terça-feira, 15 de setembro de 2009

Vontade popular ou vontade dos políticos?

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Três assuntos recentes de grande relevância vem me fazendo questionar cada vez mais se existe alguma, qualquer ligação entre a vontade popular e a vontade dos parlamentares.

Chego à conclusão de que não, não existe qualquer ligação. Os parlamentares, depois de eleitos, são seres independentes, fazem o que bem lhes convém e não prestam contas a nada nem ninguém. É uma conclusão óbvia,mas ainda assim e ainda hoje, surpreendem e irritam, causam revolta.

Vejamos o caso do Rio de Janeiro em que a ALERJ é alvo de protestos gigantescos dos professores do estado contra a piada de pulverizar o merecido aumento dos professores. Só verão o aumento final em 2015! Na hora de elevar seus próprios salários, deputados, vereadores, prefeitos e afins não pensam duas vezes, chegam a triplicar os salários de uma só vez, sem se preocupar em dar sequer 1% de aumento ao funcionalismo.

De um lado povo, os professores que exigem o que lhes é de direito - e ainda é MUITO POUCO! - e do outro os políticos, mais interessados em, como sempre, ferrar a população e manter os professores na miséria. Não se importam com protestos, pressões, simplesmente aprovam o que lhes convém.

A saída, para além de simplesmente ignorar os apelos e protestos dos professores acertadamente revoltados, existe o uso da força. O mais querido e usado instrumento das classes políticas contra o povo, o Aparelho Repressor em seu estado mais puro, a famigerada violência policial.

O povo não tem o direito de protestar e de se manifestar, é espancado, violentado. Suas opiniões são não só descartadas como, ainda, motivo para repressão.

Outro caso atual é o do Tocantins, onde um movimento popular exige eleições diretas para o cargo de governador - o anterior foi cassado - e, indo na contra-mão da vontade popular - vejam que foram 100 mil assinaturas na petição pela eleição direta em um universo de 700 mil eleitores! - a assembléia local decidiu pela eleição indireta. É óbvio, a situação tem maioria, irá eleger um aliado do governador cassado e se perpetuarão no poder.

Lembrando um período negro da história do Brasil, o da Ditadura Militar, o Tocantins será vítima de uma eleição indireta, antidemocrática, imposta. O povo exige o seu direito, o de votar e ser votado, o mínimo que se espera de uma democracia, os parlamentares pouco se importam com isto, com a democracia, elegerão um dos seus e que o povo se dê por satisfeito.

Por fim, outro caso é o do AI5 Digital. Este é emblemático e vem causando imensa revolta em toda a comunidade blogueira e usuários de internet. É fato que ninguém quer qualquer controle sobre a internet, qualquer indivíduo com um mínimo de conhecimento em como funciona a internet sabe que é impossível censurar a rede e sequer tentar é uma demonstração ímpar de mal-caratismo e, como já demonstrei em outro artigo, medo de que a rede propicie que verdades incovenientes venham à tona.

Na verdade, me veio à mente mais uma outra piada patrocinada pelos políticos, a história absurda do aumento do número de vereadores. Se os milhares atuais já roubam, imagina o que farão e quanto do patrimônio dilapidarão com outros tantos? Alguém perguntou aos brasileiros se eles querem mais vereadores?

Ou, ao menos, se os brasileiros preferem vereadores sem salário, como a maioria sem dúvida escolherá?

Não, ninguém perguntou ou perguntará, porque o político só faz o que lhe interessa.

Enfim, vemos exemplos atuais, dos milhões de outros possíveis e diários, de como a vontade popular não é levada em conta pela classe política que legisla para si e apenas para os seus. Todos os benefícios para si e para o povo a galhofa, o desrespeito, a violência.

O mais engraçado, para finalizar, é que quando o político resolve finalmente fazer alguma coisa que corresponda à vontade popular, é chamado de Populista - vide Chávez, Morales, Correa...

O "fazer a vontade do povo" é quase criminalizado. Político quer mesmo é fazer caixa 2.
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