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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Marina Silva continua representando o atraso, mas Dilma é ainda pior

Em 2010 me manifestei claramente sobre e então candidata Marina Silva: Ela representava o atraso.
Marina Silva não entende porque é vista, a priopri, como uma pessoa preconceituosa e fundamentalista por ser evangélica. Vamos iluminá-la? Em primeiro lugar, Silas Malafaia, Edir Macedo e RR Soares são nomes que logo vêm à mente e dizem alguma coisa. Em segundo lugar, ser contra o Aborto, Casamento/Adoção por casais homossexuais e pesquisa com células tronco dão mais uma mostra dos ideais progressistas da candidata. Realmente, porque será que ela sofre preconceito?
Sou o primeiro a admitir que não gostaria de um evangélico governando o país, mas preciso esclarecer; Me refiro não ao evangélico, ou melhor, o protestante laico, ao fiel de denominações tradicionais (em geral) e com os pés no chão, e sim ao popular "crente", ao fiel de "igrejas" neopentecostais, adeptas da tal "teologia da prosperidade", enfim, a qualquer um que orbite no entorno de Malafaia, Edir Macedo, Veldemiro, Assembleia de Deus e semelhantes.

Estes são os principais membros da chamada Bancada Evangélica (que conta também com membros de denominações protestantes tradicionais, no entanto) e são os propulsores do fundamentalismo e medievalismo no Brasil. Estes devem não apenas ficar longe da presidência, como devem ser defenestrados de qualquer cargo público, meios de comunicação e posição de poder. O Estado deve se distanciar ao máximo de religião, especialmente de fanáticos estelionatários.

Mas, enfim, Marina em 2010 era conhecida por sua claudicância em temas de direitos humanos, se opunha ao aborto, se opunha ao casamento igualitário, à adoção por casais do mesmo sexo, etc, e defendia algo absolutamente inaceitável, plebiscitos para questões de direitos humanos.

Era, apesar de todo o hype, uma candidata que representava um atraso monumental, aliado ao seu ecocapitalismo torpe e aliados que em nada se diferenciavam dos dos demais candidatos. Não havia nada de novo, senão a repetição talvez medievalizada e pseudo-moderna do que já tínhamos.

É preciso notar que hoje suas ideias não são mais a exceção. Mas a regra. A política brasileira cada vez mais se aproxima de um jogo não de soma zero, mas de resultados absolutamente negativos.

Chega 2014 e Marina tem novamente a chance de disputar a presidência. E algumas de suas posições mudaram. Acabou o papo de plebiscito pra direitos humanos, ela passou a defender (ao menos diz sua assessoria) direitos LGBTs e, no fim, seu discurso se mostra em tese mais progressista que as práticas dilmistas (esta sim um verdadeiro retrocesso em todos os sentidos).

Marina continua não diferindo em termos econômicos dos demais. Dilma, Marina e Aécio são patrocinados pelos mesmos grupos poderosos, defendem agenda econômica semelhante e cujas nuances não alteram o quadro geral - o de garantir lucros imensos aos patrocinadores e amigos e apenas garantir migalhas ao povo. Não há nenhuma diferença fundamental entre as três principais candidaturas que se apresentam este ano - e temos como o ponto mais baixo a candidatura do Pastor Everealdo, este sim que causa calafrios, mas é outro assunto.

Marina se coloca como defensora de um ecocapitalismo que, em tese, seria refratário aos anseios mais virulentos de Katia Abreu e sua turma - esta que é unha e carne com Dilma e o PT - e este é um ponto positivo, mas no fim é difícil vislumbrar, especialmente com o vice escolhido pelo PSB para ela - Beto Albuquerque, ruralista -  alguma mudança efetiva no campo, a suspensão de Belo Monte, reforma agrária e afins.

Aliás, faço um adendo, cito o Aécio neste texto, mas jamais votei ou votarei no PSDB, logo, não me demoro em sua candidatura.

