sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Nelson Jobim: Não basta demitir, é fundamental investigar e processar

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SEGUEM ABAIXO ALGUMAS ANOTAÇÕES (APENAS DE MEMÓRIA) SOBRE O DOUTOR NELSON JOBIM. SUGIRO QUE A NOSSA IMPRENSA, BLOGS, SITES E OUTROS INSTRUMENTOS DA MÍDIA INDEPENTE, POPULAR E/OU DE ESQUERDA FAÇAM UM BELO PERFIL DESSE SENHOR QUE ORA DEIXA A DEFESA. É UMA FIGURA QUE NÃO BASTA DEMITIR: É FUNDAMENTAL INVESTIGAR E PROCESSAR. E, EM SENDO O CASO, BOTAR PARA BATER CANEQUINHA NO PAVILHÃO 8.

Alípio Freire

Temos novo ministro da Defesa: o ex-ministro de Relações Internacionais, o diplomata Celso Amorim. Elogiável (muito elogiável) a atitude e a escolha da presidenta Dilma Rousseff.

Desta vez o doutor Nelson Jobim, ministro da Defesa desde o Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pediu demissão do cargo que jamais deveria ter ocupado.

Explico: um elemento que fraudou o texto da nossa Constituição (um falsário); e que, para se tornar ministro - juntamente com os seus parceiros - criou uma crise nos aeroportos (o tal "caos aéreo") até provocar a queda de uma aeronave, matando (na verdade um assassinato em massa) cerca de 200 pessoas em São Paulo, jamais deveria ocupar qualquer cargo numa República: esses dois epósódios são suficientes para se perceber um caráter sem escrúpulos, sem limites. Mais que isto, esses dois episódos são suficientes para que fosse processado, preso e cumprisse pena. Impensável uma pessoa com esse histórico acabar exatamente dirigindo as nossas Forças Armadas - responsáveis pela garantia da Constituição, da legalidade e das nossas fronteiras.

Ao longo do Governo do presidente Luiz Inácio, seu perfil de provocador se manifestou permanentemente, e sempre que ele quis. Já começou seu mandato afrontando a nossa Constituição travestindo-se com uniformes militares - um ministro da Defesa civil foi uma importante conquista da nossa Constituição. No momento em que o ocupante desse cargo assume e se adorna com os símbolos da velha ordem (no caso, da ditadura), está mais que dito a que veio: já aí o presidente Luiz Inácio, que jamais deveria tê-lo nomeado, teve a chance e deveria tê-lo demitido. Não o fez.

Prosseguindo cinicamente em suas provocações e desrespeito àqueles a quem devia lealdade, chegou ao ápice do desrespeito a todo o Governo do presidente Luiz Inácio, ao tentar - às vésperas do 31 de dezembro de 2009, quando as instâncias do poder e as organizações da sociedade civil brasileira estavam desmobilizadas - um golpe contra o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH). O miintro Vannuchi lançara, poucos dias antes do Natal daquele ano, o Terceiro Programa Nacional dos Direitos Humanos (3ºPNDH), aprovado e assinado pela maioria esmagadora dos ministros.

O ministro Vannuchi não caiu, mas o presidente Luiz Inácio concedeu que o 3ºPNDH - elaborado e aprovado a partir da participação de representantes da sociedade civil de todo o país - fosse mutilado ao belprazer do doutor Nelson Jobim que, na ocasião, ameaçou se demitir, com uma carta supostamente assinada pelos comandantes das três armas. Quando afirmo supostamente, refiro-me sobretudo ao comandante da Marinha, cuja assinatura - à época - foi desmentida publicamente, questão que jamais foi esclarecida a contento. Ainda que, com menos ênfase, e sem qualquer declaração oficial, comentários do mesmo tipo rondaram a veracidade da assinatura do comandante da nossa Força Aérea.

Além de ter como alvo o próprio 3ºPNDH, o golpe do impune doutor Jobim visava a disputa eleitoral de 2010 na qual, não por acaso, a campanha do candidato derrotado à Presidência, acabou elegendo como um dos eixos, a questão do aborto. Amigo pessoal e correligionário político-pessoal do candidato derrotado, nitidamente apoiador da sua campanha, sequer foi afastado do cargo durante aquele ano eleitoral (2010). Apenas, por orientação do presidente Luiz Inácio, retirou-se para um exílio dourado em Miami, onde certamente não se dedicou a esportes de verão, de primavera ou de inverno.

Não perdeu tempo: além de muito provavelmente ter prosseguido em conspirações com aqueles contra os quais deveria defender nossas fronteiras, às vésperas do segundo turno declarou publicamente que, não importava o candidato que fosse eleito, ele poderia ser o ministro da Defesa. Aliás, precisaríamos saber ao certo quais e como foram pagas suas despesas no balneário de luxo dos EUA, e da constiutucionalidade dessas despesas e pagamentos.

Mestre nesse tipo provocações, falcatruas e outros crimes (como o assassinato dos passageiros da recentemente), em suas entrevistas, passou a fazer sucessivas investidas contra a presidenta Dilma Rousseff, das quais dão conta as matérias que seguem abaixo. Certamente hoje dormiremos um pouco mais tranquilos: não apenas o doutor Jobim é o que é, como o embaixador e ex-ministro Celso Amorim é o novo responsável pela Defesa. Ainda assim, sugiro que continuemos atentos: o doutor Jobim é um provocador e é capaz de tudo.

Alípio Freire
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