sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Nota de solidariedade aos lutadores do PSOL: Macapá não representa o partido

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O PSOL não é puro. Nunca pregou "pureza", como repetem seus detratores, porém sempre pregou alianças ideológicas. Há uma enorme diferença entre pureza e ideologia. Infelizmente para os petistas a diferença não existe mais, na verdade, nem a ideologia parece ter restado para a maioria.

Randolfe Rodrigues, Senador do PSOL pelo Amapá e Clécio Luis, candidato a prefeito de Macapá estão passando por cima da decisão do partido de não realizar alianças com partidos opostos ideologicamente ao PSOL (DEM, PSDB, etc) e aparentemente não sofrerão nada por isso.

No Rio Grande do Sul e em outros estados, as direções estaduais tem expulsado aqueles que insistem ou insistiram em se aliar com partidos não aprovados pela direção nacional ou estadual, mas no Amapá nada acontece.

Ivan Valente, presidente do partido - figura que admiro - e membro da mesma tendência que Randolfe e Clécio, não se manifesta, para desgosto dos militantes e simpatizantes do partido e alegria dos petistas que podem - ou acham que podem - rir à toa pelo fato do PSOL ter, em teoria, se prostituído como o PT.

Mas o buraco é mais embaixo.

Não nego que a decisão do Amapá e o silêncio da direção nacional não sejam vergonhosos e criminosos, porém temos de lembrar que várias direções estaduais e municipais já repudiaram tal aliança, assim como vários militantes e membros de diretórios também o fizeram por notas e comunicados.

Em outras palavras, a direção do PSOL do Amapá está, no mínimo, isolada, e sendo sustentada por alguns elementos do Diretório Nacional, mas não encontra apoio ou eco junto à parte significativa da militância.
Ora, o PSOL de todo o país, que acabou de brilhar com uma campanha eleitoral de esquerda, não merece uma agressão como esta que está sendo feita contra ele. É evidente que a candidatura a prefeito de um deputado federal do DEM, apoiada por DEM, PTB e PSDB, só pode ser uma candidatura de direita, da qual não devemos buscar o apoio, e com a qual, muito menos, podemos fazer qualquer aliança programática. Tampouco faz nenhum sentido fazer com estes partidos uma “aliança pela moralidade”. DEM, PTB e PSDB estão na lista de partidos com os quais o DN do PSOL proibiu qualquer aliança nas eleições de 2012. Se esta aliança se mantiver, representará uma mancha que envergonhará e indignará todo o PSOL; obviamente, não se trata de um assunto do PSOL do Amapá apenas.

Um partido cuja razão de ser é representar uma alternativa de esquerda à adaptação da maior parte da antiga esquerda brasileira ao social-liberalismo não pode tolerar esta aliança em Macapá, sob pena de se desmoralizar e de comprometer todo o seu discurso político. A desastrada política encaminhada em Macapá deve ser revertida, ou os responsáveis por ela deverão ser sancionados pelo partido. Se não adequarem sua atuação à linha do partido, não deverão ter lugar nas suas fileiras.
Petistas que comemoram este caso devem esquecer que apoiaram Dudu "Milícia" Pas e que estão eles próprios coligados com o DEM, o PSDB e o PTB em diversos estados e cidades do país - sem qualquer constrangimento, mesmo com a aliança com Maluf e o PP. Apenas alguns poucos petistas ainda conscientes de seu papel e de sua ideologia se insurgiram no Rio e apoiaram Marcelo Freixo contra as milícias, empreiteiras e o imenso poder econômico do PMDB que usa o PT para remover à força famílias de suas casas.

E pelo país podemos citar o apoio do PT ao candidato Edmilson, do PSOL, em Belém. Mas fora isso, vemos um partido aliado de qualquer outro disposto a ceder algumas vagas, cargos e dividir o poder com os Lulo-Dilmistas. Alias, é precciso deixar bem clara a diferença entre os petistas ideológicos e os adeptos do NeoPT e Lulo-Dilmistas. São categorias diferentes, ainda que os ideológicos, na maioria das vezes, se limitem a servir como basse de apoio à direção de direita que os usa para mostrar que ainda são de esquerda, apesar das privatizações, remoções forçadas, homofobia, obras criminosas e etc...
De Milton Temer no Facebook:
Diante de vídeos sobre o ato político em Macapá, comprovando aliança inaceitável do PSOL no 2°turno, reitero meu acordo com a nota divulgada pela Presdiência do Partido, onde fica claro não haver anuência da direção com opções adotadas no Amapá. Mais, não afirmo publicamente, reservando-me para o debate que o partido fará, concluído o atual processo eleitoral. Luta que Segue!!
O PSOL de fato enfrenta uma crise interna, mas definitivamente uma crise localizada e que não altera a concepção de partido e de ideologia da ampla maioria de seus membros que devem, porém, se manter firmes no reúdio a qualquer aproximação com o DEM, PSDB e semelhantes.

Toda essa história começou como um "apoio" - e não aliança - por parte do candidato derrotado do DEM em Macapá e acabou por se desenvolver até uma verdadeira aliança. Oras, mesmo o apoio deveria ter sido repudiado, não se aceita o apoio da direita fascista, racista  escravista brasileira nem de graça, que o diga aceitar se coligar ou mesmo incorporar pontos do programa de governo (sic) do inimigo.

É urgente que os militantes e dirigentes do PSOL se movam e consigam barrar esta aliança que é um desrespeito ao partido e à sua lutae põe em cheque o papel do partido enquanto alternativa de esquerda - ao menos localmente. Uma decisão rápida e dura é a única aceitável a fim de evitar que cresça o descontentamento e desconfiança que já é possível observar e, claro, para que não se permita ao NeoPT e seus aliados da direita e extrema-direita aproveitem a situação.

O PSOL nasceu como uma alternativa e após as últimas eleições mostrou que há espaço para crescer e para ocupar e não merece ter sua história manchada desta forma.
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