sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Dilma venceu. E agora? [Reforma Política]

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Quanto à reforma política, tratei do assunto em dois posts que merecem ser revistos:
Partidos Fracos, Exotismo, Ideologia e Sistema Partidário Brasileiro - Parte 1 
Partidos Fracos, Exotismo, Ideologia e Sistema Partidário Brasileiro - Parte 2 

Não importa o modelo adotado, acredito que a discussão precisa ir mais longe, sobre o modelo que quer e precisa o povo e não apenas aquilo que interessa aos parlamentares, que lhes interessa para se manter e perpetuar no poder.

Uma reforma política não pode ser feita a portas fechadas, com parlamentares escolhendo a dedo as melhores opções para conseguirem mais poder e se afastarem ainda mais do crivo da população.

Listas fechadas, por exemplo, propiciam apenas a ditadura partidária, a ditadura da direção em detrimento da militância ou mesmo da população em geral, forçada a escolher uniformemente aquilo que lhes foi imposto por uma direção, muitas vezes, totalmente antidemocrática.

Concordo com Fabio Konder Comparato, em entrevista à Caros Amigos de Outubro, que não considera, nem de longe, o Brasil um país democrático, mas oligárquico, e a reforma política não fará qualquer diferença sem que a população tenha efetivamente o poder de exercer sua soberania.

No Brasil o povo se limita a votar. Tudo mais é deixado de lado. Mesmo quando, a duras penas, o povo consegue legislar minimamente - o Ficha Limpa - o Parlamento e a Justiça (sic) fazem o possível (e conseguem) para mutilar o projeto e torná-lo o mais inócuo possível.

Numa reforma política precisamos pleitear uma reforma que vá além da forma como votamos, mas que dê efetivo poder à população de votar, de realizar recalls, de propor projetos e mesmo de impedir  os desmandos de caciques partidários confortáveis demais entre seus pares.

Mas, quando vemos os projetos relacionados à reforma esbarramos sempre no mínimo, nas propostas mínimas que apenas mudariam a forma de votar e eleger e, desta forma, dariam apenas mais poder às elites partidárias e afastariam ainda mais o povo dos processos decisórios.

Dilma e o governo precisarão de coragem e força para ouvir a militância, ouvir o povo e não cair na ditadura das listas partidárias, não cair no jogo dos partidos e lideranças que querem apenas acumular poder e buscar promover uma reforma que efetivamente mude as coisas, que de fato dê ao povo poder real.
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