terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O que significa o "desenvolvimento sustentável" e o "crescimento acelerado de nossa economia"

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Dilma declarou recentemente no Fórum Social Mundial que o objetivo de seu governo é meramente distribuir renda através do crescimento acelerado da economia, significado, para ela, de desenvolvimento sustentável.
No meu governo, quando falamos de desenvolvimento sustentável, eu quero dizer aqui de forma clara no que estamos falando. Para nós desenvolvimento sustentável significa crescimento acelerado de nossa economia para poder distribuir riqueza. Significa criação de empregos formais e expansão da renda dos trabalhadores. Significa distribuição de renda [...]
É bom saber do que falamos e do que pensa nossos inimigos - sim, considero Dilma uma inimiga.

O que podemos interpretar de tal declaração?

Em primeiro lugar que Dilma fala em desenvolvimento sustentável, mas parece não saber o que isto significa.

Foi o melhor termo que ela e sua equipe encontraram para tentar agregar diferentes setores em torno do seu projeto de desenvolvimento. Sim, só desenvolvimento, e mesmo quanto a isso pairam inúmeras dúvidas.

Especialmente na questão do "desenvolvimento para quem"?

Como bem apelidou o Eduardo Viveiros de Castro, Dilma nada mais é que uma "altercapitalista". Teve a cara de pau de em pleno FSM declarar que o "outro mundo possível" é este mesmo, o do capitalismo.

Mas talvez um [capitalismo] mais "humano". Bonzinho, porque não?

Não sei o que ela e o Eike Batista andam fumando, mas sem duvida é algo que eu não tenho condições de comprar pra viajar da mesma maneira e com tanto gosto. Infelizmente eu só poderia (não posso, é ilegal, né gente?) comprar uma maconha vagabunda na esquina e comemorar os 3 minutos de "prazer" e o resto de dor de cabeça.

Lembremo-nos, e agradeço ao querido Pádua Fernandes por isso - do que disse nossa querida presidente ha alguns meses:
O gosto nulo e o talento zero da presidenta para o ambientalismo, sempre reiterados, fazem-nos relembrar que, quando na Casa Civil do governo Lula, ela já tinha exposto o Brasil ao ridículo ao dizer, em Copenhague, que o "meio ambiente é uma ameaça ao desenvolvimento sustentável"
Dentro daquilo que Dilma propõe, está cumprindo. Seguindo à risca a política Lulista anterior. É nada mais que pura continuidade, mas aprofundada, indo além do que Lula, o amigão da vizinhança, poderia fazer sob pena de perder sua aura de semi-deus inconteste.

Mas então, voltando ao ponto. a frase inicial de Dilma é simples de se compreender. Precisamos de um crescimento acelerado, à qualquer custo, para garantir que haja mais e mais capital circulando e mais dinheiro possa ir para as mãos do povo. E quando falo "povo", falo ricos e pobres.

O objetivo de Dilma é garantir que haja dinheiro suficiente, entrando rápido e de forma constante, para satisfazer a fome de consumo - afinal, pobre nunca pode consumir e é ensinado pela mídia amiga que consumir é a melhor coisa do mundo, quiçá a única porta para o paraíso, parafraseando Edir Macedo e ladrões do tipo - não apenas dos mais pobres, mas de TODOS. Especialmente dos ricos, que ficam quietinhos fazendo entrar grana no governo, por meios legais e ilegais.

Rico feliz é governo feliz. Com aliados multiplicando e pouca resistência.

É a mais pura política do PSDB. Mas Lula inaugurou uma nova política, a de contentar ricos e, claro pobres. Afinal, são todos filhos de deus, não? apenas um podem comprar um caminho mais fácil até chegar lá.

Com um crescimento lento ou mesmo com crescimento pequeno, seria necessário escolher que lado contentar. Alguém ficaria pelo caminho. Lula e Dilma conseguem incluir a todos. Claro que a maior parte continua fluindo pro andar de cima, enquanto a parte de baixo fica com as migalhas, mas ao menos sao migalhas vistosas: Universidades de péssima qualidade, internet vagabunda... Inclusão, pas apenas aparente.

Mas as aparências são o que importam.

O silêncio de Dilma e de sua equipe sobre casos de franco abuso contra os direitos humanos ou mesmo a perpetração destes abusos são apenas uma mostra de quem realmente manda. Os pobres agora tem voz, tem um pouco mais de dinheiro, mas continuam a ser pobres, continuam a estar no andar de baixo e devem saber a quem obedecer.

Distribuição de renda, junto com maior poder de compra significa que mais pobres podem comprar das fábricas da elite. A ausência de educação formal de qualidade garante uma nova classe média pauperizada e endividada que não tem a capacidade de se revoltar, mas de se conformar, ao passo que a mídia continua fazendo seu trabalho de midiotização, com Big Brothers da vida dando ibope e ensinando como é bom ser fútil e inútil.

Claro, esta é a idéia, não significa que seja tão fácil assim. Mas infelizmente vemos que mesmo aquela parcela dita esclarecida cai no discurso, achando que o povo pode comer e comprar geladeira e o Socialismo está batendo na nossa porta - isso quando ambos Dilma e Lula declararam que nem de esquerda são!. Ok, Dilma não precisou nem dizer, basta sua defesa intransigente desse "novo capitalismo".

Por fim, o desespero em Dilma em explorar ao máximo a Amazônia (Belo Monte, Madeira, etc) e todos os espaços vazios (sic), com a vista grossa ao genocídio dos Guarani Kaiowá, com vista grossa ou declarações pífias contra a violência absurda ao povo - Pinheirinho, Cracolândia, etc - são apenas demonstrações claras dessa necessidade quase vital - de fato, para o PT se manter no poder é vital - de se crescer com rapidez explorando ao máximo nossos recursos para que não seja preciso retirar dos ricos para distribuir aos pobes, mas na verdade, para que se posa continuar dando aos ricos e sobrar algo para os pobres.

Como fazer isso? Como um predador de recursos. O que não se sabe é o que Dilma - e o PT - farão quando os recursos simplesmente acabarem, pois não apenas temos uma crise internacional gigantesca como não podemos acreditar ser possível colocar 500 barragens na Amazônia da noite para o dia, gerando bilhões em lucros aos mais ricos e empregos precários aos mais pobres.

O PAC não se trata de melhorar condição de vida do pobre, mas de fazer a economia girar e crescer rapidamente, dando noção cosmética de melhora para uns e garantindo o lucro dos do andar de cima. Não à toa que programas que REALMENTE beneficiariam os mais pobres, como o PNBL, foram desprezados, pois o custo não justificaria o pequeno lucro dos mais ricos, que não se beneficiariam diretamente e mesmo pouco indiretamente, na verdade sairiam no prejuízo, pois poderiam perder espaço de mídia e no jogo da informação.

O que tiramos disso tudo? Acho que é óbvio. A retomada da política ditatorial de "colonizar" a Amazônia não é nada masi do que uma tentativa de garanti o rápido crescimento brasileiro para garantir lucros históricos à elite e um pouco, o que sobrar, para os mais pobres que, contentes, manterão o PT no poder.
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Post dedicado ao Padua Fernandes e ao Eduardo Viveiros de Castro
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PS: Aos petistas fanáticos que chegarem até aqui, favor responder a estas perguntas antes de começar a desfilar asneiras. E, por favor, não digam que sou do PSOL par tentar fugir às críticas, pois não sou de partido algum e o que não falta neste blog são críticas ao PSOL.
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