Medidas paliativas são diferentes de medidas que visam apenas esconder as desigualdades.
Cotas para negros são paliativos emergenciais que devem ter prazo de validade, o problema real é a exclusão social. Outro problema é o da educação de base, é um paliativo garantir aos poucos que conseguiram terminar a escola um lugar na universidade, mas o problema principal está na escola básica.
Deve-se, no longo prazo, investir no ensino básico, em política de inclusão desde a infância, em inclusão social, em renda... De fato, o governo atual vem dando alguns passos - ainda que tímidos - nesta direção.
No geral, o governo Lula já fez mais do que qualquer outro governo anterior. Mas é pouco. Falta ainda um projeto de longo prazo que busque efetivamente diminuir as desigualdades mais profundas.
Não deveria surpreender à ninguém que um empresário voraz como Paulo Skaf defenda que até mesmo uma universidade pública seja paga. Os DemoTucanos defendem o mesmo desde sempre. Assim é a direita, só estuda quem pode pagar. Aos pobres cabe a resignação. Que trabalhem duro para saírem da merda!
Como Skaf está no PSB, um partido que, ao menos no nome, é Socialista - o que não quer dizer muita coisa, vide o PPS -, resolveu amenizar o discurso: Tem que pagar pra estudar, mas só quem pode pagar.
O empresário Paulo Skaf disse, na convenção do PSB paulista que oficializa sua candidatura ao governo de São Paulo, que pretende fazer com que alunos da USP (Universidade de São Paulo) que tiverem condição financeira, paguem para cursar a universidade.A idéia inicial é ridícula, mas denuncia uma característica comum nas universidades públicas: De fato, a maior parte dos que nela estudam são os que vieram de escolas particulares, são da classe média e, em teoria, poderiam pagar por uma universidade particular. Salvo algumas exceções, as públicas são, de fato, as melhores.
"Na hora de entrar na USP, quem estuda? Filho de rico ou filho de pobre? Quem pode pagar, deve pagar sim", afirmou.
Mas, Skaf ataca apenas o problema momentâneo, o agora. E, obviamente, não resolve problema algum.
Se é verdade que os mais ricos por vezes são os que tem maior acesso às universidades públicas, também é verdade que cobrá-los não vai fazer diferença ALGUMA aos que não tiveram condições de chegar lá. No que cobrar quem pode pagar fará com que quem não pode chegue até a universidade?
Fazer com que os ricos e os nem tão ricos paguem - já temos outro problema, quem irá pagar? Qual o critério? - apenas resolve o problema posto por um capitalista voraz: O de teoricamente fazer o Estado não ter "prejuízos" ao dar algo de graça: Educação. É o Estado mínimo de uma forma ou de outra.
No fim das contas, os filhos dos ricos continuam no mesmo lugar, os pobres idem. Os pobres continuam fora da universidade, mas os ricos passam a pagar por ela. É a mais pura lógica capitalista: Manutenção das eternas desigualdades e Estado sem qualquer responsabilidade, sem qualquer presença. É o primeiro passo para a privatização final do ensino.
Os ricos permanecem usufruindo da qualidade superior de ensino, não dão "prejuízo" ao Estado, e os pobres continuam no limbo, de onde jamais deveriam ter saído. Mas, quem sabe, não ganhem uma vaguinha cativa nas empresas ligadas à FIESP?
Uma idéia tão inteligente só poderia ter vindo do mais novo socialista da praça, o mais novo adepto do Socialismo Empresarial, algo tão tosco que só poderia ter vindo do casamento entre um líder do empresariado e um partido cujo "Socialismo", pelo visto, fica só no nome.