segunda-feira, 14 de março de 2011

Obama no Brasil e a subserviência de sempre

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Se aproxima a hora em que Obama chegará ao Brasil para uma visita que, segundo a mídia colonizada brasileira, é histórica. ia 19 e 20 deste mês Obama estará entre nós, trazendo o mesmo cheiro de enxofre que seu antecessor, como bem disse Hugo Chávez há alguns anos.

Mais histórico seria uma visita durante o governo Lula, em que a política externa brasileira foi independente e chegou a desafiar o império. A visita de agora apenas nos traz preocupações, pois nosso chanceler, carinhosamente apelidado pelo Laerte Braga de Anthony Patriot, dá sinais sobre sinais de que nossa política externa sofrará mais uma guinada, de volta para a subserviência fernandiana e laferiana.

Sobre a guinada, recomendo a leitura deste post, em que analiso as diferenças já perceptíveis entre o estilo de Celso Amorim e de Antônio Patriota.

Pois bem, ponto focal da nova diplomacia brasileira - que cheira a naftalina, aliás - é a questão dos Direitos Humanos, ou melhor, a seletividade dos Direitos Humanos, sempre a serviço dos interesses dos EUA.

Retomo o ponto:
Dilma resolveu adotar posição de militante dos DH, o que a coloca alinhada com os EUA. Alinhada pois casos sérios de abuso dos direitos humanos que chegam à ONU costumam se limitar aos do terceiro mundo, enquanto potências aliadas ou mais ou menos amigas dos EUA - vide China - jamais são constrangidas a tal ponto.

Isto significa basicamente um maior alinhamento com os EUA e um afastamento considerável do terceiro mundo, algo que foi a bandeira do governo Lula e um marco na nossa política externa.

Enfim, sabemos ser impossível, mas será que a Dilma não deveria criticar os EUA pelos seus sistemáticos abusos aos Direitos Humanos não só em seu próprio território, mas também em suas bases estrangeiras (como Guantánamo) e instalações secretas? Sem mencionar as ações criminosas no Iraque, no Afeganistão e em boa parte do mundo?

Se Dilma quer efetivamente levantar a bandeira dos direitos humanos, não deveria começar por criticar o maior responsável por violações de direitos humanos no mundo?

Mas Anthony Patriot estava mais preocupado em viajar pelos EUA fazendo jogo de cena, dando beijinho na Hillary e preparando a visita do nosso guia supremo ao país.

O mundo hoje discute acaloradamente o tratamento dispensado pelos EUA a Bradley Manning, o militar que vazou os dados sigilosos dos EUA para o WikiLeaks. Hoje ele encontra-se preso e é sistematicamente submetido à tortura, a mesma tortura a qual são submetidos centenas, quiçá milhares de presos políticos apenas em Guantánamo, em área roubada de Cuba. É impossível contar quantos homens, mulheres e crianças foram e são torturados pelos EUA nos países que ocupa, ou indiretamente através de seus cúmplices israelenses ou títeres pelo mundo inteiro.

Disse o Mello, em seu blog:
O que espanta na resposta de Obama é sua postura pusilânime. Ele que foi eleito sob tantas esperanças, com uma plataforma de mudanças, decepciona a cada dia os que acreditaram nele. Não muda nada e parece conformado com isso.

Quem via Obama como próximo a Lula percebe que ele na verdade é o FHC americano.
O que me surpreende não é isso, pois como presidente dos EUA, Obama nada mais é que um representante dos lobbies sionistas e da guerra. Nada mais é que um rosto dominado por uma máquina muito maior que ele, imparável, corrompida, suja.

O que surpreende, porém, é a política brasileira. A política de adotar o discurso igual ao do império do norte.

E, ainda assim, Dilma levanta a bandeira dos Direitos Humanos e recebe Obama no país como um decente e honesto chefe de Estado, com a mídia em polvorosa, pronta para receber o arauto da modernidade, o grande pai, o nosso guia no caminho do neoliberalismo e da democracia burguesa.
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