domingo, 21 de junho de 2009

Irã e alguns apontamentos sobre o controle da internet

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É válido discutir a importância da internet nos atuais protestos no Irã e algo mais, que interessa ao Brasil e a todos nós.

O que se vê hoje é o uso de meios jamais imaginados antes, de alcance mundial, de alcance instantâneo e que dificilmente conseguem ser bloqueados totalmente. O governo iraniano diminuiu a banda larga do país, bloqueou dezenas de sites mas esbarra na vontade dos manifestantes e nas técnicas de ciberativismo e até técnicas hacker que vem driblando qualquer controle.

Esta é uma mostra não só do poder da internet, de mobilização e divulgação de informações, mas também demonstra a impossibilidade de controlá-la, e também a burrice que é tentar fazê-lo.

A internet não é passível de controle. Tentativas como esta acabam prejudicando apenas o usuário médio, o usuário comum e inocente, porque àqueles com um mínimo de conhecimento conheces as ferramentas necessárias para burlar o controle imposto. Os reais alvos, sejam eles ativistas ou até criminosos - caso dos pedófilos, vedetes das tentativas de controlara internet, ao menos no Brasil - conseguem burlar os controles facilmente, conhecem os meios para passar despercebidos.

O controle da internet serve apenas aos interesses do Estado de censurar, controlar, vigiar e porventura punir àquilo que vai contra ele, contra seus interesses e os reais responsáveis por crimes dificilmente são inocentes o bastante para cair nas barreiras virtuais.

O controle serve para calar e não para realmente fazer o bem à sociedade. O caso do Irã é emblemático, o controle serve apenas para evitar que a guerra civil que está quase nas vias de fato no país corra o mundo, seja visto e conhecido por todos. No Brasil, mais especificamente, o controle serve para censurar, para vigiar nossos passos porque os cirmes - como a pedofilia - devem e podem ser evitados antes do material ilegal chegar à internet.

Cabe à sociedade observar atos suspeitos, cabe às vítimas, parentes das vítimas e à sociedade se policiar, observar, denunciar antes que o crime seja feito ou depois, para que não seja cometido novamente. Àqueles que cometeram os crimes, os grupos criminosos que distribuem material ilegal, sabem como escapar aos controles, sabem como burlar as barreiras, mas o cidadão comum acaba preso, perde sua privacidade, é invadido, sob a falsa desculpa de que o Estado está lá para proteger.

A privacidade é uma das poucas coisas que ainda temos, e devemos garantí-la com todas as nossas forças.

Qual o real interesse do Estado em ter acesso à todas as nossas informações, a todas as nossas conversas, acessos, aos nossos IP's, onde fomos, o que fizemos e com quem conversamos? Somos todos criminosos, sem julgamento, a partir do momento em que ligamos o computador e nos conectamos? Devemos ser, porque a invasão de nossa privacidade e de nossos dados pressupõe que cada usuário é um criminosos a ser vigiado.

Um hacker que comete um crime pontual pode ser rastreado, não é preciso verificar a atividade de milhões para ir atrás de um criminoso. O pedófilo pode e deve ser rastreado, diretamente, ainda que o Estado tenha a obrigação de ter todo um serviço de apoio, policial e médico (psicológico e etc) para tornar mais difícil a prática do crime, do abuso contra crianças e adolescentes. Onde acabar com a privacidade de milhões tornará mais fácil descobrir criminosos? Tornando todos nós criminosos é a solução? Não. Não é.


Aliás, a própria "justiça" brasileira age contra o povo e contra seus preceitos. Uma rápida lida neste post do Sakamoto desmascara toda a farsa do controle da internet. A justiça não está interessada em prender ninguém, está interessada em nos vigiar. A "justiça" inocenta Àqueles que abusam de nossas crianças, dos nossos adolescentes. "Usar"nossas crianças não é crime desde que elas sejam "material velho". é simplesmente um absurdo sem tamanho.

Alguém me explica onde, com uma justiça dessas, algum controle tem real caráter de prender cirminosos e não simplesmente roubar nossa liberdade?

Aliás, os criminosos do post do Sakamoto serão só processados pelas fotos que tiraram das menores... Transar com menor, apoiar a prostituição de menores, não é crime, crime é só fotografar... Se puserem na internet então, Azeredo e cia irão bradar que é preciso controlar a internet! Mas não o crime inicial, aliás, para o STJ sequer houve "crime inicial".

Indo um pouco além, mudando o foco, o controle serve ainda à indústria, à RIAA e correlatos, é uma maneira de controlar, punir quem pirateia arquivos de música, filmes e etc. Visa controlar nossa liberdade de trocar arquivos, informações, conhecimento.

Com o controle da internet iremos ver este tipo de coisa acontecer no Brasil, cidadãos normais, honestos, multados em milhões de reais por exercer seu direito de compartilhar musicas e filmes, de ter sua privacidade respeitada, de ter sua liberdade de ir e vir no ambiente virtual respeitada.

Imagine que, com o controle, todos os seus passos, todas as suas conversas, ações e idéias serão conhecidas pelas forças de segurança. Se você marca um protesto contra alguma coisa, a polícia de antemão já saberá, passaremos ao Estado Policial onde as forças de segurança já saberão tudo sobre você, conhecerão todos os seus passos antes que você possa fazer qualquer coisa.

É o novo big brother, sem qualquer exageiro.



Este país, definitivamente, não é sério.
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