quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Debate Virtual da Folha e Uol - Apontamentos sobre a farsa da democracia

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Esquerda ou direita. Não importa o lado. O centro das atenções do debate patrocinado pela Folha e pelo Uol (Abril, logo, Veja) foi o excluído, foi Plínio de Arruda Sampaio. enquanto, no Tuca, se degladiavam Serra e Dilma, com Marina na garupa ora de um, ora de outro, Plínio, em sua twitcam, agregou mais de 3 mil pessoas e, num tom mordaz e informal, comentava o que acontecia, sempre lembrando de sua vergonhsa exclusão.

Bem, não surpreende a exclusão do candidato Socialista de um debate promovido pelo jornal que emprestava seus carros para a Ditadura, para a tortura de presos políticos. tampouco surpreende que, por ser um incômodo, nenhum dos candidatos presentes se dignou a comentar sua ausência, a protestar, a ser ético e exigir que a democracia fosse respeitada.

O debate de hoje foi puramente virtual, mas não deixou de ter ares de televisão, com longos comerciais e, bem, comerciais em si. Mas, por não ser na Tv propriamente dita, a legislação eleitoral permitia a exclusão de candidatos, coisa que não é permitida na TV, daí Plínio ter que estar em todos. Para desespero dos demais.
O sucesso do Plínio foi evidente, figurou nos Trending topics do Twitter nacional e mundial:
TTBR - Plínio primeiro, Dilma segundo, DebateFolhaUol sétimo, Marina nono e Serra nada, só o comedor!

TTMundo - Marina primeiro, #debatefolhauol segundo, Dilma terceiro, Plíno oitavo e décimo
Pra quem foi excluído do debate, nada mal.


Sobre o debate em si, em alguns momentos temi pela baixaria. Serra, destemperado, atacava covardemente, com a ajuda de repórteres da casa, logo, aliados de sua campanha, contando ainda com a ajuda dos universitários, ops, de internautas selecionados à dedo. No fim, Dilma soube escapar das perguntas e, não só, transformar perguntas horrorosas em excelentes respostas. Dilma foi muito bem, uma tremenda evolução desde o debate da Band.


Marina foi muito bem em alguns momentos, fez o melhor fechamento, mas não esconde seu exacerbado Ecocapitalismo. Chegou, por exemplo, a dizer que o meio ambiente é oportunidade de negócios. Simplesmente lamentável. E, mesmo sem tocar em outras questões cruciais, todos sabemos de suas posições retrógradas e reacionárias em relação ao Aborto, Casamento Gay, Pesquisa com Células tronco e etc. Defende a posição da igreja, de pastor corrupto e não a dos Direitos Civis e Direitos Humanos.


Serra, dispensa comentários. Nervoso desde o começo, se esquivou de perguntas e atacou como cão raivoso. Já ao chegar ao TUCA destratou a repórter que ia lhe entrevistar e demonstrou falta de controle ao atacar o PT em diversas questões em que, notoriamente, tem teto de vidro. Desconversou na questão dos pedágios (basicamente disse que o pedágio é caro mas, e daí? A estrada é boa) e, ao invés de responder porque tem corruptos como Roberto Jefferson como aliados, atacou o PT e Zé Dirceu - que não é flor que se cheire mas não era a pergunta e nem o objeto de discussão.


Sem dúvida, Dilma manteve o apoio que tinha, reafirmou aquilo que muitos sabiam e, por sua segurança e boas respostas pode ter cativado alguns eleitores. Mas a vitoriosa do debate foi a Marina, que mudou a tática de ser uma mera linha auxiliar do DemoTucanato e atacou o Serra, ganhando talvez alguns eleitores do Vampiro. 

Infelizmente (ou felizmente) é possível notar, em conversas via Twitter com apoiadores da Marina, que, ou são tão homofóbicos e preconceituosos quanto ela, ou simplesmente fazem vista grossa, achando que todas as questões polêmicas nas quais ela se coloca como um atraso são menores, menos importantes. 
Não são. E aí está o perigo que representa Marina Silva. Da mesma forma que pastores, missionários, bispos e apóstolos são eleitos, Marina parte dos mesmos raciocínios, mas com uma roupagem mais agradável, mais moderna, mais aceitável.

Serra perdeu. E perdeu feio. O alcance que este debate teve é que ainda precisa ser medido para, então termos uma idéia do quanto ele pode influenciar no quadro eleitoral.

Mas, para além do debate, o vencedor foi o Plínio. Teve palanque para denunciar sua exclusão, teve uma presença forte nas redes sociais - que vem usando com maestria e ativamente pautando os tuiteiros (ou tuitadores como ele gosta de chamar) - e acabou roubando a cena. Da Rede Brasil Atual, passando pelo Terra até mesmo a Veja, todos comentaram o sucesso do Psolista. Incontestável.


Mas não foi apenas sua mera presença como contestador da ordem imposta que o fez se sobressair, mas suas posições intransigentes, exigindo uma mudança profunda na política brasileira, que o fizeram ter tanto alcance.


Ao vivo, para milhares de pessoas e para prováveis milhões através do Twitter, Plínio viu sua defesa de amplas e profundas reformas serem difundidas e assimiladas. Reforma Agrária, Reforma Tributária, Reforma Urbana, enfim, uma ampla reforma da sociedade. Mensagem passada por ele e por seus diversos seguidores que acabaram ampliando o debate e até mesmo criando discussões sobre temas que ele sequer havia tido a chance de tocar. 


Mas o PSOL cometeu um erro capital: Não foi à porta do TUCA protestar e exigir sua participação.


É uma vergonha que o TUCA seja palco de tanta politicagem, de algo tão baixo, quando foi já palco de grandes manifestações e de demonstrações de poder popular. O Hugo Albuquerque já havia relatado - em um post necessário - a vergonha para a PUC do debate dos candidatos a governador, da exclusão imposta aos alunos que foram impedidos de entrar no seu teatro, só assinantes do UOL podiam entrar.
Hoje, enredo de cada uma dessas farsas se entrecruzou. Primeiro, recebo a notícia pela manhã que haveria um debate entre os candidatos ao governo. Não sei onde seria. Falam em um auditório no terceiro andar do prédio novo, mas eu desconfiei e eis que surge a confirmação de que o debate seria no Tuca mesmo - surpresa: Só para assinantes do UOL, nada de estudantes lá, quem quisesse ver o debate, que fosse no auditório do terceiro andar para assistir num telão...A PUC - sim, aquela universidade que vende o seu histórico de luta contra a ditadura até em propaganda -, aparentemente, trocou o aluguel do Tuca por cota de patrocínios junto ao grupo Folha - sim, aquele da história da ditabranda. O tal do debate virtual é definitivamente virtualizado. O Movimento Estudantil e sua suposta rebeldia não está lá para protestar, acho que nem entenderam o significado do que se tratava.

Hoje, novamente a vergonha de um movimento estudantil inócuo, de alunos apáticos e da própria militância do PSOL estática. Deveriam ter ido ao TUCA e feito muito barulho do lado de fora para exigir que a democracia fosse minimamente respeitada, mesmo que isto seja um contrasenso para UOL e Folha.


Mas, no fim, esta foi a realidade posta em que todos, menos o Serra, acabaram com alguma vitória e o Brasil mais longe das garras DemoTucanas. Como bem colocado pelo Alexandre Haubrich do Jornalismo B, "Folha e Uol promovem novidade e esquecem outra".
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