quarta-feira, 7 de outubro de 2009

MST e a Plantação de Laranjas [Update 2]

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O MST lança em boa hora um esclarecimento sobre suas ações na plantação de laranjas que revoltou a classe média e foi manchete no PIG nacional.

O que a mídia "esqueceu" de avisar, ao mostrar o vídeo dos tratores destruindo o latifúndio de laranjas foi que a fazenda era resultado de grilagem e era terra da Cutrale, um monopólio gigantesco e nocivo à causa agrária.

A Classe Mé[r]dia ficou em polvorosa, gritando por punição aos criminosos (sic), a criminosa - esta sim - Kátia Abreu exige CPI, Polícia, Exército e o diabo para acabar com o movimento e os DemoTucanos se agitam, esperando a chance de acabar com o MST.

Não passarão!

A desinformação patrocinada pela mídia é tanta que até pessoas que costumam ser simpáticas ao movimento o criticaram. Mas o MST novamente expõe a verdade dos fatos. Podemos até considerar que era desnecessária a destruição dos pés de laranja, faz sentido, mas também devemos considerar que a destruição das plantas é uma forma de protesto, de manifestação, denuncia a monocultura, a grilagem e o crime ambiental.

Todo apóio à luta dos Sem Terra!

Todo apoio ao MST!
Cutrale usa terras griladas em São Paulo

6 de outubro de 2009

Cerca de 250 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) permanecem acampadas desde a semana passada (28/09), na fazenda Capim, que abrange os municípios de Iaras, Lençóis Paulista e Borebi, região central do Estado de São Paulo. A área possui mais de 2,7 mil hectares, utilizadas ilegalmente pela Sucocítrico Cutrale para a monocultura de laranja - o que demonstra o aumento da concentração de terras no país, como apontou recentemente o censo agropecuário do IBGE.

A área da fazenda Capim faz parte do chamado Núcleo Monções, um complexo de 30 mil hectares divididos em várias fazendas e de posse legal da União. É nessa região que está localizada a fazenda da Cutrale, e onde estão localizadas cerca de 10 mil hectares de terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas, além de 15 mil hectares de terras improdutivas.

A ocupação tem como objetivo denunciar que a empresa está sediada em terras do governo federal, ou seja, são terras da União utilizadas de forma irregular pela produtora de sucos. Além disso, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já teria se manifestado em relação ao conhecimento de que as terras são realmente da União, de acordo com representantes dos Sem Terra em Iaras.

Como forma de legitimar a grilagem, a Cutrale realizou irregularmente o plantio de laranja em terras da União. A produtividade da área não pode esconder que a Cutrale grilou terras públicas, que estão sendo utilizadas de forma ilegal, sendo que, neste caso, a laranja é o símbolo da irregularidade. A derrubada dos pés de laranja pretende questionar a grilagem de terras públicas, uma prática comum feita por grandes empresas monocultoras em terras brasileiras como a Aracruz (ES), Stora Enzo (RS), entre outras.

O local já foi ocupado diversas vezes, no intuito de denunciar a ação ilegal de grilagem da Cutrale. Além da utilização indevida das terras, a empresa está sendo investigada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo pela formação de cartel no ramo da produção de sucos, prejudicando assim os pequenos produtores. A empresa também já foi autuada inúmeras vezes por causar impactos ao ecossistema, poluindo o meio ambiente ao despejar esgoto sem tratamento em diversos rios. No entanto, nenhuma atitude foi tomada em relação a esta questão.

Há um pedido de reintegração de posse, no entanto as famílias deverão permanecer na fazenda até que seja marcada uma reunião com o superintendente do Incra, assim exigindo que as terras griladas sejam destinadas para a Reforma Agrária. Com isso, cerca de 400 famílias acampadas seriam assentadas na região. Há hoje, em todo o estado de São Paulo, 1,6 mil famílias acampadas lutando pela terra. No Brasil, são 90 mil famílias vivendo embaixo de lonas pretas.

Direção Estadual do MST-SP

http://www.mst.org.br/node/8283
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Update:

Recebido por e-mail.