Resta, então, os direitos humanos. Este era o ponto fraco de Marina, e continua, em geral, sendo, mas diante de Aécio e de Dilma, mesmo suas posições não muito progressistas gerais conseguem colocá-la à frente dos concorrentes.

Seu discurso hoje - e o de seu vice, abertamente pró-LGBT - é mais afinado com os direitos humanos e é sem dúvida mais progressista que Dilma, que foi uma franca INIMIGA dos direitos humanos: Promoveu com seus aliados genocídio indígena, homofobia, machismo, crescimento da AIDS....

Dilma se aliou, cedeu e governou com os evangélicos de tal forma que o mero fato de Marina ser evangélica ou se pautar em sua religião para governar (pese ter dado declarações em defesa do Estado Laico) se torna algo menor. Os recuos nos direitos humanos foram tão gigantescos com Dilma no poder que Marina não parece mais ser o imenso atraso que representava em 2010. Hoje o maior inimigo ou inimiga dos direitos humanos é Dilma e o PT. E isto não é teoria, não é análise de discurso, é a/na prática, ou esqueceram, por exemplo, da declaração criminosa de Dilma de que o "Estado brasileiro é Laico, mas"?

Não, Marina não se tornou simplesmente "palatável", o PT é que tomou seu lugar nas trevas.

Em outros tempos eu poderia, criticamente, chamar o voto em Marina num eventual segundo turno, mas depois do erro imenso que cometi na eleição passada ao apoiar o suposto mal menor, Dilma, não consigo repetir no erro e nem me comprometer a tal ponto.

Nesta eleição deixo claro, gostaria de ver o PT perder. O país precisa disso, a esquerda precisa disso e os movimentos sociais mais do que nunca precisam de espaço para se renovar sem a constante pressão, cooptação e violência vinda do  e patrocinada pelo PT, mas é preciso ter em mente que qualquer alternativa não é, em si, uma real alternativa, mas no máximo um período de transição que deve ser aproveitado.

Admito uma certa hipocrisia em afirmar a necessidade de derrotar o PT enquanto não me comprometo a apoiar ninguém que efetivamente possa derrotá-lo. Sim, espero que outros o façam, pois não tenho forças para dar meu voto a Marina. Nem coragem.Ela continua representando o atraso, pese Dilma ser pior.

Para o país, uma eventual vitória da Marina nos aliviaria de mais um governo ruralista, privatizador e genocida indígena representado pelo PT, mas traria novos desafios, pois seria igualmente aliado das oligarquias, representaria interesses semelhantes.


Todos os cenários são ruins para a população e todos exigem mobilização constante, movimentos sociais fortes e atuantes que, sem o PT no poder e sem a verba ilimitada para o partido cooptar, poderiam efetivamente se reerguer. Não tenho qualquer esperança de que o PT derrotado voltaria a seu papel de oposição de esquerda. O partido se degenerou de tal forma que não resta mais ilusão. Precisa do poder e das verbas que vem com ele. Uma oposição de esquerda invariavelmente teria de nascer das ruas e dos movimentos sociais e coletivos diversos.

Uma vitória da Marina seria ruim, sem dúvida, mas seria algo como o famigerado "menos pior". É, hoje, o possível. Posso estar enganado? Sem duvida, assim como me enganei com Dilma pensando que seria ela a menos pior e, no fim, ela foi a pior presidente que o país teve desde a redemocratização.

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Alguns podem perguntar "mas e a Luciana?", bem, eu não confio. Não digo ser uma candidatura em si ruim, mas a quantidade de tetos de vidro junto com as disputas internas no PSOL com sua tendência, o MES, das quais tenho conhecimento me afastam de sua campanha. É sem dúvida uma opção no primeiro turno, faço votos que consiga superar o traço, mas de fato não me anima ou enche os olhos. E, sejamos francos, não passará ao segundo turno e quis aqui me concentrar em cenários reais entre os três candidatos com chances de serem eleitos.
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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O que os candidatos pensam sobre...?

