Há algum tempo que tenho o costume de comprar muita coisa fora do país, pela internet. Roupas, livros, LP's e alguns itens de tecnologia. Praticamente nenhum desses produtos encontra similares nacionais, mas dentre os que encontram - roupas - é grotesca a diferença de preço entre o produto nacional e o feito lá fora (mesmo com a taxa de envio e em dólares).
Vejamos um exemplo:
Uma camisa na loja online Chico Rei (especializada em camisas com frases engraçadas, imagens pop e etc) não sai por menos de 49 reais. Sem contar com a taxa de envio. Já uma camisa na loja americana Threadless sai por aproximadamente 10 dólares (20 reais, em promoção, ou 20 dólares normalmente, 40 reais) com mais 9 reais de taxa de correios (18 reais), totalizando 38 reais.
Algumas outras lojas brasileiras chegam a cobrar quase 70 reais por uma camisa do mesmo estilo e estou falando apenas de lojas ONLINE, onde, em tese, os produtos deveriam ser mais baratos, pois não há qualquer custo com a manutenção de uma loja física. Este princípio vale para livros, onde por vezes estes são mais baratos nas lojas virtuais de Saraiva, Cultura e cia que em suas lojas físicas.
E, no fim das contas, nem se trata apenas do preço, mas também do meu direito de escolher o que e onde quero comprar.
Não importa a justificativa. Se são impostos (que o governo de fato cobra de forma abusiva), burocracia ou simplesmente margens de lucro grandes demais. O fato é que, calculando usto-benefício, prefiro esperar um pouco mais para receber o produto vindo dos EUA (ou de qualquer parte do mundo) do que gastar quase o dobro (ou mais que o dobro em alguns casos) por um produto igual ou similar feito no Brasil.
Box de séries e filmes clássicos lançados nos EUA, em geral, são infinitamente superiores aos lançados no Brasil, onde há total desleixo e despreocupação com qualidade, mas eu não posso comprá-los pois terei de pagar o triplo no Brasil? De quem foi essa ideia? HD's não são fabricados no Brasil, mas ainda assim eu tenho que pagar praticamente 100% de seu valor em impostos caos compre lá fora? O curioso é que, por experiência própria, há alguns anos comprei um HD externo na Inglaterra e mesmo com quase 100% de impostos saiu MAIS BARATO que similar comprado no Brasil (mas não fabricado no Brasil).
Artigo completo no Amálgama.
Blog de comentários sobre política, relações internacionais, direitos humanos, nacionalismo basco e divagações em geral... Nome descaradamente baseado no The Angry Arab
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terça-feira, 5 de junho de 2012
Não é apenas o Preço Justo....
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
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Não é apenas o Preço Justo....
2012-06-05T10:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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terça-feira, 13 de março de 2012
O que há de errado com #Kony2012 ou a ingênua "boa vontade" estadunidense
Acredito que muitos (todos?) conheçam o vídeo da ONG "Invisible Children" #Kony2012:
O vídeo é muito bem feito - apesar de ter sido criticado por ser muito caro -, e a propsota de mobilização idem. Poucas vezes vi uma campanha basicamente online - mas com desdobramentos offline, claro, e com iniciativas offline - ser tão bem feita, ter atingido tão perfeitamente um alvo e causar tamanha repercussão.
Além das redes sociais, após imenso sucesso, o vídeo, a campanha e a ONG foram citadas e saudadas na mídia convencional, garantindo aind mais visibilidade.
Mas, enfim, porque critico e chamo-os de ingênuos.
Bem, a ONG basicamente nasce da iniciativa de um rapaz que, abismado e revoltado com a violência em Uganda perpetrada por Joseph Kony e pelo LRA (Exército de Resistência do Senhor), um grupo cristão fanático e assassino, resolve fazer alguma coisa para acabar com o grupo, através da prisão de seu líder.
Já acredito caber uma crítica inicial, a de que talvez seja ingênuo acreditar que um grupo com milhares de adeptos simplesmente se desmobilizaria pela prisão/morte (ainda que a ONG pregue a prisão e não a morte, mas sabemos que a segunda opção é até maisprovável) de seu líder. O grupo poderia se enfraquecer, é verdade, mas também poderia se dividir em pequenos e ainda mais fanatizados grupos, pulverizados e de maior mobilidade.
Mas este nem é o principal problema.
A grande questão está na forma escolhida para mobilizar, além da via online e através de ativistas, e no que pregam como solução para prender/matar Kony.
Primeiro, vamos à questão da mobilização.
A ong escolheu um numero de "celebridades" e políticos, mas sem se preocupar absolutamente com posições ideológicas, chegando a aceitar o apoio de Rush Limbaugh, um conhecido fanático racista de extremíssima direita.
Acho lindo que alguns queiram colocar as diferenças ideológicas acima de uma causa, mas para tudo há limite. E Limbaugh não é o único exemplo utilizável, talvez apenas o mais fácil.
A idéia de colocar a causa acima de ideologias pode esbarrar em obviedades, como a de um fanático participando de uma campanha contra outro fanático.
Segundo ponto, e talvez o mais problemático, é o de "como" a ong propõe uma solução: Através do envio de tropas dos EUA - mesmo que "apenas" como consultoras à Uganda.
Vejam bem, quem, de forma sensata, iria querer mandar marginais uniformizados, capazes de cometer os piores atos de genocídio, para resolver um problema em Uganda?
Não acredito que o exército local seja capaz - ou mesmo queira - resolver o problema, mas acredito que seja muito mais interessante - além de viável e politicamente mais simples - o envio de tropas da União Africana ou mesmo tropas de paz da ONU com mandato para agir (e não para servirem de palhaços como no Genocídio de Ruanda, país vizinho).
Me parece algo da típica ingenuidade de muitos estadunidenses, que acreditam piamente que seu exército e seu país são verdadeiros bastiões da liberdade e que servem como pacificadores no mundo. Nada poderia ser mais mentiroso.
Disfarçada de boas intenções (e acredito que seja isso mesmo), a campanha da ONG se propõe a ampliar a presença dos EUA na região, encruzilhada importante na África, em um país vizinho de países problemáticos e que interessam aos EUA, como o Sudão do Sul e o rico Congo, e a um pulo do Chifre da África.
Geopoliticamente - e economicamente - uma região de grande importância e interesse.
E que melhor chance para os EUA entrarem lá e andarem livremente do que à convite, motivados por uma campanha internacional pela paz na região?
É o momento em que a ingenuidade ativista se junta com a vontade política de um Estado criminoso e poderoso com permissão - carta branca - para treinar, "acessorar" e manipular um exército livremente, no caso, o de Uganda. Todos sabemos o que significa a intervenção dos EUA em países estrangeiros, não é preciso ir muito longe.
Abrir um precedente desses, de uma espécie de intervenção dos EUA como forma de dar vazão aos anseios de ativistas bem intencionados é extremamente perigoso. NAda impede que, futuramente, o próprio governo dos EUA possa se valer de alguma ONG de fachada com alguma campanha bem bolada para influenciar a opinião pública a apoiar invasões e terrorismo de Estado... Se bem que...
A campanha, mesmo bem intencionada - e estou dando um crédito a eles -, caiu como uma luva no colo dos interesses estadunidenses.
O objetivo da ONG não era homenagear Kony, líder do grupo rebelde Lord’s Resistance Army, de Uganda, tristemente conhecido por sequestrar garotos de suas famílias e, pelo medo, transformá-los em guerrilheiros, matando e mutilando suas famílias e seus vizinhos. O anonimato facilitava a fuga de Kony pela África, por isso a Invisible Children se propôs a torná-lo uma celebridade divulgando seu rosto e fazendo com que cada pessoa no mundo possa identificá-lo e prende-lo ainda em 2012.O vídeo bateu todos os recordes no Youtube, foi o mais visto da história e, à medida que se aproxima a data marcada para o evento mundial programado pela ONG, o sucesso da iniciativa ficou absolutamente claro.
O vídeo é muito bem feito - apesar de ter sido criticado por ser muito caro -, e a propsota de mobilização idem. Poucas vezes vi uma campanha basicamente online - mas com desdobramentos offline, claro, e com iniciativas offline - ser tão bem feita, ter atingido tão perfeitamente um alvo e causar tamanha repercussão.
Além das redes sociais, após imenso sucesso, o vídeo, a campanha e a ONG foram citadas e saudadas na mídia convencional, garantindo aind mais visibilidade.
Mas, enfim, porque critico e chamo-os de ingênuos.
Bem, a ONG basicamente nasce da iniciativa de um rapaz que, abismado e revoltado com a violência em Uganda perpetrada por Joseph Kony e pelo LRA (Exército de Resistência do Senhor), um grupo cristão fanático e assassino, resolve fazer alguma coisa para acabar com o grupo, através da prisão de seu líder.
Já acredito caber uma crítica inicial, a de que talvez seja ingênuo acreditar que um grupo com milhares de adeptos simplesmente se desmobilizaria pela prisão/morte (ainda que a ONG pregue a prisão e não a morte, mas sabemos que a segunda opção é até maisprovável) de seu líder. O grupo poderia se enfraquecer, é verdade, mas também poderia se dividir em pequenos e ainda mais fanatizados grupos, pulverizados e de maior mobilidade.
Mas este nem é o principal problema.
A grande questão está na forma escolhida para mobilizar, além da via online e através de ativistas, e no que pregam como solução para prender/matar Kony.
Primeiro, vamos à questão da mobilização.
A ong escolheu um numero de "celebridades" e políticos, mas sem se preocupar absolutamente com posições ideológicas, chegando a aceitar o apoio de Rush Limbaugh, um conhecido fanático racista de extremíssima direita.
Acho lindo que alguns queiram colocar as diferenças ideológicas acima de uma causa, mas para tudo há limite. E Limbaugh não é o único exemplo utilizável, talvez apenas o mais fácil.
A idéia de colocar a causa acima de ideologias pode esbarrar em obviedades, como a de um fanático participando de uma campanha contra outro fanático.
Segundo ponto, e talvez o mais problemático, é o de "como" a ong propõe uma solução: Através do envio de tropas dos EUA - mesmo que "apenas" como consultoras à Uganda.
Vejam bem, quem, de forma sensata, iria querer mandar marginais uniformizados, capazes de cometer os piores atos de genocídio, para resolver um problema em Uganda?
Não acredito que o exército local seja capaz - ou mesmo queira - resolver o problema, mas acredito que seja muito mais interessante - além de viável e politicamente mais simples - o envio de tropas da União Africana ou mesmo tropas de paz da ONU com mandato para agir (e não para servirem de palhaços como no Genocídio de Ruanda, país vizinho).
Me parece algo da típica ingenuidade de muitos estadunidenses, que acreditam piamente que seu exército e seu país são verdadeiros bastiões da liberdade e que servem como pacificadores no mundo. Nada poderia ser mais mentiroso.
Disfarçada de boas intenções (e acredito que seja isso mesmo), a campanha da ONG se propõe a ampliar a presença dos EUA na região, encruzilhada importante na África, em um país vizinho de países problemáticos e que interessam aos EUA, como o Sudão do Sul e o rico Congo, e a um pulo do Chifre da África.
Geopoliticamente - e economicamente - uma região de grande importância e interesse.
E que melhor chance para os EUA entrarem lá e andarem livremente do que à convite, motivados por uma campanha internacional pela paz na região?
É o momento em que a ingenuidade ativista se junta com a vontade política de um Estado criminoso e poderoso com permissão - carta branca - para treinar, "acessorar" e manipular um exército livremente, no caso, o de Uganda. Todos sabemos o que significa a intervenção dos EUA em países estrangeiros, não é preciso ir muito longe.
Abrir um precedente desses, de uma espécie de intervenção dos EUA como forma de dar vazão aos anseios de ativistas bem intencionados é extremamente perigoso. NAda impede que, futuramente, o próprio governo dos EUA possa se valer de alguma ONG de fachada com alguma campanha bem bolada para influenciar a opinião pública a apoiar invasões e terrorismo de Estado... Se bem que...
A campanha, mesmo bem intencionada - e estou dando um crédito a eles -, caiu como uma luva no colo dos interesses estadunidenses.
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Raphael Tsavkko Garcia
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O que há de errado com #Kony2012 ou a ingênua "boa vontade" estadunidense
2012-03-13T10:30:00-03:00
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sexta-feira, 9 de março de 2012
Aldo Rebelo e FIFA, o chilique de um bufão
Há coisa de uma semana, o Secretário Geral da FIFA, Gêrome Valcke, afirmou que o Brasil precisava de um "chute no traseiro" para se mover e realizar todas as obras necessárias para a Copa. Em tese, ele não estava errado, mas é óbvio que não cabe à FIFA dar tal declaração e neste tom. Ele errou e a reação brasileira foi correta.
Imediatamentea piada o ministro dos Esportes Aldo Rebelo respondeu afirmando que não aceitaria mais Valcke como interlocutor.
A declaração, frente à total subserviência do governo brasileiro frente à FIFA, surpreendeu. Mas a surpresa durou pouco.
A pressa na provação da Lei Geral da Copa, que estupra as leis brasileiras e a dignidade do país, eliminando o direito à meia-entrada para estudantes e limitando este direito a ingressos mais baratos e que provavelmente serão os piores e para os piores lugares dos estádios e ainda criando o tosco instrumento do sorteio para tais ingressos, dentre outros absurdos, não se alterou.
Pressa, tudo feito nas coxas e do jeitinho que a FIFA queria. A FIFA cedeu um pouco, mas muito pouco. Enquanto isso brasileiros são expulsos de suas casas à força para dar lugar às obras e nada de infra-estrutura efetiva para o povo está sendo construído e feito para durar.
Nada de novos trens, metrôs, aeroportos... Estes, aliás, foram vendidos. Mais uma vez o governo dá razão ao deselegante Valcke e confirma que não tem capacidade para realizar as obras "necessárias".
Como se vê, tudo continuou saindo da forma que a FIFA planejava. O que demonstra que a declaração de Aldo contra Valcke não passou de um piti infantil, de um momento histérico usado para fingir independência e ousadia.
Pura balela.
Dias depois Aldo aceitou o pedido de desculpas (que na verdade não foi nada além de uma afirmação de que houve "erro na tradução" da frase do pontapé no traseiro) e as coisas continuam como antes: A toque de caixa, sem planejamento, sem qualidade e violando direitos.
É interessante notar que no ínfimo intervalo entre a declaração de que não aceitaria mais negociar, Aldo tenha voltado atrás com tanta facilidade. Arroubo de um farsante para enganar a platéia e para contentar a Milícia governista fingindo se livrar da subserviência frente à FIFA.
A farsa foi breve. Mas tem quem tenha acreditado. E o Brasil de Dilma pode agora se vangloriar de ser uma piada, tratado como lixo pela FIFA e comendo na sua mão.
Agora é só esperar que a legislação que tratará grevistas e manifestantes como terroristas seja aprovada, para alegria e gozo da FIFA, de Valcke e de Aldo/Dilma.
Imediatamente
A declaração, frente à total subserviência do governo brasileiro frente à FIFA, surpreendeu. Mas a surpresa durou pouco.
A pressa na provação da Lei Geral da Copa, que estupra as leis brasileiras e a dignidade do país, eliminando o direito à meia-entrada para estudantes e limitando este direito a ingressos mais baratos e que provavelmente serão os piores e para os piores lugares dos estádios e ainda criando o tosco instrumento do sorteio para tais ingressos, dentre outros absurdos, não se alterou.
Pressa, tudo feito nas coxas e do jeitinho que a FIFA queria. A FIFA cedeu um pouco, mas muito pouco. Enquanto isso brasileiros são expulsos de suas casas à força para dar lugar às obras e nada de infra-estrutura efetiva para o povo está sendo construído e feito para durar.
Nada de novos trens, metrôs, aeroportos... Estes, aliás, foram vendidos. Mais uma vez o governo dá razão ao deselegante Valcke e confirma que não tem capacidade para realizar as obras "necessárias".
Como se vê, tudo continuou saindo da forma que a FIFA planejava. O que demonstra que a declaração de Aldo contra Valcke não passou de um piti infantil, de um momento histérico usado para fingir independência e ousadia.