Data: Quarta-feira, 7 de Outubro de 2009, 11:29
Na região de Capivari, interior de São Paulo, quando alguém exagera, tem uma expressão que diz: "Pare de Show"!
É patético ver Senadores(as), Deputados(as) e outros tantos "ilustres" se revezarem nos microfones em defesa das laranjas da Cutrale. Muitos destes, possivelmente, já foram beneficiados com os "sucos" da empresa para suas campanhas, ou estão de olho para obter as "vitaminas" no próximo pleito. Mas nenhum deles levantou uma folha para denunciar o grande grilo do complexo Monsões.  AS LARANJAS, e não poderia ter planta melhor, SÃO A TENTATIVA DE JUSTIFICAR O GRILO  da Cutrale e outras empresas na região. PASSAR POR CIMA DAS LARANJAS, É PASSAR POR CIMA DO GRILO E DA CORRUPÇÃO QUE MANTÉM ESTA SITUAÇÃO A TANTO TEMPO.
Não é a primeira vez que ocupamos este latifundio. Eu mesmo ajudei a fazer a primeira ocupação na região em 1995 para denunciar o grilo e pedir ao Estado providências na arrecadação das terras para a Reforma Agrária.  Passados quase 10 anos, algumas áreas foram arrecadadas e hoje são assentamentos, mas a maioria das terras continua sob o domínio de grandes grupos econômicos. E mais. a Cutrale instalou-se lá a 4 ou 5 anos, sabendo que as terras eram griladas e, portanto, com claro interesse na regularização das terras a seu favor. Para tal, plantou "laranjas"! Aliás, paresse ter "plantado um laranjal no Congresso Nacional e nos meios de comunicação". O que não é nenhuma novidade!
Durante a nossa marcha Campinas-São Paulo em agosto, um acidente provocou a morte da companheira Maria Cícera, uma senhora que estava acampada a 09 anos lutando para ter o seu pedaço de terra e morreu sem tê-la. Esta senhora estava acampada na região do grilo, mas nenhum dos "ilustres" defensores das laranjas pediu a palavra para denunciar a situação. Nenhum dos ilustres, fez críticas para denunciar a inoperância do Estado, seja executivo, judiciário..., em arrecadar as terras que são da União para resolver o problema da Dona Cícera e das centenas de famílias que lutam por um pedaço de terra naquela região, e das milhares  no País. Poucos no Congresso Nacional levatam a voz, pra não dizer outra coisa, para garantir que sejam aplicadas as leis da Constituição que fala da FUNÇÃO SOCIAL DA TERRA: a) Produzir na terra; b) Respeitar a legislação ambiental e c) Respeitar a legislação trabalhista. Não preciso delongas para dizer que a Constituição de 88 não foi cumprida. E falam de Estado Democrático de Direito! Pra quem? Com certeza eles só vêem o artigo que defende a propriedade a qualquer custo. Este Estado Democrático de Direito para alguns poucos, é o Estado garantidor da propriedade, da concentração de terras e riquezas, de repressão e criminalização para para os Movimentos sociais e a maioria do povo.
Para aqueles que se sustentam na/da "pequena política", com microfones disponíveis em rede nacional, e acreditam que a história terminou, de fato, encontram nestes episódios a matéria prima para o gozo pessoal e, com isso, só explicitam a sua pobreza subjetiva. E para eles, é certo, a história terminou. Mas para a grande maioria, que acredita que a história continua, que o melhor da história se quer começou, fazem da sua luta cotidiana espaço de debate e construção de uma sociedade mais justa. Acreditam ser possível dar função social a terra e a todos os recursos produzidos pala sociedade. Lutam para termos uma agricultura que proiduza alimentos saudáveis em benefício dos seres humanos sem devastação ambiental. Querem e, com certeza terão, um mundo que planeje, sob outros paradigmas que não o do lucro e da mercadoria, a utilização das terras e dos recursos naturais para que as futuras gerações possam, melhor que hoje, viver em armonia com o meio ambiente  e sem os graves problemas socias.  
A grande política exige grandes homens/mulheres, não os diminutos políticos (Não no sentido do porte físico) da atualidade; a grande política exige grandes projetos e uma subjetividade rica (não no sentido material) que permita planejar o futuro plantando as sementes aqui e agora. Por mais otimista que somos, é pouco provável visualizar que "laranjas" possam fazer isso. Aliás, é nas crises, é nos conflitos que se diferenciam homens de ratos, ou, laranjas de homens.

Gilmar Mauro
(membro da Coordenação Nacional do MST)
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Update 2:

Nota da CPT sobre o MST:

