Vejam que a lei não é nova, é de 1965 mas, como tudo no Brasil, uma lei ou não entra na moda ou é simplesmente esquecida depois de algum tempo.
São as duas facetas das leis no Brasil, ou você simplesmente ignora ou esquece depois de algum tempo, ela passa a "perder a validade".
Pois bem, é comum sermos obrigados a aguentar a música alheia em celulares onde o dono se recusa a colocar os fones. Estes imbecis obrigam a todos a escutar suas músicas no máximo e absurdamente distorcidas, afinal, falamos de um celular e não de um som estéreo (som histérico, no mínimo).
Já ouvi muita opinião que beira o fascismo, o típico preconceito contra o pobre, como se estes fossem os únicos a ouvir suas músicas no máximo e em flagrante desrespeito à lei e ao próximo.
Coisas como "Não deveriam vender celular pra quem ganha menos de 'x' salários mínimos" ou "não deveriam permitir que Casas Bahia e outros lugares para pobres vendessem celular" ou, ainda mais direto "pobre não deveria ter celular". Pérolas da nossa classe "mérdia" revoltada ou ainda, seguindo a moda twitter, #classemerdiawannabeelite, por ter que dividir o mesmo espaço com pessoas "inferiores". É o ódio de ter que pegar ônibus, de ter que se misturar.
Aliás, que fique anotado, muito playboyzinho e engravatado ouve suas músicas no máximo em seus celulares de última geração, seja com fone ou sem. Aliás, isto é o que mais surpreende, por vezes, à mais de 10 passos de distância, podemos ouvir a música de um indivíduo que está com fone!
Espero que não me critiquem por torcer para o indivíduo ficar surdo. E rápido.
Mas, bem, o objetivo deste post é outro, revolta quanto à música alta, celulares e etc podem ser encontradas neste blog. Meu objetivo é tratar especificamente da terrível moda de TV's nos ônibus.
O conteúdo da maior parte das empresas de mídia nos ônibus é, sem dúvida, lamentável. Frases de motivação pessoal tiradas do que há de pior na auto-ajuda (se é que algo se salva neste meio), horóscopo, clipes chupados do Youtube descaradamente e outras informações (in)úteis a qualquer indivíduo que passa horas em pé, num ônibus lotado.
Em alguns casos, como a TVO, ainda há salvação: alguns programinhas e desenhos com teor humorístico que ajudam a passar o tempo.
Do outro laod, porém, temos a Bus Midia que chega ao cúmulo de ter som. Sim, acreditem, programinhas inúteis e chatos num ônibus lotado e... com som!
Pensem apenas por um minuto na cena, Berrini, 6 da tarde, ônibus lotado, tudo parado na altura da R. Funchal. Dezenas de pessoas tagarelando, algum infeliz com o celular com pagode no máximo.
Pensaram na cena do inferno? Pois ainda pode piorar, a Bus Mídia ou a BusTV no ar, com som!
A Bus Mídia afirma não veicular seus programinhas com som, já a BusTV não só veicula com som- desrespeitando a lei - como ainda faz pouco caso dos que reclamam, afirmando que a maioria quer sim som, que o som é um direito do consumidor! Pode uma coisa dessas?
“Ter som é um direito do consumidor, pois há as minorias que não sabem ler e por isso não conseguem acompanhar as imagens e as legendas”.Gostaria de convidar os donos, diretores e funcionários da BusTV para um passeio diário, às 6 da tarde, nos ônibus com TV's desta empresa.
A importância do respeito ao ouvido dos usuários de ônibus: “É claro que o som deve ser controlado, em torno de 30 decibéis para não interferir na conversa ou leitura de quem viaja. Deve ser tipo música ambiente, como nos restaurantes”.
Onde está a SPTRANS, a prefeitura ou qualquer outro órgão (in)competente para solucionar este problema?
Mas calma, ainda pode piorar MAIS! A TV no máximo com o que de mais importante (sic) aconteceu na novela da Globo de ontem! Ou ainda, Malhação ao vivo!
Sim, senhoras e senhores, a solução é se jogar do ônibus e ir andando s próximos 10 km.
