sexta-feira, 4 de março de 2011

Balanço Inicial do Governo Dilma: Meio Ambiente, Economia

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Dando continuidade à série de postagens sobre os primeiros meses do governo Dila, trato agora de Belo Monte e dos primeiros desacertos da economia.

As postagens serão interrompidas até quinta-feira após o carnaval.


Meio Ambiente (Belo Monte)


Impossível falar de meio ambiente sem falar do maior crime ambiental que um país pode promover: Belo Monte.
A liberação das obras de Belo Monte, assinada nessa quarta, 26, pelo Ibama, é o primeiro grande crime de responsabilidade do governo federal neste ano que nem bem começou.

Foi dado sinal verde para que um enorme predador se instale às margens do Xingu para devorar a mata, matar o rio e destruir nossas casas, plantações e vidas, atraindo centenas de milhares de iludidos, que este mesmo governo não consegue tirar da miséria. Em busca de trabalho, que poucos encontrarão, eles chegarão a uma região sem saneamento, saúde, segurança e escolas.

Denunciamos esta obra, que quer se esparramar sobre nossas propriedades, terras indígenas e a recém reconhecida área de índios isolados, como um projeto genocida. Denunciamos essa obra como um projeto de aceleração da miséria, do desmatamento, de doenças e da violação desmedida das leis que deveriam nos proteger. Denunciamos que toda essa miséria, violência e destruição será financiada com dinheiro público dos contribuintes, através do BNDES
Sem nenhum respeito pelos movimentos sociais e pela população local, o governo dá sinais de que não freará a construção deste monstro ou de que levará opinião alguma em conta, senão a sua própria dentro deste sonho neo-desenvolvimentista datado.

Leonardo Sakamoto é direto:
Belo Monte será um grande gerador de impactos sociais e ambientais. Por exemplo, o Ministério Púbnlico Federal avalia em cerca de 40 mil o total de atingidos – incluindo populações tradicionais e indígenas.

Como já disse aqui em um post dias atrás, não adianta o governo federal elevar a questão dos direitos humanos nas relações internacionais e não executar o mesmo internamente. Se quiser fazer valer os direitos humanos em regiões rurais, a presidenta Dilma Rousseff terá que comprar brigas com áreas que lhe são importantes, como o setor elétrico. Coisa que, acredito, não vá fazer, muito pelo contrário. Incluída no PAC e no Plano Decenal de Energia (2007-2016), Belo Monte está planejada para ter uma potência máxima de 11,1 mil MW, mas a produção média estimada pela Eletrobrás é de 4.796 MW.

Lutou-se na ditadura não apenas por liberdade civis e políticas, mas por direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Desse ponto de vista, como justificar diferenças entre o discurso de uma época em que abríamos grandes estradas em rito sumário para o momento em que construímos gigantescas hidrelétricas em rito sumário, xingando os opositores de “arautos do atraso”?
O perigo que traz Belo Monte é descartado pelo governo sem qualquer tipo de discussão. Um verdadeiro crime contra a natureza e a humanidade está em curso.
Por trás desse discurso oficial de “normalidade” criado pelo governo, pessoas organizadas em movimentos sociais e ambientais vêm construindo, desde a década de 1970, sua própria história de resistência à construção de Belo Monte. São elas índios e ribeirinhos, cujos modos de vida e meios de sobrevivência atuais sofrerão um impacto desastroso com a construção da usina.
Economia

O governo Dilma mal chegou e, como primeira medida na economia, aumentou de cara os juros. Tudo isto como pano de fundo para cortes de gastos - medidas que fazem os privatistas e os papas do FMI darem pulinhos de alegria.
Depois de elevar a taxa básica de juro da economia (a Selic) em 0,5 ponto percentual, o Banco Central (BC) passou a ser bombardeado por críticas de dirigentes sindicais, de políticos ligados ao PT e de integrantes da chamada “ala desenvolvimentista” do governo. O bombardeio ainda não atingiu a intensidade observada em passado recente, mas já há sinais de uma luta surda nos bastidores em torno da condução da política econômica. A retomada desse embate talvez resulte do primeiro erro cometido pelo governo Dilma, ao adiar o anúncio do corte de gastos para a obtenção do superávit primário deste ano.
Obras do PAC podem ser atingidas pelos cortes (por mais que ministros tentem negar) e diversos setores podem sofrer dos cortes. Um governo que basicamente se sustentou - e fugiu da crise - através de medidas artificiais de promoção do consumo não pdoe se dar ao luxo de, de um dia pro outro, defender cortes.

De fato, haverá cortes no orçamento das universidades federais (isto porque Dilma iria privilegiar o ensino em seu governo) e o turismo pode ter cortes de 84% e o Minha Casa Minha Vida também terá cortes.

Dilma MENTIU ao afirmar várias vezes que não cortaria verbas do PAC. Cortou 40% do Minha Casa Minha Vida, ou seja, PAC. além disso o orçamento pro Esporte e Turismo, às vésperas de Copa do Mundo, Olimpíada e mais outros eventos esportivos só pode ser piada de mal gosto.

Mas não para por aí, como mostra Altamiro Borges:
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aprovou, nesta quarta-feira (2), mais um aumento de 0,5% na taxa básica de juros. A mídia corporativa, que mantém sólidos vínculos com o capital financeiro, já havia cantado a bola de que isto iria ocorrer. Na verdade, ele utilizou as duas últimas semanas para criar o clima neste sentido – com manchetes sobre o fantasma da inflação e queixas contra as medidas “tímidas” de cortes do Orçamento da União (e olha que foram R$ 50 bilhões de cortes!).

O Brasil não só volto a ter a maior taxa de juros do mundo, como ainda transferiu 15 bi em títulos da dívida para credores. Cortamos 50 bi do orçamento, mas pagamos até agora quase 200 bi em dívida só contanto 2010 e 2011.

O governo Dilma conseguiu numa pancada só ser chamada de populista pela mídia ao elevar o Bolsa Família, ser xingada pelas centrais por não ter elevado o mínimo o quanto deveria e acabou recebendo elogios apenas dos grandes investidores, dos tubarões financeiro, que continuarão a ter lucros monstros.

Desta forma, o Brasil retrai a economia, segura investimentos, faz cortes em setores já deficitários e desagrada o conjunto da população, quem elegeu Dilma pra CONTINUAR o governo Lula e não para virar um FHC parte 2 e promover uma política econômica neoliberal que acreditávamos ter nos livrado. Ou deveríamos.
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