Pura balela.
Dias depois Aldo aceitou o pedido de desculpas (que na verdade não foi nada além de uma afirmação de que houve "erro na tradução" da frase do pontapé no traseiro) e as coisas continuam como antes: A toque de caixa, sem planejamento, sem qualidade e violando direitos.
É interessante notar que no ínfimo intervalo entre a declaração de que não aceitaria mais negociar, Aldo tenha voltado atrás com tanta facilidade. Arroubo de um farsante para enganar a platéia e para contentar a Milícia governista fingindo se livrar da subserviência frente à FIFA.
A farsa foi breve. Mas tem quem tenha acreditado. E o Brasil de Dilma pode agora se vangloriar de ser uma piada, tratado como lixo pela FIFA e comendo na sua mão.
Agora é só esperar que a legislação que tratará grevistas e manifestantes como terroristas seja aprovada, para alegria e gozo da FIFA, de Valcke e de Aldo/Dilma.
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Raphael Tsavkko Garcia
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Aldo Rebelo e FIFA, o chilique de um bufão
2012-03-09T10:30:00-03:00
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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Yoani Sanchez, mas pode chamar de Soniña
Cuba não é um paraíso. Mas tampouco é o inferno.
Yoani Sanchez, carinhosamente apelidada de Soniña no Twitter - uma comparação honesta, diga-se de passagem - é uma escroque. Fala livremente de Cuba, mas acusa o país de censurá-la. Se hospeda e usa a internet dos melhores hotéis, apesar de dizer que nunca esteve em nenhum deles. Diz que foi torturada e espancada por agentes cubanos, mas nunca mostrou as marcas.
Diz viver em uma ditadura terrível, mas só encontra eco fora do país e, oras, escreve livremente, anda por onde quer sem ser molestada... Como uma dissidente que se acha tão censurada tem acesso livre e irrestrito à internet, a jornalistas entrangeiros e fala o que bem entende?
Não, Cuba não é o paraíso, é claro que existem restrições tanto impsotas pelo próprio regime quanto, majoritariamente impsotas pelo criminoso embargo que dura mais de 40 anos. E o embargo ajuda a explicar porque os cubanos - e não apenas a Yoani, que sempre se faz de vítima - não podem sair do país a não ser que a trabalho ou com despesas pagas.
Vejam o Brasil, que vem adotando medidas restritivas de cunho econômico para dificultar a saída de divisas do país via compras de brasileiros no exterior. IOF para compras lá fora crescendo é um exemplo. Turistas gastam muito quando saem do país e não gastam no país. Giram a economia de fora e não a do próprio país e Cuba tem uma economia fraca, uma economia com pouquíssimos parceiros graças ao embargo, logo, precisa concentrar todo dinheiro que pode internamente.
Isto justifica a proibição da saída de cubanos? Acho que não. Mas explica.
Não é apenas a Soniña, ops, Yoani, a impedida de sair. TODO cubano só pode sair dentro das condições que já elenquei, sob pena da economia cubana sofrer um baque irreversível. E a questão aqui nem é "emigrar", pois Yoani já morou fora e voltou com o rabinho entre as pernas da europa, onde morava, pra Cuba, mas sim "turistar".
Yoani Sanchez, carinhosamente apelidada de Soniña no Twitter - uma comparação honesta, diga-se de passagem - é uma escroque. Fala livremente de Cuba, mas acusa o país de censurá-la. Se hospeda e usa a internet dos melhores hotéis, apesar de dizer que nunca esteve em nenhum deles. Diz que foi torturada e espancada por agentes cubanos, mas nunca mostrou as marcas.
Diz viver em uma ditadura terrível, mas só encontra eco fora do país e, oras, escreve livremente, anda por onde quer sem ser molestada... Como uma dissidente que se acha tão censurada tem acesso livre e irrestrito à internet, a jornalistas entrangeiros e fala o que bem entende?
Não, Cuba não é o paraíso, é claro que existem restrições tanto impsotas pelo próprio regime quanto, majoritariamente impsotas pelo criminoso embargo que dura mais de 40 anos. E o embargo ajuda a explicar porque os cubanos - e não apenas a Yoani, que sempre se faz de vítima - não podem sair do país a não ser que a trabalho ou com despesas pagas.
Vejam o Brasil, que vem adotando medidas restritivas de cunho econômico para dificultar a saída de divisas do país via compras de brasileiros no exterior. IOF para compras lá fora crescendo é um exemplo. Turistas gastam muito quando saem do país e não gastam no país. Giram a economia de fora e não a do próprio país e Cuba tem uma economia fraca, uma economia com pouquíssimos parceiros graças ao embargo, logo, precisa concentrar todo dinheiro que pode internamente.
Isto justifica a proibição da saída de cubanos? Acho que não. Mas explica.
Não é apenas a Soniña, ops, Yoani, a impedida de sair. TODO cubano só pode sair dentro das condições que já elenquei, sob pena da economia cubana sofrer um baque irreversível. E a questão aqui nem é "emigrar", pois Yoani já morou fora e voltou com o rabinho entre as pernas da europa, onde morava, pra Cuba, mas sim "turistar".
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
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10:30
Yoani Sanchez, mas pode chamar de Soniña
2012-02-09T10:30:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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quarta-feira, 19 de outubro de 2011
A Meia-Entrada e a FIFA: Quando a soberania e os direitos não valem nada
A bola da vez entre ativistas e mídia é a discussão sobre a meia-entrada, que virou bode-expiatório na disputa entre governo e FIFA, ou melhor, na disputa entre nossas leis, direitos e soberania e a FIFA, que não se importa com nada disso.
Agnelo Queiroz, governador do DF foi o primeiro a ceder às pressões da FIFA. Se bem que, na verdade, cedeu de boa vontade, com sorriso no rosto, afinal, não é ele que terá direitos garantidos por lei negados.
O Ministro do Esportes ensaia aceitar, também sorrindo, diversas das imposições da FIFA e Dilma aparenta tentar resistir, mas até que ponto é jogo de cena, não posso garantir. Durona ela é, pena que tenha mostrado mais este lado contra funcionários públicos em greve.
A Folha publicou, no dia 10, uma carta minha em sua seção de leitores que, acredito, resume um pouco a ópera:
Diferentemente do que dizem alguns "Comunistas Ruralistas", a comparação da situação com as recentes condenações do Brasil na Corte e Comissão Interamericana de Direitos Humanos (sobre Lei da Anistia e Belo Monte respectivamente) é tosca e não resiste a uma análise mais aprofundada de um aluno de primeiro ano de Relações Internacionais.
O Brasil assinou e ratificou o Tratado de San José, que deu origem às duas CIDH's. O país é membro ativo da OEA e de ambas organizações de Direitos Humanos (inclusive com representante indicado na Comissão, o Paulo Sérgio Pinheiro), logo, não tem qualquer cabimento falar que respeitar uma decisão de organização cujos pactos foram assinados e ratificados pelo Brasil seriam uma quebra da soberania nacional, uma invasão estrangeira ou um atentado contra o país.
Já a FIFA é uma entidade privada, controlada por empresários. Isto, por si só, deveria ser explicação suficiente. Envolta em escândalos de corrupção, lavagem de dinheiro e o que mais puder ser lembrado, a FIFA representa apenas os interesses de meia dúzia de cartolas sem qualquer tipo de ligação sequer com a ampla maioria dos torcedores.
Não é preciso ser gênio para entender as diferenças. Mas é preciso ser Aldo Rebelo para passar por cima disso.
Mas, enfim, a questão da meia-entrada virou assunto do momento na intenção de desviar o foco da vulneração de direitos garantidos por lei aos brasileiros. E a coisa vai até além. Já que setores políticos não vêem problema na suspensão temporária de leis estaduais (a meia-entrada não é garantida por lei federal, mas por leis locais), foi votado o Estatuto da Juventude que, pese algumas críticas, garante a federalização do direito.
Sendo federal, a FIFA terá mais dificuldade em forçar mudanças. E o governo em justificar caso ceda. Daí nasce a imensa pressão midiática para pegar um detalhe - a meia-entrada - e demonizá-la, como forma de diminuir as pressões sobre a FIFA e facilitar que os "amigos empresários" garantam também seus lucros por aqui.
Parece estranho misturar o Estatuto da juventude, que foi bravamente defendido pela Manuela d'Ávila e pelo Jean Wyllys com a FIFA, mas são duas questões que se tocam, pois a criação de uma legislação federal coloca em risco os interesses da FIFA e já aparece aqui e ali "insatisfeitos" com um direito garantido e apenas "federalizado" dos estudantes, comentando como é absurdo garantir eia para vagabundos e etc.
A própria Manuela, aliás, também notou como os assuntos relacionados à meia-entrada - FIFA e Estatuto - se relacionam.
Sobre a meia-entrada em si, devo dizer que sou favorável à sua existência, mas como defensor do Estado forte que sou, vou além, defendo total gratuidade de transporte público para jovens e trabalhadores e gratuidade para todo espetáculo financiado com dinheiro público, via incentivos ou não.
Enquanto isto, acredito que o governo devesse fiscalizar e proibir lucros abusivos e absurdos e controlar os preços de ingressos par shows, por exemplo, evitando que, para se recuperar do pseudo-prejuízo da meia-entrada, oscanalhas empresários lucrem colocando os preços da "inteira" nas alturas.
Não apenas os lucros dos bancos devem ser limitados, mas também de aproveitadores travestidos de empresários do entretenimento.
Devemos pensar na meia-entrada como direito, mas, dentro disto, criar maneiras de garantir que nenhum lado seja prejudicado. Um evento foi totalmente financiado com dinheiro estatal? Qual o sentido, então de cobrar, para pagarmos duas vezes? Um vento teve financiamento parcial do Estado? Então pensemos em meia-entrada. Não há financiamento estatal, meia-entrada e talvez contrapartida governamental e por aí vai.
Acabei meio sem querer dando a idéia à Manuela de uma consulta pública sobre formas de reglamentar a questão da meia-entrada, garantindo ao máximo os direitos dos estudantes, dos artistas e etc. Vamos ver o que sai daí!
Não sou contra pensar em pensar formas de melhorar o sistema e garantir que todos os lados se beneficiem, mas JAMAIS aceitarei que se eliminem direitos garantidos por nós, estudantes.
Mas, entrementes, como sabemos que de um lado o governo (qualquer governo neste ponto) é frouxo demais para se mexer, e os preços continuarão abusivos, defendo a meia-entrada, pois sua extinção não garantirá que os preços caiam. Acreditar que os preços podem cair neste país é como acreditar no bicho-papão (se bem que o Aldo deve achar que tem um debaixo da sua cama, com camisa do Greenpeace e boné da USAID).
Enfim, resumindo, esse papo de meia-entrada é forma de mascarar o real problema de vulneração de direitos dos brasileiros e brasileiras e desculpa para a FIFA se aproveitar e lucrar como nunca.
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O Idec lançou uma campanha contra as imposições da FIFA. Assinem a petição e curtam a página no Facebook!
Agnelo Queiroz, governador do DF foi o primeiro a ceder às pressões da FIFA. Se bem que, na verdade, cedeu de boa vontade, com sorriso no rosto, afinal, não é ele que terá direitos garantidos por lei negados.
O Ministro do Esportes ensaia aceitar, também sorrindo, diversas das imposições da FIFA e Dilma aparenta tentar resistir, mas até que ponto é jogo de cena, não posso garantir. Durona ela é, pena que tenha mostrado mais este lado contra funcionários públicos em greve.
A Folha publicou, no dia 10, uma carta minha em sua seção de leitores que, acredito, resume um pouco a ópera:
Aparentemente muitos leitores da Folha ainda não compreenderam que, gostando ou não da meia-entrada, a questão vai além. O problema principal é a soberania brasileira. Quer dizer que abrir mão de leis para agradar a uma empresa estrangeira não é problema? Não se trata de gostar ou não da lei, e sim de aceitar que uma empresa possa nos fazer abrir mão de nossa legislação para maximizar lucros.E é exatamente este o ponto. Pouco importa o que A ou B acha da meia-entrada e sim o que significa sua suspensão baseada nas vontades de uma empresa estrangeira sem qualquer legitimidade para mandar o Brasil fazer nada.
RAPHAEL TSAVKKO GARCIA (São Paulo, SP)
Diferentemente do que dizem alguns "Comunistas Ruralistas", a comparação da situação com as recentes condenações do Brasil na Corte e Comissão Interamericana de Direitos Humanos (sobre Lei da Anistia e Belo Monte respectivamente) é tosca e não resiste a uma análise mais aprofundada de um aluno de primeiro ano de Relações Internacionais.
O Brasil assinou e ratificou o Tratado de San José, que deu origem às duas CIDH's. O país é membro ativo da OEA e de ambas organizações de Direitos Humanos (inclusive com representante indicado na Comissão, o Paulo Sérgio Pinheiro), logo, não tem qualquer cabimento falar que respeitar uma decisão de organização cujos pactos foram assinados e ratificados pelo Brasil seriam uma quebra da soberania nacional, uma invasão estrangeira ou um atentado contra o país.
Já a FIFA é uma entidade privada, controlada por empresários. Isto, por si só, deveria ser explicação suficiente. Envolta em escândalos de corrupção, lavagem de dinheiro e o que mais puder ser lembrado, a FIFA representa apenas os interesses de meia dúzia de cartolas sem qualquer tipo de ligação sequer com a ampla maioria dos torcedores.
Não é preciso ser gênio para entender as diferenças. Mas é preciso ser Aldo Rebelo para passar por cima disso.
Mas, enfim, a questão da meia-entrada virou assunto do momento na intenção de desviar o foco da vulneração de direitos garantidos por lei aos brasileiros. E a coisa vai até além. Já que setores políticos não vêem problema na suspensão temporária de leis estaduais (a meia-entrada não é garantida por lei federal, mas por leis locais), foi votado o Estatuto da Juventude que, pese algumas críticas, garante a federalização do direito.
Sendo federal, a FIFA terá mais dificuldade em forçar mudanças. E o governo em justificar caso ceda. Daí nasce a imensa pressão midiática para pegar um detalhe - a meia-entrada - e demonizá-la, como forma de diminuir as pressões sobre a FIFA e facilitar que os "amigos empresários" garantam também seus lucros por aqui.
Parece estranho misturar o Estatuto da juventude, que foi bravamente defendido pela Manuela d'Ávila e pelo Jean Wyllys com a FIFA, mas são duas questões que se tocam, pois a criação de uma legislação federal coloca em risco os interesses da FIFA e já aparece aqui e ali "insatisfeitos" com um direito garantido e apenas "federalizado" dos estudantes, comentando como é absurdo garantir eia para vagabundos e etc.
A própria Manuela, aliás, também notou como os assuntos relacionados à meia-entrada - FIFA e Estatuto - se relacionam.
Sobre a meia-entrada em si, devo dizer que sou favorável à sua existência, mas como defensor do Estado forte que sou, vou além, defendo total gratuidade de transporte público para jovens e trabalhadores e gratuidade para todo espetáculo financiado com dinheiro público, via incentivos ou não.
Enquanto isto, acredito que o governo devesse fiscalizar e proibir lucros abusivos e absurdos e controlar os preços de ingressos par shows, por exemplo, evitando que, para se recuperar do pseudo-prejuízo da meia-entrada, os
Não apenas os lucros dos bancos devem ser limitados, mas também de aproveitadores travestidos de empresários do entretenimento.
Devemos pensar na meia-entrada como direito, mas, dentro disto, criar maneiras de garantir que nenhum lado seja prejudicado. Um evento foi totalmente financiado com dinheiro estatal? Qual o sentido, então de cobrar, para pagarmos duas vezes? Um vento teve financiamento parcial do Estado? Então pensemos em meia-entrada. Não há financiamento estatal, meia-entrada e talvez contrapartida governamental e por aí vai.
Acabei meio sem querer dando a idéia à Manuela de uma consulta pública sobre formas de reglamentar a questão da meia-entrada, garantindo ao máximo os direitos dos estudantes, dos artistas e etc. Vamos ver o que sai daí!
