segunda-feira, 8 de março de 2010

EUA, Turquia e o Genocídio Armênio

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O possível reconhecimento por parte dos EUA do massacre de 1.5 milhão de Armênios no seio do Império Otomano no início do século XX - episódio tomado por Hitler como modelo, inclusive, para fazer pouco caso de sua matança particular - suscite dois pontos, dois questionamentos.

Em primeiro lugar, a indagação mais óbvia: "E daí?"

Sim, é um questionamento válido. Sabemos que os EUA são a maior potência atual - por mais que se fale em multipolaridade e etc e em diminuição do poder imperial estadunidense -, mas o fato dos EUA reconhecerem ou não o genocídio como tal muda em que o fato em si?

Podemos compreender, do ponto de vista das vítimas, que é maravilhoso ter sua história e seu sofrimento reconhecidos depois de décadas por uma grande potência. Do lado do algoz, a Turquia - herdeira Otomana - podemos compreender o reconhecimento como uma facada por parte de um aliado.

Mas, mesmo sabendo de tudo isto, ainda falho em compreender o porque de tamanho teatro, o alcance exato que um reconhecimento deste tipo teria.

Claro, alguns vão bater no velho chavão de que os EUA são a grande potência, são formadores de opinião - por mais que, no geral, hoje, eu não concorde totalmente - e tem um grande peso mundial,, mas, no geral, o reconhecimento ou não não altera nada. É um país a mais.

Compreendo o medo da Turquia (ainda que me pareça improvável) que o possível reconhecimento por parte dos EUA abra as portas - em linguagem comum, facilite que demais países coloquem as asinhas de fora - para que outros países façam o mesmo. Fora isto, o resto é pavor deslocado e, retomando o que eu havia dito em posts anteriores, é uma maquiagem da realidade.

As palavras do ministro de relações exteriores da Armênia parecem inspiradas:
É uma nova prova do apego do povo americano pelos valores humanos universais e um passo importante para a prevenção de crimes contra a humanidade.
Mas são mais teoria que prática. Crimes contra a humanidade foram e são cometidas pelos EUA independentemente de reconhecerem ou não um genocídio ou outro. Questiono, enfim, o alcance a relevância mundial - e não específica, esta indiscutível - de tal reconhecimento.

Irão os EUA e aliados parar de torturar? De invadir países sem permissão da ONU - ou mesmo com permissão? Irão todos parar de matar a África de fome e metade do mundo graças ao modelo econômico adotado? E tantos outros questionamentos válidos.

O segundo questionamento é, talvez, mais delicado. Questiono a Turquia, enquanto herdeira do Império  Otomano, pela desfaçatez e até mesmo cara-de-pau de maquiar a realidade a seu favor mesmo com o mundo inteiro sabendo da verdade.

Mas, não sejamos simplistas. Os Estados tem a suprema necessidade de se mostrarem idôneos, honestos, coerentes. Seja para o público interno, seja para o externo. Sempre terá alguém para acreditar nas mentiras contadas pelos Estados. Oras, os Chineses não são nacionalistas e acreditam em seu Comunismo (sic)? Os estadunidenses não acreditam piamente que são uma - a maior - democracia justa e maravilhosa e que realmente exportam este modelo para o mundo?

Sejam quais forem os argumentos Turcos - válidos ou não, ou em parte - nada muda o fato de que o que aconteceu com os Armêmios - e também com Assírios e Gregos Pônticos - foi e sempre será um Genocídio.

A questão do reconhecimento, por outro lado, passa por outra dinâmica. Não passa necessariamente pela verdade, pelos fatos, mas pela construção de uma verdade, de uma historia, de mitos por parte do Estado interessado.

Existe uma verdade aceita em geral por acadêmicos e pela maior parte da população mundial, o Estado turco quer construir outra. E espera que aliados e amigos sejam coniventes com esta verdade construída a toque de caixa.

Toda verdade é socialmente construída, o Genocídio Armênio é uma verdade construída com sangue.
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Levando a resolução aprovada para o debate, o fato é que dificilmente esta virará lei. Precisa ser votado na Câmara dos Representantes, no Senado e então ser aprovado por Obama, que é contra - e nisto nos lembra as posições retrógradas de Bush - e a pressão turca junto ao governo deve realizar seu trabalho de forma satisfatória - para os turcos.

Válido é que o debate é sempre mantido acesso. Não importa a terminologia usada, o debate sempre é trazido de volta para a mesa e os argumentos são dispostos e, enfim, a posição do Estado turco, intransigente, é sempre visto e reconhecido.



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SOS DIREITOS HUMANOS disse...

DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ – UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA...



"As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão
têm direito inalienável à Verdade, Memória,
História e Justiça!" Otoniel Ajala Dourado



O MASSACRE APAGADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA


No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do “Araguaia”, foi o MASSACRE praticado pelo Exército e Polícia Militar do Ceará em 10.05.1937, contra a comunidade de camponeses católicos do SÍTIO DA SANTA CRUZ DO DESERTO ou SÍTIO CALDEIRÃO, cujo líder religioso era o beato "JOSÉ LOURENÇO GOMES DA SILVA", paraibano de Pilões de Dentro, seguidor do padre CÍCERO ROMÃO BATISTA, encarados como “socialistas periculosos”.



O CRIME DE LESA HUMANIDADE


O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como metralhadoras, fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram na “MATA CAVALOS”, SERRA DO CRUZEIRO, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como juízes e algozes. Meses após, JOSÉ GERALDO DA CRUZ, ex-prefeito de Juazeiro do Norte/CE, encontrou num local da Chapada do Araripe, 16 crânios de crianças.


A AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELA SOS DIREITOS HUMANOS


Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará é de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO é considerado IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira e Acordos e Convenções internacionais, por isto a SOS DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - CE, ajuizou em 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo: a) que seja informada a localização da COVA COLETIVA, b) a exumação dos restos mortais, sua identificação através de DNA e enterro digno para as vítimas, c) liberação dos documentos sobre a chacina e sua inclusão na história oficial brasileira, d) indenização aos descendentes das vítimas e sobreviventes no valor de R$500 mil reais, e) outros pedidos



A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO


A Ação Civil Pública foi distribuída para o Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, para a 16ª Vara Federal em Juazeiro do Norte/CE, e lá em 16.09.2009, extinta sem julgamento do mérito, a pedido do MPF.



AS RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5


A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife/PE, argumentando que: a) não há prescrição porque o massacre do SÍTIO CALDEIRÃO é um crime de LESA HUMANIDADE, b) os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do CZAR ROMANOV, que foi morta no ano de 1918 e a ossada encontrada nos anos de 1991 e 2007;



A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA


A SOS DIREITOS HUMANOS, igualmente aos familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos – OEA, pelo DESAPARECIMENTO FORÇADO de 1000 pessoas do SÍTIO CALDEIRÃO.


QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLETIVA


A “URCA” e a “UFC” com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem localizar a cova coletiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes do "GEOPARK ARARIPE" mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?



A COMISSÃO DA VERDADE


A SOS DIREITOS HUMANOS busca apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, e que o internauta divulgue a notícia em seu blog/site, bem como a envie para seus representantes no Legislativo, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal a localização da COVA COLETIVA das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO.


Paz e Solidariedade,



Dr. Otoniel Ajala Dourado
OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
Membro da CDAA da OAB/CE
www.sosdireitoshumanos.org.br
sosdireitoshumanos@ig.com.br

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