quarta-feira, 9 de junho de 2010

A deterioração da relação EUA/Israel e o papel da comunidade Internacional no Genocídio Palestino

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A relação entre EUA e Israel vem lentamente se deteriorando. Nada que coloque em perigo a aliança como um todo, mas as declarações e o tom usado por Michael Oren - embaixador de Israel nos EUA - em programa da FoxNews denuncia que os EUA não tem mais qualquer moral frente à Israel e de que este último não irá nem respeitar o direito internacional e nem aceitará ordens dos EUA.

Obama, novamente, demonstra ser um palhaço inútil à frente dos EUA. Fraco, inepto frente à dominação do lobby israelense. Israel eleva o tom. Peita a ONU como sempre fez mas encontra eco apenas em Hillary. O resto do governo se divide entre críticas e o silêncio. Obama apenas timidamente, e dias depois, apareceu para dizer que Israel tem direito a se defender. Mas faltou convicção, a convicção de Bush e outros presidentes. Sobrou a voz solitária de Hillary e, até certo ponto, a de Biden, notório defensor do Estado Sionista.

Mas é pouco. E Israel responde à este fraquejo com mais bravatas, mais demonstrações de desprezo e mais violência.

Não aceitarão qualquer investigação independente, na verdade não farão qualquer investigação e ainda, jocosamente, perguntam aos EUA se estes aceitariam uma investigação internacional sobre suas ações no Afeganistão. De fato, a moral dos EUA afunda mesmo entre aliados. Viraram um elefante branco, bem armado, mas ainda um elefante branco que incomoda mas não tem a capacidade ou a inteligência para mais nada.

O Relatório Goldstone já foi enterrado. Os EUA não se interessam por ele, Israel o denuncia e ameaça quem o apóia. E tudo fica na mesma. Como tudo na diplomacia de aparências.

O relatório do jurista Goldstone sobre o conflito na faixa de Gaza culpa o governo de Israel de crimes de guerra. Israel forjou passaportes britânicos e australianos usado pelos assassinos para matar um comandante do Hamas em Dubai. Israel anuncia planos para construir 1.600 casas para judeus em uma área da Cisjordânia anexada. Os signatários do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT) aprovaram por unanimidade declaração instando Israel a assinar o TNP, e colocar as suas instalações nucleares sob salvaguardas da ONU. Por que o direito de Israel em "se defender" o exime de ter responsabilidades morais?
Israel anunciou aos EUA que chegaram à maioridade. Se é verdade que ainda precisam do dinheiro e do apóio político dos EUA - em especial o apoio dado no Conselho de Segurança -, também é verdade que agora Israel quer caminha com as próprias pernas e tem total condições de fazê-lo enquanto contar com uma poderosa rede de apoio na América e na Europa.

Enquanto isto, o Genocídio contra o povo Palestino continua igual. Gaza permanece um Campo de Concentração no qual sequer chocolate pode entrar. Talvez os israelenses acreditem que o Hamas usará o chocolate para algum tipo de armamento. Da mesma forma que acreditaram serem armas perigosíssimas as facas e bolinhas de gude à bordo do Mavi Marmara.
Os produtos que Israel permite introduzir em Gaza têm mudado com o tempo, obrigado as organizações humanitárias adivinhar o que é permitido ou não. Entre a ampla gama de produtos que atualmente estão proibidos se incluem marmelada, chocolate, madeira para moveis, sucos de frutas e produtos têxteis!!
O bloqueio é criminoso, é ilegal, desrespeita convenções das Nações Unidas, desrespeita qualquer noção básica de dignidade humana e é indefensável. Estamos falando de um genocídio, com todas as letras.

A tática de Israel é simples: Sufocar Gaza e matar uma geração inteira. Se isto não é Genocídio, não sei o que é. Na verdade é um genocídio com moldes Nazistas.

Gaza teve hospitais danificados, a maior parte das casas foi ao chão ou restam apenas escombros - nos quais moram milhares de famílias -, remédios são quase inexistentes. A comida é escassa. O pouco que chega vem de ajuda humanitária - as que Israel permite que passem - ou do contrabando através de túneis que ligam Gaza ao Egito. A população mais vulnerável, as crianças, morrem diariamente e a maior parte delas é vítima de desnutrição. Israel está matando toda uma geração.

Enquanto isto os EUA se calam, Israel comemora e o mundo Árabe (incluo no hall a Turquia) - em especial o Egito - apenas usam a causa palestina como instrumento para a legitimação de políticas e regimes sem, porém, tomarem qualquer atitude séria em prol do povo.

O bloqueio Israelense seria impossível sem a cooperação do Egito, que fecha a fronteira de Gaza que fica ao seu lado e obriga o contrabando através de túneis que constantemente desabam e matam. A Turquia, que apesar das relações tensas, há muito é aliada de Israel e dos EUA, só agora vem abrindo os olhos, mas o que é show midiático e o que é uma guinada verdadeira ainda estamos para descobrir.

O Irã é um dos poucos países na região que, apesar das bravatas e da propaganda, efetivamente influenciam a questão financiando o Hamas e o Hezbollah e dando apoio logístico, financeiro e, afinal, moral à resistência, ainda que algumas de suas declarações pareçam mais provocação inconsequente que qualquer coisa.

O que se vê, por fim, é um povo isolado, massacrado por Israel com a conivência dos EUA e do mundo. Em sua defesa apenas tímidas tentativas de raros aliados e de aliados esporádicos e interessados. No geral, os Palestinos permanecem isolados, acuados e são uma moeda de troca pura e simples no cenário internacional de conflito entre potências, entre Estados que querem ser potência e outros que querem apenas garantir alguns interesses.

E, no fim das contas, se o efeito buscado por Israel é o de neutralizar o Hamas, o efeito é contrário. O Hamas está mais forte politicamente do que nunca e Israel nunca esteve tão isolada.
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