por convenções da ONU - que é o de lutar contra a opressão e uma ditadura. É legítimo.

Porque, também, por anos a fio o povo brasileiro foi proibido de se expressar. E quando o fazia era morto e torturado.

E mesmo depois disso tudo os arquivos militares continuam fechados. Nenhum militar foi preso, condenado pelos crimes hediondos que cometeram.

E você vem me falar em condenar quem lutava contra a opressão? Para quem lutava contra a tortura, contra a ditadura?

Unknown disse...

Por um simples motivo, meu amigo, porque os "do lado da esquerda" foram mortos, torturados, perseguidos e calados por mais de 20 anos.

Os da esquerda não mataram nenhum inocente?

Eu falei q os milicos tem de serem santificados?

--NÃo!!

Mas só pq uns não foram santos, não quer dizer q o outro lado era..

Não falei em condenar quem lutava contra a opressão, falei em uma comissão da verdade pra ambos os lados. Só isso.

Assim, vai ficar parecendo q vc acha q comissão da verdade seria igual à uma condenação... condenação sem as garantias do art. 5o tb...

Por favor, gostava saber em qual fonte o sr. se abeberou para afirmar ou sugerir q os movimentos armados dos 60/70 tb não queriam um regime autoritário?

Todos, sem exceção, eram movimentos que ser inspiraram em Cuba e nos manuais socialistas.

O Zé Dirceu sempre dá os seus bordejos por Cuba desde aquele tempo por que odeia opressão, por exemplo, ao direito humano de liberdade de expressão q rola por lá? Seria isso?

Já q vc citou as cartas de direitos humanos da onu, qual movimento armado revolucionário de esquerda da américa latina subscreveu o pacto dos direitos civis e políticos da onu?

quem, dentre os q lutavam com armas contra a ditadura, eram respeitadores, apoiadores e defensores dos direitos humanos em sua inteireza?

Nos anos 70, tinha autoritários de esquerda e de direita envolvidos na luta armada e suja.

É claro que eu não sou besta de falar q as guerrilhas mataram mais que a ditadura brasileira.

Mas será q não seria interessante comparar o número de mortos no Chile com os em Cuba?

Ou Cuba não ajudava os guerrilheiros daqui? Ou os guerrilheiros daqui não curtiam o regime da Ilha e seus congêneres?

De quê adianta os direitos sociais sem os políticos? De quê adianta os sociais e os individuais sem um direito humano a um meio-ambiente saudável?

Nenhum militar foi preso, condenado pelos crimes hediondos que cometeram.

E o Alberto Mendes Junior? Ele era PM e morreu em julgamento feito pelo Lamarca e os seus colegas. Vc não o contou na sua estatística p q?

Ah!!! O Alberto Mendes Junior foi preso, julgado, condenado e executado sumariamente sem direito à defesa e não cometeu nenhum crime hediondo.

É por isso, q vc não o conta em sua estatística?

Como é q quem lutava contra a opressão me faz uma prisão-acusação-julgamento-condenação-execução de um modo tão contrário aos direitos humanos?

Depois desse fato histórico, gostava saber como colocar uma luta em um bonzinhos e malvados, qdo havia dois grupos autoritários disputando o poder.

Há diversos outros fatos históricos que demonstram q o pessoal da luta armada contra a ditadura não era chegado nos direitos humanos ligados à liberdade de expressão, ao ir e vir, à liberdade de imprensa...

Raphael Tsavkko Garcia disse...

O Rodrigo Vianna, do Escrivinhador, te dá a resposta:

"É como se, ao fim do nazismo, alguém propusesse: “ok, vamos investigar os carrascos, mas é preciso levar ao banco dos réus também os judeus que resistiram ao legítimo regime nazista”."

E, ele completa:
"Os militantes de esquerda já foram punidos: alguns julgados, muitos presos e torturados, vários executados, encarcerados.
Falar em “investigar os dois lados” é torturar de novo os que sobreviveram, é torturar a memória dos que se foram.
Isso é cafajestagem. Não há outro nome.
É preciso investigar os que seguem impunes. Assassinos e torturadores"

Precisa de mais? Podes ter certeza, se algum civil foi morto em ação legítima da Esquerda armada, ou o autor foi preso, torturado ou morto. Ou teve um parente ou amigo na mesma situação.

Punir as vítimas que, de forma legítima, lutavam contra uma ditadura é ridículo.

TODAS as ações da Esquerda foram esclarecidas pelos que sobreviveram, nada foi escondido - e porque seria? Vão investigar o que se os torturados, mortos e militantes falam tudo que fizeram, sem restrição?

Investigar o torturado é ser conivente com a ditadura.
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Por favor, gostava saber em qual fonte o sr. se abeberou para afirmar ou sugerir q os movimentos armados dos 60/70 tb não queriam um regime autoritário?

E qual sua fonte para dizer o contrário?