Este périplo pelo inferno não é ficção. Ou pelo menos, não deveria ser. Dia 17 de agosto, a partir das 7 da manhã, os passageiros - e os funcionários dos ônibus, como os cobradores e motoristas, os mais prejudicados - passaram a assistir à Globo nos ônibus. Agora você sequer tem o direito de não ser forçado a assistir uma novela, ela vai com você aonde você estiver, e não adianta reclamar!
"Como o barulho do ambiente pode prejudicar a compreensão, todos os programas são legendados. Em breve, alguns ônibus vão transmitir a programação ao vivo, em tempo real."O mais engraçado? A preocupação é com a qualidade do som e não com o passageiro, forçado a consumir a Globo!
A SPTrans, fingindo existir, proibiu no dia seguinte a veiculação dos programas da Globo. Mas calma, não foi pelo desconforto aos passageiros ou aos trabalhadores, e sim porque descumpre algumas normas:
"De acordo com a SPTrans, uma portaria exige a entrega do material com uma semana de antecedência, para a verificação do "cunho político, religioso e moral" do conteúdo.Respeito ao consumidor nem passou perto! Neste meio tempo, a programação global continua a ser veiculada e a Record ainda quer entrar na onda, levando a sua guerrinha particular para os ônibus.
Essa portaria está sendo revista por uma comissão da prefeitura. "
Desrespeito à lei municipal é apenas o começo!
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Update: Canalhice Liberada!
O jeitinho funciona mais uma vez.
Foi publicada, sábado, uma portaria no Diário Oficial da Cidade que autoriza a transmissão de mídia televisiva em tempo real.
A prefeitura oficialmente concorda que sejamos torturados dentro dos ônibus com TV's passando novelas, Jornal Nacional e afins. Não adianta tentar escapar, seremos obrigados a escutar/ver as mentiras do JN e teremos de engolir as novelas da Globo enquanto passamos horas apertados em um ônibus lotado, parado no trânsito caótico de São Paulo.
Ao invés de atacar o problema central, o trânsito e o aperto, a prefeitura prefere enfiar goela abaixo uma forma absurda de "entretenimento" para fingir que as horas que passamos nos ônibus são ou podem ser agradáveis
Globo e Record querem transmitir suas programações nos 14 mil coletivos que circulam na cidade. Do conteúdo autorizado para publicidade, que inclui também peças impressas, 30% será destinado à grade de programação da mídia televisiva, com uso preferencial para mensagens de caráter institucional, de campanhas educativas e de utilidade pública promovidas pela Prefeitura. Em até 30 dias, a Globo deve começar a testar transmissões ao vivo de partes do Jornal Nacional e do Globo Esporte, além de apresentar um resumo dos capítulos anteriores das novelas.A SPTrans afirma que o áudio é proibido mas, convenhamos, alguém acredita que isto será respeitado? A empresa veiculadora está autorizada a disponibilizar fones de ouvido. Sem comentários, imaginem fones sendo utilizados e reutilizados por milhões de pessoas ou, o mais provável, que encontrado uma forma limpa de se disponibilizar fones, meia dúzia de infelizes colocarão o som no máximo forçando de uma forma ou outra os demais a escutar o que não lhes interessa.
De uma forma ou de outra, todos perdemos.
A Assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal dos Transportes informou que as três empresas que detêm os direitos de transmissão nos ônibus são a Bus Media (300 ônibus, ligada à Globo), a TVO (500 ônibus, parceira da Rede Bandeirantes) e a BUS TV (100 ônibus). A pasta não acredita em guerra de audiência com a autorização de transmissões ao vivo. O secretário Alexandre de Moraes, titular dos Transportes e presidente da SPTrans, disse que não comentaria detalhes da portaria.Um dia cheio de trabalho não será suficiente, ao sair deste e entrar num ônibus veremos a saudável disputa entre bispos e a Globo. Nada melhor do que isto para enfrentar 2, 3 horas de trânsito. Respeito pelo usuário não passa nem perto! Vai ser delicioso ver a programação de qualidade (sic) de Record, Globo e Bandeirantes sendo forçadas diariamente ao usuário, sem que este tenha qualquer direito, poder de escolha, de veto, sem que tenha voz.