Uma pequena lista em constante atualização de perguntas formuladas pelo @cadulorena e por mim, direcionadas aos candidatos a presidência sobre questões econômicas, de direitos humanos e sociais do país e que gostaríamos de ver perguntadas em debates:

O que os candidatos pensam sobre desmilitarização das policias?

O que os candidatos pensam sobre #CasamentoIgualitario, #CriminalizaçãoDaLGBTsfobia, adoção de crianças por casais homoafetivos e educação inclusiva?

O que os candidatos pensam sobre 10% do PIB exclusivamente e já pra educação pública?

O que os candidatos pensam sobre revisão da Lei da Anistia?

O que os candidatos pensam sobre alternativa ao modelo "desenvolvimentista" predatório e explorador financiado pelo Estado?

O que os candidatos pensam sobre privatização /concessão de bens públicos sem qualquer consulta aos maiores interessados, o povo?

O que os candidatos pensam sobre legalização do aborto e atendimento pelo SUS?

O que os candidatos pensam sobre verbas públicas do Estado financiando saúde e educação privada?

O que os candidatos pensam sobre Estado atacando manifestações e criminalizando/espionando movimentos sociais e ativistas?

O que os candidatos pensam sobre gastos públicos com a Copa, com grandes eventos esportivos e religiosos, com Olimpíadas?

O que os candidatos pensam sobre remoções forçadas de pobres pra dar lugar a obras de eventos onde quem lucra são os ricos?

O que os candidatos pensam sobre democratização dos meios de comunicação? Sobre verbas públicas gastas em propaganda?

O que os candidatos pensam sobre financiamento milionário de empresários pras campanhas partidárias, a começar pela deles?

O que os candidatos pensam sobre grandes obras hidrelétricas na Amazônia, feitas por empreiteiras e com grana pública?

O que os candidatos pensam sobre legalização da maconha e outras drogas?

O que os candidatos pensam sobre direitos indígenas, demarcação de terras, respeito às culturas tradicionais, uso de terras indígenas para
mineração/extração de gás e petróleo?

O que os candidatos pensam sobre verbas públicas nas mãos de organizações religiosas que "tratam" de dependentes químicos?

O que os candidatos pensam sobre Belo Monte, Transposição do São Francisco e outras obras megalomaníacas incluídas ou não no PAC?

O que os candidatos pensam sobre o crescimento do fanatismo religioso, em especial neopentecostal, e sua tomada de assalto de instituições públicas como câmaras de deputados, vereadores, etc?

O que os candidatos pensam sobre o Estado Laico?

O que os candidatos pensam sobre o Passe Livre nos transportes públicos?

O que os candidatos pensam sobre a superação do modelo "carrocêntrico" e pela diversificação de modalidades de transporte público?
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quarta-feira, 18 de junho de 2014

"Mal maior": O petismo saindo do armário (de novo e outra vez)

Vem chegando o período eleitoral e, com ele, petistas enrustidos começam a sair do armário.

Aquele seu amigo que passou os últimos (quase) quatro anos denunciando a violência contra os povos indígenas, denunciando a insistência do governo em não apenas não demarcar terras, como virar refém por opção de ruralistas para lidar com a questão, de repente começa a fazer campanha para.... o PT!

Aquele seu outro amigo, que você tem o maior respeito e que já deixou claro detestar Dilma e, como é do Rio, detestar também o PMDB, já começou na campanha de Lindbergh, como se ele (e o PT) não fossem aliados até ontem do PMDB "higienista, canalha, ladrão, etc".

Vários amigos simplesmente saindo do armário e se declarando eleitores de Dilma e de outros petistas pese terem passado anos os atacando. De repente estão todos limpos. Lavou, tá novo.

