O Gudari Eguna é comemorado todos os anos no País Basco como uma homenagem aos antifranquistas assassinados em 1975, nos derradeiros meses do regime assassino de Franco.
Neste dia se relembra a memória dos militantes da FRAP Humberto Baena, José Luis Sánchez Bravo e Ramón García Sanz e os militantes da ETA Juan Paredes Manot "Txiki" e Angel Otaegi, executados em 27 de Setembro de 1975.
Os Nacionalistas reunidos para celebrar a data foram recebidos com violência e proibição e ao menos 6 pessoas foram presas em Hego Euskal Herria. Já para os Fascistas, nenhuma proibição às suas marchas vindouras. Não surpreenderão bandeiras do PSOE em meio aos Falangistas, afinal, graças aos SocioFascistas de tal partido que grupos de extrema-direita mantém sua vitalidade.
Aliás, relembrando o surto de ataques fascistas no País Basco nas últimas semanas, o grupo "Falange e Tradição" assumiu a autoria de pelo menos 25 deles, inclusive a ameaça contra a Txupinera do Aste Nagusia de Bilbao.
O grupo Falange y Tradición assumiu em comunicado a autoria de mais de 25 acções em Araba, Bizkaia, Gipuzkoa e Nafarroa, nas quais ameaçou pessoas que associa ao independentismo e ao comunismo, e atacou monumentos em memória das vítimas do franquismo, como o do monte San Cristóbal.
Novamente, não é surpresa que o obscuro grupo - talvez um reagrupamento de militantes dos antigos grupos financiados pelo PSOE como GAL, Cristo Rey e BVE e que jamais serão presos ou processados? - tenha dado, no comunicado, as boas vindas ao Lehendakari espanholista, Patxi López.
SocioFascistas do PSOE e assassinos de extrema-direita se entendem perfeitamente.
Musica de Luis Eduardo Aute "El Alba" em homenagem aos "Cinco Caídos"
«Escolheram um mau dia para protestar»O comunicado da ETA é claro: Negociação com todas as opções ou mais violência, não importa quanta repressão esteja pronto o Estado Espanhol a patrocinar. Violência será respondida à altura.
A Ahaztuak 1936-1977 quis recordar ontem em frente à Câmara Municipal de Iruñea todos os fuzilados durante a ditadura franquista muito especialmente os militantes do FRAP Humberto Baena, José Luis Sánchez Bravo e Ramón García Sanz e os militantes da ETA Juan Paredes Manot Txiki e Angel Otaegi, executados a 27 de Setembro de 1975. Contudo, a faixa em que se lia «En memoria de los demócratas y antifranquistas asesinados» teve de ser recolhida mal foi aberta.
Os polícias à paisana que se encontravam nas imediações não esperaram senão alguns segundos para avisar os participantes no protesto de que este tinha sido proibido e que deviam acabar com aquilo.
Os convocantes mostravam-se perplexos e perguntaram ao comandante da Polícia por que motivo não podiam exibir a faixa se esta mostrava as mesmas palavras que no ano passado. O polícia limitou-se a responder «hoje não sei por quê, mas...» A resposta, claro está, não deixou as pessoas presentes satisfeitas, tendo continuado a pedir explicações. O comandante da Polícia clarificou: «Escolheram um mau dia».
«Mas podemos ao menos ler o comunicado...», disseram-lhe. «Leia o comunicado e faça o que quiser, mas não exiba a faixa», respondeu o polícia, afastando-se depois alguns metros, para junto de outros agentes.
No auto que posteriormente foi facultado aos representantes da associação efectivamente constava que o tribunal de excepção tinha proibido o acto. Os membros da Ahaztuak criticaram a forma de proceder da Audiência Nacional e recordaram que as autorizações para este acto tinham sido pedidas pela Ahaztuak, «uma associação legal e inscrita». Por esta razão, mostraram-se dispostos a apresentar recurso da decisão do tribunal.
Apesar dos entraves, os congregados leram o comunicado, no qual, além de recordarem os cinco militantes fuzilados no dia 27 de Setembro, criticaram duramente a atitude que os representantes institucionais de Nafarroa tomaram perante os ataques fascistas ocorridos nos últimos tempos, desafiando a delegada do Governo espanhol em Nafarroa, Elma Sáiz, a proibir a marcha que os falangistas pretendem realizar no próximo dia 11 de Outubro em Iruñea.
A ETA coloca novamente nas mãos do Estado o poder de solucionar o conflito. Fato novo é a pergunta direta ao PNV, que assuma uma posição - historicamente o PNV é dividido entre duas correntes principais que remontam Sabino Arana, os Euskalherriacos e os Mendigoixales, os que defendem a independência final e os que preferem uma autonomia e ainda a pertença à Espanha - e não mais fique em cima do muro defendendo a independência de um lado mas contente com a atual situação.
O que virá desta pergunta pode ser uma reviravolta política, pois a ETA jamais atacou membros do PNV - por eles serem do partido, já matou membros deste mas sem relação com o PNV - e podem, a partir desta nova reflexão, passar a considerar frontalmente os "Peneuvistas" como alvos legítimos e traidores da causa nacionalista.
