O caso é que a justiça da Venezuela - e não o Chávez, mas pra mídia não importa - proibiu o jornal El Nacional de estampar em suas páginas imagens com extrema violência, enfim, degradantes, violentas, ofensivas... Como a imagem abaixo, capa de uma edição de alguns dias.
O que a justiça fez foi, apenas, prezar pelos direitos humanos e pelo mais básico respeito ao próximo. De um lado o respeito às famílias dos mortos e às pessoas que serão obrigadas a se deparar com tais imagens. A justiça venezuelana defendeu a dignidade humana em oposição ao espetáculo da carnificina, glorificada pelo jornal e que, infelizmente, encontra eco na maioria dos jornais ditos populares do Brasil.
La imagen muestra una decena de cadáveres desnudos, amontonados en una morgue de Caracas. Unos están en el suelo. Otros comparten camillas pensadas para una sola persona. La fotografía fue publicada el viernes en el diario venezolano El Nacional, crítico con el Gobierno del presidente Hugo Chávez. La fiscalía venezolana ha abierto una investigación por la filtración de la imagen y, el viernes, la Defensoría de Pueblo ordenó al diario que se abstenga de "difundir imágenes que atenten contra los derechos de los niños".A diferença é que, por aqui, os princípios dos Direitos Humanos são debatidos, mas não aplicados. A CONFECOM ainda aguarda para ver suas resoluções aplicadas e respeitadas, e o PNDH-3, que previa um controle social sobre os meios de comunicação foi, quase totalmente, enterrado pela oposição de direita, com medo de perder seus privilégios, dentre estes, o de controlar a mídia - mas não mais o de controlar a INFORMAÇÃO. Com a internet tivemos uma quebra do paradigma e é através dela que podemos saber que, se o tal jornal acusa o Chávez de ser o responsável, a verdade é bem diferente, o presidente não teve qualquer relação e tudo não passa de uma tentativa de capitalizar sobre uma decisão correta judicial contra o legítimo governante do país.
Este expediente, aliás, é o mesmo usado por jornalecos e revistas que não servem nem pra limpar a.... aqui no Brasil, como Veja, Folha e cia. Denúncias vazias, fichas falsas, dossiês inexistentes, exaltação de vices tresloucados, propaganda eterna e ferrenha contra política externa modelo... são todos artifícios comuns à imprensa golpista, que tenta esconder seu rosto mas cai na obviedade de seus métodos.
A mídia ainda não aprendeu que existem limites. O direito à liberdade de Imprensa é diferente da Liberdade de Expressão. A Imprensa tem limites e, se não sabe se auto-regular, precisa do Estado para impor estes limites, que responde ao povo. É aí que entra o controle social, onde o povo tem o poder de fiscalizar os abusos cotidianos dos meios de comunicação que usam concessões públicas para fazer política ou meios privados para fazer o mesmo fingindo isenção, sem admitir seu lado, o que não é apenas um problema ético, em muitas ocasiões é caso de polícia.
O jornal do caso acusa a justiça de censurar e proibir a imagem da violência que assola a Venezuela, quando, na verdade, a imagem não tem qualquer relação com a matéria específica, foi uma foto aleatória, escolhida para chocar e aumentar o repúdio de seus leitores ao Presidente Chávez, acusado de não dar um jeito na violência. A tentativa não era informar, não era meramente ilustrar, era chocar e fazer política.
Não surpreende que parte do PIG brasileiro tenha corrido em socorro. Correio Braziliense e a RBS deixam claro: Censura. A SIP agradece. Mas a democracia, não.
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Update:
Antes mesmo de publicar este post, leio no JB que a medida de proibir todos os meios impressos do país de publicar imagens violentas, sangrentas ou grotescas havia sido estendida para todos os jornais do país e que, logo depois, ela foi restringida apenas ao El Nacional e ao Tal Cual.
Os dois jornais são opositores de Chávez - dentre os vários que continuam a fazer oposição e não foram atingidos depois da revogação da chamada censura total. Mas para a mídia é um prato cheio. Por mais que as notícias deixem claro se tratar de uma decisão da justiça, de um pedido da promotoria do país, as chamadas para as notícias tentam culpar o presidente pela decisão. É o mesmo que culpar o Lula pelas decisões do Gilmar Mendes, ou as do Toffoli, que foi nomeado por ele.
No Globo, a coisa é ainda mais feia. Uma manipulação absurda:
Em mais um capítulo das rixas entre a imprensa e o governo, o presidente Hugo Chávez promulgou também nesta quinta uma reforma na lei de bancos, aprovada pelo Parlamento, que proíbe donos de meios de comunicação de ter qualquer participação acionária em instituições financeiras.Propositadamente colocam no governo, a culpa pela "censura", feita pela justiça. Daqui ha pouco o Estadão irá colocar a culpa no PT ou no governo por sua "censura". O paralelo é simplesmente perfeito.
- São uns ladrões, mas são donos de televisões, de grandes capitais e vão correr todos para os Estados Unidos, onde são protegidos - declarou Chávez ao assinar a lei.
A aprovação da medida foi pedida no dia 11 passado. Então, o empresário Nelson Mezerhane, um dos maiores acionistas da emissora opositora Globovisión, foi acusado por funcionários de Chávez de usar sua influência para atrair clientes para seu banco, o Banco Federal, que sofreu intervenção do governo em junho por "falta de solvência".
A agenda da mídia é clara... e é criminosa. Se comporta como se fosse dona da verdade, passando pro cima de fatos e criando factóides, ou melhor, mentindo descaradamente.