quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A tese do "mal maior" prejudica a todos e mantém o PT acomodado

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*Este texto é uma atualização e ampliação do "Mal maior": O petismo saindo do armário (de novo e outra vez)
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Não se vota no menos pior, busca-se construir alternativas. Voto deve ou deveria ser algo consciente, feito com a intenção de melhorar o país e não na base do medo, na base do "não tem tu, vai tu mesmo".

Se não há uma opção viável, temos de nos preparar para a luta contra quem quer que vença e não FAZER CAMPANHA para alguém ruim apenas pelo medo de outros.

Nós não temos que escolher quem será nosso algoz. Temos de lutar contra quem quer que o encarne.

Claro, podemos entender o papo do "mal maior" se estivéssemos, por exemplo, frente ao perigo de uma Frente Nacional ou algum partido abertamente fascista ou neonazista vencer. Não é o caso. Oras, Bolsonaro, um legítimo fascista é inclusive da base do PT (pode odiar o partido, votar contra, mas continua sendo do PP, da base aliada)! Há fascistas para todos os gostos e em todos os lados.

Genocídio indígena, aliança carnal com ruralistas, com evangélicos fundamentalistas (Dilma chegou a revogar decreto regulando o aborto apenas por exigência dos fundamentalistas aliados, sem falar nos programas do Ministério da Saúde que Padilha cancelou pela mesma razão), cooptação de movimentos sociais, brutalidade nas ruas e, é sempre bom lembrar, com uma militância (sic) fanatizada nas redes.

Na prática, o PT e o PSDB são idênticos. A tese do "mal maior" não se aplica.

Se por um lado o PSDB é mais feroz nas privatizações (ainda que o PT também privatize), por outro o PT é voraz na cooptação e criminalização de lutas sociais. Dilma assentou MENOS que FHC. Demarcou MENOS que FHC. E FHC é um canalha que dispensa comentários, quem viveu durante seu governo sabe bem o que digo.

Se por um lado o PSDB é visto de forma mais simpática pela mídia comercial (apesar de ser hoje o PT quem a financia), o PT tem sua mídia pessoal, tem seus "progressistas" e sua "militância" virtual absolutamente fanatizada.

Agora, é fato que cada pessoa tem formas diferentes de pensar e ver o mundo, até compreendo quem chegue na urna e, num momento de desespero, faça sua escolha e vote em Dilma. Mas fazer campanha? Tentar convencer outros de que um dos governos mais lamentáveis dos últimos tempos é bom?

É muita falta de noção e de coerência.

Cadafalso, pelotão de fuzilamento ou guilhotina. Faz diferença?  É uma falsa opção, vamos morrer de maneira horrível de qualquer forma. Nos cabe denunciar a situação e buscar construir alternativas e não ficar eternamente sustentando uma delas porque enquanto existir essa sustentação esse partido e esse candidato não irá ver razão para repensar como faz as coisas. O PT SABE que muita gente acaba votando nele, não importa o que façam, pela tese do "mal maior". 


É exatamente este o grande problema. Votar no PT em segundo turno apenas o faz se acomodar. Porque mudar, porque fazer autocrítica se na hora do "vamos ver" o pessoal vai votar no PT de qualquer forma? O PSDB será eternamente o "mal maior" e o PT não importa o quão enfiado na direita esteja será sempre a opção.


Que me desculpem, mas vocês estão dando carta branca para o PT continuar a ir para a direita sem culpa, sem preocupações. Não adianta falar que vai votar criticamente, o que importa pro PT é teu voto, mais um número, e não o que você pensa ou deixa de pensar nele.

Então porque fariam qualquer tipo de autocrítica se na hora que importa conseguem os votos?

De que adianta passar 4 anos fazendo oposição para, na hora do voto, apoiar quem você combate ou combateu? 
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