Cheguei a questionar alguns deles, perguntando o que achavam de Aécio, Marina, Eduardo Campos e... Que surpresa!

Concordo obviamente com todas as críticas feitas a Aécio, um desqualificado, censurador e... tucano. Dispensa comentários, não se vota em tucano.

Mas quanta surpresa quando ouço que Marina é uma canalha, uma "traíra"... E, pior, que Dudu Campos também o é, logo ele que até nem bem 6 meses era um querido aliado do PT! Os humores dos petistas e petistas enrustidos muda como o vento. Hoje você é aliado, amanhã é inimigo e, especialmente, o contrário.

Alguns não são tão abertos em sua defesa do petismo redescoberto, então investem na tese antiga do "mal maior".

O PSDB é o mal maior. Tudo é o mal maior. Logo, vamos todos votar no PT.

Concordei com essa tese na última eleição e acabei, no segundo turno, votando em Dilma. Se arrependimento matasse!

Não se vota no menos pior, busca-se construir alternativas. Voto deve ou deveria ser algo consciente, feito com a intenção de melhorar o país e não na base do medo, na base do "não tem tu, vai tu mesmo".

Se não há uma opção viável, temos de nos preparar para a luta contra quem quer que vença e não FAZER CAMPANHA para alguém ruim apenas pelo medo de outros. Claro, podemos entender o papo do "mal maior" se estivéssemos, por exemplo, frente ao perigo de uma Frente Nacional ou algum partido abertamente fascista ou neonazista vencer. Não é o caso. Oras, Bolsonaro, um legítimo fascista é inclusive da base do PT! Há fascistas para todos os gostos e em todos os lados.

Estamos, na verdade, diante de três candidatos principais que em praticamente nada se diferenciam. Dudu Campos governou com o PT por anos a fio, é praticamente igual. Aécio é terrível, mas Dilma é diferente?

Genocídio indígena, aliança carnal com ruralistas, com evangélicos fundamentalistas (Dilma chegou a revogar decreto regulando o aborto apenas por exigência dos fundamentalistas aliados, sem falar nos programas do Ministério da Saúde que Padilha cancelou pela mesma razão - e Padilha é candidato!), cooptação de movimentos sociais, brutalidade nas ruas e, é sempre bom lembrar, com uma militância (sic) fanatizada nas redes.

Na prática, o PT e o PSDB são idênticos. Assim como o PSB. A tese do "mal maior" não se aplica.

Se por um lado o PSDB é mais feroz nas privatizações (ainda que o PT também privatize), por outro o PT é voraz na cooptação e criminalização de lutas sociais. Dilma assentou MENOS que FHC. Demarcou MENOS que FHC. E FHC é um canalha que dispensa comentários, quem viveu durante seu governo sabe bem o que digo.

Se por um lado o PSDB é visto de forma mais simpática pela mídia comercial (apesar de ser hoje o PT quem a financia), o PT tem sua mídia pessoal, tem seus "progressistas" e sua "militância" virtual absolutamente fanatizada.

Já o PSB oscila entre os dois campos. Segue, não é líder.

Agora, é fato que cada pessoa tem formas diferentes de pensar e ver o mundo, até compreendo quem chegue na urna e, num momento de desespero, faça sua escolha e vote em Dilma. Mas fazer campanha? Tentar convencer outros de que um dos governos mais lamentáveis dos últimos tempos é bom?

É muita falta de noção e de coerência.

Cadafalso, pelotão de fuzilamento ou guilhotina. Faz diferença?  É uma falsa opção, vamos morrer de maneira horrível de qualquer forma. Nos cabe denunciar a situação e buscar construir alternativas e não ficar eternamente sustentando uma delas porque enquanto existir essa sustentação esse partido e esse candidato não irá ver razão para repensar como faz as coisas. O PT SABE que muita gente acaba votando nele, não importa o que façam, pela tese do "mal maior". 