Não sou contra pensar em pensar formas de melhorar o sistema e garantir que todos os lados se beneficiem, mas JAMAIS aceitarei que se eliminem direitos garantidos por nós, estudantes.
Mas, entrementes, como sabemos que de um lado o governo (qualquer governo neste ponto) é frouxo demais para se mexer, e os preços continuarão abusivos, defendo a meia-entrada, pois sua extinção não garantirá que os preços caiam. Acreditar que os preços podem cair neste país é como acreditar no bicho-papão (se bem que o Aldo deve achar que tem um debaixo da sua cama, com camisa do Greenpeace e boné da USAID).
Enfim, resumindo, esse papo de meia-entrada é forma de mascarar o real problema de vulneração de direitos dos brasileiros e brasileiras e desculpa para a FIFA se aproveitar e lucrar como nunca.
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O Idec lançou uma campanha contra as imposições da FIFA. Assinem a petição e curtam a página no Facebook!
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Dilma, Obama e Palestina: "Um mundo de paz e desenvolvimento"
O blogueiro @DanielDantas79 me enviou o link para um post em seu blog sobre um discurso da presidente Dilma que, por alguma razão (a principal é o silêncio auto-imposto pelos "progressistas) pouco foi comentado.
Na realidade, fora o post do Daniel, não ouvi falar mais no assunto. Diz o Daniel:
Compartilho da surpresa e revolta do Daniel. E repudio veementemente a total falta de noção de Dilma em dizer tamanha besteira! Uma coisa é enviar uma carta simpática, outra é beijar a mão do império e ajudá-lo na propagação de mentiras deslavadas.
Reproduzo a mensagem:
O silêncio às vezes é a melhor escolha.
Na realidade, fora o post do Daniel, não ouvi falar mais no assunto. Diz o Daniel:
A presidenta Dilma Rousseff enviou mensagem ao presidente Barack Obama pelos dez anos do 11 de setembro.Vejamos se entendi. Dilma enviou mensagem pelo 11 de setembro a Barack Obama (o que não tem nada de mais, ainda que uma mensagem ao presidente do Chile pelo golpe contra Allende ou ao Presidente da Generalitat de Catalunya pela Diada também fossem interessantes) afirmando que seu povo - logo, seu país - trabalham por paz e desenvolvimento?
Acho que Dilma é piadista - ou o governo brasileiro perdeu a noção - ao afirmar que o povo americano continua "a trabalhar, incessantamente, por um mundo de paz e desenvolvimento".
Compartilho da surpresa e revolta do Daniel. E repudio veementemente a total falta de noção de Dilma em dizer tamanha besteira! Uma coisa é enviar uma carta simpática, outra é beijar a mão do império e ajudá-lo na propagação de mentiras deslavadas.
Reproduzo a mensagem:
No fim da carta, mais um detalhe precioso:Senhor Presidente,Em nome do povo e do governo do Brasil, expresso nossa solidariedade e pesar à nação norte-americana, no dia em que se completam dez anos dos atentados terroristas de 11 de setembro.Creio que a maior homenagem que podemos prestar aos mais de três mil inocentes que pereceram naquela data é, tendo por inspiração a coragem exibida pelo povo dos EUA em face da tragédia, continuar a trabalhar, incessantemente, por um mundo de paz e desenvolvimento.Nesse assunto, partilho plenamente a visão de Vossa Excelência, expressa em discurso na cidade do Cairo, de que o extremismo violento deve ser combatido em todas as suas formas, inclusive por meio da reconciliação entre o ocidente e o mundo árabe, pela eliminação do armamentismo nuclear, pela afirmação da democracia, pelo respeito à liberdade religiosa e aos direitos humanos e da mulher, pela promoção do desenvolvimento econômico e a criação de oportunidades para todos em um mundo de paz e cooperação. Conte com o Brasil na construção dessa ordem internacional mais pacífica e mais justa.Mais alta consideração,Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil
"Conte com o Brasil na construção dessa ordem internacional mais pacífica e mais justa."Realmente, os EUA trabalham pela paz mundial. Isto fica claro especialmente na posição do país sobre o reconhecimento da Palestina. Obama irá vetar. A paz mundial agradece...?
O silêncio às vezes é a melhor escolha.
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quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Homofobia no México e a "intervenção" da OEA
Uma pergunta aos meus caríssimos amigos petistas e não petistas que defendem Belo Monte e acusaram a OEA de ser intervencionista por ter condenado o Brasil, se dizem o mesmo da condenação, em maio, do México no mesmo organismo por não proteger de violência sua comunidade LGBT:
Será que se trata de mais um caso absurdo, terrível e intolerável de intervenção contra a soberania do pobre México? São os EUA tentando invadir o México através da defesa da comunidade LGBT?
Engraçado que muitos dos que agora se revoltam apoiaram a decisão da Corte Interamericana contra o Brasil no caso da Anistia e provavelmente encontrarão alguma desculpa para concordar com a decisão da Comissão de condenar o México. Ou melhor, possivelmente manterão o mais completo silêncio, mesmo se questionados.
E, sempre é bom lembrar, muitos ainda comemoraram a ingerência absurda do Miguel Insulza, Secretário Geral da OEA sobre a Comissão, tentando forçá-la a rever sua decisão, algo sem precedentes. Uma ingerência criminosa do principal líder da OEA sobre um organismo formalmente independente.
Estamos diante de um movimento grotesco do Brasil que ameaçou se retirar e cortar financiamento da Comissão para que esta tome decisões de acordo com suas vontades.
A Anistia Internacional, por sua vez, condenou as declarações de Insulza e sua tentativa de intervir na Comissão. Engraçado que quem me passou a notícia a entendeu errado, como se a AI estivesse apoiando a intervenção. Vendo que estava errado, passou a condenar a AI e colocar no mesmo saco de outras "agências americanas".
Imaginemos um cenário hipotético em que um país é desafiado por um organismo internacional relevante que se opõe a seus interesses. Digamos que este país tenha a intenção de ir contra os direitos humanos de uma população vulnerável, indefesa cuja única forma de reagir é através de um, organismo internacional.
Este organismo condena este país que, como todo bom imperialista, passa por cima de sua decisão, mas não sem antes fazer ameaças. Esta história lembra alguma coisa? Os EUA talvez, durante a invasão ao Iraque?
Não, o Brasil. O país copia EUA e joga multilateralismo no lixo.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condenou nesta terça-feira o assassinato de Leija Herrera, militante pelos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais (LGBT) no México, cujo corpo foi encontrado com golpes na cabeça que lhe desfiguraram o rosto.Aliás, vale uma distinção: Trata-se não da OEA, mas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, virtualmente/formalmente independente.
Em um comunicado divulgado em Washington, a comissão pertencente à Organização dos Estados Americanos (OEA) disse que recebeu informações de que o ativista teria sido encontrado morto na madrugada de 4 de maio próximo do antigo Palácio de Justiça de Chilpancingo, na cidade de Chilpancingo, capital do Estado de Guerrero.
A CIDH defendeu que 'é obrigação do Estado investigar acontecimentos desta natureza e sancionar os responsáveis' pelo assassinato do militante, de 33 anos.
[...]
A comissão também pediu às autoridades mexicanas que adotem 'de forma imediata e urgente todas as medidas necessárias para garantir o direito à vida, à integridade e à segurança dos defensores e defensoras dos direitos das pessoas lésbicas, gays, trans, bissexuais e intersexuais'.
Será que se trata de mais um caso absurdo, terrível e intolerável de intervenção contra a soberania do pobre México? São os EUA tentando invadir o México através da defesa da comunidade LGBT?
Engraçado que muitos dos que agora se revoltam apoiaram a decisão da Corte Interamericana contra o Brasil no caso da Anistia e provavelmente encontrarão alguma desculpa para concordar com a decisão da Comissão de condenar o México. Ou melhor, possivelmente manterão o mais completo silêncio, mesmo se questionados.
E, sempre é bom lembrar, muitos ainda comemoraram a ingerência absurda do Miguel Insulza, Secretário Geral da OEA sobre a Comissão, tentando forçá-la a rever sua decisão, algo sem precedentes. Uma ingerência criminosa do principal líder da OEA sobre um organismo formalmente independente.
Estamos diante de um movimento grotesco do Brasil que ameaçou se retirar e cortar financiamento da Comissão para que esta tome decisões de acordo com suas vontades.
A Anistia Internacional, por sua vez, condenou as declarações de Insulza e sua tentativa de intervir na Comissão. Engraçado que quem me passou a notícia a entendeu errado, como se a AI estivesse apoiando a intervenção. Vendo que estava errado, passou a condenar a AI e colocar no mesmo saco de outras "agências americanas".
Imaginemos um cenário hipotético em que um país é desafiado por um organismo internacional relevante que se opõe a seus interesses. Digamos que este país tenha a intenção de ir contra os direitos humanos de uma população vulnerável, indefesa cuja única forma de reagir é através de um, organismo internacional.
Este organismo condena este país que, como todo bom imperialista, passa por cima de sua decisão, mas não sem antes fazer ameaças. Esta história lembra alguma coisa? Os EUA talvez, durante a invasão ao Iraque?
Não, o Brasil. O país copia EUA e joga multilateralismo no lixo.
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
11:00
Homofobia no México e a "intervenção" da OEA
2011-08-03T11:00:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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quinta-feira, 2 de junho de 2011
A mudança na Síria contraria interesse dos EUA e Israel?
Bashar al Assad, ditador da Síria (que para a mídia, mesmo a
contra-gosto, era "presidente" há algumas
semanas), começou a usar o
discurso padrão de ditadores de que é vítima de uma conspiração
internacional para tentar derrubá-lo. Em pouco tempo começará a, como
Khadafi, acusar a Al Qaeda ou grupos islâmicos radicais. Por enquanto,
se contenta em acusar Israel que, apesar de efetivamente não simpatizar
com Assad, só teria a perder com sua deposição.
Como os demais países Árabes, a Síria é uma colcha de retalhos de tribos e religiões. Mas as semelhanças mais notáveis são com o Líbano, que vive num equilíbrio tenso entre suas mais de 14 comunidades religiosas diferentes.
Assad pertence à minoria Alauíta - que para muitos muçulmanos sequer poderia ser considerada islâmica -, que se aproxima mais dos Xiitas que da maioria sunita de quase 75% do país. Existem ainda minorias cristãs e Druzas e uma relevante população curda na fronteira nordeste, que é constantemente vítima de massacres.
Os Alauítas, que não passam de 10% da população, governam a Síria há 40 anos, o que enfurece a ampla maioria sunita, excluída dos principais postos e cargos, mas considerar esta revolta como religiosa seria um erro - assim como a revolta no Bahrein, por exemplo, em que os xiitas são a maioria e são oprimidos pela minoria sunita.
Os protestos na Síria vem do descontentamento de importante parcela da sociedade com sua virtual exclusão, quadro que se repete por toda a região. Mas qual a relação disto tudo com Israel?
É fato que, em geral, as revoluções que vem ocorrendo pelo Oriente Médio (com sucesso na Tunísia e no Egito) preocupam Israel, pois caem governos que lhes são favoráveis - ou ao menos neutros - e abre-se a possibilidade de governos menos dispostos a tolerar o massacre de Palestinos e os desmandos do país, que se considera dono ou tutor da região.
Mas, ao contrário do que pode parecer óbvio, a deposição de Assad, que é reconhecido inimigo de Israel, parte do Eixo do Mal dos EUA e suposto financiador do Hezbollah, seria péssima para Israel e para os EUA.
Mas porque?
Por uma questão de conhecer os limites de seu inimigo. Por saber até onde este vai e, no fim, saber que a Síria já deixou de lado muito de seu radicalismo de outrora - por exemplo, há muito que não se fala das colinas de Golã - e, hoje, está mais aberta ao diálogo, apesar de todas as suspeitas.
Os sunitas - prováveis sucessores dos alauítas de Assad - poderiam não só se mostrar opositores mais radicais de Israel, como também poderiam promover um banho de sangue contra o grupo que antes controlava o país, os alauítas - não que este último importe à Israel ou aos EUA.
O equilíbrio étnico na Síria é um fator de preocupação, pois o país, assim como o Líbano, possui sgnificativas minorias Druzas e Cristãs, além de um grande contingente de Curdos e até mesmo populações originárias do Cáucaso Russo.
É preciso ter em mente o ditado Sírio-Libanês, de que "quando a Síria espirra, o Líbano fica resfriado", ou seja, uma crise na síria poderia ter reflexos significativos no vizinho Líbano.Um desequilíbrio na síria poderia se alastrar pela região e propiciar a tomada de poder de grupos mais radicais que os atuais e menos dispostos a aceitar ordens vindas do exterior.
Se as revoltas em curso nos países árabes já não agradam a Israel, o desequilíbrio de vizinhos imediatos envoltos em conflitos sectários desagrada ainda mais. A incerteza do fim de tais conflitos põe me risco a segurança de Israel e pode ser um fator de desestabilização até maior do que Egito ou Tunísia, ou mesmo a Líbia. Um conflito pelas colinas de Golã ou a pressão sobre a considerável fronteira entre Israel e Síria poderia ter reflexos maiores que a abertura da passagem de Raffah, que liga o Egito à Gaza.
Vizinho do Iraque, a Síria já conta com um largo número de refugiados, especialmente cristãos, da longa ocupação dos EUA no país vizinho. Não se sabe que papel esta comunidade em diáspora poderia ter em um conflito interno Sírio, para onde iriam ou que lado apoiariam. Na fronteira sul, a Jordânia já se encontra a beira de uma crise, com milhares de jovens exigindo mais direitos, além de líderes tribais demonstrando insatisfação com a forma pela qual a monarquia lida com a numerosa população palestina.
Os curdos na síria são um problema à parte, não se sabe qual seria a atitude desta população concentrada na fronteira com a Turquia frente à queda do governo Alauíta, que há décadas os massacra e sequer permite que boa parte de sua grande comunidade tenha acesso à direitos básicos enquanto mesmo a cidadania síria é negada à eles. Um governo sunita, mesmo que árabe, poderia impulsionar o nacionalismo curdo do lado turco da fronteira, como forma de desestabilizar o vizinho maior.
Para os EUA, uma mudança de regime significa trocar o certo pelo incerto. Trocar um governo que, ainda que inimigo, respeita certos limites e costuma tomar medidas dentro de um padrão já conhecido.
A desestabilização de um país como a Síria, com possível repercussão regional, seria nefasto para os EUA, que já vem há muito tentando impor alguma ordem na região e se opôs até o último minuto às mudanças de regime na Tunísia e no Egito.
Mas, obviamente, o discurso esconde os reais interesses. Obama vem há tempos discursando em defesa da liberdade e da democracia (dentro de suas condições, obviamente), mascarando os interesses reais na Síria e nos países vizinhos afetados por revoltas.
Em se tratando de estratégia básica, uma mudança no regime sírio poderia complicar ainda mais a vida dos EUA na região, a não ser que o país tenha a promessa de lideranças locais de que irão se comportar e buscar ser menos conflituosos que o antecessor, caso este caia.
Por enquanto são apenas conjecturas e discursos, de um Obama tentando angariar apoio e simpatia e melhorar sua popularidade, tentando fazer com que suas ações sejam pelo menos remotamente coerentes com seus discursos (e vice-versa).
Artigo publicado originalmente na Brasil de Fato, online.
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Como os demais países Árabes, a Síria é uma colcha de retalhos de tribos e religiões. Mas as semelhanças mais notáveis são com o Líbano, que vive num equilíbrio tenso entre suas mais de 14 comunidades religiosas diferentes.
Assad pertence à minoria Alauíta - que para muitos muçulmanos sequer poderia ser considerada islâmica -, que se aproxima mais dos Xiitas que da maioria sunita de quase 75% do país. Existem ainda minorias cristãs e Druzas e uma relevante população curda na fronteira nordeste, que é constantemente vítima de massacres.
Os Alauítas, que não passam de 10% da população, governam a Síria há 40 anos, o que enfurece a ampla maioria sunita, excluída dos principais postos e cargos, mas considerar esta revolta como religiosa seria um erro - assim como a revolta no Bahrein, por exemplo, em que os xiitas são a maioria e são oprimidos pela minoria sunita.
