A notícia de que Obama autorizou a CIA - a mesma que com muita eficiência apontou a existência de armas de destruição em massa no Iraque e previram com precisão os ataques às Torres Gêmeas - a repassar armas e dar apoio aos rebeldes líbios quase passou despercebida pela maior parte dos veículos de mídia, e mesmo pela blogosfera.
Não vale nem discutir a legalidade de tal ação frente à resolução 1973, pois a ilegalidade é clara e absoluta.
Se é verdade que reza na Resolução fazer de tudo para defender os civis, por outro isto não quer dizer que armar um dos lados seja legal. Há um embargo de armas imposto ao país e, até onde sei, este embargo vale para qualquer tipo de armamento que possa entrar na Líbia, não importa o lado.
Os artigos 13-16 da Resolução 1973 deixam claro que há um embargo completo de armamentos ao país e em momento algum discrimina que o embargo vale apenas para o governo, logo, é total, não importa para que lado se entregue armas.
O objetivo da Resolução era claramente o de garantir uma no-fly zone para, então, evitar a morte de civis no conflito e para, finalmente, buscar equilibrar a capacidade das forças.
Mas, em se tratando de uma guerra civil, não cabia - não cabe - a nenhum Estado intervir tomando lados. Tudo isto tratei em post anterior, recomendo a leitura.
A questão agora, porém, é a da incapacidade dos EUA em aprender com os próprios erros, de compreender a história por detrás de suas intervenções e, ainda, de seu apoio a um dos lados do conflito de forma descarada e inconsequente.
Quando pensamos nos EUA armando rebeldes contra um inimigo, logo nos vem à mente os Mujahideens do Afeganistão, dentre eles, Osama Bin Laden.
Sem se importar com quem estavam financiando, mas apenas com o inimigo, a URSS, os EUA acabaram por criar a base para o que logo viria a se tornar o maior foco do que o Império chama de Terrorismo. Os EUA são diretos responsáveis pelos atentados de 11 de Setembro, pois foram eles que criaram, treinaram e armaram Bin Laden e sua trupe. O Taleban é criação dos EUA.
Mas o Império não parou por aí. Saddam Hussein é outro que foi financiado pelos EUA, que o apoiaram de forma entusiasmada, como uma forma de segurar o Irã pós-1979. Tiro no pé. Saddam não só resolveu testar os presentinhos recebidos pelos EUA - além do dinheiro e armas convencionais ele recebeu armas químicas - nos Curdos, como invadiu vizinhos e saiu do controle.
Mas não para por aí. Reza a lenda que o Hamas chegou, em certa época, a ser financiado pelos EUA, como tentativa de servir de contraponto ao Fatah, o até então todo poderoso grupo político, encabeçado por Arafat. E vejam no que deu.
Não é preciso nem falar no papel dos EUA e aliados na própria Revolução Islâmica de 1979, no que fizeram com Mossadegh.
Exemplos outros não faltam. Os EUA costumeiramente intervém em guerras que não são suas, colocam grupos uns contra os outros e, no fim, acabam tendo que apagar o incêndio que criaram. Tudo isto às custas da destruição de países, de modos de vida, de povos...
Será que estamos diante de mais um exemplo disto?
Blog de comentários sobre política, relações internacionais, direitos humanos, nacionalismo basco e divagações em geral... Nome descaradamente baseado no The Angry Arab
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Os EUA não conseguem aprender História
2011-05-05T10:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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