Então porque fariam qualquer tipo de autocrítica se na hora que importa conseguem os votos?
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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Marina e seu não-partido: A Rede existe? O que significa sua "aliança" com o PSB?

Marina Silva não está errada em dizer que seu partido existe, mesmo não existindo ~de fato~ após decisão do TSE.

Decisão esta, aliás, que seria acertada mesmo que fosse favorável à REDE. Explico. Os argumentos de Marina e de seu não-partido, de que cartórios seriam lentos, ineficientes e poderiam estar até mesmo propositadamente atrasando a verificação das assinaturas é correta (ou possível). Os cartórios desrespeitam a lei ao ultrapassar o prazo para referendar (ou não) as assinaturas.

Da mesma forma, o argumento de alguns ministros do TSE de que lei é lei e sem assinaturas verificadas não há partido, e que outros passaram pelo processo também procede.

De minha parte eu penderia pela aprovação da Rede pelo argumento da lentidão dos cartórios somado ao fato dela não ter máquina, ou ao menos não ter usado uma máquina para conseguir suas assinaturas como mágica. E digo isso não por simpatia à Rede/Marina.

Sim, é fato que militantes seus forma a encontros e eventos evangélicos para coletar assinaturas, que seu partido é um frankenstein que junta gente que vem do PSDB ao PT e PSOL, que é coalhado de fascistas krents e etc, mas isto não muda o fato de que partidos como Solidariedade, por exemplo, usaram máquina pesada, forjaram assinaturas até não poder mais de gente ligada a sindicatos da Força e que a Rede, neste ponto, tem mais legitimidade de existir. Mas não existe (legalmente).

Sou insuspeito de simpatia pela Marina, mas acho que mesmo não vendo no fundo diferenças ideológicas entre ela e demais candidatos (não há um único até o momento de esquerda), a Rede traz um debate político diferente, como vimos na eleição passada (mesmo se considerarmos parte do debate fruto de alienação de parte da juventude que realmente acredita em um partido "novo"). A Rede, não Marina. O partido enquanto um amálgama de forças diferentes lutando pela proeminência e os jovens que, alienados em sua maioria, dão sustentação a esse projeto.

Mas voltando ao "existir" do (não) partido de Marina, ele não é legal, mas permanece como uma corrente de pensamento e como ela própria colocou, seu "partido" se coligou com o PSB para que ela (e outros) possam concorrer nas eleições do ano que vem.

Não há erro nessa colocação de Marina, como fazem crer diversos petistas revoltados porque sua "inimiga" não foi derrotada pelo maravilhoso TSE (maravilhoso até o PT perder alguma ação, claro), talvez precisemos discutir as palavras escolhidas, mas em tese ela continua sendo da Rede, mesmo no PSB.

A esquerda, como PSTU, PSOL e etc, tem o costume de oferecer legenda para tendências e correntes de esquerda que não são legais, como já fizeram com a Consulta Popular, com o PCR e etc. O membro do PCR não deixa de ser do PCR porque se filiou ao PSOL para a eleição, então porque Marina ao se filiar ao PSB deixaria de ser da Rede?

De fato não há uma "coligação" ou "aliança", o que há, no máximo, é um "empréstimo" de legenda que, no fim, dá no mesmo, afinal Marina prega manter sua independência ou manter uma certa independência de sua "tendência" dentro do PSB. É perfeitamente viável e compreensível.

A grande questão aqui, no entanto, é simplesmente o recalque e o medo que a militância fanática do PT tem da Marina (e de qualquer um que possa prejudicar uma vitória "fácil" de Dilma).

Marina deixa claro que seu objetivo é fundar seu partido "de verdade", que quer concorrer com sua legenda e que está apenas tomando emprestada outra, como muitos já fizeram.

É óbvio que parte deste discurso vem da necessidade de justificar sua decisão de, após criticar todos os partidos e seus métodos, entrar em um partido "viciado" como qualquer outro. Mas seria impossível para ela esperar mais 4 anos para concorrer à presidência enquanto fica sem holofotes, sem mandato e sem estrutura.

