A FIFA não está gostando nada das demonstrações dos jogadores do Brasil, ou melhor, não está gostando do proselitismo religioso da seleção brasileira.
Cá entre nós, nem eu.
A FIFA repreendeu o Brasil, pedindo moderação mas não descartando punição no futuro, pelas atitudes religiosas de alguns jogadores - como Kaká e sua camisa "I belong to Jesus" e a roda de oração no centro do campo - que vem incomodando outras federações, como a Dinamarquesa, que exigiu posição firme da FIFA.
Este tipo de atitude não é comum só à seleção brasileira, mas também vemos constantemente demonstrações de zelo religioso nos campeonatos regionais e nacionais (BR e Copa), com jogadores dando entrevista berrando que quem fez o gol foi Deus, que só Jesus salva, ou então levantando os uniformes e mostrando inscrições religiosas nas camisas de baixo.
Isto deve ser permitido?
Não.
Futebol não é palco para pregação, para proselitismo. Ninguém é obrigado a ficar lendo e ouvindo pregação e frases de efeito religiosas sem querer. Além disso, imagine se o "outro lado" resolver também aderir à moda e, como disse o Tulio Vianna, aparecer com uma camisa com “Deus um delírio”?
O que acontecerá se Ateus resolverem negar os preceitos da religião dos outros, ou ainda se judeus, muçulmanos, budistas e afins começarem a também fazerem proselitismo? Acaba o futebol e começa a igreja.
"O medonho espetáculo dos jogadores do Brasil ajoelhados, de olhos fechados e cenho franzido, gritando uma oração em círculo, manchou a beleza do jogo que lhes deu o título da Copa da Confederações. Não por causa da crença em si - como eu disse, cada um acredite no que quiser -, mas pelo oportunismo egoísta e pelo sinal assustador de que algo muito ruim pode estar no ventre da sociedade. Um ovo da serpente, quem sabe."Religião é algo privado. Você acredita? Bom para você, mas não force os demais a também acreditar. Da mesma forma que ninguém quer ficar escutando - forçado - um culto da Universal, uma missa ou um sacrifício satânico - há regulamentações, limites, horários e lugares para cada coisa - ninguém quer também ter que, durante um jogo, ficar lendo slogans religiosos ou ver demonstrações como as constantemente vistas nos gramados brasileiros.
Será que a Bispa Sônia está pagando à seleção brasileira pela propaganda - indireta - de Kaká? Ou será que as igrejas evangélicas (e em alguns casos a católica) estão pagando pelo espaço aos clubes e à seleção pela propaganda? Ainda que esta não seja a questão principal, é ainda um argumento válido. Fica também outra questão, será que, num país majoritariamente cristão, manifestações de minorias religiosas seriam toleradas e levadas tão "numa boa" quanto às cristãs?
Imaginem um jogador muçulmano com uma camisa "Allah é o único Deus", será que os demais não se sentiriam ofendidos, da mesma maneira que este se sente ofendido com o proselitismo cristão?
Daqui ha pouco veremos o Kaká com uma camisa "Vote na Bispa Sônia para Deputada"ou algum outro jogador com camisas pedindo voto para seu cunhado ou irmão pelos campos do país.
Isto precisa ser proibido lo mais rápido possível para evitar a baderna e também nos poupar de proselitismo.
"A religião não tem lugar no futebol", afirmou Jim Stjerne Hansen, diretor da Associação Dinamarquesa. Para ele, a oração promovida pelos brasileiros em campo foi "exagerada". "Misturar religião e esporte daquela maneira foi quase criar um evento religioso em si. Da mesma forma que não podemos deixar a política entrar no futebol, a religião também precisa ficar fora", disse o dirigente ao jornal Politiken, da Dinamarca.Enfim, o futebol tem seus reis e deuses, não precisa de"empréstimos" ou influencias. Está bem servido e completo sem precisar da religião para manchar o espetáculo.