terça-feira, 16 de março de 2010

A energia elétrica privatizada: Até quando ficaremos às escuras?

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Nos últimos dias tem ventado e chovido com certa frequência na cidade de São Paulo. Nada que não seja comum ou não venha se repetindo já ha alguns meses. A diferença, porém, fica a cargo da energia, dos semáforos e da realidade das privatizações do setor.

Conversando pelo twitter descobri que o apagão que o Centro sofreu ha uns dois dias com a falta de luz em todo o bairro por cerca de 45 minutos, não foi exclusividade. Hoje, a região da Faria Lima estava às escuras durante boa parte da manhã, diversas árvores sendo seguras por fios...

A PUC, em Perdizes, estava às escuras ontem (15/03) pela manhã e na Zona Sul, diversos semáforos desligados e várias ruas há semanas sem luz.

Em Perdizes, no entorno da PUC, algumas pessoas chegaram a ficar mais de 15 horas sem luz, sem, porém, nenhuma explicação ser dada pela Eletropaulo,a empresa privatizada de energia da cidade e região.

Podem parecer fatos isolados, mas sem dúvida não o são. Não só vem acontecendo por toda a cidade quedas de luz constantes na mesma semana - e, me perdoem, mas a desculpa do mini-tornado não procede, no Chile só um terremoto fez a luz cair, e vamos cair na desculpa de um MINI-alguma coisa? - como o temporal dos últimos dias piorou ainda mais a situação.

Temporal, aliás, que não é desculpa para as horas e horas sem manutenção e sem que nenhuma equipe da Eletropaulo apareça. Árvores caem num dia e só no fim do outro vê-se alguma ação. Ficar quase um dia sem luz é simplesmente um absurdo! Mais absurdo ainda se considerarmos os lucros recordes - e ilegais - das empresas de energia nos últimos anos.

Não surpreende que a Eletropaulo esteja em terceiro lugar na lista de empresas que mais recebem reclamações do PROCON.

Situação pior ainda é a do Rio em que a Light, mais uma privaztizada, brinda os cariocas com apagões quase diários. Em alguns casos, bairros inteiros passam 3, 4 dias sem luz e sem qualquer explicação.

São órgãos públicos prejudicados pela falta de luz, bueiros que explodem, população às escuras...

O que tudo isto quer dizer? Que alguém está sabotando? Que há uma conspiração mundial em curso? Nada disto.

Tudo o que vemos é o resultado das privatizações dos serviços de energia, de um serviço essencial e estratégico que, hoje, encontra-se nas mãos de empresas estrangeiras sem o mínimo comprometimento com qualidade ou com a população brasileira. É a forma pela qual os políticos lavam as mãos, ganham uma grana por fora e dizem que a culpa não é deles. É a venda do patrimônio brasileiro à preço de banana e, em troca, a mediocridade.

Não são fatos isolados, coincidências. No Rio a situação é ainda mais clara, é descarada a falta de qualidade, investimento e infra-estrutura. As empresas compraram um serviço e não investiram um tostão ao longo dos anos. Que os tupiniquins sintam-se felizes com o que tem.

Em São Paulo a situação se deteriora. Lembro-me de quando morava no Butantã em que toda semana faltava luz. E era impossível falar com a Eletropaulo. Ou só dava ocupado ou a linha ficava muda e, nos raros momentos em que conseguíamos falar com algum funcionário, a desculpa era sempre a mesma: "Uma falha desconhecida que será logo resolvida. Mas não temos previsão."

É o típico "Não sei e não reclame. Sinta-se feliz de existirmos"

Desculpas com o padrão Kassab de qualidade - "Está tudo bem" - ou com o Padrão Serra de Qualidade - "Choveu demais" - não colam mais.

É óbvio que uma tempestade ou um mini-tornado (cof, cof) causam transtorno, mas a situação geral não pode ser justificada. Quedas de luz sem explicação, demora absurda para que tudo volte ao normal, preços abusivos, qualidade duvidosa, dificuldade em ser atendido pelas empresas... Fatos isolados, são fatos isolados e não é disto que falo aqui.

Até quando?

*Aliás, alguns bairros de são Paulo AINDA estão sem luz...Há dias.

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