A jogada de Marina é inteligente, pois ela se liga a um político com baixíssimos índices de rejeição no sul-sudeste (ele é virtualmente desconhecido nessas regiões) e pode tentar manter seu discurso (fake) de honestidade, idoneidade e ética - mesmo o PSB sendo um ninho de cobras que recentemente tem filiado gente até do DEM.

E ela pode ainda contar com a conhecida inocência de sua militância, aliada ao péssimo nível de politização da mesma, para conseguir passar por cima do "inconveniente" de estar ligada a um partido "velho, viciado". Seu discurso talvez terá de mudar um pouco, mas no geral permanece o mesmo: De pureza ideológica, de "novo", aliado ao fato de estar ligada a um político "novo" para o grande público (apesar de ser um velho conhecido dos pernambucanos, e um infeliz conhecido, e de ser velho aliado e amigo do Lula/PT).

No fim das contas, Marina pode sair fortalecida, pois terá tempo para erguer sua Rede e não ficará no ostracismo por mais alguns anos e terá participação ativa, assim como holofotes na próxima campanha presidencial (mesmo que não seja a candidata do PSB).
Marina não é de esquerda. Não bastassem as acusações de “chavismo” ao atual governo, seu fundamentalismo religioso provavelmente a coloca à direita de Aécio Neves. Mas essa seguramente é opinião de um setor minoritário da população. Para a maioria, Marina foi ministra do Meio-ambiente de Lula, defende a natureza e saiu do governo por causa da “velha política”. Gilberto Maringoni na Carta Maior
Esta aliança (ou ao menos a certeza da presença de Marina nas eleições de alguma forma) trazem duas certezas: A primeira é que PT e PSDB poderão perder votos e um segundo turno pode vir a ser uma realidade. Marina rouba discurso de Aécio, mas tira votos do PT.

Segunda é a de que os evangélicos se beneficiarão imensamente, pois desde já o PT buscará se aproximar dos medievalistas e estelionatárias para quem já governa com mais favores, com mais submissão e com mais dos nossos direitos rifados, e Marina irá naturalmente buscá-los para apoiá-la, tendo já no Malafaia um entusiasta.

Marina é um imã krent, o PT irá se desdobrar para manter seus "aliados" contentes, felizes e "Dilmistas". E nós pagaremos o pato, os direitos LGBts pagarão o pato, os direitos humanos como um todo pagarão o pato.

A política brasileira só perde em uma eleição de iguais submetidos em diferentes graus ao controle de evangélicos.
- Cuidado com Marina, ela é crente e contra o casamento gay.

- Ué, mas o que o PT fez para os gays em 13 anos de governo? O Brasil é campeão mundial em morte por homofobia e, se no governo Lula um gay era morto a cada 36 horas, no governo Dilma um gay é morto a cada 26 horas.

- Mas um presidente não consegue mudar as coisas sozinho.

- Pois é. O Haddad é prefeito e acabou de mudar a data da Parada Gay de SP para que não ficar perto do jogo da Copa que vai acontecer na cidade.

- Mas ele falou que é para um evento não atrapalhar o outro.

- Sei. O jogo da Copa será numa quinta e a Parada, no domingo. Só ficaria quem quisesse.

- Ah... Mas o Malafaia apoia a Marina.

- E daí? O Feliciano apoia a Dilma. Além uma lista extensa que vai de Maluf a PSC.

- Então você vai votar na Marina?

- Não, não voto nela por causa da corja evangélica que vem no pacote. Só não acho justo esse papinho de PT que pensa em minorias.

- Mas o país tem evoluído sobre o casamento gay.

- Graças ao Judiciário.

- Você vai votar no Aécio então?

