terça-feira, 27 de julho de 2010

O caso WikiLeaks, Sex and the City e as moscas

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A divulgação dos documentos sigilosos pelo site WikiLeaks apenas confirma o que todos sabiam - ou deveriam saber -, que os EUA, seus capachos ingleses e demais aliados não passam de criminosos.

Me surpreende, no entanto, que muita gente tenha sido pega de surpresa por tais revelações. Seria a propaganda yankee funcionando ou apenas uma tentativa de mascarar a realidade como forma de auto-defesa para a cruel realidade em que vivemos?

Qual a surpresa em saber que os EUA são criminosos de guerra? Vejam apenas a atuação de Israel, seu protegido. Será que os EUA não seriam capazes de cometer os mesmos atos? São capazes e os cometem.

O vazamento é providencial. Ao menos aqueles ainda iludidos podem finalmente abrir os olhos. Se tiverem coragem. Mas não acredito em efeitos práticos, ao menos não vejo um efeito imediato na ação das tropas dos EUA e aliados e nem uma mudança no comportamento belicoso do Império.

A invasão do Iraque foi e continua sendo um crime. A ONU jamais deu sua permissão para tal invasão, que aconteceu à revelia da comunidade internacional. Já o Afeganistão, bola da vez do WikiLeaks, foi invadido contando com algum apoio internacional, mas a longo prazo os EUA se viram frente ao mesmo dilema da URSS: O país foi invadido, e agora? Como efetivamente conquistar?

Com a típica ignorância e prepotência que lhe é de costume, os EUA se viram num atoleiro tremendo, sem saída, com promessas várias ditas à imprensa e ao povo afegão, mas frente à uma terrível impossibilidade de cumprí-las. As tropas foram ficando, foram se perdendo e, contra a violência do Talibã, usaram ainda mais violência, cometeram sérios e graves crimes de guerra e não dão mostras de cansar.

Os EUA impuseram um governante corrupto, um sistema político pré-fabricado, uma democracia falseada e passaram por cima não só dos modelos tradicionais locais de governo e poder, como, hoje, se limitam a impor uma paz armada. Apenas em Cabul, pois no resto do país há apenas armas, sangue e dor.

"Soluções" são impostas de cima ara baixo, sem que a população tenha real direito a opinar e propor alternativas. Os anseios da população forma pisoteados pelos interesses das grandes corporações e de Estados criminosos. são todos cúmplices em uma guerra sem fim.

Os EUA cada vez mais se aproximam de uma encruzilhada. Obama, que havia prometido retirar as tropas do atoleiro em que Bush as havia metido, se mostrou nada mais que um típico mentiroso, pré-requisito para assumir um cargo de tamanha importância quanto o de Presidente dos EUA. Suas promessas viraram fumaça tão logo assumiu, e o Prêmio Nobel, hoje, me parece ter sido apenas uma piada cruel que faz a função apenas de destacar o quão distante Obama está de suas promessas de um mundo melhor (sic).

Os EUA falharam miseravelmente.

E, no caso do Afeganistão em particular, falharam por não terem objetivos claros. O objetivo era o de derrotar o Tallibã? O de impor uma democracia? O de impor um líder que conseguisse unificar o país? Falharam em todas - ou sequer tinham real intenção de chegar a qualquer um destes objetivos. Ou o objetivo era o de colocar as mãos nas riquezas locais e de fortalecer sua indústria bélica?

É ilustrativo, porém, observar a reação de EUA e Reino Unido, seus capachos, ao vazamento.
"Os Estados Unidos condenam firmemente a divulgação de informações classificadas por parte de pessoas e organizações que poderão colocar as vidas de americanos e de nossos aliados em risco, e ameaçam nossa segurança nacional", disse o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, James Jones, em um comunicado de domingo.
A Grã-Bretanha indicou nesta segunda-feira que lamentava o vazamento, mas pediu ao Paquistão que desmantele todos os grupos militantes que operam em seu território.
"Lamentaríamos qualquer revelação não autorizada de material classificado", disse uma porta-voz de Downing Street. "A Casa Branca fez uma declaração. Não falaremos sobre documentos vazados".
Revolta para mascarar o medo de tantas informações terem caído em domínio público.