Os protestos na Síria vem do descontentamento de importante parcela da sociedade com sua virtual exclusão, quadro que se repete por toda a região. Mas qual a relação disto tudo com Israel?
É fato que, em geral, as revoluções que vem ocorrendo pelo Oriente Médio (com sucesso na Tunísia e no Egito) preocupam Israel, pois caem governos que lhes são favoráveis - ou ao menos neutros - e abre-se a possibilidade de governos menos dispostos a tolerar o massacre de Palestinos e os desmandos do país, que se considera dono ou tutor da região.
Mas, ao contrário do que pode parecer óbvio, a deposição de Assad, que é reconhecido inimigo de Israel, parte do Eixo do Mal dos EUA e suposto financiador do Hezbollah, seria péssima para Israel e para os EUA.
Mas porque?
Por uma questão de conhecer os limites de seu inimigo. Por saber até onde este vai e, no fim, saber que a Síria já deixou de lado muito de seu radicalismo de outrora - por exemplo, há muito que não se fala das colinas de Golã - e, hoje, está mais aberta ao diálogo, apesar de todas as suspeitas.
Os sunitas - prováveis sucessores dos alauítas de Assad - poderiam não só se mostrar opositores mais radicais de Israel, como também poderiam promover um banho de sangue contra o grupo que antes controlava o país, os alauítas - não que este último importe à Israel ou aos EUA.
O equilíbrio étnico na Síria é um fator de preocupação, pois o país, assim como o Líbano, possui sgnificativas minorias Druzas e Cristãs, além de um grande contingente de Curdos e até mesmo populações originárias do Cáucaso Russo.
É preciso ter em mente o ditado Sírio-Libanês, de que "quando a Síria espirra, o Líbano fica resfriado", ou seja, uma crise na síria poderia ter reflexos significativos no vizinho Líbano.Um desequilíbrio na síria poderia se alastrar pela região e propiciar a tomada de poder de grupos mais radicais que os atuais e menos dispostos a aceitar ordens vindas do exterior.
Se as revoltas em curso nos países árabes já não agradam a Israel, o desequilíbrio de vizinhos imediatos envoltos em conflitos sectários desagrada ainda mais. A incerteza do fim de tais conflitos põe me risco a segurança de Israel e pode ser um fator de desestabilização até maior do que Egito ou Tunísia, ou mesmo a Líbia. Um conflito pelas colinas de Golã ou a pressão sobre a considerável fronteira entre Israel e Síria poderia ter reflexos maiores que a abertura da passagem de Raffah, que liga o Egito à Gaza.
Vizinho do Iraque, a Síria já conta com um largo número de refugiados, especialmente cristãos, da longa ocupação dos EUA no país vizinho. Não se sabe que papel esta comunidade em diáspora poderia ter em um conflito interno Sírio, para onde iriam ou que lado apoiariam. Na fronteira sul, a Jordânia já se encontra a beira de uma crise, com milhares de jovens exigindo mais direitos, além de líderes tribais demonstrando insatisfação com a forma pela qual a monarquia lida com a numerosa população palestina.
Os curdos na síria são um problema à parte, não se sabe qual seria a atitude desta população concentrada na fronteira com a Turquia frente à queda do governo Alauíta, que há décadas os massacra e sequer permite que boa parte de sua grande comunidade tenha acesso à direitos básicos enquanto mesmo a cidadania síria é negada à eles. Um governo sunita, mesmo que árabe, poderia impulsionar o nacionalismo curdo do lado turco da fronteira, como forma de desestabilizar o vizinho maior.
Para os EUA, uma mudança de regime significa trocar o certo pelo incerto. Trocar um governo que, ainda que inimigo, respeita certos limites e costuma tomar medidas dentro de um padrão já conhecido.
A desestabilização de um país como a Síria, com possível repercussão regional, seria nefasto para os EUA, que já vem há muito tentando impor alguma ordem na região e se opôs até o último minuto às mudanças de regime na Tunísia e no Egito.
Mas, obviamente, o discurso esconde os reais interesses. Obama vem há tempos discursando em defesa da liberdade e da democracia (dentro de suas condições, obviamente), mascarando os interesses reais na Síria e nos países vizinhos afetados por revoltas.
Em se tratando de estratégia básica, uma mudança no regime sírio poderia complicar ainda mais a vida dos EUA na região, a não ser que o país tenha a promessa de lideranças locais de que irão se comportar e buscar ser menos conflituosos que o antecessor, caso este caia.
Por enquanto são apenas conjecturas e discursos, de um Obama tentando angariar apoio e simpatia e melhorar sua popularidade, tentando fazer com que suas ações sejam pelo menos remotamente coerentes com seus discursos (e vice-versa).
Artigo publicado originalmente na Brasil de Fato, online.
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
16:30
A mudança na Síria contraria interesse dos EUA e Israel?
2011-06-02T16:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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terça-feira, 3 de maio de 2011
Brasil e o Multilateralismo de Conveniência: Belo Monte, OEA e Hipocrisia
Este texto é uma ampliação com algumas alterações do artigo "O Brasil irá realmente se desligar da OEA? Belo Monte e a hipocrisia brasileira" publicado originalmente no blog Amálgama.
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O Brasil recentemente foi condenado pela Comissão Interamericana de direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) - não confundir com a Corte Interamericana da mesma organização -, que solicitou ao Brasil parar "imediatamente o processo de licenciamento e construção do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, no Pará, citando o potencial prejuízo da construção da obra aos direitos das comunidades tradicionais da bacia do rio Xingu".
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Aliás, é engraçado notar o duplipensar petista na questão da "condenação". A OEA tomou a decisão de solicitar ao Brasil que pare uma obra. Chamam de condenação. Já quando se trata da condenação do Brasil contra o Irã no CDH/ONU, se recusam a chamar pelo mesmo nome.
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Reclamando não ter tido tido tempo para responder, o MRE retrucou à OEA afimando também que o "governo brasileiro considera as solicitações da CIDH precipitadas e injustificáveis". Realmente, de novembro de 2010 (data do envio da reclamação por várias ONG's à OEA) até a decisão final, quase 2 anos depois, não houve mesmo tempo para preparar uma resposta, apenas para condenar o Irã e se aproximar dos EUA.
Ao invés de aceitar a decisão de um órgão multilateral em uma questão sobre direitos humanos, o Brasil preferiu virar as costas à OEA:
Trata-se de um retrocesso gigantesco em relação à política do governo Lula, capitaneado por Celso Amorim.
Mais um.
Influência estrangeira
Após a decisão da OEA decisão, um show de fanatismo e ignorância por parte de militantes petistas que não só desconhecem o funcionamento da OEA, como ainda começaram a adotar o discurso padrão de Aldo Rebelo e acusar qualquer opositor de Belo Monte de ser agente estrangeiro pago pela CIA ou por qualquer outra agência estrangeira.
É óbvio, e todos sabemos, que existem organizações e mesmo países interessados em colocar as mãos na Amazônia, mas daí a acreditar que qualquer oposição à Belo Monte ou às políticas do governo para a região são reflexo desses interesses é ridículo. Teoria da conspiração barata que serve aos propósitos pseudo-desenvolvimentistas atuais do governo. E digo pseudo, pois vemos que não há o mesmo empenho em diversas outras áreas vitais, tampouco uma uniformidade de âmbito nacional.
O falso discurso dos Direitos Humanos
Por parte do governo brasileiro, a mais completa vergonha alheia e o desmascaramento da política dilmista de supostamente se pautar pelos direitos humanos (vide artigo sobre os primeiros dias do governo Dilma).
Dilma condenou o Irã no Conselho de Direitos Humanos da ONU, um órgão tão ou mais político que a Comissão Interamericana de direitos Humanos (CIDH) da OEA, assumindo um discurso de que o Brasil iria começar a basear suas alianças no respeito aos direitos humanos.
Balela.
Logo após a confirmação de que esta política seria posta em marcha Dilma recebeu Obama - o maior terrorista da terra - no Rio (visita que foi um show de horrores diplomático, resultando até na prisão arbitrária de manifestantes) sem maiores problemas e depois ainda fez uma visitinha à China, um país conhecido por respeitar os direitos humanos em geral, não?
Ah, mas são os interesses comerciais! E comigo concorda Leonardo Sakamoto:
As mentiras (dos) governistas
Coisas do tipo "Mas sem Belo Monte você ficaria sem energia". Mentira. Existem inúmeras possibilidades alternativas, mas é compreensível a opção por Belo Monte: É mais visível, por ser imensa passa a imagem de que o governo está trabalhando muito... Não podemos esquecer que, pelo tamanho e peço enorme preço, é possível disfarçar melhor o "por fora", a graninha da corrupção básica para empreiteiras, políticos e intermediários...
"Se ficarmos sem Belo Monte, vamos ter que recorrer à nuclear ou fóssil. A alternativa é apagão. Em vez de twitter vamos usar fumaça".
As opções são várias e em muitos casos até simples, como investimento em Biogás (gás metano de lixões ou mesmo de gado, lembrando que somos o país com mais cabeças de gado no mundo), usinas eólicas (depois de amplo estudo de impacto), adequação de novas construções à melhor recepção de luz solar, captação de água da chuva e etc, melhor e mais ostensivo uso de energia solar e, finalmente, usinas hidroelétricas menores e mais próximas do consumidor final.
Mas os apocalípticos pregam que estamos perdidos sem Belo Monte. É o imediatismo inconsequente típico do capitalismo, em que o interesse é lucrar imediatamente mesmo que se abra falência em um mês.
Outras críticas ainda mais estúpidas vem dos que numa hora acusam as ONG's contrárias à Belo Monte de serem pagas pelos EUA. Realmente, ISA, MST, MAB, CIMI e várias outras devem ser realmente terríveis!
Quando notam que esta linha de argumentação é simplesmente ridícula, adotam o discurso conveniente de selecionar apenas aquilo que lhes interessa. Explico: Difícil encontrar, dentre os lulistas e dilmistas, quem se oponha ao MST, logo, difícil acusar a organização de ser paga pela CIA. A decisão, então, é a de concordar com o grupo só naquilo que lhes interessa. "Não concordo em tudo com o MST". Justo, o interessante é que a discordância é sempre quanto a Belo Monte, Transposição...
Nem vale à pena falar dos índios. São só 200 e dificilmente alguém se preocuparia com eles.
Finalmente, alguns buscam questionar o foco de organizações como o CIMI, ligado à Igreja Católica, com argumentos como "porque se preocupam com Belo Monte mas não fazem nada quanto aos desabrigados, os mendigos, os pobres e etc". Oras, primeiro porque o CIMI não trata dessas questões, existem as Pastorais e etc, e, segundo, o fato das Pastorais e da Igreja em si não funcionarem sempre ou serem maravilhosas não deslegitima outras lutas.
"A mesma Igreja Católica que se mete em Belo Monte não faz nada por crianças de rua ou a poluição de rios como o Tietê." Oras, o que uma coisa tem a ver com outra? A mesma Igreja que fez tudo isso tem muita gente nela que lutou contra a Ditadura, que desrespeita as regras e distribui camisinhas, que faz belos trabalhos sociais... Tomar o todo pelas partes é típico de quem não sabe ou não quer argumentar.
Argumentação falaciosa muito usada é a de que todos os lados foram ouvidos, o projeto mudou muito, é quase outro, ou de que é "birra" do movimento social a oposição à Belo Monte. Pois é, numa discussão séria TODAS as opções devem estar na mesa. E quando eu digo todas, falo desde a opção de se fazer Belo Monte da forma mais canalha até a posição defendida pelos Movimentos Sociais: A de NÃO TER nenhuma usina.
Mas esta última foi "democraticamente" descartada pelo governo. A imposição aos movimentos é a de que haverá Belo Monte e ponto, mas vamos discutir se vai destruir mais ou menos.
Já coloquei isto no blog, mas repito, para ver se entendem:
Oras, o governo quer construir e ponto, e só aceita mudar uma coisinha aqui e outra ali. Aceitem e ponto!
Isto não é negociação. É imposição. E com um discurso que busca legitimar qualquer crime e abuso contra minorias que lutam por seus direitos. Oras, Belo Monte, para o governo, traz benefícios para o país, então azar dos insatisfeitos, são minoria.
As obras do Kassab, pra prefeitura e pra sua corja, são boas pra cidade, então que venha Nova Luz, Operação Águas Espraiadas e azar dos que serão expulsos.
As obras da Copa, no rio, são boas pro país, então vamos logo expulsar as famílias de suas casa,s porque precisamos de estádios e etc...
Ditadura da Minoria esse povo querer reclamar de obras que beneficiam tanto o povo!
Multilateralismo em foco
Há, em meio a todo discurso contra a decisão da OEA, uma quantidade absurda de fanatismo, mas mais ainda, de ignorância quanto ao funcionamento da organização e de sua Comissão.
A OEA não "se meteu" nos assuntos internos do Brasil - discurso engraçado, aliás, levando em conta que muita gente aplaudiu o Brasil, via ONU, se metendo nos assuntos do Irã, mas pimenta nos olhos dos outros é refresco, para usar um famoso clichê -, mas foi ACIONADA por organizações da sociedade civil, dentre elas a Comissão Missionária Indigenista (CIMI), uma organização que nem o mais tresloucado "rebelista" pode considerar mancomunada com a CIA.
O Brasil, à partir do momento em que concorda com os princípios da organização e assina seus pactos automaticamente se submete às suas decisões. Isto chama-se multilateralismo, exatamente o princípio pelo qual o Brasil diz se pautar internacionalmente. Condenar o Irã tudo bem, mas quando o problema é em casa a coisa complica, não?
Está tudo bem e dentro da legalidade a ONU aprovar intervenção militar na Líbia, ou mesmo a OEA decidir pela ilegalidade da Lei da Anistia, mas não pode decidir contra Belo Monte? Desde quando se escolhe que decisão multilateral iremos gostar ou desgostar?
"A OEA deveria se manifestar contra os 6.500MW de ger. a carvão que entraram nos EUA só em 2010."
Divertido é encontrar discursos do tipo: 'Porque a OEA não condena Guantánamo, ou as térmicas nos EUA"? Oras, porque ninguém SOLICITOU à Comissão da OEA que examinasse essas questões!
Mas, curiosamente, a Comissão expressou suas preocupações sobre Guantánamo recentemente.
A ONU não condenou Guantánamo, o Brasil vai se retirar da ONU também? Lembrando que por lá não é preciso nenhuma organização solicitar nada, caberia ao Brasil apenas reclamar da situação.
O Brasil, enfim, tem enorme prazer em desrespeitar a OEA (vide a falta completa de resposta à decisão da Corte Interamericana, órgão superior à comissão, sobre a Lei da Anistia), mas desta vez o caso é simplesmente absurdo!
A OEA não resolveu - à mando dos EUA - condenar o Brasil, apenas decidiu baseado em um pedido vindo de organizações brasileiras legítimas:
problema
assunto) e, até onde eu sei, não são organizações criminosas vendidas
aos interesses dos porcos capitalistas yankees - engraçado esse discurso
ter origem num amigo da Katia Abreu que recebe dinheiro de empresas 100% brasileiras como a Coca-Cola e o McDonalds, mas tudo bem.
Direitos humanos e mordaça
Mas no fim, o grande problema de Belo Monte sequer é a usina em si, mas a mais completa falta de transparência, respeito e mesmo respeito pelos Direitos Humanos da população que será afetada diretamente. O governo brasileiro em nenhum momento ouviu a população local, sejam ribeirinhos ou indígenas.
A idéia é passar como um trator por cima de toda oposição. Seja impondo este discurso absurdo "rabelista" de invasão de ongs estrangeiras, seja deslegitimando a OEA e as organizações multilaterais com um discurso incabível de 'intervenção", ou mesmo simplesmente pressionando os órgãos competentes - como o IBAMA - a liberar permissões antes dos prazos ou fora das regras gerais para acelerar as obras e não dar tempo de resposta à oposição.