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E desde quando gostar do modelo Cubano e etc é razão para ser morto, torturado e, agora, perseguido? Não gosto do Dirceu tanto quanto qualquer pessoa decente, mas acusá-lo de algo por gostar do regime cubano é atacar pelas razões erradas. Não faz sentido.
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Já q vc citou as cartas de direitos humanos da onu, qual movimento armado revolucionário de esquerda da américa latina subscreveu o pacto dos direitos civis e políticos da onu?

Você precisa assinar, ratificar um doc da ONU para estar coberto por ele? Vc ñ entende mt de direito intl, não?


No mais, perdão, mas não tenho interesse em perder meu tempo discutindo com saudosistas da ditadura. Os milicos que morreram tiveram o que mereceram e, hoje, deveriam todos mofar na cadeia pelos crimes da ditadura. É por isso que rezo toda noite, ou rezaria, se não fosse ateu.

Não existe "disputa pelo poder" quando um Estado ditatorial que torturava e matava e impedia a liberdade de expressão caçava militantes que tentavam derrubar este Estado.

Unknown disse...

Donde botei que sou saudoso da ditadura?

Não existe "disputa pelo poder" quando um Estado ditatorial que torturava e matava e impedia a liberdade de expressão caçava militantes que tentavam derrubar este Estado.

Blz... use o termo q vc quiser.

O meu ponto é q os caçados militantes que tentavam derrubar este Estado tb não queriam democracia, liberdade, direitos humanos... queriam e lutavam por ditadura de esquerda.

Ou Cuba e Moscow iriam opoiá-los para fazerem aqui algo diferente ou fora do controle deles?

Cuba iria apoiar um estado socialista-democrático que iria fazer sombra pras ações autoritárias deles?

Do mesmo jeito que não legitimo o regime militar em função do uso da força, da violação dos direitos humanos; tb não legitimo ações contrárias que tb usam da força, violaram os direitos humanos e, o por fim, propunham sociedades tal como Cuba.

Respeito q não queira mais conversar, debater.

Mas como, ao mesmo tempo, colocou algumas interrogações...

Apresento-lhe minha fonte, retirado da retrógada, Wikipédia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/PCBR Partido Comunista Brasileiro Revolucionário , http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%A3o_Libertadora_Nacional Ação Libertadora Nacional , http://pt.wikipedia.org/wiki/Comando_de_Liberta%C3%A7%C3%A3o_Nacional Comando de Libertação Nacional (COLINA) , http://pt.wikipedia.org/wiki/MNR Movimento Nacionalista Revolucionário , http://pt.wikipedia.org/wiki/Molipo Movimento de Libertação Popular , http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Revolucion%C3%A1rio_8_de_Outubro MR-8 http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Oper%C3%A1rio_Comunista Partico Operário Comunista , http://pt.wikipedia.org/wiki/VAR-Palmares Vanguarda Armada Revolucionária Palmares e http://pt.wikipedia.org/wiki/Vanguarda_Popular_Revolucion%C3%A1ria Vanguarda Popular Revolucionária .

Mas num monte de livros de história brasileira do segundo grau têm clara a orientação político-ideológica dos movimentos armados de esquerda brasileiros. Fonte suficente?

Queria ver a sua fonte que lhe permite dar unir respeito aos direitos humanos à ações dos grupos armados de esquerda anti-ditadura!?

Não disse q a VAR-Palmares precisaria ratificar. Eles, simplesmente, não tinham em seu programa político, por exemplo, o respeito à oposições políticas no sistema que pretendiam implantar aqui. Tal como em Cuba, criticar o poder é reprimido. Mesmo coisa pra liberdade de imprensa.

VAR-Palmares queria algo diverso de Cuba?

Não me expressei bem. O VAR-Palmares não precisaria depositar sua ratificação na ONU.

Mas se vc me mostrar um documento, texto, fato histórico em que há alguma indicação que o pessoal da luta armada queria implantar uma democracia-socialista com liberdade de expressão, liberdade de imprensa e, principalmente, liberdade de oposição, mudo de opinião na hora e farei mea-culpa da opinião errada que teria exposto aqui.

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Não precisa dizer, seus comentários denunciam a preferência pelos milicos e torturadores.
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O meu ponto é q os caçados militantes que tentavam derrubar este Estado tb não queriam democracia, liberdade, direitos humanos... queriam e lutavam por ditadura de esquerda.

E dizes isso baseado em... Nada? Wikipedia nunca foi referência. Se vc quiser ler meu blog verá o quanto considero a wikipedia - especialmente a nacional - referência...

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No mais, o objetivo dos militantes era DERRUBAR o governo DITATORIAL. Além disso ñ está em discussão.

E, não, muitos defendiam a democracia.
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Aliás, ser Socialista ñ é necessariamente defender ditadura e etc - o que, aliás, é uma deturpação da ideologia marxista, interpretação errônea dos que não compreendem a forma que o termo "ditadura do proletariado" é empregada, como uma oposição à democracia burguesa, ou seja, uma ditadura da burguesia.

