segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Marina e seu não-partido: A Rede existe? O que significa sua "aliança" com o PSB?

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Marina Silva não está errada em dizer que seu partido existe, mesmo não existindo ~de fato~ após decisão do TSE.

Decisão esta, aliás, que seria acertada mesmo que fosse favorável à REDE. Explico. Os argumentos de Marina e de seu não-partido, de que cartórios seriam lentos, ineficientes e poderiam estar até mesmo propositadamente atrasando a verificação das assinaturas é correta (ou possível). Os cartórios desrespeitam a lei ao ultrapassar o prazo para referendar (ou não) as assinaturas.

Da mesma forma, o argumento de alguns ministros do TSE de que lei é lei e sem assinaturas verificadas não há partido, e que outros passaram pelo processo também procede.

De minha parte eu penderia pela aprovação da Rede pelo argumento da lentidão dos cartórios somado ao fato dela não ter máquina, ou ao menos não ter usado uma máquina para conseguir suas assinaturas como mágica. E digo isso não por simpatia à Rede/Marina.

Sim, é fato que militantes seus forma a encontros e eventos evangélicos para coletar assinaturas, que seu partido é um frankenstein que junta gente que vem do PSDB ao PT e PSOL, que é coalhado de fascistas krents e etc, mas isto não muda o fato de que partidos como Solidariedade, por exemplo, usaram máquina pesada, forjaram assinaturas até não poder mais de gente ligada a sindicatos da Força e que a Rede, neste ponto, tem mais legitimidade de existir. Mas não existe (legalmente).

Sou insuspeito de simpatia pela Marina, mas acho que mesmo não vendo no fundo diferenças ideológicas entre ela e demais candidatos (não há um único até o momento de esquerda), a Rede traz um debate político diferente, como vimos na eleição passada (mesmo se considerarmos parte do debate fruto de alienação de parte da juventude que realmente acredita em um partido "novo"). A Rede, não Marina. O partido enquanto um amálgama de forças diferentes lutando pela proeminência e os jovens que, alienados em sua maioria, dão sustentação a esse projeto.

Mas voltando ao "existir" do (não) partido de Marina, ele não é legal, mas permanece como uma corrente de pensamento e como ela própria colocou, seu "partido" se coligou com o PSB para que ela (e outros) possam concorrer nas eleições do ano que vem.

Não há erro nessa colocação de Marina, como fazem crer diversos petistas revoltados porque sua "inimiga" não foi derrotada pelo maravilhoso TSE (maravilhoso até o PT perder alguma ação, claro), talvez precisemos discutir as palavras escolhidas, mas em tese ela continua sendo da Rede, mesmo no PSB.

A esquerda, como PSTU, PSOL e etc, tem o costume de oferecer legenda para tendências e correntes de esquerda que não são legais, como já fizeram com a Consulta Popular, com o PCR e etc. O membro do PCR não deixa de ser do PCR porque se filiou ao PSOL para a eleição, então porque Marina ao se filiar ao PSB deixaria de ser da Rede?

De fato não há uma "coligação" ou "aliança", o que há, no máximo, é um "empréstimo" de legenda que, no fim, dá no mesmo, afinal Marina prega manter sua independência ou manter uma certa independência de sua "tendência" dentro do PSB. É perfeitamente viável e compreensível.

A grande questão aqui, no entanto, é simplesmente o recalque e o medo que a militância fanática do PT tem da Marina (e de qualquer um que possa prejudicar uma vitória "fácil" de Dilma).

Marina deixa claro que seu objetivo é fundar seu partido "de verdade", que quer concorrer com sua legenda e que está apenas tomando emprestada outra, como muitos já fizeram.

É óbvio que parte deste discurso vem da necessidade de justificar sua decisão de, após criticar todos os partidos e seus métodos, entrar em um partido "viciado" como qualquer outro. Mas seria impossível para ela esperar mais 4 anos para concorrer à presidência enquanto fica sem holofotes, sem mandato e sem estrutura.

A jogada de Marina é inteligente, pois ela se liga a um político com baixíssimos índices de rejeição no sul-sudeste (ele é virtualmente desconhecido nessas regiões) e pode tentar manter seu discurso (fake) de honestidade, idoneidade e ética - mesmo o PSB sendo um ninho de cobras que recentemente tem filiado gente até do DEM.

E ela pode ainda contar com a conhecida inocência de sua militância, aliada ao péssimo nível de politização da mesma, para conseguir passar por cima do "inconveniente" de estar ligada a um partido "velho, viciado". Seu discurso talvez terá de mudar um pouco, mas no geral permanece o mesmo: De pureza ideológica, de "novo", aliado ao fato de estar ligada a um político "novo" para o grande público (apesar de ser um velho conhecido dos pernambucanos, e um infeliz conhecido, e de ser velho aliado e amigo do Lula/PT).

No fim das contas, Marina pode sair fortalecida, pois terá tempo para erguer sua Rede e não ficará no ostracismo por mais alguns anos e terá participação ativa, assim como holofotes na próxima campanha presidencial (mesmo que não seja a candidata do PSB).
Marina não é de esquerda. Não bastassem as acusações de “chavismo” ao atual governo, seu fundamentalismo religioso provavelmente a coloca à direita de Aécio Neves. Mas essa seguramente é opinião de um setor minoritário da população. Para a maioria, Marina foi ministra do Meio-ambiente de Lula, defende a natureza e saiu do governo por causa da “velha política”. Gilberto Maringoni na Carta Maior
Esta aliança (ou ao menos a certeza da presença de Marina nas eleições de alguma forma) trazem duas certezas: A primeira é que PT e PSDB poderão perder votos e um segundo turno pode vir a ser uma realidade. Marina rouba discurso de Aécio, mas tira votos do PT.

Segunda é a de que os evangélicos se beneficiarão imensamente, pois desde já o PT buscará se aproximar dos medievalistas e estelionatárias para quem já governa com mais favores, com mais submissão e com mais dos nossos direitos rifados, e Marina irá naturalmente buscá-los para apoiá-la, tendo já no Malafaia um entusiasta.

Marina é um imã krent, o PT irá se desdobrar para manter seus "aliados" contentes, felizes e "Dilmistas". E nós pagaremos o pato, os direitos LGBts pagarão o pato, os direitos humanos como um todo pagarão o pato.

A política brasileira só perde em uma eleição de iguais submetidos em diferentes graus ao controle de evangélicos.
- Cuidado com Marina, ela é crente e contra o casamento gay.

- Ué, mas o que o PT fez para os gays em 13 anos de governo? O Brasil é campeão mundial em morte por homofobia e, se no governo Lula um gay era morto a cada 36 horas, no governo Dilma um gay é morto a cada 26 horas.

- Mas um presidente não consegue mudar as coisas sozinho.

- Pois é. O Haddad é prefeito e acabou de mudar a data da Parada Gay de SP para que não ficar perto do jogo da Copa que vai acontecer na cidade.

- Mas ele falou que é para um evento não atrapalhar o outro.

- Sei. O jogo da Copa será numa quinta e a Parada, no domingo. Só ficaria quem quisesse.

- Ah... Mas o Malafaia apoia a Marina.

- E daí? O Feliciano apoia a Dilma. Além uma lista extensa que vai de Maluf a PSC.

- Então você vai votar na Marina?

- Não, não voto nela por causa da corja evangélica que vem no pacote. Só não acho justo esse papinho de PT que pensa em minorias.

- Mas o país tem evoluído sobre o casamento gay.

- Graças ao Judiciário.

- Você vai votar no Aécio então?

- Tô pensando em viajar e pagar multa. via Celso Dossi, no Facebook
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