O Brasil, enquanto signatário dos pactos ligados à OEA, tem o DEVER de acatar suas decisões.
Não importa se o país gostou ou não da decisão, deve apenas acatar, pois fazer parte de organismos multilaterais pressupõe direitos, mas também deveres.
Desdobramentos
O país se recusar a acatar a decisão da Comissão da OEA tem múltiplos desdobramentos.
Em primeiro lugar, enfraquece a instituição frente a outros países da região, mas vai além, enfraquece a posição do Brasil internacionalmente. Ao se opor a acatar sucessivamente tanto uma decisão da Corte (Anistia) quanto da Comissão (Belo Monte), o país se posiciona como um notório violador das leis internacionais, pois faz parte de organismos cujas regras desrespeita.
O Brasil não se mostra melhor que o Irã que o país acabou de condenar e que se recusa a receber relatores de Direitos Humanos.
A posição do Brasil em outros órgãos, como na ONU, fica enfraquecida, pois como o país teria moral para garantir o cumprimento de decisões do organismo se se recusa a acatar decisões contrárias a si?
Como fica o discurso de defesa dos direitos humanos quando o país se recusa a acatar a decisão de um importante órgão do sistema interamericano de direitos humanos nas Américas? A decisão final de se desligar da Comissão (que em nada afeta a relação com a OEA, pois a Comissão é ligada, mas formalmente independente) demonstra a hipocrisia do discurso brasileiro pós-Lula/Amorim.
Devido à hipocrisia geral que pauta as relações internacionais, e dada a re-aproximação do Brasil com os EUA, é possível que as consequências políticas não sejam sentidas muito fortemente enquanto este neo-direcionamento pró-EUA permanecer, mas para os aliados tradicionais brasileiros, como o Irã, as coisas podem se complicar, assim como a tentativa do Brasil (ao menos durante o governo Lula havia a intenção) de se colocar como negociador no conflito Irraelo-Palestino.
O Brasil adota posição semelhante ao das potências, que buscam impor suas agendas sem se preocupar em assumir os mesmos compromissos (algo como condenar um país por desrespeitar os direitos humanos e fazer igual ou pior interna ou externamente.
Imaginem a China condenando um país por desrespeitar os DH, ou os EUA do alto de sua indústria armamentista) e isto tende a prejudicar a posição brasileira frente às alianças que construíu durante oito anos de governo Lula, sob a batuta de Celso Amorim, com o terceiro mundo, com o hemisfério sul.
O Brasil, tentando (a)parecer como potência e líder, desvia do caminho de uma liderança alternativa, crítica aos tradicionais mandantes e os emula em seu pior, no discurso hipócrita dos direitos humanos em que eles unicamente condenam, mas jamais aceitam ser condenados.
Retomo Leonardo Sakamoto:
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Atualização (31/10/11) Confirmado que o Brasil NÃO pagou à OEA sua cota devida, no valor de 6 milhões de dólares.
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O Brasil recentemente foi condenado pela Comissão Interamericana de direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) - não confundir com a Corte Interamericana da mesma organização -, que solicitou ao Brasil parar "imediatamente o processo de licenciamento e construção do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, no Pará, citando o potencial prejuízo da construção da obra aos direitos das comunidades tradicionais da bacia do rio Xingu".
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Aliás, é engraçado notar o duplipensar petista na questão da "condenação". A OEA tomou a decisão de solicitar ao Brasil que pare uma obra. Chamam de condenação. Já quando se trata da condenação do Brasil contra o Irã no CDH/ONU, se recusam a chamar pelo mesmo nome.
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Reclamando não ter tido tido tempo para responder, o MRE retrucou à OEA afimando também que o "governo brasileiro considera as solicitações da CIDH precipitadas e injustificáveis". Realmente, de novembro de 2010 (data do envio da reclamação por várias ONG's à OEA) até a decisão final, quase 2 anos depois, não houve mesmo tempo para preparar uma resposta, apenas para condenar o Irã e se aproximar dos EUA.
Ao invés de aceitar a decisão de um órgão multilateral em uma questão sobre direitos humanos, o Brasil preferiu virar as costas à OEA:
O governo brasileiro decidiu jogar duro com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos): deixará o órgão a partir de 2012 e suspendeu, por ordem presidente Dilma Rousseff, o repasse de verba à entidade previsto para este ano, de US$ 800 mil.Trata-se da mais completa hipocrisia do governo brasileiro, que fala em Direitos Humanos, mas apenas se este valer para os outros.
Trata-se de um retrocesso gigantesco em relação à política do governo Lula, capitaneado por Celso Amorim.
Mais um.
Influência estrangeira
Após a decisão da OEA decisão, um show de fanatismo e ignorância por parte de militantes petistas que não só desconhecem o funcionamento da OEA, como ainda começaram a adotar o discurso padrão de Aldo Rebelo e acusar qualquer opositor de Belo Monte de ser agente estrangeiro pago pela CIA ou por qualquer outra agência estrangeira.
É óbvio, e todos sabemos, que existem organizações e mesmo países interessados em colocar as mãos na Amazônia, mas daí a acreditar que qualquer oposição à Belo Monte ou às políticas do governo para a região são reflexo desses interesses é ridículo. Teoria da conspiração barata que serve aos propósitos pseudo-desenvolvimentistas atuais do governo. E digo pseudo, pois vemos que não há o mesmo empenho em diversas outras áreas vitais, tampouco uma uniformidade de âmbito nacional.
O falso discurso dos Direitos Humanos
Por parte do governo brasileiro, a mais completa vergonha alheia e o desmascaramento da política dilmista de supostamente se pautar pelos direitos humanos (vide artigo sobre os primeiros dias do governo Dilma).
Dilma condenou o Irã no Conselho de Direitos Humanos da ONU, um órgão tão ou mais político que a Comissão Interamericana de direitos Humanos (CIDH) da OEA, assumindo um discurso de que o Brasil iria começar a basear suas alianças no respeito aos direitos humanos.
Balela.
Logo após a confirmação de que esta política seria posta em marcha Dilma recebeu Obama - o maior terrorista da terra - no Rio (visita que foi um show de horrores diplomático, resultando até na prisão arbitrária de manifestantes) sem maiores problemas e depois ainda fez uma visitinha à China, um país conhecido por respeitar os direitos humanos em geral, não?
Ah, mas são os interesses comerciais! E comigo concorda Leonardo Sakamoto:
Este discurso de Dilma, de defesa dos Direitos Humanos, é conversa pra boi dormir. Como já disse antes em mais de um momento, parece mais que o Brasil tem interesse em se re-aproximar dos EUA e adotou este discurso para poder condenar o Irã livremente e voltar a cair nas graças do Império, pois logo após condenar o Irã o Brasil voltou ao seu desrespeito costumeiro aos DH tanto interna quanto externamente.
Na verdade, o país demonstra dessa forma usar uma política self-service. O que é bom do jogo internacional, coloca-se no prato, o que não é, deixa-se de lado. Problemas com os subsídios ao algodão e ao açúcar dados pelas nações ricas do Norte e que causam danos aos nossos produtores rurais? Vamos aos organismos internacionais para acabar com essa pouca vergonha! Agora, quando somos nós os acusados, gritamos contra a arbitrariedade desses mesmos organismos? Tenha a santa paciência…Neste momento, um leitor estufa o peito e grita diante da tela do computador: “É a economia, estúpido!” Sei disso. E sei que tudo é um jogo de demonstração de força e poder. E o Brasil descobriu que tem mais cacife do que imaginava para apostar.
[...] Dilma resolveu adotar posição de militante dos DH, o que a coloca alinhada com os EUA. Alinhada pois casos sérios de abuso dos direitos humanos que chegam à ONU costumam se limitar aos do terceiro mundo, enquanto potências aliadas ou mais ou menos amigas dos EUA - vide China - jamais são constrangidas a tal ponto.Mas, pior de tudo, é aguentar certos fanatismos convenientes que buscam deslegitimar qualquer oposição.
Isto significa basicamente um maior alinhamento com os EUA e um afastamento considerável do terceiro mundo, algo que foi a bandeira do governo Lula e um marco na nossa política externa.
As mentiras (dos) governistas
Coisas do tipo "Mas sem Belo Monte você ficaria sem energia". Mentira. Existem inúmeras possibilidades alternativas, mas é compreensível a opção por Belo Monte: É mais visível, por ser imensa passa a imagem de que o governo está trabalhando muito... Não podemos esquecer que, pelo tamanho e peço enorme preço, é possível disfarçar melhor o "por fora", a graninha da corrupção básica para empreiteiras, políticos e intermediários...
"Se ficarmos sem Belo Monte, vamos ter que recorrer à nuclear ou fóssil. A alternativa é apagão. Em vez de twitter vamos usar fumaça".
As opções são várias e em muitos casos até simples, como investimento em Biogás (gás metano de lixões ou mesmo de gado, lembrando que somos o país com mais cabeças de gado no mundo), usinas eólicas (depois de amplo estudo de impacto), adequação de novas construções à melhor recepção de luz solar, captação de água da chuva e etc, melhor e mais ostensivo uso de energia solar e, finalmente, usinas hidroelétricas menores e mais próximas do consumidor final.
Mas os apocalípticos pregam que estamos perdidos sem Belo Monte. É o imediatismo inconsequente típico do capitalismo, em que o interesse é lucrar imediatamente mesmo que se abra falência em um mês.
Outras críticas ainda mais estúpidas vem dos que numa hora acusam as ONG's contrárias à Belo Monte de serem pagas pelos EUA. Realmente, ISA, MST, MAB, CIMI e várias outras devem ser realmente terríveis!
Quando notam que esta linha de argumentação é simplesmente ridícula, adotam o discurso conveniente de selecionar apenas aquilo que lhes interessa. Explico: Difícil encontrar, dentre os lulistas e dilmistas, quem se oponha ao MST, logo, difícil acusar a organização de ser paga pela CIA. A decisão, então, é a de concordar com o grupo só naquilo que lhes interessa. "Não concordo em tudo com o MST". Justo, o interessante é que a discordância é sempre quanto a Belo Monte, Transposição...
Nem vale à pena falar dos índios. São só 200 e dificilmente alguém se preocuparia com eles.
Finalmente, alguns buscam questionar o foco de organizações como o CIMI, ligado à Igreja Católica, com argumentos como "porque se preocupam com Belo Monte mas não fazem nada quanto aos desabrigados, os mendigos, os pobres e etc". Oras, primeiro porque o CIMI não trata dessas questões, existem as Pastorais e etc, e, segundo, o fato das Pastorais e da Igreja em si não funcionarem sempre ou serem maravilhosas não deslegitima outras lutas.
"A mesma Igreja Católica que se mete em Belo Monte não faz nada por crianças de rua ou a poluição de rios como o Tietê." Oras, o que uma coisa tem a ver com outra? A mesma Igreja que fez tudo isso tem muita gente nela que lutou contra a Ditadura, que desrespeita as regras e distribui camisinhas, que faz belos trabalhos sociais... Tomar o todo pelas partes é típico de quem não sabe ou não quer argumentar.
Argumentação falaciosa muito usada é a de que todos os lados foram ouvidos, o projeto mudou muito, é quase outro, ou de que é "birra" do movimento social a oposição à Belo Monte. Pois é, numa discussão séria TODAS as opções devem estar na mesa. E quando eu digo todas, falo desde a opção de se fazer Belo Monte da forma mais canalha até a posição defendida pelos Movimentos Sociais: A de NÃO TER nenhuma usina.
Mas esta última foi "democraticamente" descartada pelo governo. A imposição aos movimentos é a de que haverá Belo Monte e ponto, mas vamos discutir se vai destruir mais ou menos.
Já coloquei isto no blog, mas repito, para ver se entendem:
Faço paralelo com o caso basco, que tanto escrevo e estudo. A Espanha se diz uma democracia, diz debater todas as questões com os Bascos (nem vou entrar no caso das ilegalizações, tortura e prisões políticas), mas quando perguntada se aceitaria um plebiscito ou mesmo discutir a opção da independência, o tempo fecha.Por fim o mais risível, a tese da "ditadura da Minoria". Sim, acreditem. Seria ditadura da minoria exigir que, durante a suposta negociação sobre a construção da usina, que a opção de não construí-la estivesse sobre a mesa!
JAMAIS! É impensável discutir a separação de território espanhol!
É ou não é uma bela democracia? As opções são apenas aquelas que um dos lados dá ou quer dar, mesmo que de má vontade. Aos bascos - e aos opositores de Belo Monte - resta aceitar um jogo em que já entram derrotados.
E notem que, em um possível plebiscito, quem votaria seria os habitantes da região e não de todo o país. Os atingidos e os interessados.
Oras, o governo quer construir e ponto, e só aceita mudar uma coisinha aqui e outra ali. Aceitem e ponto!
Isto não é negociação. É imposição. E com um discurso que busca legitimar qualquer crime e abuso contra minorias que lutam por seus direitos. Oras, Belo Monte, para o governo, traz benefícios para o país, então azar dos insatisfeitos, são minoria.
As obras do Kassab, pra prefeitura e pra sua corja, são boas pra cidade, então que venha Nova Luz, Operação Águas Espraiadas e azar dos que serão expulsos.
As obras da Copa, no rio, são boas pro país, então vamos logo expulsar as famílias de suas casa,s porque precisamos de estádios e etc...
Ditadura da Minoria esse povo querer reclamar de obras que beneficiam tanto o povo!
Multilateralismo em foco
Há, em meio a todo discurso contra a decisão da OEA, uma quantidade absurda de fanatismo, mas mais ainda, de ignorância quanto ao funcionamento da organização e de sua Comissão.
A OEA não "se meteu" nos assuntos internos do Brasil - discurso engraçado, aliás, levando em conta que muita gente aplaudiu o Brasil, via ONU, se metendo nos assuntos do Irã, mas pimenta nos olhos dos outros é refresco, para usar um famoso clichê -, mas foi ACIONADA por organizações da sociedade civil, dentre elas a Comissão Missionária Indigenista (CIMI), uma organização que nem o mais tresloucado "rebelista" pode considerar mancomunada com a CIA.
O Brasil, à partir do momento em que concorda com os princípios da organização e assina seus pactos automaticamente se submete às suas decisões. Isto chama-se multilateralismo, exatamente o princípio pelo qual o Brasil diz se pautar internacionalmente. Condenar o Irã tudo bem, mas quando o problema é em casa a coisa complica, não?
Está tudo bem e dentro da legalidade a ONU aprovar intervenção militar na Líbia, ou mesmo a OEA decidir pela ilegalidade da Lei da Anistia, mas não pode decidir contra Belo Monte? Desde quando se escolhe que decisão multilateral iremos gostar ou desgostar?
"A OEA deveria se manifestar contra os 6.500MW de ger. a carvão que entraram nos EUA só em 2010."
Divertido é encontrar discursos do tipo: 'Porque a OEA não condena Guantánamo, ou as térmicas nos EUA"? Oras, porque ninguém SOLICITOU à Comissão da OEA que examinasse essas questões!
Mas, curiosamente, a Comissão expressou suas preocupações sobre Guantánamo recentemente.
A ONU não condenou Guantánamo, o Brasil vai se retirar da ONU também? Lembrando que por lá não é preciso nenhuma organização solicitar nada, caberia ao Brasil apenas reclamar da situação.
O Brasil, enfim, tem enorme prazer em desrespeitar a OEA (vide a falta completa de resposta à decisão da Corte Interamericana, órgão superior à comissão, sobre a Lei da Anistia), mas desta vez o caso é simplesmente absurdo!
A OEA não resolveu - à mando dos EUA - condenar o Brasil, apenas decidiu baseado em um pedido vindo de organizações brasileiras legítimas:
A decisão da CIDH é uma resposta à denúncia encaminhada em novembro de 2010 em nome de varias comunidades tradicionais da bacia do Xingu pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre (MXVPS), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Prelazia do Xingu, Conselho Indígena Missionário (Cimi), Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), Justiça Global e Associação Interamericana para a Defesa do Ambiente (AIDA).Vale lembrar que o MST e o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) também se opõem à Belo Monte (assim como à Tranposição do São Francisco, mas este é outro
Direitos humanos e mordaça
Mas no fim, o grande problema de Belo Monte sequer é a usina em si, mas a mais completa falta de transparência, respeito e mesmo respeito pelos Direitos Humanos da população que será afetada diretamente. O governo brasileiro em nenhum momento ouviu a população local, sejam ribeirinhos ou indígenas.
