quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Da série: Isso é esquerda?

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Eu não consigo mais me surpreender com os caminhos trilhados pela neo-esquerda governista. E digo "esquerda" apenas em honra ao passado militante de muitos, porque  ter no Sarney, no Collor, e agora na Bancada Evangélica, aliados de primeira ordem não me parece muito como atitudes de esquerda e sim de oportunistas que tentam atodo custo se manter no poder.

Mas tudo bem, vamos aceitar por um momento que a "governabilidade" valha a pena, me pergunto: Até que ponto?

Qual o limite que podemos chegar?

Na "Base Aliada" do governo temos Jaqueline Roriz, Inocêncio de Oliveira, Garotinho, Magno Malta e muitos "progressistas" e governistas parecem não ver problemas nisso. Em teoria, essa base é necessária para aprovar projetos para o povo. Mas que projetos? Tudo que sempre ouvimos é denúncias de corrupção, ministros caindo, deputados pegos mas inocentados por seus pares e insurgências na base.

Pra que garantir a aprovação do PLC 122 se você pode simplesmente garantir o apoio dos evangélicos e rifar os direitos LGBT's? Pra que servem os LGBT's afinal, não é mesmo? O problema hoje é a heterofobia, já diz o Bolsonaro (que faz parte de partido da base aliada, diga-se de passagem).

Mas estes aliados não são suficientes para se garantir o poder apenas pelo poder, é preciso ampliar a base até abarcar tudo e todos.

Aí chega o PSD, com o higienista Kassab, com a escravista Katia Abreu... Serão recebidos de braços abertos pelo governo de... esquerda?

E quando me falam que é preciso ter base ampla para avançar nos direitos dos trabalhadores eu me pergunto: Que direitos?

Professores de Institutos Federais estão em greve e os das federais receberam 4% (míseros 4%) de aumento para não pararem.

Os direitos humanos dos indígenas são desrespeitados com Belo Monte, com o genocídio contra os Guarani Kaiowá que o govenro federal não toma conhecimento no Centro-Oeste. As greves pipocam nas obras da copa e até trabalho escravo é descoberto nas obras do PAC e tudo que o governo faz (ou um dos membros do governo, na figura nefasta do Paulinho da Força) é dizer que o problema é a falta de prostitutas pra amansar o trabalhador revoltoso.

Os direitos LGBT's já não são mais pauta. Educação de qualidade nem pensar, a idéia é precarizar a mão de obra do professor e investir pesado no ensino de UniEsquinas sem exigir nada, raciocínio igual para o PNBL e para todo o setor das telecomunicações, onde não há nenhuma competição e somos reféns de preços altos e qualidade zero. Mas o governo está satisfeito.

Na saúde, o mesmo caos de sempre, mas agora com a desculpa de que sem a CPMF não há o que se fazer (engraçado, com a CPMF o SUS continuava sendo péssimo!), mas nem uma palavra sobre taxar grandes riquezas ou mesmo controlar a farra dos bancos. Pelo contrário, os bancos lucram como nunca, roubam como nunca e nos exploram como sempre.

E, por fim (apenas para não passar o dia enumerando absurdos), não haverá qualquer controle da mídia.

Nem o PT exige mais isso.

Ah, não posso esquecer da Reforma Agrária. Não sairá do papel, aliás, nem está no papel, o PT e o governo abandonaram qualquer projeto no sentido, preferiram aprovar Código Florestal e afagar ruralistas.

Não à toa, Katia Abreu agora é governista!
De forma surpreendente, a senadora ruralista Kátia Abreu (sem partido-TO) passou a ser queridinha no Palácio do Planalto nos últimos meses. Depois de uma atuação fortemente oposicionista nos dois mandatos do governo Lula, a senadora agora já é listada como parceira do governo Dilma. A rápida mudança de posição chama a atenção de antigos aliados da oposição e dos novos parceiros governistas. Kátia já anunciou sua filiação ao PSD, o partido ainda em fase de criação.
E, mesmo assim, querem me fazer acreditar que este é um governo de esquerda? E pior, a militância internalizou o discurso - ou afalta de discurso.

Progressistas que agem igual ou pior que o PIG, escondendo lutas populares ou apoiando a destruição de modos de vida, mentindo e mantendo a mentira pese a verdade estar escancarada...

Belo Monte foi combatido por décadas pela esquerda que hoje apoia o projeto. O que mudou? A esquerda.

Qualquer um que queira se aliar é aceito. E um preço é sempre pago com prazer, não importa qul seja. O preço já foi a reofrma agrária, a educação de qualidade, a internet de qualidade, a dignidade dos LGBT's e por aí vai. E não para.

Kassab se prepara para, com partido formado e legal, virar governista. O que mais a esquerda terá de abrir mão para contentar o novo aliado?

E os demais aliados que virão, até que não existe mais oposição e também não exista mais esquerda?

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