Pessoalmente acredito ser uma virada temerária da ETA pois durante o governo de Ibarretxe e sob o PNV a repressão era relativamente controlada e não é uma idéia saudável atacar um partido que conta com o apóio de milhares de nacionalistas autênticos, por mais que sua direção oscile.
A ETA afirma, num comunicado enviado ao Gara por ocasião do Gudari Eguna, que o seu processo de reflexão terminou. Afirma que continuará «de armas na mão enquanto os inimigos de Euskal Herria apostarem na repressão e na negação», mas acrescenta também uma «proposta» para um processo democrático e salienta que o «defenderá e impulsionará».
O processo de reflexão interna que a ETA anunciou na última Primavera terminou. Esta é a primeira afirmação do comunicado enviado pela organização armada e datado no Gudari Eguna que hoje se celebra. No texto, destaca-se a epígrafe intitulada «O compromisso, a vontade e a proposta da ETA». Nela, a organização armada basca afirma: «reiteramos o compromisso de continuar de armas na mão enquanto os inimigos de Euskal Herria apostarem na repressão e na negação. Mas dizemos ao mesmo tempo que a vontade da ETA foi sempre a de procurar uma saída política para o conflito político». Em consequência, realça a sua «vontade e total disposição de empreender esse caminho».
«Em Euskal Herria deve desenvolver-se um processo democrático» que «conduza ao cenário da autodeterminação», especifica. Acrescenta que para tal é «imprescindível» que os abertzales se unam a nível nacional. «Essa é a proposta da ETA, e esse é o caminho que a ETA defenderá e impulsionará», diz.
Na sequência disso, a organização armada insiste numa constatação: «Os mandatários espanhóis repetem muitas vezes que não vão falar com a ETA enquanto não acabar a luta armada. Como se esse fosse o nó fulcral do conflito! - responde. Os mandatários espanhóis sabem que o problema não é a ETA. Sabem, e sabem-no muito bem, que o problema que têm é com este povo, com a sua vontade política». E conclui afirmando que a solução passa por «abrir as portas» a essa exigência.
Questões
A partir deste anúncio, a organização armada lança uma série de questões, dirigidas em primeiro lugar ao primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e aos restantes governantes estatais. «Sem a actividade armada da ETA, estariam dispostos a respeitar um processo em que os territórios bascos decidissem sobre o seu futuro político? Se as armas da ETA se calassem, estariam dispostos a respeitar a decisão da maioria dos cidadãos bascos no caso de estes optarem pela independência, e a dar os passos necessários? Se a luta armada da ETA acabasse, estariam dispostos a abandonar a repressão e a respeitar um processo democrático que possibilitasse a resolução do conflito?»
Um segundo grupo de questões destina-se ao lehendakari, Patxi López, e ao presidente do Governo navarro, Miguel Sanz: «Estão dispostos a aceitar Euskal Herria e a reconhecer os seus direitos nacionais? Estão dispostos a perguntar aos habitantes dos territórios que se encontram sob o vosso domínio, sem limites e de forma aberta, sobre seu futuro político?»
A ETA considera estas questões como um «desafio», mas teme que «os silêncios e os nãos demonstrem, infelizmente, que o problema não é a ETA, mas a falta de vontade política e democrática». Ao invés, refere que «as respostas positivas» a estas questões «abririam o caminho à solução do conflito. Os sins, e o levantamento dessas «barreiras», «levariam ao fim da acção armada da ETA».
Entrando a fundo em tudo isto e respondendo aos acontecimentos dos últimos meses, a organização armada assegura que «se engana quem pensa que vai acabar com a ETA e com o conflito político prendendo os membros da ETA, roubando alguns esconderijos nas montanhas ou levando a Polícia autonómica de Espanha para Hendaia. Mesmo que os inimigos roubem todas as armas à ETA, não lhes será possível roubar a este povo o vigor e a vontade de luta».
O comunicado inclui uma última questão, dirigida neste caso ao PNV e que reproduz a que foi lançada por Xabier Arzalluz aos seus companheiros numa entrevista recente: «São independentistas?». A ETA pede ao PNV que explique o seu objectivo real, «se o Estado Basco ou aprofundar o regime de autogovernação vascongado».
50 anos
Esta reflexão liga-se à última constatação da análise com que se inicia o comunicado: «Felizmente para Euskal Herria, o povo abertzale não está disposto a aguentar outro giro autonómico».
A ETA entende isso como um dos «êxitos políticos» destes 50 anos. Aborda a operação de há três décadas «para vender Euskal Herria e a dividir», e realça que hoje «esse cenário está esgotado». No que respeita ao momento actual, sublinha a «ofensiva do fascismo espanhol» para procurar retirar a esquerda abertzale das instituições e das ruas. E homenageia «os gudaris» falecidos nestes 50 anos ou que continuam presos.
Ontem, inúmeros políticos teceram considerações sobre um texto que surgiu no Berria como comunicado da ETA. O diário precisou mais tarde que se tratou de um erro; o texto não pertence à organização.
Fonte: ASEH