A idéia é passar como um trator por cima de toda oposição. Seja impondo este discurso absurdo "rabelista" de invasão de ongs estrangeiras, seja deslegitimando a OEA e as organizações multilaterais com um discurso incabível de 'intervenção", ou mesmo simplesmente pressionando os órgãos competentes - como o IBAMA - a liberar permissões antes dos prazos ou fora das regras gerais para acelerar as obras e não dar tempo de resposta à oposição.
O Brasil, enquanto signatário dos pactos ligados à OEA, tem o DEVER de acatar suas decisões.
Não importa se o país gostou ou não da decisão, deve apenas acatar, pois fazer parte de organismos multilaterais pressupõe direitos, mas também deveres.
Desdobramentos
O país se recusar a acatar a decisão da Comissão da OEA tem múltiplos desdobramentos.
Em primeiro lugar, enfraquece a instituição frente a outros países da região, mas vai além, enfraquece a posição do Brasil internacionalmente. Ao se opor a acatar sucessivamente tanto uma decisão da Corte (Anistia) quanto da Comissão (Belo Monte), o país se posiciona como um notório violador das leis internacionais, pois faz parte de organismos cujas regras desrespeita.
O Brasil não se mostra melhor que o Irã que o país acabou de condenar e que se recusa a receber relatores de Direitos Humanos.
A posição do Brasil em outros órgãos, como na ONU, fica enfraquecida, pois como o país teria moral para garantir o cumprimento de decisões do organismo se se recusa a acatar decisões contrárias a si?
Como fica o discurso de defesa dos direitos humanos quando o país se recusa a acatar a decisão de um importante órgão do sistema interamericano de direitos humanos nas Américas? A decisão final de se desligar da Comissão (que em nada afeta a relação com a OEA, pois a Comissão é ligada, mas formalmente independente) demonstra a hipocrisia do discurso brasileiro pós-Lula/Amorim.
Devido à hipocrisia geral que pauta as relações internacionais, e dada a re-aproximação do Brasil com os EUA, é possível que as consequências políticas não sejam sentidas muito fortemente enquanto este neo-direcionamento pró-EUA permanecer, mas para os aliados tradicionais brasileiros, como o Irã, as coisas podem se complicar, assim como a tentativa do Brasil (ao menos durante o governo Lula havia a intenção) de se colocar como negociador no conflito Irraelo-Palestino.
O Brasil adota posição semelhante ao das potências, que buscam impor suas agendas sem se preocupar em assumir os mesmos compromissos (algo como condenar um país por desrespeitar os direitos humanos e fazer igual ou pior interna ou externamente.
Imaginem a China condenando um país por desrespeitar os DH, ou os EUA do alto de sua indústria armamentista) e isto tende a prejudicar a posição brasileira frente às alianças que construíu durante oito anos de governo Lula, sob a batuta de Celso Amorim, com o terceiro mundo, com o hemisfério sul.
O Brasil, tentando (a)parecer como potência e líder, desvia do caminho de uma liderança alternativa, crítica aos tradicionais mandantes e os emula em seu pior, no discurso hipócrita dos direitos humanos em que eles unicamente condenam, mas jamais aceitam ser condenados.
Retomo Leonardo Sakamoto:
O que ocorre, contudo, é que o mundo mudou. Os países não podem mais se esconder atrás do discurso de respeito à soberania como se ele fosse verdade absoluta – até porque verdades absolutas estão caindo em desuso. Não porque eles tenham perdido a soberania, de maneira alguma. Mas como sustentar práticas anacrônicas diante de compromissos firmados internacionalmente quando estes são colocados à prova por informação que flui em segundos? E, espalhada diante de todos os outros Estados, mostra que determinado país mente.Dilma, desde que assumiu, vem cometendo erros sobre erros em termos de política externa. Um fracasso retumbante.
Quando um Estado reconhece a legitimidade de organismos internacionais para arbitrar conflitos, ele passa a ser potencialmente reclamante e reclamado. E tem que aceitar isso e jogar o jogo, sob o risco de perder a credibilidade.
Credibilidade que é importante para quem quer ser levado a sério no mundo.
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Atualização (31/10/11) Confirmado que o Brasil NÃO pagou à OEA sua cota devida, no valor de 6 milhões de dólares.
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
10:30
Brasil e o Multilateralismo de Conveniência: Belo Monte, OEA e Hipocrisia
2011-05-03T10:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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quinta-feira, 7 de abril de 2011
A posição do Brasil frente ao Irã: A mudança da Política Externa
Uma coisa que vem me incomodando há algum tempo é a insistência de alguns em tentar analisar aquilo que não conhecem ou, na melhor das hipóteses, analisar algo de forma enviesada, deixando transparecer claramente seu amor por um governo acima das evidências mais claras.
Falo da política externa brasileira, que vem dando sinais claros de mudança (algo explicitado até mesmo por Celso Amorim), apesar das tentativas de alguns de fingir que "não é bem assim".
Muitas das análises não tem qualquer método, confundem política interna com política externa, confundem elementos básicos de análise e transparecem uma paixão desmedida por toda e qualquer ação de Dilma, perdendo o fio da meada da análise.
Antes, nos primeiros dias do governo, o discurso era o de que não havia mudança alguma [na política externa]. Os mais entusiasmados com o governo se recusavam a aceitar que houvesse qualquer mudança, tentavam falsear a realidade a todo custo. Depois, com o mal estar causado pela entrevista de Celso Amorim à Folha e BBC Brasil, havia a tentativa de fechar os olhos, fingir que não era exatamente aquilo, que a entrevista era falha, deixava duvidas e etc, até, finalmente, o agora, em que está claro que existem sim mudanças no direcionamento da política externa. Mas para uns, isto é bom!
Oras, antes de mais nada, a discussão original não era sobre "bom" ou "ruim", mas sobre se havia mudanças.
A qualidade é um assunto que entra depois, pois, vamos nos lembrar, Dilma não foi eleita para mudar a política externa brasileira (nem vale citar a Cultura, pois é de bater desespero).
Dilma foi eleita como opção de continuísmo, logo, a idéia era a de MANTER a política externa brasileira, que vinha sendo um sucesso - algo que os Lulistas parecem ter esquecido, dada a defesa intransigente do novo modelo/direcionamento.
Aliás, é interessante ler no recente artigo de Amorim para a Carta Capital seu comentário sobre os que insistiam em dizer que não só não havia efetivamente uma condenação ao Irã, como o Brasil também estava sujeito à visita de relatores:
Quantos acordos (incluindo a libertação de prisioneiros e etc) conseguiu o Brasil SEM condenações, mas com NEGOCIAÇÃO e respeito? Nem preciso responder. Vejam o acordo Brasil-Irã-Turquia, a libertação da inglesa e etc.
É lamentável que, agora, tenham lulistas que parecem esquecer quem é Celso Amorim. No desespero de defender Dilma, dizem que a política externa deve mais ao Marco Aurélio Garcia e ao próprio Lula que ao Amorim, sequer recordando do Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que bancou do Itamaraty as mudanças postas em curso. Chegam ao ponto de querer reduzir sua importância, ou mesmo a de colocá-o como deselegante por discordar do que vem sendo feito.
Um absurdo!
Mas, enfim, tudo mudou. E, admitido isto, passamos para um segundo estágio, o de analisar os desdobramentos (em artigo posterior, ainda que eu já tenha analisado exaustivamente a questão).
De início, fica claro. A mudança é péssima.
A quem serve esta mudança, ou melhor, QUEM patrocina, está por trás, desta mudança?
Só não vê, quem não quer, quem está cego demais na defesa de um governo que começou mal, muito mal, nas mais diversas áreas.
Concordo com o Amorim, mais uma vez, em sue desejo final, "Oxalá eu esteja errado." mas duvido muito.
Falo da política externa brasileira, que vem dando sinais claros de mudança (algo explicitado até mesmo por Celso Amorim), apesar das tentativas de alguns de fingir que "não é bem assim".
Muitas das análises não tem qualquer método, confundem política interna com política externa, confundem elementos básicos de análise e transparecem uma paixão desmedida por toda e qualquer ação de Dilma, perdendo o fio da meada da análise.
Antes, nos primeiros dias do governo, o discurso era o de que não havia mudança alguma [na política externa]. Os mais entusiasmados com o governo se recusavam a aceitar que houvesse qualquer mudança, tentavam falsear a realidade a todo custo. Depois, com o mal estar causado pela entrevista de Celso Amorim à Folha e BBC Brasil, havia a tentativa de fechar os olhos, fingir que não era exatamente aquilo, que a entrevista era falha, deixava duvidas e etc, até, finalmente, o agora, em que está claro que existem sim mudanças no direcionamento da política externa. Mas para uns, isto é bom!
Oras, antes de mais nada, a discussão original não era sobre "bom" ou "ruim", mas sobre se havia mudanças.
A qualidade é um assunto que entra depois, pois, vamos nos lembrar, Dilma não foi eleita para mudar a política externa brasileira (nem vale citar a Cultura, pois é de bater desespero).
Dilma foi eleita como opção de continuísmo, logo, a idéia era a de MANTER a política externa brasileira, que vinha sendo um sucesso - algo que os Lulistas parecem ter esquecido, dada a defesa intransigente do novo modelo/direcionamento.
Aliás, é interessante ler no recente artigo de Amorim para a Carta Capital seu comentário sobre os que insistiam em dizer que não só não havia efetivamente uma condenação ao Irã, como o Brasil também estava sujeito à visita de relatores:
"Não procedem explicações que procuram minimizar a importância da decisão com comparações do tipo: “O Brasil também recebe relatores” ou “não houve condenação”.Impecável. Pouco importa se, tecnicamente, o nome para a decisão do Conselho de Direitos humanos da ONU não seja "condenação", o que importa é a mensagem, é o sentimento de que, sim, houve condenação de alguma forma.
Não há como comparar os relatores temáticos que têm visitado o Brasil com a figura de um relator especial por país. Na semiologia política do Conselho de Direitos Humanos e de sua antecessora, a Comissão, a nomeação de um relator especial (ressalvados os casos de desastres naturais ou situações pós-guerras civis, em que o próprio país pede ou aceita o relator) é o que pode haver de mais grave. Se não se trata de uma condenação explícita, implica, na prática, colocar o país no banco dos réus.Se o Brasil recebe relatores também não importa, o assunto não é o Brasil, mas o Irã, e a forma pela qual o país recebeu a decisão. Mais além, como reagirá. De início é improvável que o Irã aceite receber qualquer relator. Logo, a decisão torna-se meramente simbólica. E o Brasil não precisa de qualquer simbolismo deste tipo, pois tem atuado como negociador preferencial e efetivamente conseguido resultados.
Pode-se concordar ou não com ele, mas dizer que não afetará as nossas relações com Teerã ou a percepção que se tem da nossa postura internacional é tapar o sol com a peneira.Quantos acordos os EUA e aliados conseguiram com suas condenações na ONU? Zero.
Quantos acordos (incluindo a libertação de prisioneiros e etc) conseguiu o Brasil SEM condenações, mas com NEGOCIAÇÃO e respeito? Nem preciso responder. Vejam o acordo Brasil-Irã-Turquia, a libertação da inglesa e etc.
Nos últimos meses e anos, o Brasil participou de várias ações ou empreendeu gestões que resultaram na libertação de pessoas detidas pelo governo iraniano, tanto estrangeiros quanto nacionais daquele país. É difícil determinar qual o peso exato que nossas démarches tiveram em situações como a da norte-americana Sarah Shroud ou do cineasta Abbas Kiarostami. No primeiro caso, a jovem alpinista veio nos agradecer em pessoa. Em outros casos, como a da francesa Clotilde Reiss, não hesito em afirmar que a ação brasileira foi absolutamente determinante. Mesmo no triste caso da mulher ameaçada de apedrejamento, Sakineh Ashtiani, os apelos do nosso presidente, seguidos de várias gestões no meu nível junto ao ministro do Exterior iraniano e ao próprio presidente Ahmadinejad, certamente contribuíram para que aquela pena bárbara não tenha se concretizado.Sob Lula, a política externa se pautou pela negociação até as últimas consequências, buscou se afastar do discurso ideologizado dos Direitos Humanos - que só serve às potências e aos interessados em ampliar mercados - e adotar uma posição de negociação, de discussão. Aberto ao diálogo o Brasil passou a ser respeitado e a colher resultados carregados de simbolismo, mas também práticos.
É lamentável que, agora, tenham lulistas que parecem esquecer quem é Celso Amorim. No desespero de defender Dilma, dizem que a política externa deve mais ao Marco Aurélio Garcia e ao próprio Lula que ao Amorim, sequer recordando do Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que bancou do Itamaraty as mudanças postas em curso. Chegam ao ponto de querer reduzir sua importância, ou mesmo a de colocá-o como deselegante por discordar do que vem sendo feito.
Um absurdo!
Mas, enfim, tudo mudou. E, admitido isto, passamos para um segundo estágio, o de analisar os desdobramentos (em artigo posterior, ainda que eu já tenha analisado exaustivamente a questão).
De início, fica claro. A mudança é péssima.
A quem serve esta mudança, ou melhor, QUEM patrocina, está por trás, desta mudança?
Só não vê, quem não quer, quem está cego demais na defesa de um governo que começou mal, muito mal, nas mais diversas áreas.
Concordo com o Amorim, mais uma vez, em sue desejo final, "Oxalá eu esteja errado." mas duvido muito.
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
10:30
A posição do Brasil frente ao Irã: A mudança da Política Externa
2011-04-07T10:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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segunda-feira, 21 de março de 2011
Obama no Brasil? Guerra, Truculência e Desrespeito [Update - Presos Políticos libertados!]
O saldo da visita de Obama ao Brasil é nefasto.
13 presos políticos, constrangimento de ministros brasileiros, exigências descabidas.... Mas o saldo positivo (ou quase), pode ser o desmascaramento da mente colonizada da grande mídia. Sim, já sabíamos, mas agora está escancarado para quem quiser ver.
A Guerra do Brasil
De início, o mais aberrante, o lançamento da Operação Aurora da Odisséia, para derrubar Khadafi, foi no Brasil!
Isso mesmo, Obama, em visita ao Brasil, passou por cima de nossa posição não beligerante e de não-intervenção e declarou guerra à Líbia do solo brasileiro. Uma tremenda e absoluta falta de respeito com os anfitriões, que se abstiveram na votação do Conselho de Segurança que decidiu pelo uso da força contra o país.
Os pesados ataques aéreos contra forças de Khadafi em diversas cidades líbias começaram no sábado, com a participação de tropas americanas, francesas e inglesas.
Em suma, o Brasil foi usado como palco para o inicio da guerra, em meio a uma visita de cortesia em que uma das partes, nós, éramos CONTRA a intervenção. Trata-se de um desrespeito tremendo, típico da potência imperial em toda sua arrogância e prepotência.
Desrespeito e prepotência
Não nos esqueçamos da desistência de Obama em discursar na Cinelândia (discurso em si já um traço de arrogância) porque talvez fosse ser recebido com alguns protestos, mesmo depois da estrutura do palco estar quase pronta.
Em primeiro lugar, senhora cara de pau de Obama querer "discursar ao povo brasileiro", para trazer as boas novas do Império e uma mensagem de democracia - se todos nos comportarmos e respeitarmos o Líder!
A isto juntamos ainda os protestos de pessoas na Cidade de Deus contra sua visita depois deste querer exigir casas de moradores como pontos para atiradores de elite (inclusive com ameaças aos que se recusavam a permitir o uso de suas propriedades).
Obama age como se estivesse em casa. constrange os brasileiros, tenta nos humilhar, passa por cima de nossa boa vontade e hospitalidade... É assim que age o chefe-terrorista.
