No campo social - e na educação - , a batalha é pelo aprofundamento
dos programas existentes, mas também ela radicalização de alguns
projetos e retomada de outros abandonados.
Se por um lado o Bolsa Família foi um sucesso e será mantido, por
outro é preciso ampliar as perspectivas de superação da necessidade de
tal bolsa e de projetos sociais do mesmo tipo. Políticas
assistencialistas devem ter começo, meio e fim e não serem eternas. São
importantíssimas para a superação de distorções históricas, mas não devem
ser eternas.
É fato que a Bolsa Família e as políticas de incentivo ao consumo -
solução lulista para a superação da crise - foram um sucesso (ao menos
desta vez, no caso da segunda), mas nada garante que a mera perpetuação
deste modelo consiga ser sempre bem sucedido.
O que precisamos é de garantias, da certeza de que, uma vez dado o
empurrão, o povo consiga andar com as próprias pernas.
Não se trata de defender Estado Mínimo ou qualquer tipo de
política liberal, mas a de garantir ao povo maior estabilidade e dignidade, sempre
tendo o Estado por trás, mas sem a necessidade de constante ou perpétua
intervenção.
Que fique claro que sou estatista, defensor de uma ampla presença do Estado na economia e também partidário da re-estatização de nossas empresas, mas é impensável que o Estado se limite a financiar programas de assistência ao invés de investir, também, em projetos para a superação da situação de pobreza e necessidade.
Se é verdade que o incentivo ao consumo desenfreado nos salvou da
crise, também o é a revelação do caráter consumista de camadas da
população que podem comprar, que ascenderam socialmente, mas não
tiveram, conjuntamente, uma educação de qualidade ou foram minimamente
politizados.
Falta educação, falta politização.
Não basta
transformar o Brasil em um país de "classe média", se isto significa
meramente poder de compra, o que precisamos é promover a igualdade tendo
como base também a educação, a politização e a consciência de classe.
Reduzir tudo ao consumo é dar mais munição à parcela majoritariamente
conservadora dessa classe média, que tem ódio destes que
ascenderam socialmente. Mas mesmo este ódio não impede que estes
recém-chegados emulem, copiem aqueles já estabelecidos no que há de
pior, em seus preconceitos mais básicos.
Consumir é apenas um item, um detalhe. Deve-se promover a consciência de
classe, a solidariedade e a politização.
Mesmo os investimentos em educação tiveram dois lados.
Se é fato
que hoje mais pessoas chegam à universidade, também é fato que boa parte
das universidades não tem qualquer qualidade. É preciso investir - ou
melhor, ampliar o investimento - em universidades federais, em centros
de referência, técnicos e na qualidade do ensino superior do país para
superarmos a necessidade de ProUnis, que garantem isenção fiscal mesmo
às piores universidades do país.
Acesso à universidade deve vir junto com universidades de qualidade.
E, claro, é importantissimo o investimento em educação básica,
para garantir que mais e mais jovens tenham educação de qualidade desde a
infância e que, mais pra frente, possam pleitear em pé de igualdade com
a elite, vagas em universidades públicas e nas melhores particulares.
O principal é a inclusão social, mas uma inclusão completa em que
o limite não seja a mera convivência lado-a-lado, mas a integração
completa das camadas mais baixas no novo modelo social que vem nascendo.
É preciso passar por cima do conservadorismo e promover a
integração em bases humanísticas. Consciência social antes de mais nada,
respeito pela diversidade e ideais progressistas. A superação do modelo
assistencialista pela emancipação popular.
Blog de comentários sobre política, relações internacionais, direitos humanos, nacionalismo basco e divagações em geral... Nome descaradamente baseado no The Angry Arab
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Dilma venceu. E agora? [Políticas Sociais e Educação]
2010-11-05T10:30:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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