Vê-se o grau de manipulação dos principais governos envolvidos no conflito: A verdade apavora. O público não tem o direito de saber a verdade, deve ser eternamente mantido na mais completa ignorância.Outro ponto válido é o discurso. Para os ingleses, a Casa Branca fez uma declaração, logo, eles não precisam dizer nada. A subordinação de Londres chega a ser dolorosa!


É curioso saber como o público inglês recebeu a notícia. Os ingleses já não toleravam mais ser capachos sob o comando de Tony Blair, colocaram Gordon Brown para correr e, agora, mesmo com um novo premier, conservador, continuam juntos, de braços dados com os EUA, afundando na lama afegã.
Mas, de certa forma, o "vazamento" de informações não me surpreende da mesma forma que não me anima.

A máquina de propaganda dos EUA logo irá começar a funcionar para apagar o incêndio, jajá sairá do formo um novo "Sex and the City", desta vez gravado no Afeganistão, para mostrar como o consumismo salvou aquele país e as justiças (sic 500 vezes) dos EUA, Inglaterra ou qualquer outro país aliado irá fingir que nada aconteceu e ficará tudo como antes.

Obaa manterá firme e forte seu belo sorriso, enquanto promete mais e mais. Na irá cumprir nada, mas, felizes e cordatos, iremos retribuir o sorriso e propor outro prêmio ao nosso grande salvador.

A diferença entre um presidente republicano e um democrata - ao menos para o mundo -, é que o primeiro é feito, ignorante, de extrema direita. Ele te fode e você não gosta, afinal, que direito tem um caipira texano com diploma comprado de me dizer como viver? Mas os democratas são diferentes. Eles te fodem da mesma forma, mas seus diplomas de Harvard ou Yale e aquele sorriso típico de vencedores te derretem. Você retribui o sorriso e é enganado com gosto.

O Império está em guerra, o Imperador-eleito não passa de uma piada pronta e o mundo ainda é um quintal.

As moscas estão ficando mais agressivas, mas não passam de moscas.
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Comentários
2 Comentários

2 comentários:

robb disse...

Eu por mim digo que Obama até me enganou, mais pela cor de sua pele do que por qualquer ilusão de mudança real das posturas imperiais daquela país.

Pensei que sendo um negro na Casa Branca, Obama aproveitaria todo o simbolismo desse fato e toda a boa vontade que isso despertou ao redor do mundo para propor mudanças concretas na ordem mundial.

Mesmo os primeiros momentos vacilantes ainda mereceram o desconto de quem tinha primeiro que tomar pé da situação se impor dentro de casa para depois executar as promessas feitas.

Tudo foi um engano. O sistema é muito forte e - assim como no Brasil - um presidente só governa como espécie de relações públicas delegado do poder econômico.

Lula pro mínimas coisas que fez para melhoria da renda e da inclusão social no Brasil é tratado como um pária criminoso por toda a "grande" imprensa nacional. Obama mesmo sem fazer nada de efetivo e só pela cor da pele também tem seus detratores.

A democracia capitalista é uma farsa genialmente construída. Vivemos na ilusão da completa liberdade (inclusive na ilusão das eleições periódicas) quando o que realmente conta, influi decide e comanda no mundo é o poder do capital.

Raphael Tsavkko Garcia disse...

Obama nunca me enganou, na verdade, eu temo mais os democratas que os republicanos. Entre os professores e profissionais de Relações Internacionais, aliás, existe um entendimento que os democratas costumam até ser piores para o Brasil em termos de relações bilaterais.

Obama sozinho não faria muita coisa, mesmo com maioria nas casas, ele só não poderia fazer muita coisa. Mas sinto que sequer ele tentou. A pressão é grande e ele nem tentou enfrentar. Os EUA são um Império e agem como tal, não importa quem mande.

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