Mentalidade colonizada da mídia
>Mas, se esta visita serviu para alguma coisa, foi para desmascarar mesmo para os mais cegos a mentalidade colonizada da mídia. Nem com Bush, muito mais alinhado aos interesses da nossa querida mídia e do empresariado (ALCA era palavra de ordem ainda), a mídia nacional teve tantos orgasmos múltiplos, uma cobertura tão ampla e repetitiva e nunca se viu jornalistas (sic) tão felizes em noticiar aquilo que eles consideram fatos.
Cobertura quase totalmente voltada à visita de Obama. Reportagens especiais sobre os gostos de Michelle Obama, sobre a refeição da família
A mídia brasileira conseguiu chegar a um nível ímpar de vergonha alheia e sem-vergonhice.
Pra completar a vergonha, o PT do Rio proibiu manifestações contra Obama, num ato de total subserviência e falta de vergonha na cara.
Exemplo máximo de mídia colonizada:
Ministros revistados e absurdo aparato de segurança
Como comentado, um aparato de segurança que incluiu varredura das redes sociais, uso de perfis falsos e monitoramento completo do que se dizia aqui no Brasil - daí o cancelamento do discurso na Cinelândia depois que viram que haveriam protestos. Um esquema de segurança que chegou ao absurdo de querer revistar Ministros de Estado brasileiros!
O forte aparato de segurança instituído pela equipe do presidente Barack Obama fez com que quatro ministros brasileiros, entre eles o da Fazenda, Guido Mantega, e do Comércio e Indústria, Fernando Pimentel, desistissem de comparecer ao evento do mandatário americano com empresários.
Segundo a Folha apurou, o episódio causou mal-estar entre as autoridades brasileiras.
Além de Mantega e Pimentel, os ministros Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) e Edison Lobão (Minas e Energia) também desistiram de comparecer ao encontro por se sentirem constrangidos.
Laerte Braga, por outro lado, informa que os ministros aceitaram a revista sem problemas, só se retirando quando viram que o evento seria totalmente em inglês:
A despeito de terem abandonado o encontro os ministros não reagiram à revista e só deixaram o local ao perceberem que a língua a ser usada no encontro seria a inglesa.Absurda não só a idéia de revistar Ministros de Estado, mas também estes darem meia volta e desistirem de entrar! Oras, são Ministros! Deveriam ter simplesmente entrado, avisando que eram autoridades e que Obama é um estrangeiro que está em solo brasileiro por cortesia e não manda em nada.
Alguém deveria avisar para Obama que Celso Lafer não é mais ministro e que o Brasil não é mais quintal dos EUA.
Mas, a humilhação não parou por aí, até carros da Polícia Federal foram revistados por agentes dos EUA!
Presos Políticos
O maior absurdo de todos talvez seja a prisão de 13 militantes políticos por protestar contra Obama. Sem direito a fiança, foram encaminhados para presídios:
Um légítimo protesto contra a visita de Obama ao Brasil, em frente ao Consulado dos EUA no Rio acabou em pancadaria, com a polícia atirando bombas e balas de borracha nos manifestantes que, por seu lado, responderam atirando um coquetel molotov em direção ao consulado e acertando um segurança.
13 pessoas foram presas e, de forma inacreditável, encaminhadas sem julgamento para presídios da cidade, sem direito a habeas corpus ou fiança!
São 10 militantes do PSTU, um menor do PSOL e outro aparentemente do movimento MV Brasil, de direita. As mulheres (são 3) foram encaminhadas para o presídio de Bangu, os homens para o presídio de Água santa, já o menor foi para o Instituto Padre Severiano.
Os advogados do PSTU estão entrando na Justiça com um pedido de libertação dos presos, já que não há provas contra eles. Também questionam os artigos apontados pelo delegado, que torna o crime inafiançável. O partido fará um ato neste domingo, às 10h, contra a visita de Obama e pela liberdade dos presos políticos. Hoje, em Brasília, militantes do partido irão até a Praça dos Três Poderes, também para exigir a libertação.
Estes são os presos políticos:
Gilberto Silva - eletricista
Rafael Rossi - professor de estado, dirigente sindical do SEPE
Pâmela Rossi - professora do estado e casada
Thiago Loureiro - estudante de Direito da UFRJ, funcionário do Sindjustiça
Yuri Proença da Costa - carteiro dos Correios
Gualberto Tinoco - servidor do estado e dirigente sindical do SEPE
Gabriela Proença da Costa - estudante de Artes da UERJ
Gabriel de Melo Souza Paulo - estudante de Letras da UFRJ, DCE UFRJ
José Eduardo BRAUNSCHWEIGER - advogado
Andriev Martins Santos - estudante UFF
João Paulo - estudante Colégio Pedro II (o nome correto seria João Pedro Accioly Teixeira)
Vagner Vasconcelos - Movimento MV Brasil
Maria de Lurdes Pereira da Silva - doméstica
O diretor cultural do DCE da UFRJ, Kenzo Soares, teme pela segurança do menor que encontra-se isolado dos demais presos políticos:
Conclusão: Humilhação
O Brasil foi humilhado, submetido. Ministros foram revistados, cidadãos brasileiros foram presos e tratados como criminosos por protestar contra o chefe-terrorista, moradores da Cidade de Deus foram intimidados, líderes comunitários ficaram revoltados, mas a mídia e nossas elites se refestelaram: Um sucesso!
Como na época de FHC, aprendemos qual é o nosso lugar, à reboque dos interesses dos EUA, subservientes ao Império. Nem bem o Brasil ensaiou uma posição independente na ONU, ao não apoiar os EUA e a intervenção na Líbia, logo mostrou qual será efetivamente a cara deste governo: Submisso. Talvez a posição do Brasil tenha vindo apenas de um último lampejo de independência, mas a visita de Obama ao Brasil nos faz apenas ter preocupações com o futuro.
A Guerra contra a Líbia, que o Brasil se opôs, foi declarada de nosso território. A demonstração máxima de desrespeito e falta de apreço por parte dos EUA e um recado claro: Somos a potência e vocês nos devem obediência. Infelizmente, Dilma parece ter concordado.
Como discordar do Larte Braga?
Tenho um amigo, membro do grêmio Estudantil do C.Pedro II São Cristóvão, João Pedro Accioly Teixeira,preso numa unidade prisional para menores a 24 horas sem direito a visita ou comunicação e com pedido de Habeas Corpus e liberdade condicional negados por ter participado de uma passeata em protesto frente a visita do Obama ao Brasil. Embora 11 outros militantes e mesmo uma senhora de 70 anos que passava pelo ato também estejam presos e na mesma situação pela mesma causa, ele é o único que se encontra isolado dos outros por ser menor de idade, ou seja, compartilhando uma cela com outros detentos sem nenhum companheiro presente.Não sei porque, mas o Riocentro me vem logo à cabeça... Imaginem como será em 2014 e 1016!São óbvios e grandes os riscos que sua integridade física e psicológica correm estando ele sozinho, como o de violência física e estupro,podendo ele permanecer nessa situação durante semanas pelo motivo de ter participado de uma passeata durante a qual alguém jogou um coquetel molotov na embaixada norte-americana na ultima quinta-feira. Não há qualquer prova dele estar envolvido, e os videos das câmeras de segurança da Embaixada que registram o momento estão tendo seu acesso negado enquanto Obama permanecer no país, até terça, sendo que a audiência que definirá sua liberdade ou encarceramento será amanhã as 11 horas. Ou seja, a única prova real sobre a autoria do coquetel molotov só será liberada após a sua audiência, e uma nova audiência necessária para sua liberação poderá ocorrer talvez somente em semanas.Seu pedido de habeas corpus foi negado textualmente pelo simples motivo de Obama permanecer no Brasil, motivo inclusive inconstitucional, mas assegurado pelo esquema "especial" de segurança que protege o Presidente do Estados Unidos.
Conclusão: Humilhação
O Brasil foi humilhado, submetido. Ministros foram revistados, cidadãos brasileiros foram presos e tratados como criminosos por protestar contra o chefe-terrorista, moradores da Cidade de Deus foram intimidados, líderes comunitários ficaram revoltados, mas a mídia e nossas elites se refestelaram: Um sucesso!
Como na época de FHC, aprendemos qual é o nosso lugar, à reboque dos interesses dos EUA, subservientes ao Império. Nem bem o Brasil ensaiou uma posição independente na ONU, ao não apoiar os EUA e a intervenção na Líbia, logo mostrou qual será efetivamente a cara deste governo: Submisso. Talvez a posição do Brasil tenha vindo apenas de um último lampejo de independência, mas a visita de Obama ao Brasil nos faz apenas ter preocupações com o futuro.
A Guerra contra a Líbia, que o Brasil se opôs, foi declarada de nosso território. A demonstração máxima de desrespeito e falta de apreço por parte dos EUA e um recado claro: Somos a potência e vocês nos devem obediência. Infelizmente, Dilma parece ter concordado.
Como discordar do Larte Braga?
No governo Dilma Roussef temos os primeiros presos políticos do país desde o fim da ditadura militar, na farsa do coquetel Molotov atirado contra o consulado norte-americano no Rio, numa manifestação promovida por um partido de esquerda. O PSTU.A velha e requentada história do Riocentro. A quem interessa?
Este é o Brasil de Dilma? Lamentável!
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Sérgio Pacheco escreveu uma pequena carta a Obama, merece ser lida.
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Perdemos mesmo o respeito, até na Venezuela somos piada. Na Catalunha, destaque para o absurdos da segurança de Obama.
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Update: Os 13 Presos Políticos foram soltos, segundo informa o PSTU:
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Sérgio Pacheco escreveu uma pequena carta a Obama, merece ser lida.
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Perdemos mesmo o respeito, até na Venezuela somos piada. Na Catalunha, destaque para o absurdos da segurança de Obama.
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Update: Os 13 Presos Políticos foram soltos, segundo informa o PSTU:
Durante o final de semana, uma grande campanha foi feita, com atos e milhares de assinaturas de apoio aos presos. "Estamos aliviados e agradecidos por toda a solidariedade. Foi o que garantiu a liberdade ao grupo. Agora é ver se todos estão bem", comemorou Cyro Garcia, presidente do PSTU, partido que tem 10 militantes presos. Cyro criticou o caráter político das prisões e até na libertação. "Nada vai apagar o que aconteceu. Foi um ataque sem precedentes aos direitos humanos. Obama discursou falando da democracia, comemorando não estarmos mais em uma ditadura, mas o governador deixou pessoas inocentes em presídios até que a viagem terminasse. O governo de Dilma, presa na ditadura, não fez absolutamente nada", afirmou.
O grupo ficou em celas isoladas nos presídios, mas ainda assim, os advogados irão averiguar indícios de maus tratos. "Todos os homens em Água Santa tiveram a cabeça raspada", conta Aderson Bussinger, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que acompanha o caso. "Obama veio aqui e deixou um Guantánamo. E ninguém noticiou", completa Cyro.
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
10:30
Obama no Brasil? Guerra, Truculência e Desrespeito [Update - Presos Políticos libertados!]
2011-03-21T10:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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segunda-feira, 14 de março de 2011
Obama no Brasil e a subserviência de sempre
Se aproxima a hora em que Obama chegará ao Brasil para uma visita que, segundo a mídia colonizada brasileira, é histórica. ia 19 e 20 deste mês Obama estará entre nós, trazendo o mesmo cheiro de enxofre que seu antecessor, como bem disse Hugo Chávez há alguns anos.
Mais histórico seria uma visita durante o governo Lula, em que a política externa brasileira foi independente e chegou a desafiar o império. A visita de agora apenas nos traz preocupações, pois nosso chanceler, carinhosamente apelidado pelo Laerte Braga de Anthony Patriot, dá sinais sobre sinais de que nossa política externa sofrará mais uma guinada, de volta para a subserviência fernandiana e laferiana.
Sobre a guinada, recomendo a leitura deste post, em que analiso as diferenças já perceptíveis entre o estilo de Celso Amorim e de Antônio Patriota.
Pois bem, ponto focal da nova diplomacia brasileira - que cheira a naftalina, aliás - é a questão dos Direitos Humanos, ou melhor, a seletividade dos Direitos Humanos, sempre a serviço dos interesses dos EUA.
Retomo o ponto:
Enfim, sabemos ser impossível, mas será que a Dilma não deveria criticar os EUA pelos seus sistemáticos abusos aos Direitos Humanos não só em seu próprio território, mas também em suas bases estrangeiras (como Guantánamo) e instalações secretas? Sem mencionar as ações criminosas no Iraque, no Afeganistão e em boa parte do mundo?
Se Dilma quer efetivamente levantar a bandeira dos direitos humanos, não deveria começar por criticar o maior responsável por violações de direitos humanos no mundo?
Mas Anthony Patriot estava mais preocupado em viajar pelos EUA fazendo jogo de cena, dando beijinho na Hillary e preparando a visita do nosso guia supremo ao país.
O mundo hoje discute acaloradamente o tratamento dispensado pelos EUA a Bradley Manning, o militar que vazou os dados sigilosos dos EUA para o WikiLeaks. Hoje ele encontra-se preso e é sistematicamente submetido à tortura, a mesma tortura a qual são submetidos centenas, quiçá milhares de presos políticos apenas em Guantánamo, em área roubada de Cuba. É impossível contar quantos homens, mulheres e crianças foram e são torturados pelos EUA nos países que ocupa, ou indiretamente através de seus cúmplices israelenses ou títeres pelo mundo inteiro.
Disse o Mello, em seu blog:
O que surpreende, porém, é a política brasileira. A política de adotar o discurso igual ao do império do norte.
E, ainda assim, Dilma levanta a bandeira dos Direitos Humanos e recebe Obama no país como um decente e honesto chefe de Estado, com a mídia em polvorosa, pronta para receber o arauto da modernidade, o grande pai, o nosso guia no caminho do neoliberalismo e da democracia burguesa.
Mais histórico seria uma visita durante o governo Lula, em que a política externa brasileira foi independente e chegou a desafiar o império. A visita de agora apenas nos traz preocupações, pois nosso chanceler, carinhosamente apelidado pelo Laerte Braga de Anthony Patriot, dá sinais sobre sinais de que nossa política externa sofrará mais uma guinada, de volta para a subserviência fernandiana e laferiana.
Sobre a guinada, recomendo a leitura deste post, em que analiso as diferenças já perceptíveis entre o estilo de Celso Amorim e de Antônio Patriota.
Pois bem, ponto focal da nova diplomacia brasileira - que cheira a naftalina, aliás - é a questão dos Direitos Humanos, ou melhor, a seletividade dos Direitos Humanos, sempre a serviço dos interesses dos EUA.
Retomo o ponto:
Dilma resolveu adotar posição de militante dos DH, o que a coloca alinhada com os EUA. Alinhada pois casos sérios de abuso dos direitos humanos que chegam à ONU costumam se limitar aos do terceiro mundo, enquanto potências aliadas ou mais ou menos amigas dos EUA - vide China - jamais são constrangidas a tal ponto.
Isto significa basicamente um maior alinhamento com os EUA e um afastamento considerável do terceiro mundo, algo que foi a bandeira do governo Lula e um marco na nossa política externa.
Enfim, sabemos ser impossível, mas será que a Dilma não deveria criticar os EUA pelos seus sistemáticos abusos aos Direitos Humanos não só em seu próprio território, mas também em suas bases estrangeiras (como Guantánamo) e instalações secretas? Sem mencionar as ações criminosas no Iraque, no Afeganistão e em boa parte do mundo?
Se Dilma quer efetivamente levantar a bandeira dos direitos humanos, não deveria começar por criticar o maior responsável por violações de direitos humanos no mundo?
Mas Anthony Patriot estava mais preocupado em viajar pelos EUA fazendo jogo de cena, dando beijinho na Hillary e preparando a visita do nosso guia supremo ao país.