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No mais e por fim, combater uma ditadura é legítimo, direito e dever. É isto que importa.

Eduardo Liron disse...

Lido com atrazo, mas com apoio...

Isso porque nem entramos nas outras questões do PNDH como descriminalização do aborto...

e viva o conservadorismo brasileiro

Unknown disse...

Aliás, ser Socialista ñ é necessariamente defender ditadura e etc - o que, aliás, é uma deturpação da ideologia marxista, interpretação errônea dos que não compreendem a forma que o termo "ditadura do proletariado" é empregada, como uma oposição à democracia burguesa, ou seja, uma ditadura da burguesia.

Tá.. nem eu disse isso.

Eu só disse q o povo da luta armada queria ditadura de esquerda no Brasil. Nada além e nada aquém.

Pra mim, seria trocar seis por meia-dúzia no mínimo.

Fica a sugestão pra q vc faça o impossível: aponte pros seus leitores um documento, um texto que indique q qualquer dos grupos da luta armada defendiam a liberdade de expressão ou de oposição nos regimes políticos que pretendiam implantar!

Não precisa dizer, seus comentários denunciam a preferência pelos milicos e torturadores.

Não é que eu não precise falar. Caro Tsavkko, pra sua argumentação funcionar: eu tenho que preferir os milicos!

Caso eu não defenda a ditadura da direita, como vc poderá defender os que queriam e lutaram por uma ditadura de esquerda e ainda os colocarem e se colocar como um pró democracia? Pró liberdade de expressão?

E, não, muitos(militantes dos grupos armados) defendiam a democracia.

Quem? Qdo? Nunca ouvi falar de movimentos revolucionários apoiados por Cuba ou Rússia que defendessem democracias onde oposição não fosse crime.

E o Gaspari? Os livros deles sobre a ditadura servem? Lá tem informações interessantes q destoam dessa sua visão de lutar armada de esquerda democrática por ai nos 70.

Já q a wiki, q não prestaria, é algo feito em modelo similar à democracia direta implantada na feitura do PNDH.

Pro Doo ai em cima, sou a favor do aborto.

Mas é precária essa forma de pensam e agir politicamente que desqualifica de prima quem pensa ou pode pensar diferente.

É engraçado essa necessidade do outro lado ter de ser malvado/reacionário/opressor...

Doo, q a força esteja com vc!!!

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Bem, e você está errado. A esquerda militante queria derrubar a ditadura. O que seria implantado é controverso. Se na sua interpretação seria uma ditadura eu te digo que "ditadura do proletariado" não é ditadura, apenas um nome usado para chocar mas muito mal interpretado!


E, bem, quem está acusando a esquerda de defender a ditadura é você, não cabe à mim provar nada e sim à você provar o que diz.

Quanto à Wiki, o caso do @Dpadua e outros que citei aqui no blog demonstram que ela não é tão democrática quanto vocÊ pensa.

Unknown disse...

"ditadura do proletariado" não é ditadura..

O MR-8, COLIMA ou VAR-Palmares tinham programas políticos que aceitavam liberdade de expressão ou liberdade de oposição?

Na quinta, passo numa biblioteca ou numa livraria recolho uns trechos de historiadores de esquerda, pra vc não contestar isso tb...

A esquerda militante queria derrubar a ditadura. concordo agora e nunca discordei!

O que seria implanado é controverso. Só pra vc...

A Rússia Soviética apoio algum país que respeitasse liberdade de expressão ou liberdade de oposição?

P q os soviéticos ou os cubanos iriam apoiar quem quisesse implantar políticas divergentes das deles?

Ou eu tb estaria enganado a respeito da liberdade de oposição e expressão em Havana e na Moscow socialista?

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Tem duas coisas que eu realmente não consegui entender, Joaquim:

Primeiro, qual é a sua intenção de denegrir a imagem dos que lutaram - muitos morreram ou foram torturados - contra a Ditadura Militar.

Segundo é onde você quer chegar com tudo isso.

A questão válida, relevante, é que a Esquerda na época lutava contra a ditadura, seu objetivo primário e mais importante era a derrubada do regime ditatorial, era recuperar o direito de se expressas, recuperar a liberdade.

O que viria depois cada grupo tinha sua concepção e, mesmo que algum defendesse a tal Ditadura do Proletariado, repito que você não compreendeu o que significa isto dentro do ideário de Esquerda.

No mais, não sei se você sabe que nos anos 60 era pouco conhecida a realidade Soviética, muitas verdades só vieram À tona depois e, mesmo assim, não vejo a relevância do exemplo para o caso.

No mais, sugiro que você vá conversar com os torturados que escaparam vivos e com outras vítimas e tente compreender o que foram aqueles anos antes de vir denegrir suas imagens e memórias.

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