quarta-feira, 24 de março de 2010

Protesto dos professores em greve! [2] 50 mil nas ruas!

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Dia 19 de março, sexta-feira, mais uma sexta-feira, os professores estaduais de São Paulo foram Às ruas exigir seus direitos. Se na primeira vez eles eram 20-30 mil, desta vez o número quase dobrou: Foram mais de 50 mil professores que lotaram a Paulista e desceram até a Praça da República em uma marcha gigantesca que enquanto a cabeça da marcha estava quase no Cemitério da Consolação, o final ainda estava perto do MASP!
Professores de todos os cantos do Estado fizeram um grandioso protesto que contou com a participação de estudantes - notadamente da UNESP Araraquara e Rio Claro, que fizeram muito barulho -, de membros de outros sindicatos - como o Sindisaude - e com muita gente que passava pelo local e resolveu aderir à marcha.

Apesar da imprensa golpista calcular (sic) o número de manifestantes entre 8 mil e 10 mil, um número simplesmente ridículo e mentiroso - as fotos e vídeos falam por si -, a organização da APEOESP calculou em mais de 50 mil. E dificilmente os professores estavam me menor número! Aliás, o PIG é tão descarado e mentiroso que, segundo o Estadão, haviam 12 mil manifestantes sexta passada e nesta o número diminuiu?

Definitivamente, o PIG não sabe contar e precisa (re)aprender a manipular!
A farsa é tão grande que o G1, por exemplo, utilizou fotos em sua matéria sobre o protesto (8 mil???) que foram claramente tiradas no início do protesto, quando havia pouca gente ainda.

Novamente o único helicóptero presente era o da PM e no máximo algumas coberturas parciais e tendenciosas foram feitas, normalmente os repórteres se limitavam a dizer que o trânsito estava sendo prejudicado enquanto a massa de milhares de professores e estudantes era ignorada e suas reivindicações deixadas de lado. Um repórter da Rede TV e sua equipe foram vaiados por longos minutos e muito xingados quando, ao invés de filmar a multidão ou buscar alguém do protesto para entrevistar, se limitavam a gravar a Elite Cansada buzinando na R. Caio Prado e reclamando que estavam atrasados para algum compromisso ou queriam chegar logo em casa. Este repórter se limitou a entrevistar uma senhora revoltada - devia ter perdido a hora do cabelereiro - e a fingir que não via os milhares que passavam ao seu lado.
O PIG, enfim, faz o serviço de seu partido, o serviço de esconder milhares de pessoas e apontá-los como baderneiros desocupados e não como professores em busca de dignidade e condições de trabalho.
"Pq o Serra e a elite não se importam com os professores? Pq ensinamos aos filhos dos trabalhadores!" Disse uma professora.
Aos gritos de "Serra a culpa é sua, a greve continua" e de "Serra a culpa é sua, a aula agora é na rua", o PIG se calou e continuou com sua tosca blindagem do Vampiro Anêmico que desce cada vez mais nas pesquisas.

O PIG faz seu serviço. Criminaliza o movimento, reduz seu tamanho, repassa as informações que Serra manda e, claro, foca no trânsito. Não importam as reivindicações de nenhuma categoria... Importa o trânsito!


Ainda no início do protesto, enquanto eram feitos discursos e a multidão se reunia no MASP, lotando o vão, as duas pistas da Paulista  e enchendo 3 quarteirões, foi feita uma mini-assembléia na qual foi decidido que a luta dos professores é por salário, estabilidade, concurso para admissão e, ainda, decidiram que será feito um novo protesto dia 26, na próxima sexta-feira, em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado para, assim, tentar mostrar ao Governador (sic) Serra que os professores existem e que ele não conseguirá se esconder indefinidamente!
Ao longo do protesto pude conversar com várias pessoas, desde professores - revoltados com a instabilidade no emprego e com os salários irrisórios (algo como R$7,16 a hora/aula), além de se sentirem humilhados pelo tratamento recebido por parte do governo, não que fosse surpresa e também sem abaixar a cabeça -, até pessoas que passavam e apoiavam. Um motorista de caminhão na Paulista que pediu uma bandeira da APEOESP e passou a balançá-la com vontade apoiando os professores, uma senhora que veio conversar comigo dizendo que sua filha estudava em colégio público e que ela tinha orgulho de seus professores ou ainda uma senhora que resolveu reclamar com o repórter da RedeTV por não cobrir o protesto e que era moradora do centro e não estava participando da passeata.

Claro, muitos também se mostravam contra. Tivemos o péssimo exemplo de alguns professores da E.E. Marina Cintra que resolveram boicotar a greve - e foram vaiados e chamados de "pelegos" - ou vários motoristas que xingavam os professores, querendo chegar logo em casa. Cheguei a ouvir uma garota - obviamente aluna de colégio particular e privilegiada - reclamando a um amigo que os professores eram inúteis e vagabundos e estavam atrapalhando a vida de todos ao invés de ir ensinar os "pobres de merda o seu lugar"....
Ainda assim, o bom humor no protesto era visível. A esperança de conseguir recuperar a dignidade e de terem melhores condições de trabalho moviam os milhares de professores em uma passeata bonita, vibrante e animada.

Enfim, sexta que vem tem mais, desejo toda sorte aos professores e torço para que consigam o que lhes é de direito e que, como eles pedem, Serra vá para o inferno e que nunca mais São Paulo vote em um Tucano.
Fotos Estadão, G1, Uol, Rede Brasil Atual,

Discursos dos professores no início da manifestação:
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Comentários
1 Comentários

1 comentários:

Eduardo Prado disse...

Tsavkko,

Eu estive nas duas últimas Assembléias, dias 12 e 19. É difícil não se revoltar diante da manipulação da imprensa em relação, não só ao número de manifestantes, mas sobretudo com as reivindicações dos professores e as denúncias de descaso do governo com a educação.

O pior é que esse estratégia surte algum efeito. A falta de repercussão por parte da inprensa, ou melhor, a repercussão negativa que ela promove, contribui para diminuir a adesão à greve. O professor que não foi á Paulista tende a duvidar dos relatos dos que foram,afinal, não foi isso que ele ouviu no rádio ou assistiu na tv. O poder da imprensa como formadora de opinião ainda é muito forte no Brasil e não pode ser subestimado.

Abraço

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