O mundo hoje discute acaloradamente o tratamento dispensado pelos EUA a Bradley Manning, o militar que vazou os dados sigilosos dos EUA para o WikiLeaks. Hoje ele encontra-se preso e é sistematicamente submetido à tortura, a mesma tortura a qual são submetidos centenas, quiçá milhares de presos políticos apenas em Guantánamo, em área roubada de Cuba. É impossível contar quantos homens, mulheres e crianças foram e são torturados pelos EUA nos países que ocupa, ou indiretamente através de seus cúmplices israelenses ou títeres pelo mundo inteiro.
Disse o Mello, em seu blog:
O que espanta na resposta de Obama é sua postura pusilânime. Ele que foi eleito sob tantas esperanças, com uma plataforma de mudanças, decepciona a cada dia os que acreditaram nele. Não muda nada e parece conformado com isso.O que me surpreende não é isso, pois como presidente dos EUA, Obama nada mais é que um representante dos lobbies sionistas e da guerra. Nada mais é que um rosto dominado por uma máquina muito maior que ele, imparável, corrompida, suja.
Quem via Obama como próximo a Lula percebe que ele na verdade é o FHC americano.
O que surpreende, porém, é a política brasileira. A política de adotar o discurso igual ao do império do norte.
E, ainda assim, Dilma levanta a bandeira dos Direitos Humanos e recebe Obama no país como um decente e honesto chefe de Estado, com a mídia em polvorosa, pronta para receber o arauto da modernidade, o grande pai, o nosso guia no caminho do neoliberalismo e da democracia burguesa.
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quarta-feira, 2 de março de 2011
Balanço Inicial do Governo Dilma: Política Externa
Breve análise sobre o possível - e já visível - retrocesso do governo Dilma em relação à Política Externa de Lula/Amorim.
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De início há o - justificado - temor de que tudo que foi conquistado por Celso Amorim seja destruído. E digo justificado pois desde o começo o novo chanceler, Antônio Patriota, dá mostras de ter um estilo totalmente diferente da de seu antecessor.
Amorim, em sua política externa progressista, buscou balancear soberania nacional e direitos humanos, e tinha como diretriz imposta ao Itamaraty a tese de não condenar países violadores de Direitos humanos até que todos os canais e meios estivessem saturados, ou seja, o Brasil não ia apoiar sanções e condenações na ONU até que houvesse uma efetiva e exaustiva negociação com o país supostamente a violar os direitos humanos ou a desrespeitar o direito internacional.
Foi isto que levou o Brasil a chegar a um acordo satisfatório com o Irã e a Turquia, enquanto EUA e aliados se limitavam a condená-lo sem terem sequer sentado e conversado sem armas apontadas.
Agora, porém, Dilma resolveu adotar posição de militante dos DH, o que a coloca alinhada com os EUA. Alinhada pois casos sérios de abuso dos direitos humanos que chegam à ONU costumam se limitar aos do terceiro mundo, enquanto potências aliadas ou mais ou menos amigas dos EUA - vide China - jamais são constrangidas a tal ponto.
Isto significa basicamente um maior alinhamento com os EUA e um afastamento considerável do terceiro mundo, algo que foi a bandeira do governo Lula e um marco na nossa política externa.
A mesma análise foi feita pelo Azenha no Vi o Mundo, ainda que eu discorde de sua tese de que esta aproximação com os EUA signifique que o Brasil procura chegar ao Conselho de Segurança através das mãos americanas.
Os EUA já tem um candidato de peso, a Índia e, além disso, dificilmente considerariam como positiva a idéia de ter no Conselho um país que faz parte de seu quintal. Seria impensável que um país que tem a obrigação de ser subserviente como um parceiro em pé de igualdade aos EUA, com direito ao mesmo veto, especialmente um país com nosso tamanho e que às vezes tem aspirações que não casam com as dos EUA.
De fato, seria ingenuidade achar que o Brasil conseguiria chegar no Conselho pelas mãos dos EUA. A não ser que a política estadunidense tenha dado uma guinada absurda de uma hora para outra. A Índia serve perfeitamente aos propósitos dos EUA porque precisa mendigar pelo apoio da potência na sua briga com o Paquistão e por toda ajuda econômica que recebe. Além de ser uma forma de irritar a China, potência regional que nunca se deu bem com a Índia.
As hipóteses aventadas pelo Azenha vão das factíveis até algumas que dificilmente poderiam ser críveis:
O fato é que qualquer aproximação com os EUA depois de 8 anos de uma política externa fantástica e independente de Celso Amorim seria um retrocesso vergonhoso. Amorim e Lula passaram 8 anos cortejando o terceiro mundo por apoio para chegar ao Conselho de segurança - e também atrás de vantagens econômicas, acordos preferenciais - e Dilma e Patriota podem colocar tudo isto a perder.
A mudança que já se pode notar do estilo de Patriota frente ao de Celso Amorim foi a frouxa nota que o Itamaraty lançou em meio à crise no Egito. Pra dizer o mínimo, foi vergonhosa. Além de atrasada e de demonstrar que os temores de alinhamento com os EUA podem ser justificados.
Como todos já sabem, os EUA durante os primeiros dias de protesto buscou livrar Mubarak da pressão, apenas pedindo mudanças no regime, até enxergar que a população não se contentaria. O Brasil foi no mesmo caminho, se limitando a repudiar brevemente a violência sem, porém, sem grandes comentários sobre o regime em si e com críticas apenas tímidas.
Se colocar junto aos movimentos sociais foi pauta da política externa brasileira anterior, assim como se opor aos interesses dos EUA.
A lerdeza e ineficiência da Chancelaria brasileira são dignas de nota. Posso destacar dois momentos.
Primeiro, a lerdeza na condenação dos governos do Egito e Líbia, ou melhor, na leve censura, o que nos leva ao principal problema, o da falta de uma condenação contundente, mas apenas do afago aos regimes de então (o de Mubarak, caído, e o de Kadhafi, prestes a cair) e o pedido para a resolução pacífica do conflito. E mais nada.
A nota na crise do Egito:
De atuante e influente, interessado em realmente resolver as questões e negociar saídas para um país irrelevante, tímido, hesitante e sem qualquer interesse em influenciar a região. Enquanto acontece a crise na Líbia Patriota desfila ao lado de Hillary Clinton e prepara a visita de Obama ao Brasil, não podia ser um sinal mais significativo da subserviência frente aos EUA que se desenha.
Os 8 anos de diplomacia atuante do Brasil parecem ter dado lugar aos 8 de política externa vergonhosa de FHC e Celso Lafer, mas ainda sem o Chanceler tirar o sapato.
Cabe a leitura do artigo que escrevi para o Correio da Cidadania sobre as diferenças entre a política externa de Lula (Amorim) e de Dilma (Patriota).
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De início há o - justificado - temor de que tudo que foi conquistado por Celso Amorim seja destruído. E digo justificado pois desde o começo o novo chanceler, Antônio Patriota, dá mostras de ter um estilo totalmente diferente da de seu antecessor.
As previsões de continuísmo, ao menos no plano internacional, do governo de Dilma Rousseff foram abaladas com as declarações recentes da presidente eleita e de seu chanceler, Antonio Patriota. Em entrevista ao jornal “Washington Post”, Dilma discordou da abstenção brasileira na votação da Assembleia Geral das Nações Unidas que apontou violações de direitos humanos pelo Irã. Não é novidade que Dilma pleiteia um governo que possua feição própria, assim discursando seu mentor eleitoral Lula, e que naturalmente seu mandato será um governo diferente. O questionamento tão imediato, porém, põe em cheque a posição controvertida construída por anos pelo governo brasileiro em relação a países violadores de direitos humanos.Uma novidade trazida pela Dilma - que vai de encontro com a forma pela qual agiu o Itamaraty durante Lula - é o de pautar sua política externa nos "Direitos Humanos". Parece um tema que merece apoio óbvio, porém a questão é mais profunda.
Amorim, em sua política externa progressista, buscou balancear soberania nacional e direitos humanos, e tinha como diretriz imposta ao Itamaraty a tese de não condenar países violadores de Direitos humanos até que todos os canais e meios estivessem saturados, ou seja, o Brasil não ia apoiar sanções e condenações na ONU até que houvesse uma efetiva e exaustiva negociação com o país supostamente a violar os direitos humanos ou a desrespeitar o direito internacional.
Foi isto que levou o Brasil a chegar a um acordo satisfatório com o Irã e a Turquia, enquanto EUA e aliados se limitavam a condená-lo sem terem sequer sentado e conversado sem armas apontadas.
Agora, porém, Dilma resolveu adotar posição de militante dos DH, o que a coloca alinhada com os EUA. Alinhada pois casos sérios de abuso dos direitos humanos que chegam à ONU costumam se limitar aos do terceiro mundo, enquanto potências aliadas ou mais ou menos amigas dos EUA - vide China - jamais são constrangidas a tal ponto.
Isto significa basicamente um maior alinhamento com os EUA e um afastamento considerável do terceiro mundo, algo que foi a bandeira do governo Lula e um marco na nossa política externa.
A mesma análise foi feita pelo Azenha no Vi o Mundo, ainda que eu discorde de sua tese de que esta aproximação com os EUA signifique que o Brasil procura chegar ao Conselho de Segurança através das mãos americanas.
Os EUA já tem um candidato de peso, a Índia e, além disso, dificilmente considerariam como positiva a idéia de ter no Conselho um país que faz parte de seu quintal. Seria impensável que um país que tem a obrigação de ser subserviente como um parceiro em pé de igualdade aos EUA, com direito ao mesmo veto, especialmente um país com nosso tamanho e que às vezes tem aspirações que não casam com as dos EUA.
De fato, seria ingenuidade achar que o Brasil conseguiria chegar no Conselho pelas mãos dos EUA. A não ser que a política estadunidense tenha dado uma guinada absurda de uma hora para outra. A Índia serve perfeitamente aos propósitos dos EUA porque precisa mendigar pelo apoio da potência na sua briga com o Paquistão e por toda ajuda econômica que recebe. Além de ser uma forma de irritar a China, potência regional que nunca se deu bem com a Índia.
As hipóteses aventadas pelo Azenha vão das factíveis até algumas que dificilmente poderiam ser críveis:
Testando hipóteses: o Brasil adota o receituário de Washington para os Direitos Humanos (vale cobrar Cuba, Venezuela, Sudão, Irã, Zimbábue, Coreia do Norte; não vale cobrar Estados Unidos, Arábia Saudita, Israel, etc); o Brasil desiste de uma política externa independente e de futuras pretensões nucleares (como fez a França, ao optar por ter seu próprio guarda-chuva nuclear, independente da OTAN); o Brasil compra caças americanos F-18 e ganha o papel de gendarme disfarçado dos Estados Unidos na América Latina (ampliando o papel que já desempenha no Haiti, por exemplo); o Brasil ganha um assento no Conselho de Segurança.O Brasil pode efetivamente se aproximar dos EUA, mas seria difícil, por exemplo, o próprio PT aceitar críticas explícitas à Cuba ou Venezuela, sem falar no prejuízo que isto traria para o Brasil regionalmente (quando a maior parta da AL está alinhada com o pensamento bolivariano em maior ou menor grau). Outra coisa pouco factível é o Brasil desistir de seu programa nuclear pacífico (o que, aliás, aproxima o Brasil do Irã) que, dizem, tem uma tecnologia que mesmo os EUA querem se apoderar.
O fato é que qualquer aproximação com os EUA depois de 8 anos de uma política externa fantástica e independente de Celso Amorim seria um retrocesso vergonhoso. Amorim e Lula passaram 8 anos cortejando o terceiro mundo por apoio para chegar ao Conselho de segurança - e também atrás de vantagens econômicas, acordos preferenciais - e Dilma e Patriota podem colocar tudo isto a perder.
A mudança que já se pode notar do estilo de Patriota frente ao de Celso Amorim foi a frouxa nota que o Itamaraty lançou em meio à crise no Egito. Pra dizer o mínimo, foi vergonhosa. Além de atrasada e de demonstrar que os temores de alinhamento com os EUA podem ser justificados.
Como todos já sabem, os EUA durante os primeiros dias de protesto buscou livrar Mubarak da pressão, apenas pedindo mudanças no regime, até enxergar que a população não se contentaria. O Brasil foi no mesmo caminho, se limitando a repudiar brevemente a violência sem, porém, sem grandes comentários sobre o regime em si e com críticas apenas tímidas.
Se colocar junto aos movimentos sociais foi pauta da política externa brasileira anterior, assim como se opor aos interesses dos EUA.
O Governo brasileiro deplora os confrontos violentos associados aos últimos desdobramentos da crise no Egito, em particular os atos de hostilidade à imprensa reportados ontem e hoje.Mesmo na mais primorosa linguagem diplomática, conhecida pelos panos quentes ou mesmo pela luva de pelica, a mensagem do Brasil é simplesmente ridícula. Fraca, tímida, ineficiente e muito aquém da posição anterior da chancelaria.
O Governo brasileiro protesta contra a detenção dos jornalistas brasileiros Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, da TV Brasil, e manifesta a expectativa de que as autoridades egípcias tomem medidas para garantir as liberdades civis e a integridade física da população e dos estrangeiros presentes no país.
Ao reafirmar a solidariedade e amizade do Brasil ao povo egípcio, o Governo brasileiro espera que este momento de instabilidade seja superado com a maior rapidez possível em um contexto de aprimoramento institucional e democrático do Egito.
A Embaixada do Brasil no Cairo continuará prestando assistência a turistas e residentes brasileiros que se encontram no país.
A lerdeza e ineficiência da Chancelaria brasileira são dignas de nota. Posso destacar dois momentos.
Primeiro, a lerdeza na condenação dos governos do Egito e Líbia, ou melhor, na leve censura, o que nos leva ao principal problema, o da falta de uma condenação contundente, mas apenas do afago aos regimes de então (o de Mubarak, caído, e o de Kadhafi, prestes a cair) e o pedido para a resolução pacífica do conflito. E mais nada.
A nota na crise do Egito:
Ao tomar conhecimento dos recentes acontecimentos no Egito, o Brasil manifesta sua expectativa de que a transição política naquele país transcorra dentro do respeito às liberdades políticas e civis e aos direitos humanos da população, em ambiente de paz e tranquilidade.E a nota da crise na Líbia, ainda mais pífia:
O Brasil acompanha com grande interesse a evolução da situação política no país amigo, que, além de parceiro relevante, desempenha papel importante para a estabilidade do Oriente Médio.
Ao solidarizar-se com a população egípcia na busca da realização de suas aspirações, o Brasil reafirma sua confiança de que as lideranças políticas da sociedade egípcia saberão fazer face a este momento
Ao tomar conhecimento da deterioração da situação na Líbia, o Governo brasileiro conclama as partes envolvidas a buscarem solução para a crise por meio do diálogo, e reitera o repúdio ao uso da violência.O Brasil com Celso Amorim buscou firmar sua presença no Oriente Médio (com o excelente e memorável acordo Brasil-Irã-Turquia), e chegou até a ensaiar papel como mediador no conflito Israel-Palestino. A frouxidão das mensagens da Chancelaria agora contrastam fortemente com as atitudes do governo passado.
O Governo brasileiro insta as autoridades líbias a tomarem medidas no sentido de preservar a segurança e a livre circulação dos estrangeiros que se encontram no país. O Governo brasileiro tem a expectativa de que as autoridades líbias deem atenção urgente à necessidade de garantir a segurança na retirada dos cidadãos brasileiros que se encontram nas cidades de Trípoli e Bengazi.
De atuante e influente, interessado em realmente resolver as questões e negociar saídas para um país irrelevante, tímido, hesitante e sem qualquer interesse em influenciar a região. Enquanto acontece a crise na Líbia Patriota desfila ao lado de Hillary Clinton e prepara a visita de Obama ao Brasil, não podia ser um sinal mais significativo da subserviência frente aos EUA que se desenha.
Os 8 anos de diplomacia atuante do Brasil parecem ter dado lugar aos 8 de política externa vergonhosa de FHC e Celso Lafer, mas ainda sem o Chanceler tirar o sapato.
Cabe a leitura do artigo que escrevi para o Correio da Cidadania sobre as diferenças entre a política externa de Lula (Amorim) e de Dilma (Patriota).
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
10:30
Balanço Inicial do Governo Dilma: Política Externa
2011-03-02T10:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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