Mais uma vez mídia e ruralistas investem contra o MST


A Coordenação Nacional da CPT vem a público para manifestar sua estranheza diante do “requentamento” por toda a grande mídia de um fato ocorrido na segunda feira da semana passada, 28 de setembro, e que foi noticiado naquela ocasião, mas que voltou com maior destaque, uma semana depois, a partir do dia 5 de outubro até hoje.
Trata-se do seguinte: no dia 28 de setembro, integrantes do MST ocuparam a Fazenda Capim, que abrange os municípios de Iaras, Lençóis Paulista e Borebi, região central do estado de São Paulo. A área faz parte do chamado Núcleo Monções, um complexo de 30 mil hectares divididos em várias fazendas e que pertencem à União. A fazenda Capim, com mais de 2,7 mil hectares, foi grilada pela Sucocítrico Cutrale, uma das maiores empresas produtora de suco de laranja do mundo, para a monocultura de laranja. O MST destruiu dois hectares de laranjeiras para neles plantar alimentos básicos. A ação tinha por objetivo chamar a atenção para o fato de uma terra pública ter sido grilada por uma grande empresa e pressionar o judiciário, já que, há anos, o Incra entrou com ação para ser imitido na posse destas terras que são da União.
As primeiras ocupações na região aconteceram em 1995. Passados mais de 10 anos, algumas áreas foram arrecadadas e hoje são assentamentos. A maioria das terras, porém, ainda está nas mãos de grandes grupos econômicos. A Cutrale instalou-se há poucos anos, 4 ou 5 mais ou menos. Sabia que as terras eram griladas, mas esperava, porém, que houvesse regularização fundiária a seu favor.
As imagens da televisão, feitas de helicóptero, mostram um trator destruindo as plantas. As reações, depois da notícia ser novamente colocada em pauta, vieram inclusive de pessoas do governo, mas, sobretudo, de membros da bancada ruralista que acusam o movimento de criminoso e terrorista.
A quem interessa a repetição da notícia, uma semana depois?
No mesmo dia da ação dos sem-terra foi entregue aos presidentes do Senado e da Câmara, um Manifesto, assinado por mais de 4.000 pessoas, entre as quais muitas personalidades nacionais e internacionais, declarando seu apoio ao MST, diante da tentativa de instalação de uma CPMI para investigar os repasses de recursos públicos a entidades ligadas ao Movimento. Logo no dia 30, foi lido em plenário o requerimento para sua instalação, que acabou frustrada porque mais de 40 deputados retiraram seu nome e com isso não atingiu o número regimental necessário. A bancada ruralista se enfureceu.
A ação do MST do dia 28, que ao ser divulgada pela primeira vez não provocara muita reação, poderia dar a munição necessária para novamente se propor uma CPI contra o MST. E numa ação articulada entre os interesses da grande mídia, da bancada ruralista do Congresso e dos defensores do agronegócio, se lançaram novamente as imagens da ocupação da fazenda da Cutrale.
A ação do MST, por mais radical que possa parecer, escancara aos olhos da nação a realidade brasileira. Enquanto milhares de famílias sem terra continuam acampadas Brasil afora, grandes empresas praticam a grilagem e ainda conseguem a cobertura do poder público.
Algumas perguntam martelam nossa consciência:
Por que a imprensa não dá destaque à grilagem da Cutrale?
Por que a bancada ruralista se empenha tanto em querer destruir os movimentos dos trabalhadores rurais? Por que não se propõe uma grande investigação parlamentar sobre os recursos repassados às entidades do agronegócio, ao perdão rotineiro das dívidas dos grandes produtores que não honram seus compromissos com as instituições financeiras?
Por que a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), declarou, nas eleições ao Senado em 2006, o valor de menos de oito reais o hectare de uma área de sua propriedade em Campos Lindos, Tocantins? Por que por um lado, o agronegócio alardeia os ganhos de produtividade no campo, o que é uma realidade, e se opõe com unhas e dentes á atualização dos índices de produtividade? Por que a PEC 438, que propõe o confisco de terras onde for flagrado o trabalho escravo nunca é votada? E por fim, por que o presidente Lula que em agosto prometeu em 15 dias assinar a portaria com os novos índices de produtividade, até agora, mais de um mês e meio depois, não o fez?
São perguntas que a Coordenação Nacional da CPT gostaria de ver respondidas.
Goiânia, 7 de outubro de 2009
Coordenação Nacional da CPT
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Comentários
3 Comentários

3 comentários:

Marcelo Delfino disse...

Eu ainda escreverei um artigo sobre os malefícios do Partido da Imprensa Golpista e também da mídia chapa-branca (Rede Record, Super Rádio Tupi RJ, Carta Capital, Caros Amigos, etc).

Sobre o MST, é uma indecência condenar toda a luta pela reforma agrária pelas ações tresloucadas de alguns. Afinal, até mesmo os grupos mais legítimos têm suas exceções. O próprio MST está cheio de dirigentes que se hospedam nos melhores hotéis perto das invasões e dos assentamentos, enquanto os verdadeiros sem-terra dormem embaixo da lona preta. E é apenas a lona preta que os filhos e netos dos sem-terra herdarão, se depender dos bon vivant do MST, do PIG, do Demo e da UDR.

Parabéns pelo blog, Raphael.

Anônimo disse...

É isso mesmo, companheiro! Esses porcos capitalistas não se importam com as criancinhas passando fome e morrendo como pernilongos! Não passarão! capitalistas fedorentos apoiadso pela classe média fascista e criminosa que quer matar os pobres nas cãmaras de gás da pobreza e ignorância! paredão para todos! Adoro o seu blog!

Raphael Tsavkko Garcia disse...

REalmente, todo movimento tem suas falhas, suas lideranças obscuras e vendidas, o MST jamais poderia ser diferente, é gigantesco, espalhado pelo país, impossível uma coordenação única e À prova de erros.

O MST é o movimento mais importante, hoje, do mundo, isto é incontestável, e como tal a oposição é tremenda!

E obrigado pelos elogios, aos dois!=)

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