quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Bolsonaro candidato à Presidente do Brasil?

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Está sendo discutida seriamente por muitos a possiblidade do deputado federal - e criminoso, homofóbico, machista, etc - Jair Bolsonaro se candidatar à Presidência do Brasil em 2014. A franca maioria dos que vi comentar ou conversei vê a possibilidade com temor.

A extrema-direita acha lindo...

Bolsonaro dificilmente teria espaço para tal dentro do PP, de onde consegue estar à direita mesmo de Maluf e outras pérolas, e o partido é base aliada da Dilma e em troca de cargos, mamatas e alguma boa corrupção poderia continuar tranquilamente nesta base.

Fala-se, no entanto, na possibilidade de Bolsonaro se dandidatar pelo Partido Militar Brasileiro, que tenta se legalizar.

No difícil cenário de uma legalização de tal partido (que me oponho, por não aceitar a mistura explosiva de milicos e política num país que saiu de uma ditadura assassina militar), Bolsonaro seria o nome ideal.

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O caso do PMB mereceria explicação além, mas fica para outro post. Vale apenas adiantar que um partido exclusivamente "militar" não combina com uma democracia e apenas nos faz lembrar dos piores anos da história brasileira recente.

Pessoalmente sou contra a presença de militares de qualquer nível na política brasileira, mas não há nada que possa impedir indivíduos da reserva de se candidatar e serem eleitos, mas não podemos permitir uma instituição militaresca no poder.
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Mas, efetivamente não acho de todo ruim a candidatura de Bolsonaro, não importa em que partido.

Marina Silva, uma pessoa que representa o atraso, se lançou candidata pregando uma terceira via, ambientalista, mas no fim não tinha nada de novo em seu discurso, que nada mais era que uma fachada para pregar ensinamentos medievais evangélicos e defender o EcoCapitalismo, uma forma apenas mais light de se destruir o meio ambiente e garantir o lucro do empresariado (Dilma, por sua vez, adota o capitalismo puro e tem como porta-voz nessa empreitada o presidente do Ibama).

Marina não é diferente de qualquer outro, apenas soube usar melhor as mídias sociais e angariar apoio entre uma juventude anteriormente alienada e sedenta de ter onde se agarrar - a eterna necessidade de ter o que fazer, de ser parte de um grupinho. Ser da PETA ou ser da ONG descolada não era mais suficiente, ou ainda, participar da Hora do Planeta não era cool por si só. Juventude esta, aliás, que não considero menos alienada que antes, pois continuam a não entender nada de política.

Política é apenas um trampolim para pseudo-popularidade ou para se fazer parte de um grupo.

Mas, de qualquer forma, Marina foi um avanço. Não por ter trazido parte da juventude para a política ou muito menos (faz-me rir) por trazer um outro debate à arena política, e sim porque ela fez com que muito conservador saísse às ruas e mostrasse sua cara.

Marina conseguiu, com seu discurso retrógrado, fazer com que tanto Serra quanto Dilma se mexessem e buscassem atrair o eleitorado conservador. Em especial fez com que Serra assumisse seu discurso mais radical eextremado e conquistasse, ele também, grande apoio da extrema-direita brasileira.

A última eleição teve como saldo (positivo) o desmascaramento do conservadorismo político, em grande parte aliado do conservadorismo religioso baseado no dízimo e na lavagem de dinheiro (mas também católico), adotado alegremente por Serra e também, em menor parte, por Dilma (que, depois da eleição é que aparentemente resolveu mostrar o quanto pode e gosta de ser direita e rifar os gays pelos Marginais da Fé, contingenciar despesas gastando bilhões em obras faraônicas e se recusando a aumentar salário de trabalhador e etc...).

A presença de Bolsonaro traria a tona outro tipo de conservadorismo, sem a fachada ambientalista, cool e moderna. É o puro ódio insensato e criminoso.

Não há pior inimigo do que aquele que não podemos ver, identificar. Marina não foi responsável por uma guinada ideológica nem no país e nem no governo eleito, ela apenas fez com que muitos perdessem a vergonha. Serra conseguiu fazer com que certos grupos surgiessem momentaneamente, mas ainda tímidos, como a TFP, mas não basta.

O Brasil não virou conservador ontem.

Os Marginais da Fé não são uma praga e um câncer apenas desde as eleições. Não, esses grupos apenas deram a cara a tapa e buscaram disputar o poder institucional. Não estão mais contentes em roubar, em pregar ódio, agora querem efetivamente o poder.

Bolsonaro seria apenas o responsável por fazer com que uma parcela ainda calada (ou mais escondida) aparecesse, surgisse para a política.

Os Marginais da Fé, hoje, são conhecidos. Sabemos sua força. Mas e a extrema-direita que transita no limiar da legalidade (tendo já ha muito ultrapassado a da ética), que se coloca abertamente como saudosista da Ditadura e se opõe a todo e qualquer direito civil? Esta ainda se esconde ou tem o voto pulverizado, dificultando qualquer luta contrária.

Estes ainda são desconhecidos, se escondem, não sabemos seu real tamanho. Estão no PP, no PR, no PSC, em dezenas de partidos nanicos, mas também nos maiores. Como lutar contra um inimigo tão diverso, tão pulverizado, mas presente? Bolsonaro poderia desmascarar toda esta corja, uní-la.

Posso estar errado, mas Bolsonaro candidato seria muito bom para o país.

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Update:

O @Brasil_Laico tocou em um ponto sensível que havia me passado despercebido, mas de imensa importância:
 
De fato, o desmascaramento da direita ou da extrema-direita seria excelente, mas apenas em um cenário onde fosse possível existir resistência, o que, infelizmente, não é o caso frente a um governo entreguista, covarde e que caminha a passos largos para a direita. As próximas eleições presidenciais podem testemunhar um PT despojado de boa parte de suas antigas bandeiras de esquerda, assimilado, e a direita como polo dominante, com pouca ou nenhuma resistência efetiva.
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