sábado, 4 de outubro de 2014

Marina e a alegoria espanhola: O PT prefere o PSDB

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Algumas pessoas um tanto quanto inocentes tem se surpreendido com a aparente preferência do PT por ter Aécio disputando o segundo turno e não a Marina.

A surpresa, de fato, só pode vir de inocência.

Se por um lado é óbvio que dado o crescimento inicial astronômico da Marina esta iria se tornar o principal alvo dos petistas e de sua campanha suja, por outro é interessante notar que mesmo com sua imensa queda a carga contra ela continua e vemos pelas redes petistas mais ou menos destacados comentar sem pudor que preferem disputar com Aécio e reeditar o velho "bem versus mal" fake de sempre, ou seja, reeditar o velho PT versus PSDB de onde nada de bom sai.

É mais confortável para o PT e, lógico, interessa ao PSDB.

O curioso é que este é um método sujo típico de partidos que flertam com o fascismo, vide agora o caso do PP na Espanha. Partido franquista, governa a Espanha há considerável tempo, com danos significativos e, claro, com respostas inúmeras das ruas. Se é verdade que dificilmente perderia as eleições que se aproximam, pode porém perder a maioria absoluta e se veriam em situação complicada frente à segunda força: Não mais o cordial e conivente PSOE, mas o "radical" Podemos, nascido das ruas, dos movimentos indignados e uma verdadeira pedra no sapato das elites.

As hostes do PP já pensam em compor eleitoralmente (mesmo que não-oficialmente) com o PSOE, que se tornaria terceira força e dificultaria a vida dos bancos e elites.

O que vemos no Brasil e na Espanha é um quadro semelhante de dois partidos de direita (pese que PSOE, PT e PSDB se dizem de esquerda), financiados pelas mesmas elites e representando os mesmos interesses, apavorados e compondo aliança informal para derrotar a terceira via (mesmo que no caso do Brasil essa "terceira via" seja extremamente duvidosa, pese ser uma novidade) que pode ou poderia colocar em perigo seus negócios e negociatas.

É a carga máxima de ataques à "terceira via" numa composição "branca" com a força que até ontem era a grande inimiga. O inimigo do meu inimigo é meu amigo.

Para o PT o melhor negócio é disputar o segundo turno com o PSDB, que tem um candidato fraco, do que com a Marina que pese se mostrar igualmente fraca nos debates televisionados, possui um discurso muito mais perigoso ao PT e não tem o mesmo teto de vidro que o PSDB, que governou deforma desastrosa o país em anos anteriores.

Da mesma forma, para o PP o melhor é ter a oposição cordial do PSOE do que enfrentar um adversário que não se submeterá à "banca" e à "troika" e que dificultará os acordos e negociatas desse partido e eventuais alianças pontuais com o PSOE, o que ficaria ainda mais escancarado se este fosse terceira força e se recusasse a formar uma frente de esquerda.
 para continuar nos braços dos patrocinadores.

Neste ponto o PSOE encontra no PT um semelhante, que, no poder, se recusa a ir para a esquerda para não perder patrocínio e aliados (muitos abertamente fascistas). É mais cômodo administrar o país para os poderosos que incomodá-los.

Por fim, o discurso da Marina é mais perigoso ao PT e seus interesses que o do PSDB, ligado às mesmas elites empresariais, oligarcas, ruralistas e afins (eram todos aliados de FHC antes de migrarem para Lula/Dilma), daí a virulência do repúdio de membros e simpatizantes fanatizados deste partido nas redes e no horário político.

O interessante é que mesmo com outras intenções, a comparação entre os cenários eleitorais brasileiro e espanhol já foi feita até por petistas, ainda que enviesada, com total desconhecimento de causa e com o interesse único de ajudar o PT.

Neste artigo, para quem se interessar, explico melhor neste texto o falso argumento do blogueiro petista e analiso também parte da razão do pavor do PP e do PSOE frente ao crescimento do Podemos em números e em possibilidade de coalizões.
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