- Tô pensando em viajar e pagar multa. via Celso Dossi, no Facebook
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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Skaf e o Socialismo Empresarial ou Porque Pagar pela USP

Político brasileiros costumam procurar caminhos mais fáceis para tudo. Raramente atacam problemas, mas dão a volta, esperando que o problema se resolva "naturalmente" ou, ao menos, que este seja esquecido.

Medidas paliativas são diferentes de medidas que visam apenas esconder as desigualdades.

Cotas para negros são paliativos emergenciais que devem ter prazo de validade, o problema real é a exclusão social. Outro problema é o da educação de base, é um paliativo garantir aos poucos que conseguiram terminar a escola um lugar na universidade, mas o problema principal está na escola básica.

Deve-se, no longo prazo, investir no ensino básico, em política de inclusão desde a infância, em inclusão social, em renda... De fato, o governo atual vem dando alguns passos - ainda que tímidos - nesta direção.

No geral, o governo Lula já fez mais do que qualquer outro governo anterior. Mas é pouco. Falta ainda um projeto de longo prazo que busque efetivamente diminuir as desigualdades mais profundas.

Não deveria surpreender à ninguém que um empresário voraz como Paulo Skaf defenda que até mesmo uma universidade pública seja paga. Os DemoTucanos defendem o mesmo desde sempre. Assim é a direita, só estuda quem pode pagar. Aos pobres cabe a resignação. Que trabalhem duro para saírem da merda!

Como Skaf está no PSB, um partido que, ao menos no nome, é Socialista - o que não quer dizer muita coisa, vide o PPS -, resolveu amenizar o discurso: Tem que pagar pra estudar, mas só quem pode pagar.
O empresário Paulo Skaf disse, na convenção do PSB paulista que oficializa sua candidatura ao governo de São Paulo, que pretende fazer com que alunos da USP (Universidade de São Paulo) que tiverem condição financeira, paguem para cursar a universidade.

"Na hora de entrar na USP, quem estuda? Filho de rico ou filho de pobre? Quem pode pagar, deve pagar sim", afirmou.
A idéia inicial é ridícula, mas denuncia uma característica comum nas universidades públicas: De fato, a maior parte dos que nela estudam são os que vieram de escolas particulares, são da classe média e, em teoria, poderiam pagar por uma universidade particular. Salvo algumas exceções, as públicas são, de fato, as melhores.

Mas, Skaf ataca apenas o problema momentâneo, o agora. E, obviamente, não resolve problema algum.

Se é verdade que os mais ricos por vezes são os que tem maior acesso às universidades públicas, também é verdade que cobrá-los não vai fazer diferença ALGUMA aos que não tiveram condições de chegar lá. No que cobrar quem pode pagar fará com que quem não pode chegue até a universidade?

Fazer com que os ricos e os nem tão ricos paguem - já temos outro problema, quem irá pagar? Qual o critério? - apenas resolve o problema posto por um capitalista voraz: O de teoricamente fazer o Estado não ter "prejuízos" ao dar algo de graça: Educação. É o Estado mínimo de uma forma ou de outra.

No fim das contas, os filhos dos ricos continuam no mesmo lugar, os pobres idem. Os pobres continuam fora da universidade, mas os ricos passam a pagar por ela. É a mais pura lógica capitalista: Manutenção das eternas desigualdades e Estado sem qualquer responsabilidade, sem qualquer presença. É o primeiro passo para a privatização final do ensino.

Os ricos permanecem usufruindo da qualidade superior de ensino, não dão "prejuízo" ao Estado, e os pobres continuam no limbo, de onde jamais deveriam ter saído. Mas, quem sabe, não ganhem uma vaguinha cativa nas empresas ligadas à FIESP?

Uma idéia tão inteligente só poderia ter vindo do mais novo socialista da praça, o mais novo adepto do Socialismo Empresarial, algo tão tosco que só poderia ter vindo do casamento entre um líder do empresariado e um partido cujo "Socialismo", pelo visto, fica só no nome.

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